Capítulo 17
Dói mais do que eu esperava ver Dean atravessar o palco.
Ele realmente fez isso, ele se formou. Seu último semestre acabou. Parece que todas as pessoas da escola, alunos e professores, o estão cercando, isso é apenas um lembrete amargo de que não há espaço para mim na coroa brilhante que se lança ao redor dele. Como um apêndice inflamado, preciso cortá-lo para o bem de nós dois. O que ele precisa agora é focar no seu futuro, pois sei que será brilhante. Uma das alunas está dando uma festa em casa, Dean mencionou, e é nesta festa que o corpo estudantil está prestando atenção. Ele é obrigado a mostrar as caras por lá, então isso me dá algum tempo para me recompor esta noite.
Dean provou ser teimoso como uma mula. Não sou idiota, sei que se formar não vai simplesmente reconfigurar seu cérebro. Na verdade, isso o deixará mais confiante em seu assédio. Ele vai aparecer na minha casa como sempre faz, e eu vou deixá-lo entrar após implorar um pouco, é claro, porque sou um fraco do caralho. Inferno, ele pode fazer um escândalo se eu não permitir a entrada dele. Eu não posso ficar aqui, esperando por isso. Tenho alguns parentes no norte do estado e, como somos próximos o suficiente para trocar cartões de Natal, um deles deve me deixar ficar por alguns dias.
Ligo para meu tio paterno, verificando se há uma cama que ele me deixará usar, e enfio uma mochila cheia de itens essenciais. Vou sair da garagem antes das dez. Estou fugindo? Sim. Covardemente? Com certeza.
Mas, o que você faria?
O que você faria se estivesse no meu lugar?
Falhei várias vezes em colocar o pé no freio com ele. Ele pisoteia todos os limites que sou frágil demais para defender. Gosto dele, sinto-me atraído por ele, embora cada fibra moral do meu corpo queime como um demônio recebendo uma borrifada de água benta. Não consigo mais dizer se sou uma pessoa terrível ou se ele é bom demais para alguém resistir. Talvez sejam ambos. Parece que não me resta outra escolha. Se eu quiser que isso acabe, tenho que colocar uma distância física entre nós.
Meu tio, Rodney Powell, está aposentado de uma carreira relativamente bem-sucedida como engenheiro elétrico. Ele é divorciado de três casamentos diferentes, embora isso não seja tanto uma crítica contundente ao seu caráter, mas o maior exemplo de sua credulidade. Nunca fomos próximos, mas somos amigáveis. Ele ficou audivelmente surpreso com meu apelo para me esconder em seu quarto de hóspedes por um período indeterminado, mas aceitou após uma breve e carente explicação — “Eu só preciso sair um pouco desta casa, você sabe como é…” — Ele e meu pai eram muito, muito próximos, então ele entendeu.
Rodney mora em Springfield, a três horas de carro. Tenho certeza de que ele vai querer preencher nosso tempo com cerveja barata e lembranças, algo que não estou ansioso para fazer. Não me importo de lembrar do meu pai com carinho, mas é a última coisa que me vem à cabeça. A única coisa em minha mente é tentar manter Dean fora disso, e isso certamente não é nada que eu possa discutir com Rodney “Trump é a melhor coisa que já aconteceu a este país” Powell.
Meu pai era apenas um pouco menos conservador e também não soube da minha orientação antes de falecer. Minha mãe sabe, mas, novamente, ética. Não consigo descrever adequadamente meus problemas sem mencionar o fato de que Dean é um estudante adolescente e provavelmente ela mesma me denunciaria.
A viagem parece durar mais de três horas, considerando o quão infeliz estou, e nenhuma lista de reprodução animada do Spotify a torna melhor. Rodney mora no bairro eclético e acessível de Oak Ridge, onde as casas parecem muito pequenas e muito próximas. O querido e velho Lincoln está supostamente enterrado no cemitério de Oak Ridge, com seu busto gigante de cobre vigiando visitantes e fantasmas. Não está na minha lista de passeios turísticos. Na verdade, tenho certeza de que a única coisa que verei serão as quatro paredes da caixa de sapatos do quarto de hóspedes do tio Rodney, ou o interior das minhas pálpebras por dormir com uma ressaca ferrada.
