Capítulo 18
Ao despertar, sinto-me desorientado, incerto do tempo que transcorreu durante meu desmaio. Meu corpo é um campo de batalha de dores lancinantes, minha cabeça parece prestes a explodir e meu pé sofre uma agonia tão aguda que imagino já ter sucumbido à explosão.
Com esforço, tento erguer-me, mal discernindo o ambiente à minha volta, apenas o sussurro da grama sob meus membros e o murmurar incessante do rio, distante. O som pesado de passos se aproxima.
— Conrad? — Pergunto, minha voz sai rouca, atormentada.
— Eu disse que não te salvaria mais Maxence. Por que pediu minha ajuda? Por que não pediu que sua noiva o ajudasse ao menos uma vez? — Ele diz, sua voz exausta ressoa como trovão. Nem consigo imaginar o que ele precisou passar comigo ali.
— Conrad… Preciso que me escute… — imploro, mesmo sabendo que minha súplica não encontrará guarida.
— Não quero escutar você e não pode me obrigar. Já estou fazendo demais salvando a sua vida estúpida vossa alteza.
— Fiz o que foi preciso. Me deixe explicar Conrad. — Tento mais uma vez, entretanto ele permanece com sua obstinação inabalável.
— Não vai me conquistar com suas mentiras, Maxence, eu estive aqui por você. Eu estaria disposto a renunciar a tudo por sua causa. Estive aqui mesmo quando você não decidia se me queria ou não, mas, estou cansado e isso não importa mais. Então, silencie-se enquanto eu salvo sua pele, uma vez mais, e depois me deixe em paz para sempre.
— Não posso te deixar em paz, preciso ficar de olho em você, afinal. — argumento, resoluto em minha causa.
— A rainha vai arrumar outra pessoa para por no seu lugar. Sua importância não é tão insubstituível, sua alteza.
— Ela já arrumou, você não vê? Não consegue imaginar porque o conde está no castelo? — Eu me esforço para não gritar com ele. Por que ele não entende?
— Prefiro que ele me vigie do que permanecer perto de você. — Dói ouvir aquelas palavras, mas, preciso fazê-lo entender.
— Ele é um monstro Conrad, capaz de coisas terríveis para conquistar seus objetivos.
— Engraçado, ele não me parece muito diferente de você. — Ele rebate de forma fria.
— Ele te torturaria se soubesse o que você é. Te faria pagar o preço por cada pecado que já cometeu…
— AINDA PREFIRO A COMPANHIA DELE À SUA, MAXENCE. VOCÊ NÃO É TÃO INÓCUO QUANTO PARECE PENSAR.
— Não posso deixar que faça isso, não posso permitir Conrad. — Lágrimas enchem meus olhos, mas a escuridão as oculta.
— Não estou pedindo sua permissão.
— Estou apaixonado por você. — Confesso.
No momento seguinte, seus dedos me seguram pelo braço, erguendo-me como se eu fosse uma marionete. Seu aperto é tão vigoroso que meus braços latejam. Sua proximidade me permite discernir seus olhos, mesmo na escuridão.
— Não sabe nada sobre o amor Maxence. — Cada palavra em sua boca parece soar pesada, cheia de raiva e angústia.
— Nunca senti isso por ninguém antes; portanto, você pode estar certo. Falta-me experiência em assuntos do coração. Nenhuma donzela, nenhum amigo, nem dentro, nem fora da corte, chamaram minha atenção. Como então eu poderia compreender algo que nunca vivi? No entanto, nunca estive em uma embarcação, mas sei diferenciar uma fragata de um cruzador; nunca plantei, mas posso distinguir uma rosa de um cravo. Sei o que sinto por você difere de tudo o que já senti Conrad.
Conrad não fala nada, mas sua respiração falha de forma audível, e seu aperto afrouxa um pouco, cessando seu aperto doloroso.
— Quando nos conhecemos, pensei que meu coração disparou por Amery, mas nunca foi por Amery. Você estava certo o tempo todo; eu poderia ter me distanciado, evitado o beijo ou te entregado para a guarda. Eu nunca sequer pensei que um homem poderia sentir por outro algo como o que sinto por você. Não conseguia admitir para mim mesmo, inventei milhões de subterfúgios na minha cabeça para me fazer acreditar que era tudo sua culpa. Eu me iludi e enganei a mim mesmo, mas você nunca saiu de meus pensamentos.
Solto uma de suas mãos do meu braço e a coloco com ternura sobre meu coração.
— Meu coração sempre dispara assim quando estou com você, Conrad. Independentemente de discutirmos ou amarmos um ao outro, você sempre mexe com minhas emoções. Fiz o que foi necessário para mantê-lo perto de mim, seu grande tolo. Não posso permitir Richard para colocar essas mãos imundas em você; você é meu.
— Você não está… — Conrad começa, mas desta vez eu o interrompo.
— Estou sóbrio, Conrad. Completamente sóbrio. E ainda quero você.
Eu o puxo até mim, Conrad me agarra com suas mãos em minhas costas, nossos corpos estão tão juntos que é como se fôssemos apenas um. Nossas línguas se entrelaçam apaixonadamente, e eu o seguro com força, desejando que ele perceba e sinta a intensidade e a necessidade que ele evoca dentro de mim.
Embora todo o meu ser seja atormentado pela dor, ela empalidece diante do significado deste momento; nada mais importa além de nós.
Conrad abre meu traje caro e, pela primeira vez, noto a bandagem enrolada em sua mão direita, onde o vidro quebrado cortou sua pele. A culpa surge dentro de mim, apertando meu peito.
— Sua mão… — Começo a dizer, mais uma vez ele me interrompe.
— Estou bem Maxence, agora estou bem. Portanto, não ouse deixar de me beijar.
Rio, obedecendo ao seu pedido, aproximando meus lábios dos seus. Nada pode nos impedir de ficarmos juntos desta vez. Nem eu mesmo.
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