Readaptação (Bônus) - Capítulo 43
"Uma lembrança perdida, ela tinha lágrimas nos olhos
E ela pediu 'fique comigo' e perguntou 'como isso pode ser amor?
Se você está me deixando?'
Mas querida, o amor é o culpado"
(For king and country)
3 anos atrás
Caleb
Após eu me acidentar, parte da minha vida tornou-se uma droga e, infelizmente, recordar-me de algo está longe de realmente acontecer. Somente por uma vez me surgiu alguma coisa, mas malmente me lembro disto agora. Rememoro o momento em que estive no hospital, onde uma bela mulher chorava por mim e se referia a mim através da palavra amor. Escordo bem que eu mirava meu pai e minha irmã sem compreender coisa alguma. "Quem era ela?" Foi o que eu mais me questionei e, assim que os médicos me fizeram perguntas, testes físicos e mais alguns exames, eu me desesperei, indagando a mim mesmo se havia algo que eu deveria lembrar e não lembrava, pois para o meu consciente, as minhas memórias estavam em ordem e eu me encontrava em perfeito estado mental apesar de despertar no hospital.
Lembro-me como se fosse hoje, a sensação que eu tive ao despertar, porquanto eu pensava estar nas nuvens, além disso eu imaginava ter morrido, mas, à medida que os meus olhos visualizaram o local, como também as pessoas que ali se encontravam, eu percebi que não havia morrido como achava que houvera ocorrido. Busquei erguer a cabeça para olhar o resto do meu corpo e me vi numa cama, cheio de enfaixes. Fitei defronte de mim e uma moça, que cri ser uma cuidadora, encarou-me e saiu de maneira abrupta pela porta. Nesta mesma hora, outra chegava e vinha em minha direção. A primeira que havia saído, sorriu imensamente para mim, enquanto a outra arregalou os olhos, surpresa.
— Meu amor, você acordou! — disse ela, e lágrimas, acreditava eu que, de alegria caíram por sua face. De imediato, ela olhou para o lado e um homem de cabelos meio grisalhos, trajado com um jaleco branco por cima de um pijama cirúrgico de cor azul escuro, apareceu na porta e também se aproximou de mim.
— Caleb? — indagou.
— O que aconteceu? — perguntei, tentando recordar-me, porém não conseguia memorar absolutamente nada.
— Você sofreu um acidente e entrou em um processo de coma por causa da extensão do trauma. Batestes a cabeça com muita força ao ser atingido, mas fora isso, agora, estás em ótimo estado — disse, observando a prancheta e mirando-me em seguida.
— Há quanto tempo estive desacordado? — questionei, fitando-o.
— Cerca de três meses — disse, seriamente.
— Caleb, fico feliz que tenhas despertado. Esperamos por isso há várias semanas — disse a moça que me chamara de 'amor', e então eu vejo meu pai e minha irmã entrarem também, posicionando-se ao lado dela.
— Quem é você? — perguntei.
— Como assim, 'quem sou eu'? — E ela parou de sorrir no mesmo instante em que eu fiz a pergunta e me olhou com o cenho franzido.
— Filho, você não se lembra? — Meu pai olhou para o médico e o médico olhou para mim na mesma hora.
— Não. Eu nem sequer a conheço — falei.
— Caleb, você realmente não a reconhece? — O médico questionou novamente.
— Não. Eu devia? — Franzi o cenho e mirei as pessoas em minha frente que se entreolhavam confusas tanto quanto eu estava.
— Senhorita Yasmim e família; Podem esperar lá fora por alguns instantes? — O médico pediu. Uma moça que creio ser enfermeira, afastou-se e nos observou numa pequena distância.
— Claro — disseram com tristeza no olhar. Ela fitou-me uma última vez, antes de se retirar.
— Caleb, em que ano estamos? — O doutor me perguntou e eu o encarei e questionei.
— 2013, não? — Ao dizer isso, o médico franziu o cenho.
— Caleb, o quanto você se lembra?
Preocupei-me assim que houve tamanha apreensividade por parte dele. Eu achava que não tinha nada de errado comigo, mas, no fim, havia. A última coisa do qual eu realmente lembrava era de estar inaugurando meu restaurante. Assim, foi o que eu disse a ele e ele perguntou se eu não me recordava de nada além e eu dissera que não.
— O que há comigo? — indaguei, bastante preocupado.