Quando estaciono em sua garagem, ele está ansioso para me ver — ou suspeitando que minha visita tenha mais coisas do que eu disse inicialmente a ele. Ele desce mancando os degraus da varanda, com a perna quebrada, mas teimoso demais para usar a bengala que lhe foi prescrita, gritando meu nome.
— Sam!
— Ei, tio Rodney. — Aceito seu abraço improvisado. — Obrigado por me deixar ficar.
— Qualquer coisa pelo filho do Thomas.
Eu achato minha boca em algo menos que um sorriso. Filho do Thomas, porque esse é o começo e o fim de quem sou aos olhos dele. Tudo bem, pois não busco nada parecido com validação ou uma conexão interpessoal profunda com meu tio. Apenas um refúgio onde um adolescente insaciável e obsessivo não me encontre. Acontece muito como eu esperava. Compartilhamos algumas refeições afetadas, conversa fiada que não leva a lugar nenhum, e ele gentilmente me cede o espaço. A conversa mais profunda que temos é com um pacote noturno de doze latas e meia caixa de cigarros que não consigo recusar.
A conversa muitas vezes se volta para o lado político e, como as afiliações dele estão no extremo oposto do espectro da minha, suas palavras tendem a entrar por um ouvido e sair pelo outro. Quando ele menciona meu pai, ele fica choroso. Ele fala sobre minha infância, coisas curiosas e travessuras. Viagens que fizemos juntos, minhas aspirações irreverentes pelas quais todas as crianças passam. Ele tenta disfarçar sua aversão por minha mãe, mas quanto mais bêbado fica, mais isso escapa. Isso não me incomoda, pois estamos usando um ao outro. Companhia em troca de fuga temporária.
A quase paz dura três dias. Na terceira noite, após me retirar para o quarto de hóspedes, tropeçando e quase cego, depois de sete latas de cerveja, meu telefone toca. É um número não salvo, mas sei quem é tão bem quanto sei que o sol nasce no leste. Deixo cair no correio de voz enquanto luto para tirar minhas roupas. Segundos após o término da chamada, uma mensagem de texto chega. Adiei a leitura o máximo possível, talvez cinco minutos. Bêbado como estou, não consigo dormir sabendo que as palavras de Dean estão apodrecendo em minhas mensagens. Lê-se:
[12h10: Atenda o maldito telefone]
Como uma espécie de mágica, ele toca novamente enquanto leio a frase simples. Fico olhando para ele, murmurando para mim mesmo:
— Não atenda, Sam, vamos lá. Você consegue, você sabe bem o que acontecerá…
Consigo deixar a ligação passar mais uma vez, de alguma forma. Segundos depois, outra mensagem:
[12h17: Se você não atender, vou mostrar minha bunda na delegacia]
Bem, que escolha existe agora? Bato o telefone no ouvido após atender, fechando os olhos.
— Quando eu te dei meu número?
— Onde diabos você está?
Ah, ele está chateado. Tipo, muito chateado. Franzo a testa, estou me sentindo beligerante.
— Não é da sua conta, idiota. Você não é a porra da minha mãe.
Há uma pausa atordoada.
— Você está bêbado?
— E se eu estiver?
— Sam… — Meu nome é como um silvo, e isso arrepia os cabelos finos da minha nuca. Eu nunca, jamais admitirei isso, mas isso também me excita. Dean fica excitado quando está bolado, até porque sei que ele não levantará sua mão enorme e prejudicial para mim. Ai, meu Deus, não, ele não é gostoso, é um adolescente. Talvez eu devesse me matar.
— Onde você está? Com quem você está?
Ele parece… preocupado, genuinamente. Não tenho coragem de torturá-lo.
— Estou com meu tio no norte do estado.
— No norte do estado, onde?
— Ha! Como se eu fosse te contar isso.
Seu suspiro sacode os pequenos ossos do meu canal auditivo.
— Quando você vai voltar?
Pisco para as vigas abertas no teto. Meus olhos parecem bolas de algodão. Devo estar demorando muito para responder, porque ele diz meu nome novamente.
