Provérbios 16:9 - Capítulo 35
"Em sua alma, o homem planeja seus caminhos, mas o SENHOR é quem determina seus passos."
(Provérbios)
A contar de quando confessei a Jesus, minha vida tem vivido uma transformação incrível e creio que isso se deve ao fato que me disponho a mudar a cada dia passa, buscando meditar na palavra descrita na bíblia que o vovô me presenteou, sempre que tenho algum tempo para fazê-lo, no entanto ainda não procurei congregar numa igreja como ele disse que eu deveria fazer, pois a partir do dia em que iniciei o novo projeto o tempo tornou-se mais curto, já que estamos em reuniões cada vez mais frequentes fazendo todo e qualquer ajuste para que tudo saia em ordem. No subúrbio onde resido não há nenhum templo ministerial sequer, contudo no bairro seguinte tem uma e pretendo visitá-la prontamente e é óbvio que tudo é muito novo e diferente ainda, mas estou me adaptando bem. Telefonei para meu avô também, com o único intuito de questionar qual a maneira correta de conversar com Deus. Ele me disse que não há uma oração que saibamos fazer, mas eu poderia iniciar com a oração do Pai nosso; e que inicialmente necessito saber de três coisas: agradecer a Ele, porquanto me concedeu a vida, expôr para Ele o que eu sinto, e ter fé que Ele está ouvindo as minhas petições.
Minha meditação no livro sagrado começou não a partir do primeiro livro da bíblia, mas do primeiro livro do Novo testamento, no qual conta a história de Jesus e a sua passagem aqui na terra e isso deve-se ao fato de, no momento em que eu abri pela primeira vez o conjunto de livros, foi uma das partes que eu li na qual chamou-me mais atenção.
Bem, essa semana também, eu e Daianny fomos realizar algumas compras para comemorarmos o noivado dela com Joe. Ele a pediu em casamento durante um jantar e desde que Dai contou-me estou até mais ansiosa do que ela própria, porquanto a felicidade dela também é a minha. Ademais, estive conversando com alguns acionistas duma empresa e eles pretendem acompanhar-me em nossa inédita produção e investir nela.
Estando em casa e sem muito a se fazer, afinal considero que hoje é o meu dia de folga, intento dar uma volta na circunvizinhança, aproveitando assim, para observar a igreja no qual outrora mencionei. Levanto-me do sofá num sobressalto, indo até a cozinha para pegar as chaves que havia deixado em cima do balcão e, depois que o faço, sigo para a porta principal, abrindo-a e em seguida, fechando-a e andando até o carro que se encontra na garagem. Após entrar, ligo-o e abro a garagem remotamente, guiando o veículo de ré até sair completamente. Assim que finalizo a deixa de casa, volteio com o carro e acabo contemplando Johnny vindo em minha direção. Desço do carro, brevemente e sigo até ele, abraçando-o.
— Eu não acredito! — exclamo, risonha. — Que bom que voltou!
— Senti sua falta também, sabia? — profere tão sorridente quanto eu.
—Acho que quem sentiu mais foi eu. Você me deixou sozinha. — Esboço uma faceta amaneirada, fazendo-o estreitar os olhos e sorrir em seguida.
— Sério? Foram negócios, minha cara. Eu realmente precisei viajar. — Bagunça os meus cabelos propositalmente e beija-me na fronte com delicadeza.
— Não destrua minha cabeleira. — Tapeio em seu braço.
— O quê? — Finge não saber. — Não me bata.
— Diga-me: Conseguiu resolver seus assuntos?
— Claro que sim. O que eu não consigo minha bela? Só você né? — responde, um pouco sério. É nítido que ele gosta de mim mais do que deveria até, mas nada posso fazer a não ser esquivar-me dessa insinuação, porém eu desejo que ele encontre alguém que faça desse sentimento algo recíproco, então semicerro os olhos e refuto da maneira mais delicada possível.
— Você me tem, mas como amiga — digo, sem deixar de mirá-lo.
— Direta.
— Com toda certeza.
— Bom, eu preciso ir para casa agora, tomar um banho e descansar. A viagem foi longa. — Suspira.
— Está bem, tenha um bom descanso. — Dou-lhe um beijo no rosto. — Eu também ya me voy a salir— digo, alternando entre dois idiomas.
— Realmente é estranho. Não deveria estar no trabalho?
— Estou folgando e aproveitando isso para passear e clarear um pouco a mente.
— Entendo. Vejo o quanto és esforçada e, minha querida, se eu fosse você passava um mês inteiro de férias. Tenho certeza que a sua amiga dá conta do recado sem sua pessoa, além disso, até ela teve férias e tu não tiveste ou ao menos não tenho tal conhecimento.
