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Epílogo

3 meses depois

"I've been waiting a lifetime for you"

Felipe estava lindo naquela noite, ou melhor, ainda mais lindo que o normal - se isso fosse possível.

A camisa social e a gravata com o nó folgado lhe dava um ar rebelde, assim como as calças de alta costura e os sapatos lustrosos, que completavam um visual totalmente preto. O cabelo recém-cortado estava penteado para cima em um topete alto e os lindos olhos azuis iluminavam seu rosto, assim como lhe dava um ar profundamente misterioso. Seu olhar sobre mim enquanto eu descia do andar superior era intenso e sedutor, seus olhos devorando-me da cabeça aos pés a cada novo degrau que eu percorria.

Ele parecia um príncipe das trevas daquela forma. Meu príncipe das trevas.

- Você demora dias para se arrumar, Dy. - Resmungou, fingindo uma careta, afinal, ele sabia muito bem que eu demoraria.

No entanto, meu cérebro não estava funcionando corretamente quando finalmente atingi o andar inferior da casa para respondê-lo sarcasticamente. Não conseguia desviar meu olhar dele, percorrendo e repercorrendo seu corpo seguidas vezes, absorvendo a linda imagem que tinha diante de mim, guardando-a para a eternidade em minha memória. Tínhamos tomado banho juntos, entretanto, Felipe se arrumara rapidamente após isso enquanto eu demorara mais, no entanto, a rapidez não impedia que ele fosse o garoto mais lindo que eu já havia visto. Ele ficou com as bochechas vermelhas sob minha intensa observação e riu, descolando o corpo da parede, onde estava com os braços cruzados, e se aproximando de mim:

- Quantas vezes já falei para não fazer isso? - Perguntou, arrumando o meu terno cinza, que pendia mais para um lado.

- Isso o quê? - Sussurrei, desajustado. Meu olhar estava completamente perdido em seu corpo, especialmente a forma como seus lábios carnudos se moviam lentamente, e ele revirou os olhos, cutucando minha bochecha com a ponta do dedo.

- Isso! - Riu baixinho e isso me fez finalmente erguer o rosto para capturar seu olhar, retomando o uso normal do meu cérebro.

Sorri e o puxei pela cintura, rodeando meus braços ao redor de seu pescoço e deixando um beijo rápido sobre seus lábios extremamente vermelhos:

- Qual o problema de eu olhar para o meu namorado? - Pousei mais uma dezena de pequenos e curtos beijos sobre seu rosto, sentindo a temperatura sob os meus lábios aumentar exponencialmente e a barba nascente fazer cócegas sobre minha pele.

Nosso momento na sala, entretanto, foi quebrado quando uma pequena menina, usando nada mais que um roupão azul de banho e com o cabelo molhado, desceu correndo pela escada. Seus pequenos pés pisoteavam a madeira com força e ela sorria com veemência quando gritou:

- Mamãe, eles estão prontos!

Soltei-me do abraço de Felipe para me abaixar e receber o abraço de Anne, erguendo-a nos braços até que ela estivesse na altura certa para pousar um beijo sobre minha bochecha. Ela estava adormecida quando cheguei à casa de Fê naquela tarde e, mais tarde, quando finalmente acordou, estávamos nos arrumando, então era a primeira vez que eu a via naquela semana. Meu coração derretia todas as vezes que ela sorria docemente para mim ou exigia que eu cedesse meu cabelo para enchê-lo de trancinhas - o qual estava perfeitamente longo para isso, já que eu não o cortava desde o fogo.

- Hey, baixinha!

- Não molhe o terno de Tody com o cabelo, Anne. - Cris apareceu descendo a escada, pausando ligeiramente para alertar a filha e seguindo em diante após. Usava roupas simples que consistiam em uma calça moletom e camiseta de algodão, tinha o cabelo comumente preso em um coque e carregava uma máquina fotográfica nas mãos. - Boa noite, meu querido. - Aproximou-se de mim, deixando um beijo na minha testa e aproveitando para prender um fio rebelde do meu cabelo atrás da orelha.

Durante os três meses que se passaram desde o fogo, Cris tinha se tornado minha figura materna, cuidando de mim o tempo todo enquanto eu me recuperava devagar das queimaduras e machucados. Tê-la por perto muitas vezes me fez pensar na minha mãe e em como nunca nenhuma mulher poderia substituí-la, no entanto, Cris havia me fornecido um conforto que eu não sentia há anos, colocando-me sob seus protetores braços maternos como se eu fosse tão filho seu quanto Felipe e Anne. De certa forma, alguns dos meus medos haviam acalentado, pois eu sabia que ela estaria sempre ali, para o que eu precisasse.