— Não sei.
— Você não pode ficar longe para sempre.
— Sei que não.
— Por que você foi embora? — A pergunta silenciosa me abala.
— Porque eu… — Cerrando os dentes, tento juntar os motivos certos. — Era a coisa certa a fazer. Você nunca me escuta, não me leva a sério. Só estou… tentando fazer o que é melhor.
— Você não acha que eu deveria ouvir essa merda pessoalmente?
Fico sentado, olhando os buracos no lençol.
— Você já ouviu isso pessoalmente! Várias vezes, Dean! Você ignora tudo o que eu digo! Isso tem que parar, você precisa começar a pensar seriamente no futuro. E eu não estou nele!
Ele zomba e está cheio de ácido.
— Você é um covarde, Sam. Venha para casa e diga isso na minha cara.
Surpreendentemente, ele desliga a ligação. Eu não esperava que ele desligasse na minha cara, nem em um milhão de anos. Mas sei exatamente o que ele está tentando fazer. Ele está me provocando. Se ele parecer razoável, então posso acreditar que há uma chance de que ele realmente ouça desta vez. Ele quer que eu volte para casa para que ele possa tocar minhas cordas pessoalmente, porque ele não pode fazer isso por telefone. Ele está certo, no entanto. Não posso ficar longe para sempre. Quase não gosto do tio Rodney, não suporto essa pousada sufocante e tenho coisas que preciso fazer em casa. Desta vez, desta vez, serei firme.
Claro, que ele está esperando por mim. Quase tenho um ataque de pânico enquanto estaciono na minha garagem, meus faróis iluminando Dean, descansando em meus móveis de vime. A culpa é minha por desmoronar. Eu disse a ele que voltaria na sexta-feira por mensagem de texto, depois que ele continuou me enviando spam. Felizmente, é tarde e está escuro. A caminhonete dele não está na frente da minha casa, pelo menos. Estrangulo o volante e respiro fundo algumas vezes antes de sair do carro. Pego minha bolsa no banco de trás e caminho em direção à porta da frente como um homem, de cabeça erguida enquanto sobe os degraus da forca.
Dean se levanta da cadeira, observando enquanto destranco violentamente a porta da frente. Nenhum de nós diz nada por um tempo desconfortavelmente longo. Ele entra atrás de mim, trancando a porta, e quase espero ser agarrado e fodido com ódio, como quando ele ficou nervoso por causa de Jamie. Isso não acontece e é... perturbador. Em vez disso, ele se move pela minha casa como se ela fosse dele. Ele acende o abajur da sala e se joga no sofá, enquanto eu me ocupo na cozinha com nada de importante. Bebo um copo d'água e retiro os sapatos.
Ele está esperando que eu tire o sapato, aparentemente. Endurecendo minha determinação, me junto a ele na sala de estar, mas não consigo sentar. Fico parado na frente do sofá, resistindo à vontade de andar de um lado para o outro. Ele está… Me descartando, com força. Ele quase parece entediado, e isso está me deixando louco. Isso foi tudo o que foi preciso? Uma semana de distância e ele superou? Quando fica claro que fiquei temporariamente mudo, ele balança a mão irreverente no ar.
— Estou aqui, então diga.
Oh… Isso me dá a lucidez de que preciso, pelo menos.
— Isso… tem que acabar.
— Tem?
— Sim. — Eu estalo. — Você mesmo disse, só até o verão, até conseguir tirar isso do seu sistema. Foi com isso que concordei. Bem, agora é verão, você se formou. Não posso continuar fazendo isso com você, não quando eu nem sei se você fez um único plano para…
— Aceitei uma bolsa de estudos esportivos fora do estado. — Ele interrompe.
