"Em toda a minha vida eu sempre esperei por tudo aquilo que eu queria ter. Mas não percebi o que eu sempre tive".

Pov Katherine

Quando eu era mais nova meu pai sempre falava que temos que ver felicidade nas pequenas coisas. Na hora não entendi, hoje eu sei o que ele quis dizer, só não consigo enxergar ainda. Talvez eu seja o problema, porque as coisas boas da vida, só você pode fazer por você mesmo.

— Por que você é assim? Todo mundo quer esta perto de mim. — Jason insiste. Ele leu uma entrevista na qual eu dizia que não gostava dele e ele não se conforma com isso.

Claro que depois tive que contorna a conversa e dizer estar brincando, ou iria acabar entregando nosso namoro falso. Apesar de não termos assumido nada em púbico ainda, mas eles estão supondo que está rolando algo. E ele sabe que falei a verdade, só não se conforma.

— Eu não sou todo mundo e não se ache tão especial, só estão com você por causa da sua fama — pego meu roteiro na minha bolsa e caminho para minha varanda.

— Claro que não, é porque sou querido, você não gosta do meu trabalho?

— Até que você atua bem, mas não sou uma fã desesperada que sai, por aí fazendo todos seus gostos. Mas não se iluda, se um dia você precisar de verdade, ninguém vai está ao seu lado.

As pessoas costumam ficar com você por conveniência, basta um deslize seu, todos saem de perto. Um dia eu estava andando no Central Park e uma senhora me parou. Eu nunca tinha visto ela, mas ela me falou algo que eu nunca esqueci. Apesar de não entender como ela sabe disso, ela disse que eu não confio nas pessoas, e que eu tenho que me abrir mais, para conseguir ser feliz. Analisando o que a senhora falou, até que tem um pouco de razão, eu não confio em ninguém, mas também não vou correr o risco de me decepcionar, não mais.

— Você vai estar? — Engulo seco, com sua pergunta — você vai estar ao meu lado, Kat?

— Não, você não vai precisar de mim — sorrio fraco. Assim que ele conseguir o que quer, ele vai esquecer que existo e espero fazer o mesmo.

Hoje passamos o dia gravando, agora estamos passando algumas coisas para uma coletiva que vamos fazer amanhã. Ainda não me acostumei com isso, então fizeram um roteiro para mim e ele está me ajudando, vamos ter que responder perguntas e tenho que saber o que posso ou não falar.

Os vizinhos ligam o som e eles têm a melhor playlist. Ou foi eu que me acostumei passar minhas noites na varanda escutando. Acho que isso me fazia, não se sentir tão sozinha.

Sento em um dos degraus da escada que dá acesso ao apartamento de cima para estudar as perguntas. Mas a música me deixa presa em meus pensamentos enquanto olho para algumas pessoas que estão andando na rua logo a frente.

— Onde você está, quando ficar toda pensativa, parece que está no mundo da lua — Jason chama minha atenção e só então percebo que ele está sentado na minha frente olhando para mim.

— Pensando, criando algum mundo que só eu conheço, mas pretendo expor para o mundo inteiro futuramente, quando eu for uma produtora de sucesso — já me falaram para não sonhar tanto, que eu nunca vou conseguir isso, no máximo ser uma assistente de algum diretor de telejornal. Foi aí que parei de falar dos meus planos para as pessoas, ninguém precisa saber dos meus objetivos, assim ninguém estraga. 

— Isso é legal, não tenho criatividade o bastante para isso. Espero que quando você lance seu primeiro filme, eu esteja no elenco — sorrio pra ele. Jason foi uma das únicas pessoas que não zombou de mim quando falei o que quero fazer. 

— Você faz literatura inglesa, como não tem criatividade, você não escreve? — ele nega com a cabeça.

— Não mais, eu escrevia quando era mais novo. Mas hoje em dia, nem ler consigo — como alguém pode se perder assim do que ama? 

— Você pode criar algo, em tudo que ver. Ema uma música, cena de um livro. Você ver e imagina a cena perfeita, os atores que iriam se encaixar perfeitamente nela, a música de fundo.

— Você imagina algo, em tudo que ver? Tipo, o que você faria nessa rua?

— Não em tudo. Mas ali — penso um pouco e continuou — daria uma ótima cena romântica. A rua escura, deserta e silenciosa, eles estão brigando e saem discutindo pela rua, de repente começa a chover e eles são atraídos pela chuva, ele a puxa pelo braço, e quando seus olhos se encontram, esquecem completamente porque estavam brigando e dão um lindo beijo, apaixonado e fim.

— Uau, você pensou nisso tudo apenas olhando para uma rua feia e escura no Brooklin? — Assinto — e quais atores você usaria nessa cena?

— Nós dois — seu sorriso é desfeito — com certeza nós dois — ele tira um fio de cabelo do meu rosto e olha em meus olhos.

— Você vai muito longe, Grey. Mas eu imaginaria diferente essa cena — estreito os olhos esperando ele falar — estar chovendo e eles acabaram de sair de uma festa rindo e muito felizes, uma linda música romântica começa a tocar e ele puxa ela para dançar — ele segura na minha mão e começa a encenar o que está narrando — de repente a rua fica deserta, e eles só conseguem escutar a respiração abafada um do outro e aquele som bem no fundo. Ele leva sua mão até o rosto da linda moça acariciando suas bochechas rosadas. — fecho meus olhos apreciando o toque dele — e finalmente ele o beija, um beijo apaixonado, aquele que os dois esperaram por muito tempo.

