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Sonhos - Capítulo 42

"...Sua chance é agora, acerte onde errou
Viva os sonhos que o medo te roubou
Não leve consigo o que não te faz bem
O relógio da vida não perdoa ninguém..."
(Kemilly Santos)

Rebecca

O tempo se passou abruptamente e aqui estou eu, morando de aluguel numa casa de tamanho mediano, porém mui confortável. Desde que me separei de Caleb, senti-me um pouco só, pois ele era a única pessoa que eu tinha próximo a mim. Eu não pretendo ir para a casa dos meus tios em Nova York, porquanto nunca gostei deles e nem da forma como eles sempre me trataram. Para mim eles sequer existem, contudo não deixam de ser minha família; se ao menos ainda tivesse meus pais, mas tenho que me contentar em estar sem as pessoas que verdadeiramente me amavam. Sigo a minha vida trabalhando no restaurante e com Jason no meu pé praticamente implorando para que eu trabalhe junto a ele assim como aceite a estar com ele, mas a minha decisão é irrevogável, pois eu não o quero na minha vida novamente. Quanto ao ballet, não larguei e continuo a treinar constantemente. Há poucas semanas, consegui me inscrever num recrutamento que haverá na cidade e me apresentarei no mês que vem e, caso eu passe, receberei a chance tão desejada de ir a Paris onde terá um novo concerto. Ainda pensativa, ouço alguém tinir a campainha, e logo me levanto, seguindo até a porta, abrindo-a e deparando-me com a pedra do meu sapato, fazendo-me revirar os olhos.

— O que queres agora, Jason?

— Entrar, primeiramente, é uma boa opção. — Estreito os olhos para ele e dou passagem.

— Não faça esse olhar desgostoso — diz, assentando-se no sofá e tirando os sapatos, ficando somente com a meia nos pés, como se estivesse em sua casa, e eu odeio quando ele age dessa maneira, mas já tornou-se costumeiro a sua vinda e desisti de ficar batendo a porta na cara dele ou deixando a campainha tocar constantemente, afinal já não aguentava mais a sua insistência quase infinita.

— Seu folgado! Só vem tirar a minha paz — digo e ele zomba de mim, gargalhando. — Haja assim mais uma vez e na próxima eu ponho um cachorro bem valente em casa só para te enxotar daqui.

— Você não faria isso.

— Duvida? — Arqueio a sobrancelha. — Espere e veja, querido — digo, com sarcasmo.

— Tudo bem, então. Hoje eu vim te chamar para sair.

— Não estou afim. Hoje é minha folga e eu quero aproveitá-la em casa e sozinha! — vocifero, irritada, nas minhas últimas palavras.

— Pare de birra. Isso não combina com você — Desdenha do que digo. — É sério, Rebecca! Qual foi a última vez que saistes para se divertir, hein? — indaga, porém não respondo, deitando no sofá e fechando meus olhos, buscando ignorar suas palavras, mas logo sou surpreendida com o corpo pesado sobre as minhas pernas que até parece que elas irão adormecer, fazendo-me arregalar os olhos.

— Seu cretino! Saia de cima das minhas pernas! — brado, lançando a almofada em seu rosto.

— Ai! —diz, defendendo-se. — Só saio quando você aceitar.

— Minhas pernas estão doendo seu idiota! — digo, brava, jogando mais uma almofada, baforando em seguida. — Está bem, está bem! — Rendo-me, contragosto, e ele se retira de cima de mim.

— Se não quiser que eu te provoque ainda mais, vá se arrumar. Eu espero.

— Nojento! — Encaro-o, enfurecida.

— Linda! — brada, à medida que eu me direciono para o quarto. Como eu já tomei banho, só abro o guarda-roupa que comprei recentemente e escolho uma roupa bastante simples e recatada, propositalmente, e, assim que termino de me vestir, pego minha bolsa com o celular e sigo para a sala. Quando apareço, ele me encara de cima a baixo e sorri, fazendo-me desdenhar.

— Vamos — profiro.

— Vamos — diz, segurando em meus ombros. — E a propósito, você está divinamente fofa — fala, beijando-me no rosto rapidamente e eu passo a mão no local, chateada. Infelizmente ele parece ter gostado da roupa que me deixou quase uma estudante de ensino médio – uma saia preta meio godê de tamanho midi, um blusão acinzentado e uma sapatilha preta, fora os meus cabelos soltos e recém pintados de castanho.

Saímos de casa e seguimos até o carro dele, adentrando-o. Então ele me encara mais uma vez e sorri, chamando-me, e, assim que eu viro para olhá-lo, ele rouba um beijo meu, e por mais que eu me esforce para não retribuir não consigo, permitindo que ele aprofunde por um segundo o beijo, e então o empurro, forçando-o a se afastar e ele o faz. No entanto, percebo que ele ainda me mira, por isso viro o meu olhar para o lado com o intuito de não fitá-lo. Espero que ele dê a partida, mas ele não o faz, antes chama-me.

— Rebecca. — Não o respondo e o ouço suspirar. — Ao menos sejamos amigos, por favor. Eu não irei mais insistir em nós.

— Eu não quero a sua amizade, Jason. Será que você não entende isso? — Encaro, indignada.

— Olha, eu, pela primeira vez na minha vida, estou deixando o meu orgulho de lado como também a minha vida de cafajeste, como dizes, só por você! Porque eu sou louco por você! Porque eu sou apaixonado por ti! — Mira-me profundamente. — Mas em nenhum momento considerastes o meu posicionamento ou o que tenho feito. Tudo bem se não quiser sair comigo. — Fita o retrovisor, deixando-me sem palavras. — A porta do carro está destravada — fala, rindo, deixando-me incrédula. — Pode sair se quiser. — E eu o faço sem pestanejar, abrindo a porta de casa e após adentrar, tranco-a dando todas as voltas. Por estar furiosa, jogo as chaves no chão com força, até que ouço o carro dá a partida. No fundo do meu coração, não sinto absolutamente nada, a não ser o medo; medo de magoar-me novamente. Por duas vezes fui rejeitada e não permitirei que haja uma terceira.

(...)

No dia seguinte, vou para o trabalho bem cedo, com o objetivo de esfriar a cabeça, e, assim que chego no estabelecimento, deparo-me com uma cena nada rotineira: contemplo Jason conversando com o dono do local e, quando os dois me veem, sorriem para mim, enquanto eu permaneço estática imaginando o motivo de ele estar ali. Assim que volto em si, assusto-me ao ver Jason parado à minha frente com os olhos semicerrados como também um semblante entristecido.

— Há quanto tempo mais continuará a me fitar? — questiona e eu retruco.

— Por que estás aqui? — indago também.

— Meu primo é o dono.

— Que infelicidade.

— Não se preocupe. Só vim conversar com ele, e, a propósito, ainda não deu o seu horário.

— Isso não significa que eu não possa estar aqui.

— Não... — responde, deixando uma reticências no ar, mira-me e se afasta, passando por mim, à medida que eu suspiro aliviada.

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Um "bônus" para vcs. Não podia deixar de tratar sobre Rebecca tbm. Ela ainda faz parte da estória.

Esse é o novo visual de Rebecca

[Revisado]

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