Eu me afasto, atordoado. Ele está… aceitando isso muito bem, melhor do que eu poderia ter sonhado. Perguntei-lhe repetidamente sobre o estado da sua candidatura, onde ele esperava frequentar, que universidades já podiam ter contactado. Ele me ignorava todas às vezes, e eu estava começando a me preocupar de que ele estivesse adiando por causa de… bem, de mim. Eu estava com medo de que ele estivesse vivendo em uma terra de fantasia, ou que ele chegasse ao ponto de deixar a faculdade e aceitar algum emprego local sem futuro para ficar por perto. Ele não sabe que estou indo embora, e eu absolutamente não posso deixá-lo desperdiçar seu futuro por causa dessa… paixão ridícula.
Mas, se for sincero comigo mesmo, dói. Eu não deveria me incomodar, mas ainda sou humano. Passamos muito tempo íntimos juntos. Dean me tratou melhor do que qualquer parceiro. Ele pode ser pegajoso e agressivo, claro, mas quando se comporta dessa maneira, é como um lembrete constante do quanto ele gosta de mim. Ele age como se estivesse fisicamente machucado por estar separado. Ele olha para mim como… se o sol nascesse e se pusesse na minha bunda, como se eu fosse a única coisa que importa. Ninguém nunca me fez sentir tão desejável, querido e... bem, amado. Isso me surpreendeu no começo, e continuo impressionado com isso agora.
Dean está tão, tão, tão fora do meu alcance. Ele é lindo, talentoso, engraçado, gentil e inteligente à sua maneira. Ele poderia ter quem quisesse, ir a qualquer lugar que quisesse, ser o que quisesse. Ainda não consigo entender por que ele age tão apaixonado por alguém como eu, mas agora… será que realmente acabou? Finalmente passou? Ele tirou isso do sistema, talvez, como disse que faria. Ele percebeu quem exatamente ele é e quem eu sou. Suponho que pensar que ele abriria mão da faculdade para me seguir foi apenas uma reflexão do meu ego super inflado, um ego que ele criou.
Estou aliviado, mas também insuportavelmente… triste. Apesar da constrição em meu peito, forço um pequeno sorriso.
— Isso é... isso é realmente ótimo, Dean. Estou tão feliz. Você não precisa me dizer onde se você…
— CSU, Fresno. — Ele diz igualmente casual, recostando-se. Ele cruza os braços sobre o peito, me observando.
Califórnia…?
… Fresno?
Isso é... menos de uma hora de onde estou indo…
— Você sabia? — Eu sussurro.
Ele não responde, mas não é necessário. Sua expressão plácida, sua esticada preguiçosa. Ele está… esperando por uma reação. Na minha cabeça, há um acúmulo de um milhão de pensamentos, mas os ansiosos ofuscam qualquer coisa positiva. Estendo os braços, incapaz de parar a gesticulação selvagem.
— O que diabos há de errado com você, Dean?! Essa… essa é a porra do seu futuro, e você acabou de escolher uma escola qualquer na Califórnia?!
Ele dá de ombros.
— Não foi uma escolha qualquer. Fresno é uma das melhores escolas de primeira divisão do estado, e sou burro demais para Berkeley.
Como ele sabe? Quando ele descobriu? Não acho que ele me contará nada disso se eu perguntar. Ele parece tão… despreocupado, e não consigo entender a ideia de que ele está tentando me seguir por todo o país. Não tem como ser uma coincidência, e besteiras exageradas como essa são marcas dele.
— O que… que porra você está esperando? Nunca poderemos ser um casal normal, Dean! Ninguém vai nos parabenizar ou mesmo aprovar. Quero dizer, você não pensou em nada disso? Nada de grande casamento, sem filhos! Quantos jogadores de futebol profissionais estão em um relacionamento abertamente gay?!
— Uns, dezesseis, no total.
— Essa não é a porra da questão! Você realmente acha que será feliz em um relacionamento que você tem que esconder de todo mundo, o tempo todo?
— Sim. — Sua indiferença está me deixando louco.
Eu me afasto, porque olhar para ele está me deixando fraco. Há uma parte de mim que faz cócegas, um pouco de emoção. É estupidamente vertiginoso e faço o possível para sufocá-lo. Dean não tem ideia do que está tentando fazer, e não posso deixá-lo ir tão longe. Não posso ser tão egoísta.
— Você tem dezoito anos. — Eu coaxo.