Sinto sua respiração quente perto do meu rosto, mas acabo saindo daquele fetiche, com a água gelada da chuva que acaba de começar caindo sobre nós.

— Aí meu Deus, vem — tento sair da chuva, mas ele não deixa e começamos a dançar na chuva, até que o frio faz a gente parar — você está todo molhado, vou buscar uma toalha — corro para o banheiro e pego uma. — está muito frio.

— Vem cá que eu te esquento — ele sai correndo atrás de mim com a toalha na cabeça — eu vou te pegar senhorita Grey, você não vai escapar de mim tão fácil — ele imita uma voz de monstro e caímos os dois juntos no sofá e ele começa a fazer cócegas em mim.

Na mesma hora a Lizzie aparece na sala com algumas amigas dela que ficam olhando para a gente de boca aberta. Jogo ele de cima de mim e tento me recompor com vergonha.

— Oi meninas, como vocês estão? Não sabia que estavam aqui — falo com vergonha, e elas ainda estão nos olhando perplexas. Se eu já não tivesse me acostumado com esses olhares, sempre que algum fã nós ver, eu ficaria preocupada.

— Vamos meninas, deixem esses dois aí, crianças, vivem fazendo bagunça — Lizzie diz empurrando elas de volta para o quarto e agora quem está de boca aberta sou eu, quando foi que ela virou a irmã responsável? 

Troco de roupa e entrego uma roupa do Dylan para o Jason. Ele quase não aceitou, vamos dizer que ele odeia meu melhor amigo, agora ainda mais, depois de saber que tenho roupas dele aqui. Mas o frio fez ele mudar de ideia. 

Vou até o quarto da Lizzie e vejo elas lendo algumas revistas, isso ainda existe? 

— Meninas, acho que vocês vão ter que ficarem aqui hoje, nessa chuva não tem como vocês irem para casa.

— Eba — elas gritam comemorando. por que eu achei que seria um problema para elas?

Saudades de ser uma adolescente sem juízo que não tem preocupações com a vida. Que mentira, eu nunca tive esse privilégio, desde criança cuidei da minha família, trabalhei e fui a mãe da minha irmã, já que a mãe dela, não cuidava nem de si mesmo.

— Precisamos preparar algo para jantar, ninguém vai sair para entregar pizza nessa chuva - Jason diz.

— Claro — vou até minha geladeira e procuro algo pra fazer. Fico olhando e nada vem a minha cabeça, eu tenho que admitir, sou péssima cozinheira.

— Qual problema? — ele pergunta olhando para mesma direção que eu — você não sabe o que fazer? — Balanço a cabeça negando, normalmente a gente come pizza — sua irmã está em fase de crescimento, precisa se alimentar bem, para falar a verdade, você também, parece aqueles cachorrinhos bravos quando está com raiva de tão pequenininha que é.

— Eiii — sou uma tapinha em seu braço.

— Cai fora que eu vou ser o chefe hoje, vocês vão comer a melhor comida que vocês já comeram na vida — começo a rir — ei, me respeite, eu sou filho de uma chefe de cozinha.

Sento em um dos banquinhos no balcão e fico só observando ele cozinhar. Da última vez ele derramou molho na roupa toda, vamos ver dessa vez.

— Se eu não amasse muito macarrão, eu iria rir da sua cara, você passou a tarde se convencendo, para fazer macarrão com queijo.

— Mas é a melhor comida e combina com tudo.

— Tenho que concordar com você, então vamos chamar as meninas para comer? — Ele assente e vamos para o quarto da Lizzie, bato na porta e quando entro às três estão deitadas na cama conversando. — Estão preparadas para comer o melhor macarrão com queijo feito pelo melhor chefe de cozinha que vocês já viram?

— Sim. — elas respondem em coro animadas.

Não gosto muito de admitir, mas até que ele cozinha bem. Estava uma delicia, as meninas devoraram tudo. 

— As meninas estão na sala assistindo Barbie e se elas ver eu dormindo em qualquer outro lugar a não ser aqui, elas vão desconfiar do nosso namoro falso — Jason diz envergonhado na porta do meu quarto.

— Claro... é... pode ficar aqui, não tem problema — claro que tem problema, não posso dormir no mesmo quarto que ele. Principalmente depois do nosso beijo.

— Você tem algum cobertor, posso ficar aqui no chão.

— Não precisa, pode ficar aqui, tá muito frio. — ele concorda e deita ao meu lado. Mas sua presença me deixa desconfortável e tento arrumar uma desculpa para sair de perto dele.

— Eu... e... eu vou ver como tá as meninas — tento me levantar, mais ele me puxa de volta e fica olhando em meus olhos.

— Tudo bem? — Engulo seco. Não, não está tudo bem — achei que estávamos bem.

— E estamos, eu só ia ver se elas estão precisando de algo.

— Não estão, não são crianças, Katherine, você não precisa cuidar da sua irmã direto — como dizer pra ele que o que me deixa assim é ele? — Deita aqui, vem descansar, amanhã o dia vai ser cansativo e incrível, você vai amar falar com seus fãs.

Sorrio fraco e deito em seu peito e fico olhando pra ele. Porque ele me deixa assim? Com essa sensação de desconforto, desejo, vergonha, eu não sei exatamente o que é, só que isso me deixa assustada. 

Hello... Oi gente, tudo bem com vocês? Comigo ta tudo maravilhoso.... Mas um capitulo super fofinho para vocês. Acho que foi a primeira vez que eles dois passaram um dia inteiro sem brigarem hein, uma evolução. Um beijão e até logo, amo vocês... 

- Barbie Malibu!