— Não, eu não tive. — Suspiro. — Mas é porque eu gosto de estar pintando, por mais que seja exaustivo.
— Mas você não é de ferro. Vai por mim, tira um bom tempo só para se divertir sem trabalho envolvido.
— Vou pensar...
— Bom, ฉันต้องไปแล้ว (c̄hạn t̂xng pị læ̂w) — diz e ri, deixando-me boquiaberta ao vê-lo falando noutra língua.
— Ei, não é justo! O que significa?
— Ué? Você falou em espanhol e eu não posso falar em tailandês?
— Mas você conhece o idioma, já eu não.
— Tudo bem, eu tenho de ir embora, agora.
— Eu também. A gente se ver.
— A gente se ver. — Beija-me no rosto. — Tchau. — Pisca o olho e eu reviro os olhos, fingindo desdém.
Assim que o vejo se afastar, retorno para o carro, ligando-o e fazendo o meu trajeto até o bairro vizinho. Ao aproximar-me, de imediato observo a igreja quase numa esquina, do lado direito, de grande largura e comprimento, possuindo o nome acima do umbral da porta, além disso há uma bela paisagem natural ao redor do templo. Olho novamente para a porta e essa se encontra fechada, porém, ao menos já sei onde irei frequentar. Sorrio e faço o contorno com o carro, indo agora em direção a outra rua próximo donde outrora me situei, no qual possui uma pequena praça que sempre gerou-me mais boas lembranças do que ruins. Ao chegar, contemplo as crianças se divertindo e me recordo de quando eu também brincava ali.
A paisagem encontra-se a mesma mesmo depois de anos, se houve alguma mudança foi somente na pintura, como por exemplo a dos brinquedos. Já o caramanchão* está bem mais cuidado do que eu me lembro e as árvores ornamentais continuam no mesmo lugar, só estão com suas folhas cortadas e seus ramos moldados e podados.
Após sair do carro, ando a fim de encontrar um banco para assentar-me e ao me acercar do primeiro que ponho os olhos, vejo Caleb sentado, observando as crianças jogando bola.
Cogito em voltar, mas meu coração teima e faz-me seguir adiante e o máximo que consigo fazer é controlar meu emocional.
Quando encosto, um garoto o pede para chutar de volta a bola que parou do seu lado e assim ele o faz.
— Obrigado, senhor. — O menino, brada.
— De nada — responde, risonho.
— Você por aqui? — pergunto, sem perca de tempo, para ele que ainda possuía o olhar para o outro lado. Ele volteia o rosto em minha direção e me encara surpreso, assim deduzo. Arqueio a sobrancelha por perceber a forma como ele me mira e então ele responde de forma enfadonha.
— Yasmim...
— Perdeu o caminho de casa, Caleb? —Busco ser simpática e sarcástica ao mesmo tempo.
— Não, mas estou surpreso em vê-la por aqui também — responde, assentando-se no banco novamente, pois havia lançado a bola para o menino antes e ao me ver paralisada, em pé.
— Eu moro numa rua próximo daqui — respondo, ainda em pé.
— Não quer se assentar? — Maneio a cabeça verticalmente, aceitando o convite a se sentar, o pondo em prática enquanto ele me encara, deixando-me constrangida.
Após me assentar, acabamos por permitir certo mutismo em nosso meio nos limitando apenas a admirar os pequenos recrearem e, ao passo que os minutos se vão, percebo que ele não irá dispôr-se a proferir coisa alguma, então tomo a iniciativa de por um fim a quietude que há entre nós.
— Fico feliz de elas ainda possuírem tamanha inocência. O mundo tem estado tão perverso...
— Verdade. — Concorda e dá um leve sorriso de soslaio, sem me mirar.
— O que houve com a sua aliança? — Indevida a minha indagação, contudo, válida diante da mudez que, por alguns segundos, instalou-se novamente. Questiono, sem pestanejar, assim que fito a sua mão direita e não vejo a aliança depositada ali.
— Não estou mais noivo. — Limita-se a dizer. Eu, no entanto, não imaginava que ele realmente iria me responder, porém o fez e ainda faz questão de me fitar abruptamente, fazendo meu coração descompassar por um segundo, mas busco ser discreta quanto as minhas reações.
— Quando eu era pequeno, brincava aqui as vezes — diz, mudando de assunto, e eu não interfiro, antes dou continuidade a isso, questionando-o, pois fico bastante surpresa com suas palavras, afinal nunca soubera disso.
— Você morava por aqui? — questiono, encarando-o e arqueando a sombrancelha.