— Precisamos tirar um novo exame de eletroencefalograma para entender o que aconteceu. Você ficará bem, mas passará somente por mais alguns testes está bem? – Posso olhar suas pupilas?
— Sim, claro — respondi, permitindo que ele fizesse seu trabalho. A luz da caneta incomodou minhas vistas, tanto que senti meus olhos arderem, porém era necessário que ele fizesse seu trabalho.
— O exame não será demorado. Pedirei o seu encaminhamento.
Após fazer tal exame, fui levado novamente para o quarto e em pouco tempo saiu o resultado. Quando o médico retornou com o mesmo, pude perceber um olhar de desagrado.
— Caleb, tenho uma má notícia no qual já suspeitava. Nos primeiros exames não haviam sidos detectados, mas agora...
— O que houve, doutor?
— Uma pequena porção do seu cérebro recebeu um impacto maior do que o esperado no que ocasionou danificações em alguns neurônios. Esses mais joviais comparados a outros. Bem, o que eu quero dizer é que estás acometido de uma perda de memória retrógrada e a probabilidade de que suas memórias voltem são mínimas. Eu sinto muito. No outro exame, não foi visto a proporção do trauma. O cérebro é uma caixa de surpresas.
— E o que eu devo fazer? — perguntei, tentando assimilar as coisas que me eram ditas.
— Tentar se adaptar a isso. Vou pedir que tragam fotografias para que você veja e assim veremos se há resultados, o que é pouco provável. Só um milagre acontecendo para que a sua situação seja revertida.
—Está bem. —Pisquei o olho duas vezes, intentando ter a certeza de que aquilo era real.
(...)
— Oi, Caleb. Disseram que era necessário fotografias para ajudá-lo e... Bem eu trouxe algumas, já que pareço ser a única do qual não se recordas no momento. — Yasmim me entregou as fotos e eu passei foto por foto, porém nada. Não havia coisa alguma que comprovasse para meu psiquê que aquilo era verdadeiro.
— Obrigado pela ajuda, mas eu sinto muito. És linda e talvez tudo tenha sido maravilhoso, no entanto, eu não me recordo de absolutamente nada — proferi com toda sinceridade que tinha dentro de mim, e eu pude contemplar a tristeza em seu olhar. A sua mirada de súplica não me faria mudar de decisão. — Siga a sua vida, por favor. Pode ser que tenham sido maravilhoso momentos, mas não há nada em mim que me faça sentir alguma coisa. — Fiz a minha petição. Eu não poderia dizer que a amava quando nem mesmo eu lembrava dela. Eu não pedi para que ela ficasse, mas ela me pediu para ficar e eu pedi para que ela me deixasse. Entretanto, hoje, percebo que cometi o maior erro da minha vida: deixá-la partir. Quando tive alta do hospital, meu pai levou-me para a casa dele e ele não dialogou comigo acerca de eu ter abandonado Yasmim nenhuma vez sequer, porém Violetta indignou-se. Ela dizia que era o maior erro da minha vida. Mas o que eu podia fazer? Ao chegarmos em casa e adentrar as portas, fiquei admirado com a mudança na pintura e na posição dos móveis. Algo que eu não deveria estar surpreso. E, quando meu pai me levou ao local onde ficaria o restaurante, fiquei perplexo pela minha escolha. Não me lembrava muito do local, que tinha coisas diferentes do que eu conseguia me recordar, pois parte de tudo me era novidade. Ao entrar no restaurante, as pessoas me saudaram e vieram falar comigo. Algumas até como se já me conhecesse faz tempo.
— Bem-vindo de volta, Caleb — disseram em uníssono.
Todos pareciam estar cientes da minha situação, então se apresentavam praticamente como numa entrevista de emprego. Já havia sido inaugurado o restaurante Magnum's e eu fiquei feliz com o progresso das coisas. Além disso, questionava-me como lembraria de tudo, porém todos me ajudavam. E, no caminho para casa de meu pai, quase me perdi ao não lembrar de uma das ruas, por essa estar tão diferente de antes. Vivi por mais de um ano buscando me adaptar as mudanças e, ao conseguir, parte do passado que não me recordo até agora, voltou como um tormento e ao mesmo tempo como uma curiosidade. E, neste exato momento, ao memorar tudo isso, surge-me uma ideia e isto será a minha última chance de reparar alguns erros que cometi.
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Capítulo simples, mas necessário.
Espero que estejam gostando.
Votem e comentem. É bastante incentivador!
[revisado]
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