Quando recebi alta do hospital, tinha passado um mês e meio hospedado na casa de Felipe, sendo mimado pelos dois o tempo inteiro e sendo incluído em uma rotina familiar que, até aquele momento, era somente uma vaga e distante memória para mim. Depois de algumas semanas, passei a mimar Fê em retorno e ele talvez tenha se acostumado a receber café-da-manhã na cama todos os dias, pois estava geralmente atrasado para irmos para a escola nos dias depois que voltei para minha própria casa.

O tempo naquela casa, dividindo o dia a dia com Fê e sua família, fez com que eu me redescobrisse. Tinha ganhado um colchão no quarto de Felipe, porém, ele tinha sido usado pouquíssimas vezes, já que acabávamos dormindo agarrados em sua estreita cama. Era simplesmente maravilhoso dormir com seu corpo contra o meu, com o som singelo de sua respiração e seus constantes carinhos sobre minha pele, provocando-me e fazendo-me desejá-lo profundamente ao invés de adormecer. Graças a Felipe, tinha descoberto o prazer nas mãos de outro garoto e era simplesmente fantástico a forma como o meu corpo reagia quando ele me tocava, inflamando-me de desejo e prazer.

Era estranho e divertido compreender que, durante toda a minha vida, eu havia me privado ou desconhecido alguns detalhes sobre meu corpo. As meninas com quem estive jamais me tocaram daquela forma e sentir as mãos de Felipe por meu corpo havia me feito visitar o paraíso diversas vezes. Obviamente, eu também tinha aprendido mais sobre ele, sobre o que sonhava e o fazia se sentir bem. Felipe era uma chama intensa, brilhante e incansável de vida e tê-lo todos os dias por perto fazia o mundo adquirir cores que não existiam antes. Era maravilhoso, mas, como toda relação, nós não éramos perfeitos.

Um mês e meio dividindo tudo com Fê fez com que fossemos estapeados pela dura realidade: tínhamos defeitos e alguns deles eram insuportáveis para o outro. Eu era bagunceiro, molhava demais o banheiro ao tomar banho e era carente demais o tempo todo, não compreendendo que Felipe era habituado à ter momentos de solidão. Tinha sido irritante e triste todas as vezes em que ele apenas precisava se isolar no quarto, fechando-se para tudo e todos, exceto para seus desenhos e próprios pensamentos. Não tinha entendido inicialmente o que esses momentos significavam e não respeitei seu espaço algumas vezes, exigindo atenção e carinho quando ele, obviamente, apenas almejava ficar sozinho. O distanciamento momentâneo era frustrante e me fazia ficar triste, choramingando pelos cantos até obter uma gota de sua atenção.

No sentido inverso, Felipe odiava quando eu era possessivo e ciumento, especialmente quando estávamos em público. Era um lado meu que eu desconhecia até sentir algo tão poderoso quanto o meu amor por ele e que, muitas vezes, deixava-me cego para tudo e todos. Especialmente nas primeiras semanas juntos, sentia meu estômago se contorcer todas as vezes que alguém tentava se aproximar de Fê ou tocá-lo de alguma forma, tornando-me no tipo de pessoa que eu havia jurado nunca ser. Meus momentos de ciúmes haviam culminado na nossa primeira briga séria, quando passamos dois longos dias sem nos falar e dormindo em camas separadas, ambos orgulhosos demais para dar o primeiro passo e iniciar uma conversa que resolveria a situação e, quando ela finalmente aconteceu, percebi que estava sendo estúpido e irritante e que o sentínhamos um pelo outro era forte demais para eu me sentir inseguro.

Percebi, conforme os dias se passavam, que era impossível amar alguém somente por suas qualidades. Felipe detestava acordar antes da hora e ficava terrivelmente de mau humor quando isso acontecia, adorava torradas queimadas, manchava sempre minhas roupas com suas mãos sujas de tinta e outros materiais de desenho e não se importava em comer na cama e deixar migalhas de biscoito pelo local. Quanto a mim, Felipe sempre apontava que eu bagunçava seu armário a procura de roupas - muitas vezes, usando as suas para carregar seu cheiro por perto -, passava tempo demais no banho, encharcava seu banheiro, não regulava a temperatura da água para quente de novo e nunca jogava os restos de comida no lixo, colocando-os na pia junto aos pratos. Éramos humanos. Éramos defeituosos. E eu amava os defeitos de Fê, já que também eram parte dele.