— Sim. Quando minha mãe ainda era viva e mais alguns anos após a sua morte.
— Você nunca me contara isto — digo, sem pensar, e, quando dou-me conta, arregalo os olhos e logo tento redimir minhas palavras. — Desculpe, eu não devia ter dito... — Esboço um semblante encabulado.
— Tudo bem. — Sorriu levemente e de curta duração.
— Eu também brincava muito aqui. Não lembro de tê-lo visto alguma vez — respondo, não sabendo onde poderíamos chegar com essa conversa que, para mim, era um pouco jovial até.
— Eu também não — diz. — Qual a sua melhor lembrança daqui? — pergunta.
— Melhor lembrança? — Sorrio amarelo. — Eu diria que foi a pior lembrança, porém a única que nunca me esqueço. — Aprecio o céu e depois vagueio o olhar para as árvores que balançam na sintonia do vento.
— Qual? Desculpe perguntar.
— Tudo bem. — Suspiro. — O último dia em que vi meu pai vivo — respondo com um pouco de tristeza no olhar e, aliás, nem imaginava que ele se interessasse em saber disto.
— Eu sinto muito — diz, abaixando a cabeça e cruzando as mãos.
— Obrigada. Mas não deixou de ser uma recordação reflexiva — digo, pois realmente me é uma lembrança bastante reflexiva. Como esquecer das palavras que meu pai me dissera depois que enxugou as minhas lágrimas? "Sempre haverá uma nova estação."
— Como assim? — Levanta o olhar e me fita.
— Eu fui empurrada por um garoto naquela escorregadeira, com força, e no fim dei de cara com a areia. — Dou risada, apontando para o brinquedo. — E depois meu pai me pegou no colo, limpou-me e começou a me dizer algumas coisas... — digo, ainda com um singelo sorriso no rosto.
— Yasmim! — Saio de meu breve devaneio e busco olhá-lo nos olhos, e contemplo-o com um semblante meio espantoso eu diria, o que me faz franzir o cenho.
— Por que me olhas dessa maneira? — pergunto e ele ri.
— E se eu te dissesse que eu, talvez, fosse o tal garoto? — Arregalo os olhos de imediato, surpresa e descrente de suas palavras.
— Como? — Tento rir.
— Exatamente o que ouvistes. — Se mantêm em uma postura mais séria e logo o meu sorriso desaparece.
— Você está brincando comigo, Caleb?
— Não estou — responde com firmeza, sem deixar de me encarar.
— Como isso é possível? — indago, tentando buscar um certo entendimento cabível para o que está havendo neste exato momento e não consigo encontrar nenhuma explicação lógica, afinal isso nunca foi destino, pois acredito que as circunstâncias mediante as nossas escolhas é que nos levam a um destino que até então é indefinido.
— Nem eu sei.
Ao ouvir suas palavras, calo-me porque a única coisa que vem à minha mente é chegar em casa e dialogar com Deus, pois eu não quero me iludir cogitando numa possibilidade de que ao menos possamos ser amigos, não depois de tanto o querer distante de mim. E aliás, eu sequer fico alegre que ele tenha terminado o seu noivado, porquanto desejo vê-lo feliz, mesmo que não seja eu quem o gere tal felicidade conjugal, além do mais, se houver uma outra oportunidade deleitá-lo-ei na palavra de Deus. Uma vez ouvi meu avô dizer que a palavra do Senhor deve ser compartilhada e não guardada para si.
— É melhor eu ir agora — fala, já se levantando.
— Hum. Okay. — Dou de ombros sendo imparcial a sua resposta, já que aprendi a me conformar com tal situação. Sei que ele já sentia-se impaciente pelo nosso breve diálogo, então o encaro percebendo o desejo que lhe sobrevem de afastar-se completamente de mim. Não sei. Apenas sinto ao olhá-lo, todavia, seja o que Deus quiser. Apenas, vejo-o se afastar, imaginando como tudo poderia ser diferente entre nós dois, mas também como é melhor que tenha acontecido tais coisas e tudo esteja da forma como tem que ser, pois se não fosse assim eu não teria um encontro com Deus e ele é a melhor coisa que já me aconteceu, não sei quanto a outros, mas sei que para mim é maravilhoso, porém não considero fácil; essa nova experiência está me fazendo acalmar os ânimos e deixar que Ele trabalhe a meu favor.
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Nota: *Caramanchão: construção tosca, feita de ripas ou estacas, recoberta por trepadeiras que se situam num parque ou jardim.
Até breve! Deus vos abençoe.
Votem e comentem, isso é bastante incentivador!
[Revisado]
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