Ame-me - Capítulo 12
"Quando é que você vai começar a me enxergar
Até onde o meu amor vai poder te alimentar
Você é a minha ausência a razão do meu querer
Você é tudo que sinto e não sei explicar"
(Catedral)
— Yasmim! — Ouço Dai me gritar e logo desperto do meu breve cochilo.
— Quê? Ai meu Deus! — Levanto do sofá, alvoçorada, visto que cochilei mais do que devia. Tento passar a mão no rosto para desviar-me da face meio inchada e depois sigo a pegar as coisas que iria levar para o hospital, e corro o máximo que eu posso em direção ao portão.
— Oi, Dai! Estou chegando! — digo, abrindo o portão.
— O que houve com você? Estou há quase meia hora chamando. — Esboça um semblante indignado e bate nas próprias pernas em sinal de nervosismo.
— Peguei no sono. — Esboço uma faceta.
— Sério? Vamos, porque eu ainda vou passar na galeria — diz, adentrando o carro.
— Está bem, está bem. — Abro a porta e me assento no banco do carona.
— Ajeita esses cabelos para não espantar ninguém — diz, olhando-me por escanteio.
— Ah... — retruco, tentando passar os fios por entre os dedos com o objetivo de arrumar meu cabelo.
— Vou ligar o som um pouquinho para descontrair. Só não durma. — Dai me avisa e mexe no som. Eu apenas assinto e me viro para a janela, permanecendo a observar a paisagem.
(...)
— Oi, mãe. Voltei — digo, assim que adentro no quarto onde ela se encontra.
— Oi, meu anjo — diz e sorri ao me ver, tossindo logo em seguida.
— Vou ficar aqui com a senhora esta noite e amanhã nós iremos para casa, está bem? — respondo, assentando-me numa cadeira próxima dela.
— Certo — assente.
— Diga-me... O que a senhora gostaria de fazer esses dias? — pergunto, tentando descontraí-la.
— Ficar com a minha princesinha — responde.
— Só? — pergunto, arqueando a sobrancelha e conseguinte esboçando uma careta.
— Para que querer mais? Minha filha... Eu sei que estou morrendo. Não precisa fazer nada para que eu me sinta feliz, pois eu já sou feliz. A sua felicidade é a minha felicidade.
— Mãe! — Entristeço-me com as suas palavras.
Ela ri, enquanto eu tenho vontade de chorar. Já perdi meu pai; sei que um dia irei perder minha mãe, só não queria que fosse agora.
(...)
Natan
— Nossa! Hoje foi muito cansativo. — Massageio o braço e encaro minha colega de trabalho.
— Natan, vai para casa! — fala.
— Ah, Flor! Eu já vou mesmo — digo, assentando-me.
— Agora, com o que você se cansou? Tu só fazes prescrever o tipo de alimentação e fazer algumas visitas aos pacientes. Fica aí, sentado, quase o tempo todo.
— Flor! Você sabe que a minha mente também cansa né? — Miro-a novamente.
— Haha! Você é graça — diz.
Decido então me levantar, pegar minhas coisas no armário, guardar meu jaleco e meus papéis e ir para casa; e assim o faço. Despeço-me da minha colega e me retiro do local. Já havia dado o meu horário de saída também.
Ao chegar em casa, abro a porta, respirando aquele ar mais leve. O meu anseio é nada mais nada menos que me banhar e deitar a fim de descansar. Estou com a mente exausta.
— Lar doce lar — profiro comigo mesmo.
Jogo minhas coisas no sofá e me direciono ao quarto para tomar um banho, pois é uma suíte.
Tiro minhas roupas e me jogo debaixo do chuveiro. Deixo que a água escorra pelo meu rosto e logo me ensabôo. Quando já estou a me enxaguar, trago a memória o vislumbre do sorriso de Violetta e o quanto meu coração acelera quando estou perto dela. Mas, ao mesmo tempo, sinto-me frustrado por tantas tentativas sem sucesso de conseguir mudar seu pensamento a meu respeito. Talvez eu devesse deixá-la de lado e quem sabe assim ela me dê valor, todavia tenho minhas dúvidas.
Suspiro com tais devaneios e saio do banheiro enrolado na toalha. Em seguida, sigo para a cozinha a fim de fazer uma bela janta, porquanto senti fome, quando de repente escuto a campainha tocar.
— Quem será? — indago e me olho de cima a baixo. — Acho que dá para atender — respondo a mim mesmo.
Direciono-me até a porta e fito pelo vídeo da câmera do lado de fora. Contemplo Violetta através do mesmo e questiono-me o que ela poderia querer afinal.
Tiro a corrente da porta e abro de imediato.
— Natan, preciso falar... Com...vo...cê — profere, olhando-me aparentemente assustada e encarando-me de cima a baixo.
Encaro-me novamente e entendo o motivo de ela estar envergonhada, afinal é a primeira vez que ela me contempla dessa maneira.