- Mãe, sem fotos, por favor! - Resmungou Felipe, escondendo o rosto na curva do meu pescoço e rompendo minha linha de pensamentos. Retornei à realidade ao ver Cris fazer uma careta de espanto e erguer a câmera fotográfica em suas mãos.

- Nem pensar! Esse é o seu primeiro baile escolar, então quero ter fotos para mostrar para meus netos. - Ela resmungou, o flash cegando-nos momentaneamente logo em seguida. Seu comentário fez meu estômago embrulhar de nervosismo, um sentimento de nostalgia por algo que não havia acontecido: ter uma família com Fê. Involuntariamente, sorri.

Eu gostava da ideia de ser o primeiro a levar Felipe à um baile escolar. Tal festa nunca me pareceu muito importante, entretanto, com tudo o que havia acontecido há alguns meses, todos nós tínhamos muito para comemorar. Um prédio empresarial foi alugado para que pudéssemos terminar o ano letivo enquanto o prédio da nossa escola estava sendo reconstruido e, depois de faltar mais de um mês por estar em recuperação da cirurgia e quase reprovar graças às minhas notas ruins, finalmente entraria no baile de formatura segurando a mão de Felipe.

Fiz um carinho em sua nuca, obrigando-o a erguer o rosto do meu pescoço e me olhar.

- É só uma foto. - Sussurrei, sorrindo da forma que eu sabia que ele não resistiria.

Felipe bufou, mas acabou cedendo, causando uma animação óbvia na mãe, que começou uma verdadeira sessão de fotos com nós dois. Em algumas delas, fiz cócegas na cintura de Fê para obrigá-lo a sorrir e até mesmo a pequena Anne apareceu em outras, correndo na frente da câmera algumas vezes e depois no colo de um de nós dois.

Em determinado momento, Felipe colocou a irmã no chão e andou até a mãe, tirando-lhe o aparelho de fotos e colando seus lábios nos cabelos dela antes de falar baixinho:

- Já chega, mãe, nós vamos agora.

Saímos de casa pouco depois, andando de mãos dadas até a minha caminhonete. Como um velho hábito, dirigi pousando minha mão sobre o câmbio com a de Felipe por cima, acariciando-a com seu polegar lentamente, o que fazia um arrepio de felicidade correr pelo meu corpo. Não precisávamos de barulho, então permiti que um silêncio confortável se instalasse entre nós enquanto o vento fresco da noite bagunçava nossos cabelos até chegarmos ao destino desejado.

O salão de festas alugado para o baile estava lotado quando chegamos, a música eletrônica tocava alto das caixas de som e as luzes coloridas viajavam pelo ar aceleradamente. Ri quando percebi Percy no palanque em altura, comandando a música do salão como um verdadeiro DJ, o fone de ouvido parcialmente pendurado em seu pescoço - eu não tinha acreditado quando me contou que iria ser o DJ em nosso baile.

Durante o meu período de recuperação, ele fora um dos meus amigos que mais me visitara. Percebi, conforme o tempo passava, que aquela era a sua forma de tentar me reentender, de compreender se fato de eu namorar outro garoto tinha me mudado de alguma forma. Logo, notamos que eu continuava o mesmo Tody de sempre, só que com o coração cheio de amor.

Fê entrelaçou os dedos nos meus imediatamente depois de passarmos pela porta de entrada do salão e senti vários olhares serem direcionados para ele, tanto por homens quanto por mulheres. Um grupo de meninas o viu e todas começaram a sussurrar entre si, às vezes virando para conferir se ele estava ainda por perto. Os olhares eram desejosos, como se fosse um grande desperdício um garoto como Fê estar com outro garoto e não com uma menina.

Senti ciúmes e puxei Felipe pela mão para o outro lado do salão, trafegando entre os alunos vestidos elegantemente. Alguns sorriam e acenavam enquanto passávamos, enquanto outros somente desviavam com expressões raivosas.

- Por que essa pressa toda? - Fê puxou meu braço, fazendo com que parasse de andar no meio da pista de dança, e passou um dos braços pela minha cintura.

- E-eu ia falar com P-Percy. - Gaguejei. Nunca consegui mentir para meu menino de olhos azuis sem gaguejar ou ficar terrivelmente corado, denunciando-me de imediato.

Ele ergueu uma sobrancelha expressiva e eu bufei, fazendo uma gargalhada doce sair por seus lábios. Seus dedos apertaram minha cintura.