— Meu aniversário é no próximo mês…
— Viver o momento pode ser emocionante, eu entendo isso. Você pode querer isso agora, mas o mundo é um lugar muito, muito grande, e muda o tempo todo. Serei apenas um esqueleto no seu armário, Dean. Porra, eu já sou! Isso não é nada que pode…
— Você é? — Seu tom tem um toque especial agora.
Eu me viro para encará-lo, porque ele está me tratando como uma criança que ele está educando como pai “gentil”. Ele se levanta do sofá e eu me encolho por instinto. Ele é muito grande e, em momentos como esse, fico nervoso. Acho que tudo o que eu disse escorregou pelos ouvidos dele como fio dental, e é sempre assim. Estou falando verdades objetivas, não estou? Por que ele está agindo como se essas preocupações não valessem seu tempo? Ele se eleva sobre mim, mas ainda não estendeu a mão. Ele está jogando seu peso por aí.
— Sou mais jovem que você e sei que você odeia isso. Isso não é nada que eu possa mudar, porque não importa quantos anos eu tenha, a lacuna sempre existirá. Supere isso, Sam. Você é o meu futuro. Estou certo disso, então posso fazer o que quiser com isso. Não preciso da sua permissão. Contanto que eu tenha você, não dou a mínima para como será a nossa vida. Foda-se o casamento, eu não dou a mínima se eu tiver filhos. Se você quer essas coisas, eu farei isso acontecer. Seguirei seu exemplo, darei o que você quiser. Não me importo com quem sabe, e me importo ainda menos sobre quem aprova.
— Se você quer ter sucesso, precisa da aprovação dos outros!
Bem diante dos meus olhos, Dean parece mudar de forma. Ele consegue esse olhar, cheio de confiança, carisma e narcisismo limítrofe. Seus olhos, apesar de estarem fechados, são estranhamente escuros. Ele está olhando para mim, sorrindo, e é o tipo de sorriso que poderia cortar uma pessoa. Estranhamente, lembro-me do personagem de Al Pacino em O Advogado do Diabo. Ele não apenas se considera intocável, ele exala isso. Há quase uma pressão que posso sentir.
— Sammy… — Ele começa devagar, como se estivesse explicando algo para alguém completamente idiota. — Eu poderia foder você ao vivo na televisão, na frente do mundo inteiro, e ainda os teria comendo na palma da minha mão. Farei sua mãe, seus colegas, todos se apaixonarem por mim, assim como sempre fiz. Chegarei a um lugar onde ninguém se sinta seguro ou confortável para questionar minhas escolhas. A única coisa que me impedirá de ter sucesso é se eu deixar você ir embora.
Você sabe que tipo de pessoa é necessária para escapar impune de uma afirmação como essa? Alguém que pode proferir palavras tão arrogantes e sem sentido e fazê-las parecer um fato inabalável? Dean consegue isso de maneira espetacular, porque estou inclinado a acreditar nele. Ele pode se safar de qualquer coisa sob o sol, e ele sabe disso. Ele seria um excelente político. Mas onde isso me deixa? Arrastado em sua corrente? O que acontece quando ele inevitavelmente se cansar de mim? Já estou apegado, e esse crescimento se espalhará por todas as células do meu corpo se for cultivado.
Se eu sentar e continuar deixando ele fazer o que quiser, como lidarei com isso quando ele decidir que não me quer mais? Mas não posso compartilhar essas inseguranças com ele. Não consigo ficar muito vulnerável. Não posso deixá-lo saber quanta vantagem ele tem, porque tenho certeza de que ele abusará dela de alguma forma.
— Eu…
Como um tubarão-branco, ele fareja minha fraqueza, como sangue na água. Finalmente, ele me toca, e Deus, é preciso tudo para não derreter nele. Seu braço é uma faixa quente na parte inferior das minhas costas, os dedos agarrando minha cintura por baixo da bainha da minha camisa. Ele pega meu pulso esquerdo, levando a parte interna dele à boca. O sangue lateja com mais força sob aquela pele fina, seus dentes traçando suavemente o azul das veias. Ele não para de me observar, nem por um segundo. Um pequeno som carente escapa e fico imediatamente mortificado com isso. Sou… seu fantoche. É ao mesmo tempo, aterrorizante e emocionante.