— Entra. — Dou espaço, sem me importar com a sua expressão.
— Por que você está de toalha? — retruca e eu reviro os olhos.
— Que eu saiba eu moro sozinho e normalmente não recebo visitas, senhorita.
— okay. Mas se vista porque não dá para conversar com você desta maneira.
— O quê? Não gosta do que vê — profiro, de propósito, apenas para irritá-la.
— Natan! — Fita-me duramente e fala entre os dentes.
— Ok. Ok. Eu vou.
Prefiro não prolongar a fim de saber logo o que ela veio fazer em minha casa. Ainda estou cansado e não estou com tanto ânimo para entrar numa nova discussão com sua pessoa.
Eu sigo para o quarto e pego um short que estava em cima da cama e uma camiseta esporte, apressando-me em me vestir. Feito isso, retiro-me do cômodo e vou até ela.
—Pronto, voltei — suspiro —. Agora pode dizer o que queres afinal?
— Desde quando falas tão grosseiramente? — Encara-me espantada. Apenas dou de ombros.
— Estou cansado, Violetta. Quero jantar e dormir, mas você está aqui me impedindo de fazê-lo. — Assento-me no sofá.
— Desculpe, então. Vou deixar você descansar — profere, levantando-se e seguindo em direção a porta.
— Não seja dramática. Você não veio até aqui para nada.
— Mas não é um bom momento certo?
— Não tinha como você saber. — Levanto-me e sigo até ela. — Sente-se e vamos conversar, an?
Ela me mira duvidosa, mas depois assente. Eu sorrio e retrocedo a assentar-me no sofá, assim como ela o faz.
— Eu vim aqui porque eu queria que você esquecesse aquilo que aconteceu daquela vez, sabe... — Estreito os olhos e sorrio de viés, incrédulo com o que estou prestes a ouvir. — Isso tem me remoído por dentro e eu não quero continuar confundindo as coisas, pois sempre fomos amigos e... — Interrompo-a.
— Você veio aqui somente para isso? Para dizer as mesmas coisas novamente? — Miro-a, sério e aborrecido.
— Mas se...
— Não seja por isso, Violetta. — Encaro-a, entristecido.
— O quê?
Ela me mira surpresa e eu continuo:
— Preciso de um tempo distante de você e assim darei o que você tanto deseja.
Não vi como continuar fazendo valer a pena todo sentimento que possuo, então as palavras saem no automático. Quando a conheci, para mim ela era como uma irmã que nunca tive. Desde então, obtivemos uma amizade cheia de pequenas confusões devido a seu temperamento hostil. Porém, durante esse mesmo tempo, descobri que o que eu sentia era algo além de uma simples amizade. No entanto, desde o dia em que resolvi expor isso a ela, tenho tido mais preocupações e tristezas de um amor não correspondido. Caleb até busca me incentivar a respeito, porém não é tão simples quanto parece. Não com ela, Violetta.
— Talvez... essa seja a melhor saída — profere, cabisbaixa. — Mas não queria ficar longe de você.
— Se for assim eu somente irei magoar-me mais por sua causa. — Sorrio de soslaio com sarcasmo.
— Quer saber... Esquece. Eu vou embora — diz, levantando-se, enquanto eu permaneço sem entender sua reação.
— Você é incrível sabia? — Irrito-me com sua atitude acoada. — Você gosta disso... de esgotar a paciência da pessoa.
— O quê? — indaga.
— Chegas nessa pose de moça aborrecida, que não deseja perder a amizade, mas ages a fim de alimentar seu próprio ego que é tão grande que nem eu mesmo estou mais disposto a ultrapassar. — Desabafo e abro a porta para que ela possa se retirar. — Se você puder se retirar, em nome da nossa amizade, eu agradeço muito.
A contemplo respirar bem fundo, com um semblante de poucos amigos, e passar por mim sem dizer mais nada.
Bato a porta e sinto meus olhos lacrimejarem. Pela primeira vez na minha vida estou prestes a chorar por causa de uma mulher que eu gostaria que me amasse tanto quanto eu a amo, mas talvez nunca o faça.
(...)
Violetta
Estou tão confusa, porquanto não sei o que sentir por Natan. Suas palavras me pegaram de surpresa, mas nada poderia eu fazer a respeito, pois eu mesma dei a sentença a respeito de nossa relação. Aborreci-me, admito. Porém, eu não fui feita para ele. Ele é bom demais para alguém como eu. Sempre fomos opostos em inúmeras coisas, mas ainda sim conseguíamos manter a amizade. Agora já não sei o que será. Não deveria me preocupar com isto, afinal, eu permiti que ele tomasse a decisão de se afastar de mim e isso de alguma forma me consome por dentro. No entanto, meu orgulho não me permite retroceder. Eu não desejo voltar atrás.