Como se Percy prevesse o momento em que estávamos, a música agitada parou, dando início a uma mais lenta e calma, especial para ser dançada em casais. Olhei para meu amigo, que piscou um dos olhos para mim antes de falar ao microfone para todos:

- Agora uma música para os apaixonados.

Salvo por pouco, dei um passo para trás, fiz uma reverência diante de Fê e me reergui, aproximando-me e sussurrando perto de sua orelha:

- Me concede essa dança, Príncipe? - Sob os meus lábios, senti sua pele se arrepiar quase magicamente.

Ele riu, envergonhado com o apelido, e passou os braços em torno do meu pescoço. Encostei meu rosto contra seu peito e suspirei baixinho, deixando-me levar pela música lenta e pelo familiar perfume de Felipe que me envolvia. Nós não estávamos realmente dançando, apenas trocando passos em sincronia, assim como muitos dos casais agarrados na pista, e eu aproveitava para ouvir o som ritmado de seu coração.

Suas mãos se enterraram nos fios de cabelo da minha nuca e fui obrigado a erguer o rosto de seu peito. Fê encostou a testa na minha, seus grandes e profundos olhos azuis focados somente em mim, um pequeno sorriso despontando de seus lábios e não resisti em pousar um beijo em seu nariz.

- Eu amo você. - Sussurrei para que somente ele ouvisse. Não eram palavras que eu repetia com frequência para não desgastá-las ou torná-las um hábito, no entanto, naquela noite de baile, elas saltaram da minha boca por conta própria. Eu sentia o meu coração inchado, batendo descompensada e incontrolavelmente, grande demais para ser contido dentro de mim.

- Eu sei. - Felipe sussurrou de volta, sorrindo abertamente antes de colar os lábios nos meus.

Beijar Felipe era como ser viciado em uma droga, com a única diferença que eu nunca iria procurar a reabilitação. Ele tinha uma forma única de sempre me surpreender enquanto nos beijamos, mordendo levemente meu lábios inferior ou variando a intensidade com que pressionava seus lábios sobre os meus. Eu estava totalmente entregue à boca de Felipe quando ouvi um farfalhar de resmungos não muito longe de nós. De repente, nosso beijo foi interrompido quando senti um casal batendo nas minhas costas de próposito, quase me fazendo cair.

Scott e Marie riram baixinho ao se chocarem propositalmente em nós e então seguiram dançando animadamente, correndo e rodando pelo salão em uma dança totalmente fora do contexto calmo e romântico instalado pela música. Eles eram barulhentos, batiam nos outros casais e gargalhavam ao vê-los fazerem cara feia. Os dois continuaram com o saltitar animando e dançante até eu perdê-los de vista entre os casais de mau humor.

- Eles foram feitos um para o outro. - Fê riu, apertando-me ainda mais entre seus braços enquanto retomávamos os passos lentos e sincronizados.

- Então você foi feito exclusivamente e sob medida para mim? - Brinquei.

Ele gargalhou maravilhosamente forte, o que fez vários olhares se virarem para ele, desejosos. Era um som maravilhoso e puro. Piscando um dos olhos ao responder, Fê sussurrou:

- Quem sabe?

Dessa forma, continuamos a dançar colados até Percy trocar as músicas calmas por uma playlist de baladas dos anos 1980. Eu estava suado e com a garganta seca, então puxei meu menino de olhos azuis até o bar, vendo quando as pessoas nos cumprimentavam, todos involuntariamente sorrindo em resposta ao belo sorriso de Felipe.

Depois de tudo que havia acontecido nos últimos tempos, Fê tinha saído do anonimato e passado a sentar na nossa mesa durante os intervalos, abrindo-o para o mundo da popularidade. No começo, ele se sentia acanhado e ficava quieto, porém, com o passar do tempo, Fê havia se soltado diante de todos. Logo, as pessoas perceberam como ele era incrível e engraçado e passaram a admirá-lo pelo que realmente era. Era reconfortante e gracioso perceber que meus amigos o haviam recebido de braços abertos, inclusive Percy, e, antes do que imaginava, ele havia se tornado parte da nossa estranha família.

Apoiei-me no pequeno bar de madeira improvisado para a nossa festa e pedi duas limonadas. De repente, Marie surgiu da multidão, correndo e rindo, e se jogou nos braços de Felipe, que a segurou firmemente.

- Scottie não quer mais dançar. - Ela fez um olhar pidão para mim ao continuar: - Estou roubando seu namorado por algum tempo, ok?