— Sammy, eu te amo.
… que porra ele acabou de me dizer?
Desculpe?
Com licença?
Que porra é essa?
Minha boca caiu, meus olhos devem ter o dobro do tamanho e estou segurando sua camisa com tanta força que ela pode rasgar. Estou mais cansado do que imaginava, porque meu primeiro pensamento: isso é alguma forma doentia e distorcida de manipulação. Ele está me bombardeando de amor a tempos, mas agora finalmente ganhou coragem suficiente para realmente dizer a palavra com “A”.
— Não… tente me enganar, Dean. — Enuncio com cuidado, trabalhando duro para manter uma voz calma. — Você não tem ideia do que você…
— O quê? Ser mais jovem que você me torna incapaz de amar? — Ele responde maliciosamente. — Mantenha suas paredes erguidas o máximo que puder, Sam. Se você puder me dizer para dar o fora da sua vida e realmente for sincero, eu ouvirei, mas nós dois sabemos que você não vai. Você vai continuar fazendo o que tem feito, que é me deixar fazer o que eu quiser. Você continuará dizendo a si mesmo que superarei isso logo, seguirei em frente, porque sou apenas um garoto estúpido e maldito que não pode dar a mínima para alguém ou qualquer coisa que não seja para si mesmo. Tudo bem, continue pensando assim.
Minha garganta se aperta de ansiedade quando percebo… ele tem uma leitura muito melhor sobre mim do que eu pensava. Como posso começar a responder a isso, quando ele está completamente certo? Ele faz com que pareça cruel, mas não é realista pensar dessa forma? Fechei os olhos com força, respirei profundamente e me acalmei. Inspira pelo nariz, expira pela boca.
— E daí? Nós apenas… vamos para a Califórnia e entramos furtivamente no campus um do outro sempre que temos um minuto livre? Nós dois estaremos estupidamente ocupados, Dean, é... isso é completamente louco.
— Pare de inventar desculpas, Sam, Cristo. — Ele murmura, aninhando o rosto sob meu queixo. Sua boca, dentes, porra…
— Hah, por quê? Vamos apenas foder para superar isso? Nngh! Essas são… coisas sobre as quais deveríamos conversar, você… Deus, Dean, pare!
Ele está trabalhando na ponta do queixo, logo abaixo do lóbulo da orelha. Chupar, morder, beijar, absolutamente tentando deixar uma marca. Mesmo quando digo para ele parar, estico o pescoço para lhe dar mais liberdade. Ele desliza a perna entre minhas coxas e eu quase sento nela, me esfregando contra seu quadril. Sou tão fraco com ele.
— Temos o verão inteiro para conversar sobre isso. Podemos conversar no carro, no avião, onde você quiser. Se você realmente quiser continuar falando sobre isso agora, eu paro. Diga-me novamente, vá em frente.
Eu não vou dizer, e ele sabe disso. Não quando suas mãos estão quentes na minha pele, deslizando e apertando minhas costas, minhas coxas. Não quando seu pênis é uma promessa dura e ardente contra meu estômago, e seus dentes estão cavando outro hematoma no nó do meu ombro. Não consigo nem descrever o quanto eu o quero. Minha barriga lateja com isso. Eu deveria estar preocupado, agonizando com o futuro. Não ofegante como uma cadela porque ele me provocou um pouco.
— D-Dean…
— O quê, pronto para conversar?
Eu me afasto para olhar para ele, e suas pupilas estão tão dilatadas quanto tenho certeza de que as minhas estão. Quero que ele se sinta tão louco quanto eu. Soltando minha mão de sua camisa, eu a arrasto até o cós de sua calça de corrida. Eu não teria considerado Dean o tipo que se mantém aparado, mas ele é quase religioso quanto a isso. Ele gosta de se sentir limpo e, como transpira muito, se recusa a lidar com o púbis rijo e saturado de suor. Há um pedacinho de pelo dourado e felpudo que desce do umbigo até o topo da virilha, mas, além disso, é macio e sem pelos. Sem um arbusto obscurecendo a base, seu pau parece a porra de uma… perna de bebê ou algo assim. Ele ganhou todas as raspadinhas da loteria genética.
