Fugindo do amor
"Às vezes, guardar segredo é o melhor caminho".
Pov Jason
Está chovendo forte na nossa volta para o hotel. A chuva bate forte no para-brisa é o único som neste momento, pois Katherine e eu estamos em silêncio. Não dissemos nada um ao outro a noite inteira. Tínhamos um evento para ir, mas Olivia e Mia adoeceram, tiveram uma infecção alimentar, achei super estranho, pois comemos a mesma comida e estamos bem.
Esse silêncio está deixando tudo tão constrangedor, eu até tentei puxar assunto algumas vezes durante a noite, mas só tive respostas curtas e grossas, então parei de tentar. Mas tem uma energia mal resolvida oscilando entre nos. Desligo o motor do carro, tiro o cinto e desço, abro a porta dela para ajudá-la descer, mas ela se afasta.
Eu gostaria de saber exatamente o que estamos sentindo, porque machuca, mas nada é tangível. Eu não consigo decifrar seus pensamentos e nem entender o porquê disso.
— O que está fazendo? — Não respondo — eu posso encontrar meu chalé sozinha. — Estamos hospedados em pequenos chalés na praia de Malibu, o dela e da Mia é vizinho ao meu.
— Podemos conversar no meu, por favor — pergunto e ela concorda. Às vezes me pergunto e se tudo que fiz, fez eu perder um futuro incrível ao lado dela. Isso me angustia, e se eu tiver perdido o amor da minha vida por uma decepção do passado que me fez ficar cego. Eu passei de um cara otimista, para um sem alma que sempre espera o pior do universo, como se ele tivesse algum tipo de marcação comigo. Eu deixei de viver por muito tempo, perdi o prazer nas coisas que mais amava na vida, deixei de escutar músicas e escrever poemas, deixei de acreditar naquelas historias marcantes que me fez amar a literatura, tudo isso por ter amado demais a pessoa errada, será?
E se a pessoa certa, a que me fez sorrir nos meus piores momentos, que fez uma seleção de músicas para eu escutar quando estivesse triste, que entrou em uma enrascada só para me ajudar a recuperar a pessoa que mais me machucou na vida, estiver na minha frente agora e só não consegue olhar em meus olhos porque eu fiz exatamente a mesma coisa que a Nicole me fez?
Eu a machuquei tanto assim e não percebi? Eu fiz a garota que tem o sorriso mais lindo desse mundo parar de sorrir?
Pov Katherine
Começo a ficar ofegante mesmo antes de entrar no chalé. Antes de entrar eu me viro para ele como se ele fosse me deixar sair.
Ele aponta para dentro e não diz nada.
Inspiro em silêncio e entro. Ele entra em seguida e fecha a porta. O chalé dele é igual ao meu, a única coisa que muda é que tem apenas um quarto e o meu tem três já que estou dividindo com a Mia e a Olivia.
— Poderia vir comigo? — Ele me chamar para ir até a praia.
— Não.... Quer dizer, posso, mas não sei se devo.
— Não vou te atacar, Katherine. A menos que queira — esse é o problema, eu quero muito ele, o desejo todas as noites e ele não sair um segundo dos meus pensamentos. Não tenho medo dele, tenho de mim mesma.
— Que lindo — tem um grande painel na frente com a capa do filme em um refletor. As cadeiras estão perto uma da outra uma linda mesinha com várias comidas e algumas luminárias acesas deixando o clima super agradável.
— Eu não acredito que não assistiu ao filme ainda. Então preparei isso para você, não sabia se você iria vir, principalmente depois da noite tensa que tivemos — eu não estava esperando por isso, então logo lanço um olhar em sua direção e logo me arrependo, pois ele está bem perto de mim — Olívia entregou uma cópia para nós dois, achei que tinha assistido com sua irmã e o seu "amiguinho".
— Eles assistiram, eu não. Não costumo ter medo das coisas que faço, mas dessa vez é diferente, o mundo vai me ver, e se eu assistir eu não vou conseguir olhar na cara deles, pensar que estão rindo de mim, não sei, nunca fiz isso antes, devo está parecendo uma pateta perto do elenco.
— Você é uma bobona sabia? — Não consigo evitar uma risada.
— E você um idiota, eu aqui falando minha situação e você me chamando de boba — sorrimos — Você já assistiu?
— Só umas 110 vezes, você venceu Katherine, você é literalmente a rainha do baile — franzo o cenho sem acreditar — você foi incrível, em cada cena, em cada palavra, seu olhar mostrou todos os sentimentos que a personagem deveria passar.
— Eu conseguir mesmo? — Ele assente todo orgulhoso, então vou até ele a abraço forte, eu não quis saber a opinião de ninguém, evitei saber as críticas de todos os jeitos com medo de não ter sido boa suficiente.
— Vem, vamos assistir ao meu filme favorito — seguro na mão dele e vamos até às cadeiras.
Ele fez um cinema ao ar livre só para ver o filme comigo. Reparo em cada detalhe, a comida que eu mais gosto, e o melhor de tudo, vai ser com um lindo céu estrelado, é tudo tão perfeito.