Questiono-me então, porque diabos eu inventei de vir até aqui. Apenas consegui mais um motivo para afastá-lo. Sou burra demais para considerar que meus feitos são insensatos. Se talvez minha mãe estivesse viva eu poderia ganhar alguns conselhos em como lidar com isso, visto que nem tudo gosto de conversar com meu pai e pedir opinião a minha amiga Victória é o mesmo que nada. Ela sequer daria um conselho decente para mim tanto que é mais fácil eu fazê-lo.
Permito que as lágrimas vertam à minha face, à medida que desço os degraus, até que me deparo com meu irmão subindo os mesmos.
— Violetta? O que faz aqui?
— Caleb? Oi maninho. — Franzo o cenho, questionando-me porque ele estaria vindo ver Natan.
Enxugo rapidamente as lágrimas que caem em minha face, mas não dá para esconder de meu irmão. Logo mais terei que me preparar para uma série de perguntas a respeito que eu sei que ele fará.
— O que houve? — questiona.
— Nada. Você sabe... O mesmo de sempre — profiro, afinal ele sabe da minha situação com Natan. São amigos há bastante tempo e sempre contam seus problemas um para o outro. Esse não seria diferente.
— É, mas seus olhos estão vermelhos. Por que choravas? — indaga e eu tento disfarçar.
— Caiu um cisco no meu olho e acabou irritando-o bastante — digo a velha frase que ninguém acredita.
— Sei... — Arqueia a sobrancelha.
— E você está fazendo o quê, aqui? — pergunto.
— Vim pegar algo que tinha deixado no apartamento de Natan.
— Hum... Pode levar-me em casa? — Aproveito e peço uma carona.
— Levo sim. Espere por mim, lá embaixo, que já volto — pede e passa por mim.
— Ok — digo, sorrindo de viés.
Minutos depois, ele volta; ainda a encarar-me de maneira desconfiada. Seguimos até o carro, entramos e ele não perde tempo para me interrogar.
— Pode dizer-me o que aconteceu entre você e Natan? — questiona, antes de dar a partida.
— Nada demais, já disse.
— Ele estava bem triste e você então... Você fez alguma besteira, Violetta? Sério! Sou seu irmão! Pode desabafar comigo, sabia?
— Eu não quero falar nada.
— Tudo bem, então. Mas quando quiser... Estou aqui. — Gira a chave de ignição, ligando o carro e pisando no acelerador, tirando-nos do local.
Seguimos em mutismo total até nossa casa; também não tínhamos muito o que falar. Assim que ele para o carro, abro a porta do carona e desço primeiro, seguindo na frente, esperando-o na porta principal para adentrarmos à casa juntos.
— Pai? Chegamos! — Caleb profere, ao abrir a porta.
Desencosto do umbral e entro após ele.
— Caleb! Você aqui? — Meu pai se aproxima, abraçando-o, e me olha por cima do ombro.
— Vim trazer Violetta em casa. — Vira para me olhar.
— Sei... Vai ficar para a ceia?
— Mas é claro! — exclama, brincalhão. — Tem o que para comer? tô morrendo de fome.
— Eu fiz sopa de legumes, mas, se não quiser, tem torta salgada. — Nosso pai sugere, já olhando para mim e franzindo o cenho. — E você, Violetta! Por que está com essa cara?
— Nada não, pai. — Limito-me a responder.
— Brigou com Natan — diz, Caleb, e eu reviro os olhos.
— X9 — sussurro.
— Como? — Nosso pai questiona.
— Não foi nada demais — digo, rapidamente, antes que eu possa levar uma repreensão.
— Se não foi, por que está com essa cara de bicho morto? — Curva a sobrancelha e me fita, duvidoso.
— Perdi a fome, vou para o meu quarto — respondo e sigo em direção a escada.
— Violetta! — Meu pai exclama, mas nada respondo continuando a subir os degraus, apoiando-me no corrimão. Eu realmente preciso refletir um pouco sobre tudo.
— Deixa, pai. — Ouço Caleb dizer.
Assim que entro em meu quarto, sigo para o closet e pego uma roupa. Em seguida, dirijo-me ao banheiro para tomar um banho e esfriar meu juízo. No término, enxugo-me, visto-me e, depois, jogo-me na cama perdida em meus devaneios ou seria em meus problemas?
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O livro é grandinho, então a partir do capítulo 18 em diante, o foco está mais nos principais personagens.
😚❤
FOI FEITA ALGUMAS ALTERAÇÕES NO CAPÍTULO!
[REVISADO]
Até quando a gente vai viver a ilusão?
Até onde o nosso amor vai morar numa canção?
O meu coração pequeno já parou de esperar
Quando é que a gente vai parar de se machucar? [...]
[...]Eu quero o teu amor sem direção
Sem regras e rancor sem condição
Eu quero flutuar sobre você
Eu quero teu amor
Vem pra mim
Ah e quantos sonhos sem realizar
Quantos desejos presos no olhar
Quantas vezes te chamei na mais fria solidão
Quantas promessas ditas sem pensar
Quantos momentos perdidos no ar
Quantas vezes eu pensei não ouvir meu coração
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