O grande amor de Jonathan (Bônus) - Capítulo 24
"Eu não quero viver sem você
Eu não estou pronto para viver sem você"
(For king and Country)
Há muitos anos...
Jonathan
— Moriah? Eu não posso acreditar que ela se escondeu de mim — disse, comigo mesmo.
Olhei ao meu redor, buscando-a, porém nada. Coloquei minhas mãos na cintura, tentando pensar onde ela poderia estar, sem imaginar o que ela estava prestes a fazer:
— Ei! — Chegou por trás de mim, apertando-me pela cintura.
— Que susto, garota! — Virei-me para mirá-la bem e lá estava ela com um semblante risonho.
— Desculpa, Jiu — disse.
— Tudo bem. Só não faça isso, nunca mais — falei.
Nunca gostara do fato de Moriah querer brincar de pique-esconde toda vez que eu resolvia aparecer. Ela me deixava extremamente preocupado com seus sumiços repentinos, mas insistia em continuar com suas brincadeiras. No entanto, ainda sim eu a mirava com cumplicidade e analisava seus traços delicados toda a vez que a via.
Nós éramos amigos desde a infância, e eu carregava em meu coração um amor platônico por ela; e isso por nunca ter a coragem de revelar o que eu sentia. Então só podia me contentar em admirá-la.
— Okay, seu mandão! — proferiu com um olhar emburrado.
— Mandão, eu? — gargalhei alto o suficiente para chamar atenção das pessoas na redondeza.
Como prêmio, levei um soco nada gentil em meu braço.
— Ai! — resmunguei.
— Minha mãe me deixou sair. Que tal irmos ao parque? — perguntou, não se importando em me bater. Porém eu relevei sua atitude de outrora.
— Pode ser, mas lembre-se que amanhã, bem cedo, precisarei voltar a companhia — alertei.
— Tudo bem, não iremos demorar, então — falou, entrelaçando os nossos braços, e, sinceramente, não sei como não sentiria meu coração disparar.
Neste tempo, estava eu iniciando meu serviço militar e acabava por ficar muitos dias fora de casa, no quartel. Quanto a ela, trabalhava como costureira junto a mãe. De perfil, Moriah era ruiva de cabelos medianos, possuía olhos verdes, tão belos quanto uma esmeralda, e de pele branca com umas pouquíssimas sardas dando seu charme. Ela era filha de um europeu com uma mulher americana. E sua mãe também era ruiva.
Desde a infância, éramos muito chegados e, mesmo estudando em escolas diferentes, eu sempre voltava com ela para casa e a defendia dos meninos que a perturbavam. Moriah era uma garota muito ingênua. Lembro-me das pegadinhas que eu criava e ela sempre caía. Mas amava o jeito que ela se enraivava, introvertia-se, o que se fazia necessário dar-lhe umas cócegas, e ela odiava isso. Contudo, toda a vez que ela mencionava a palavra amigo, doía-me o coração.
E foi exatamente quando fomos ao parque que não segurei mais aquilo que tanto me matava e me declarei:
— Que tal irmos naquele brinquedo? — perguntou.
— Mas você não tem medo de altura? Da última vez você chorou desesperada — respondi.
— Tem razão, deixa para lá. — Deu de ombros. — Irei sentir sua falta — disse, enquanto caminhavámos a uma barraca de doces.
— Também sentirei a sua — respondi.
— Não arranjou nenhuma paquera por lá não, né?
— Claro que não! — exclamei. — Só tenho olhos para você, minha pequena.
— Sou sua amiga — riu. — Como posso contar? — disse, batendo-me no braço.
— Se você quiser eu posso ser muito mais do que seu amigo — falei, encarando-a, sério. E pude perceber quando seu rosto corou e ela virou-se para o lado. — Moriah...
— Oi? É... Vamos comer um hotdog? Ainda estou faminta. — Percebi seu jeito desengonçado e sua face ruborizar quando tentou desconversar.
— Tudo bem. — Suspirei.
Enquanto nós degustávamos do cachorro quente, ela não parava de olhar para os lados como se procurasse algo.
— Por que você disse aquilo, Jonathan? — questionou, cortando o nosso silêncio, fazendo-me engolir em seco.
— Porque eu gosto muito de você — declarei, por fim.
De imediato, ela me encarou, novamente, e sua expressão mudou para um leve sorriso doce.
— Eu também. — Fiquei surpreso com a sua resposta e abri um sorriso.
— Como amigo? — perguntei.
— Muito além. — Mirou-me nos olhos. — Por que demorou tanto? — questionou.
— Eu não sabia se... — Fiquei sem entender a sua forma tão direta de expor tal coisa, apesar que isso sempre foi do feitio dela. Porém, sobre eu me declarar para ela... Foi uma outra situação.
— Shiii... — Fui interrompido com o seu dedo em meus lábios, o que me fez corar.
— ...Sempre fomos amigos. Você me disse há poucos instantes que era a minha amiga e eu... — Fui interrompido novamente.
— Você fala demais, Jonathan — disse e me beijou.
Permaneci sem entender sua atitude, mas não recusei, e pude ver que o que eu sentia era ainda muito além do que eu ponderava.
(...)
— Vamos nos juntar ao pessoal — falou.
— Que pessoal?
— Os nossos colegas — disse, apontando para onde eles estavam, e então eu entendi o que tanto ela buscava.
— Tudo bem. Vamos lá. — Segurei a sua mão e ela firmou-a ainda mais.
(...)