Envolvo minha mão em torno dele, quase sem nenhuma pressão, e começo uma bomba meticulosamente lenta e suave. Sua respiração fica pesada e um arrepio toma seus ombros. Ele está observando meu rosto atentamente através dos cílios baixos.
— Você vai… me fazer sentir bem?
Ele dá uma risada, passando a ponta da língua por um incisivo.
— Só se você lembrar que você pediu.
É assim que, quarenta e cinco minutos e muita preparação generosa depois, me encontro numa posição muito mais humilhante do que esperava. Não sei dizer quando, onde ou por que Dean comprou um par de algemas, mas elas estão apertadas em meus pulsos e presas por um buraco na cabeceira da cama. Eu nem acho que sejam algemas de brincadeira, daquelas que se acha numa sex shop, tenho quase certeza de que são reais, o que é um mistério ainda maior.
— Vamos, Sam, faça certo. Estique a bunda, arqueie as costas.
— Isso não é... nngh! Não é o que eu tinha em mente!
— Aguente.
Onde ele encontrou contas anais nesta cidade? Ele os encomendou online? Quando? Deus, ele já os usou antes em outra pessoa? Ele definitivamente está agindo como um “senhor do BDSM” experiente e sábio de repente. Ele é generoso com o lubrificante, a ponto de ficar úmido e oleoso até os joelhos. Ele nem me deixou ver as contas, então não tenho ideia do comprimento do cordão, mas elas estão começando a parecer intermináveis. Elas parecem bolas de golfe, e o alongamento e a pressão estão lançando um calor que faz cócegas em meu estômago. Minhas entranhas parecem a água quente e borbulhante de uma jacuzzi, vazando para meus membros.
Ele fica parando para abrir minha bunda e admirar seu trabalho, o que me deixa com vergonha o suficiente para descer pelas costas. Deve haver pelo menos dez contas enfiadas no meu buraco, forçadas através do músculo pelo polegar, e ele está começando a ficar insuportavelmente cheio.
— Quantas faltam? — Suspiro no travesseiro, esfregando o algodão entre os dentes da frente.
— É um segredo.
— Dean, porra! É demais!
Ele acaricia suavemente minha espinha para cima e para baixo.
— Só mais algumas, Sammy, você aguenta. Seu buraco os engole tão bem.
Meu estômago dói, é como se eu estivesse grávido de um monte de ovos. Meu buraco é tão hipersensível que tem espasmos e aperta involuntariamente. Cada vez que aperto, impedindo-o de inserir outra conta, ele dá um tapa forte na minha nádega redonda e machucada. Presumo que esteja machucado, pelas tantas vezes que bateu nela.
— Solte essa merda.
Minha resposta, um soluço ou gemido, geralmente é algo como: “Estou tentando!”
Finalmente, finalmente, ele diz:
— Última, querido.
Quase desabo, porque não consigo imaginar que haja espaço para mais alguma coisa no meu corpo. Parece que minhas entranhas vão explodir a qualquer segundo. Puxo as algemas e tento me enrolar, mas ele me segura pela parte inferior das costas, me forçando a manter aquele arco dramático.
— Dean, não, está muito cheio! Por favor!
— Você consegue. — Ele está esfregando a última gota contra meu músculo inchado e esticado, aumentando a pressão. Quando ele aparece, solto um ruído estridente no meu travesseiro. Eu não posso acreditar que todas elas se encaixaram. São tantas que elas tinem dentro de mim com o menor movimento ou flexão. Se eu apertar, isso estimula minha próstata para o inferno e para trás. Não consigo parar de me contorcer e meu pau está formando uma poça de pré-gozo no lençol.
Dean é um bastardo, porque agora que todas estão dentro, ele assume como missão me levar à beira da insanidade. Ele forma um selo apertado logo abaixo da cabeça do meu pau, apertando-o com o punho. Com a outra mão, ele massageia minhas coxas, bunda e costas. Sua boca segue padrões semelhantes: chupar, morder, lamber. Ele arrasta a língua entre minhas bolas até meu buraco, enfiando-a até poder lamber a última conta. O travesseiro está desconfortavelmente úmido em volta do meu rosto por causa do tanto que chorei e babei nele, mas isso é demais.