— Eu achei que seria melhor assistir aqui do que em um cinema lotado, você vai conseguir apreciar melhor e depois da décima vez assistindo você ver detalhes que não conseguiu ver antes e é cada vez melhor.
— Está perfeito — sorrio para ele observando cada detalhe daquele momento.
Em apenas 3 meses ele mudou tanto, sua barba está aparecendo e confesso que amei. Caiu muito bem nele, se bem que qualquer coisa ficaria perfeito nele.
Eu mudei bastante também, cortei meu cabelo e agora ele está um pouco abaixo do meu ombro. Estou indo para academia e de férias, e isso é ótimo para as olheiras.
Com apenas algumas luminárias iluminam a grande trilha de pedras que vai até o mar. O filme começa e a primeira cena é o acidente dos pais da minha personagem, e quem faz o papel é a pequena Melody.
Me assusto ao ver a batida, não consigo evitar lembrar da noite mais terrível da minha vida, que foi a morte do meu pai. Acho que eu e a minha personagem tem mais coisas em comum que eu imaginava, as duas perderam os pais em um terrível acidente.
— Você está bem? — Jason segura na minha mão. Assinto e enxugo minhas lágrimas — posso sentar ao seu lado — assinto e afasto um pouco para o lado para ele se deitar.
Seus braços passam por mim e me aconchego em seus braços. O filme está tão perfeito, agora entendo por que ele disse que viu cem vezes, sem dúvidas é o meu favorito agora também.
— Essa é minha cena favorita — ele diz apertando mais minha mão — é onde o casal está em uma pequena discussão e depois eles se beijam.
— Isso é nossa cara — começo a rir com o motivo besta.
— Não considero nossas discussões tão bestas — começo a rir e paro para pensar — são bestas sim.
— Sentir muita falta do seu sorriso Grey — ele diz olhando em meus olhos. — se algum dia, por acaso, você quiser se apaixonar novamente, se apaixone por mim — ele cita a frase de um dos meus livros favoritos.
— Não tente, você nunca vai chegar aos pés de Atlas Corrigan.
— Tudo bem, minha peixinha — não resisto uma gargalhada — mas tudo bem, você pode destruir meu coração mil vezes, ele sempre foi seu, querida — olho sério para ele sem acreditar. Por que ele está narrando as frases dos meus livros favoritos?
— Deveria parar, eu não vou me apaixonar. Eu não acredito no amor, só em livros.
— Tudo bem, eu esperaria quinhentos anos a mais por você. Até mil anos.
— Eu não leio fantasia, senhor Salvatore. E sei que viu isso em um livro, ele leu todos os livros favoritos dela só para se declarar depois, você não está sendo tão original.
— E como sabe que essa frase é de um livro, se não ter fantasia? E eu achei muito inteligente do cara se declarar com o que ela mais ama, quis copiar — Ele realmente me pegou.
— Foi apenas um delírio momentâneo. Nada contra as fantasias, pelo contrário, acho extraordinária a criatividade dos autores, mas nada me encanta mais do que uma verdadeira história de amor.
— Então, porque evitar tanto viver uma?
— Porque nem todas histórias de amor, acaba com um final feliz, a minha é uma delas — ele assente decepcionado e volto a atenção para o filme.
Ele levanta e pega uma caixa com chocolates e me entrega.
— Come — eu negaria pelo jeito que ele falou, não gosto que mandem em mim, mas é chocolate. — Você tem a escolha de fazer seu final, você pode escolher ser feliz ou não.
— Podemos voltar a assistir ao filme? — Ele bufa e se deita novamente ao meu lado.
Já estamos no final e estou amando cada detalhe, está incrível. Finalmente os dois vão casar. Eu nunca pensei muito em casamento, só queria saber em vim para Nova York, me formar, ser uma cineasta. E eu consegui, mas agora tenho novos pensamentos, eu sonho em casar, ter um marido incrível, filhos, uma vida feliz. Talvez eu esteja apenas emocionada vendo eu vestida de noiva e sendo feliz, ou eu realmente quero isso e quero isso com o homem que está ao meu lado.
Ele léu todos os meus livros favoritos só para se declarar para mim e eu não posso retribuir porque estou sendo ameaçada perder minha irmã e ela já tentou uma vez, não duvido que faça novamente. A Nicole não presta, não posso arriscar.
O filme termina e não consigo conter as lágrimas de emoção. Ficou tudo tão lindo.
Ele me abraça e seu cheiro me causa uma sensação incrível, eu preciso tanto dele, do seu toque.
Ele me levanta em seus braços e me leva até a areia. Começamos uma dança lenta ao som da trilha sonora do filme.
— Amo você, Grey — meus olhos encontram os dele.
— Amo você, caipira — ele sorrir, me puxa e beija meus lábios.
Nos afastamos e encaramos um a outro, os dois sabemos que isso foi uma despedida, apesar de ser difícil, mas é necessário.
— Adeus, Katherine Grey, foi um prazer te conhecer.... — sorrio com um nó na garganta e ele desaparece no meio da escuridão.
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