Após aqueles dias, passamos a nos comunicar através de cartas, pois não deixaria o batalhão tão cedo. Porém, em todas elas, eu deixava um pouco do que eu sentia por Moriah e eu sabia que ela também o fazia ao me responder. Éramos dois jovens completamente apaixonados um pelo outro e com uma imensa saudade, causada pela distância, no coração. Mas ainda sim, uma aliança disposta no dedo anular direito, fazia-me lembrar que logo, logo iríamos nos rever.
10ª carta
Amada Moriah,
Faz 6 meses que não nos vemos e eu já sinto tanto a sua falta. Não vejo a hora de voltar e podermos então nos casar. Sei que serás a mais bela de todas as noivas já vistas. Logo, mando um abraço para meus sogros, e um beijo para ti.
Obrigado por ter me aceitado para ser mais do que seu amigo. Obrigado por me fazer ser esse homem feliz que já sou. Quero te amar para sempre, quero te fazer feliz para sempre, quero cuidar de você para sempre. Os nossos filhos, a nossa herança, serão os mais belos presentes que você poderá me dar no futuro; porque a você, eu já tenho. Os nossos destinos já tinham sidos traçados, e quisera Deus que se cruzassem.
Espera por mim, pois eu também te espero. Daqui a um mês estarei voltando para seus braços.
Com amor, Jonathan.
(...)
Depois que nos casamos, tivemos o nosso primeiro filho, e esse se chamou Caleb. Um lindo nome para um bebê mui lindo e perfeito para nós; fruto de nosso amor.
— Meu filho, lindo. — Eu via o olhar de felicidade de minha amada, e eu também estava eufórico pela chegada dele.
O tempo foi passando, e ele já estava crescido, brincalhão e bastante esperto. De tudo o que fazia, ficar na cozinha e querer preparar as refeições junto com a mãe era o seu maior hobbie. Não é a toa que no futuro se tornaria um ótimo chef de cozinha. Um dos melhores gastronômos de Seattle.
— Mamãe, amanhã tenho aula.
— Eu sei meu filho.
— Posso preparar o meu lanche? — implorava.
— E o que você fará?
— Não sei, eu invento.
Meu filho já achava-se com quase 7 anos de idade, e Moriah já esperava mais uma criança. Desta vez, seria uma menina e se chamaria Violetta.
(...)
— Mais força! Só mais um pouco — dizia, a enfermeira.
— Amor! — disse, Moriah, e eu acalentava-a, segurando as suas mãos, vendo-a com a respiração ofegante.
— Só um pouco mais amor — respondi, e a vi se esforçar muito mais para que a nossa criança nascesse. Até que se ouviu o choro da criança.
— Ela perdeu muito sangue, senhor. — Ouvi a enfermeira falar.
Olhei para a minha esposa, e ela mantinha-se descorada e com exaustão visíveis em sua pessoa.
— Eu... Te amo! — Quase num sussurro, escutei-a dizer e uma lágrima solta verteu de seu olho esquerdo à medida que me mirava.
Pude contemplar suas forças esmurecerem e o som do monitor mudar para uma sonorização arrastada e contínua.
Piiiiiiiii.
— Moriah, você não pode me deixar. Nos deixar.
Naquele instante, Não pude conter as lágrimas, pois a minha amada me deixava, partia lentamente defronte a mim, enquanto eu sentia uma dor imensa tomar conta do meu coração. A dor da perca.
— Tirem ele da sala!
— Senhor, acompanhe-me, por favor. — Puxavam-me para fora da sala de parto. — A sua filha, senhor. — Mostrou-me a criança, que obtinha um olhar singelo e puro, com o corpo ainda um pouco esbranquiçado, mexendo as pequeninas mãos em uma perfeita ondulação, enrolada em uma toalha cirúrgica de cor azul em um tom celeste. Ela era linda e carregava o olhar de Moriah, o que me motivava a choramingar mais ainda.
— Aumentar carga... — Escutei proferirem.
— Nada. — Olhei, ao longe, para a minha mulher, enquanto sua alma se esvaia daquele belo corpo; sua face permanecia ainda mais insípida e uma única lágrima vaga ainda subsistia sobre ela.
Aquele momento foi de partir todo o meu coração. E, por ela, eu decidi dar tudo de mim para cuidar dos nossos filhos.
Lembro-me o quanto Caleb ficou, por muitos dias, desconsolado e, as vezes, proferia coisas sem refletir como: Se minha irmã não existisse, a mamãe estaria aqui. E, por muito tempo, insistiu nisso até que, por fim, aceitou o que aconteceu e passou a amar sua irmã caçula.
Custei a dar aulas de espanhol para pagar algumas dívidas, na época. Meu pai, que era militar, assim como eu, ajudou-me bastante também, juntamente com a minha mãe. Os pais de Moriah também foram solidários e viram o meu esforço, e me acalientaram muito.
De certo que eu queria muito, agora, poder voltar ao exército, mas já passei da idade e só serviria para a reserva. Então permaneço, à maior parte do tempo, em casa ou com amigos de infância, além de que busco manter todo o zelo com meus filhos mesmo eles já sendo adultos; e por mais que Caleb venha aqui de vez em quando, ele sempre me conta tudo o que acontece consigo e eu me torno 'o grande conselheiro.'
Por isso eu digo:
Viva a vida enquanto ela durar. Depois de morto, não terás mais o que fazer.
Viva a vida com amor! Nada somos sem o amor.
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Aqui vai uma foto que mais se adequa ao perfil de Moriah. Violetta é a cara dela né gente?
E nosso querido Jonathan (perfil mais jovem)
[Revisado]
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