Acho que deveria estar grato por ele não ter tentado forçar seu pau junto das contas. Isso definitivamente parece algo que ele tentaria fazer, e eu colocaria uma palavra de segurança em sua bunda em um piscar de olhos. Minhas costas saltam com soluços abafados.
— Por favor, por favor, deixe-me gozar, eu estou… hah! Dean, porra, por favor!
Ele não responde imediatamente, pois está chupando meu buraco como se pudesse aspirar as contas se tentar com força suficiente.
— Dean! — Estou frustrado até as lágrimas.
Quando ele se afasta, as próximas palavras que saem de sua boca me fazem querer quebrar seu pescoço como um palito:
— Vou deixar você gozar se me disser que me ama.
Posso ouvir o sorriso em sua voz. Estico o pescoço, mas não consigo vê-lo através do meu cabelo.
— É realmente assim que você quer ouvir isso?!
— Você é tão teimoso, aposto que esta é a única maneira de ouvir isso. — Ele zomba.
— Seu inacreditável… Nngh! Deus, porra, pare!
Ele empurrou dois dedos para unir as contas, achatando deliberadamente as esferas duras contra minhas paredes internas. Minha próstata se ilumina como o Ano Novo Chinês e minha visão fica manchada. Eu me debato contra o meu confinamento, desesperado para fugir da super estimulação, mas não tenho para onde ir. Se eu colocar uma palavra de segurança nele, não vou gozar. Raspando os dentes no lábio inferior, manifesto as palavras. Não parece certo dizê-las assim, ou de qualquer outro modo.
— Eu…
Ele aperta meu pau, adicionando um terceiro dedo.
— Mmph, merda!
— Diga como se você quisesse dizer isso também, Sammy.
Tenho que fazer. Tenho que dizer isso. Tenho medo de morrer se ele continuar me atacando assim. Meu coração está batendo forte o suficiente para invadir o território de “ataque cardíaco”, com certeza. Meu cérebro é substituído por algodão-doce, derretendo-se em doçura na minha cabeça. Cada músculo está tão tenso que, a qualquer minuto, pode arrebentar como um elástico.
— Eu-eu… eu te amo, Dean, eu te amo pra caralho, então por favor!
— Eu também te amo, querido.
Minha mente não consegue acompanhar o ataque repentino e violento de sensações. Ele liberta meu pau, mas então…
Sem aviso, ele arranca violentamente as contas da minha bunda, cada uma delas. Gozo com tanta força que parece que a estática está saindo do meu pau. Meu sistema nervoso frita e nem tenho certeza se faço algum barulho ou não. Eu tranco, depois afrouxo com um apagão, os olhos revirando para o branco. Ao acordar, é um confinamento trocado por outro. As algemas sumiram, mas estou enrolado no colo de Dean. Meu rosto está apoiado em sua garganta e minhas pernas estão bem abertas em torno de seus quadris. Ele está esfregando minhas costas, costelas, nuca, couro cabeludo. É uma sensação… boa, até que não é mais, porque seu pau está alojado em minhas entranhas maltratadas como uma lança.
— Seu… maldito animal… — murmuro.
Ele bate os quadris e eu sibilo como um gato bravo.
— Vou fazer isso devagar, só queria sentir você. — Ele promete. — Eu nem vou me mover se você não quiser.
— Nngh, apenas… me dê um segundo, Cristo. — Levanto meu rosto para olhar para ele, e sua expressão é muito mais suave do que pensei que seria. Ele está encostado na cabeceira da cama. — Isso não conta, você sabe. Coerção.
Ele sorri, e não é maquiavélico ou cheio de luxúria. É apenas… um sorriso genuíno. Minha respiração fica presa. Ele é tão… bonito, é doentio. Quem precisa ser tão atraente? Para qual propósito?
— Vou fazer você dizer isso o tempo todo, nem precisarei pedir.
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