E então vi Felipe sendo arrastado para o centro da pista de dança enquanto nossas limonadas eram pousadas sobre a bancada. Ele remexia e balançava o corpo sob o ritmo da música, às vezes girando Marie de um lado para o outro animadamente e puxando-a de volta para seu abraço logo em seguida. Eles eram mais animados do que qualquer outro par de dança do salão.

- Ela tem energia demais. - Scott disse, surpreendendo-me ao se encostar ao meu lado com a respiração descompensada. Olhou para a limonada que deveria ser de Felipe, abandonada sobre a bancada, e resmungou: - Farei o favor de beber por ele.

- Não acho que eles voltarão agora de qualquer forma. - Ri.

Meu melhor amigo riu de volta, pegando a bebida sobre o balcão, e então ficamos como dois patetas ali, observando as pessoas que amávamos dançarem e gritarem feito loucos no meio da pista.

Felipe se sentia feliz e saber que eu estava diretamente ligado ao seu lindo sorriso me deixava totalmente bobo. Fê se abriu para o mundo, ganhando amigos que o amavam de verdade e que, assim como eu, sempre estariam ali para protegê-lo. Vê-lo dançar com Marie, vivo e intenso como nunca deveria ter deixado de ser, era um momento mágico que eu guardaria para sempre. Ele havia passado por muito na vida para um garoto tão jovem, mas ainda conseguia carregar consigo uma chama de vida e amor.

Depois que a polícia foi em busca das filmagens das câmeras de segurança da escola, Sam foi imediatamente preso, acusado de pôr fogo na biblioteca. O local havia sido cuidadosamente escolhido para que as chamas se espalhassem com uma enorme rapidez, alimentadas pela imensidão de livros. Além disso, ele havia espalhado produtos de limpeza partindo do próprio armário em direção à alguns laboratórios, fornecendo ao fogo um caminho perfeito para se intensificar e destruir o prédio da escola por completo. O processo contra Samuel ainda estava em andamento e ele, mesmo protegido por advogados, não conseguirá desmentir as claras imagens.

Scott quis matá-lo ao descobrir tudo isso e acabou tendo que passar uma noite na prisão por agressão verbal ao policial que o impediu de se aproximar de Sam. Meu melhor amigo havia sido perdoado pela polícia, mantendo sua ficha criminal limpa mesmo após uma noite preso.

- O que você acha que eles tanto sussurram? - Scott me tirou de meus pensamentos e foquei o olhar em Felipe e Marie, que estavam parados no meio da pista de dança, conversando entre si de forma baixa. Meu menino tinha as sobrancelhas franzidas e acentia vez ou outra.

Em determinado momento, a conversa entre os dois pareceu terminar e Marie segurou a mão dele quando voltavam para perto de nós. Ambos tinham o brilho característico do suor em seus rostos e Felipe carregava as bochechas coradas excessivamente.

Franzi o cenho:

- O que foi, Fê?

- N-Nada! - Respondeu, gaguejando. - Não é nada, sunshine.

Eu estava prestes a repetir a pergunta, seguro de que ele me escondia algo, quando fui interrompido pela chegada de Henry e Gustav. Eles andavam lado a lado, os ombros quase encostados, porém as mãos afastadas. Depois de se assumirem como um casal para Felipe, eles haviam nos contado também, entretanto, o assunto ainda era um segredo para as demais pessoas.

- Boa noite, caras. - Falou Gus, dando um beijinho no topo da cabeça de Marie. - Boa noite, flor.

O apelido para Marie, primeiramente usado por Henry, logo se tornara hábito entre nós. Ela era a única menina em um grupo de garotos, nossa protegida, nossa princesa. A relação dela conosco era mais pura e verdadeira do que qualquer outra anterior, com as pessoas com quem costumava andar.

De repente, notei uma intensa troca de olhares entre Felipe e Gustav, finalizada por um piscar de olhos do último em direção ao meu menino de olhos azuis. Fê imediatamente sorriu e meu estômago embrulhou, o medo de perdê-lo e o ciúme espalhando-se pela minha corrente sanguinea como veneno. O pensamento de não ser bom o suficiente para ele, de perdê-lo para outro alguém, era aterrorizante.

- Quero dançar. - Falei, ríspido. - Vem comigo, Fê?

Ele assentiu e me seguiu quando o puxei em direção à pista de dança. Assim que encontramos um espaço suficientemente grande para nós dois em meio à multidão, prendi minhas mãos em sua nuca e o puxei até que seus lábios estivessem firmemente pressionados sobre os meus. Beijei-o intensamente, expulsando os meus receios enquanto tocava lentamente a minha língua com a sua, massageava seu lábio inferior com os meus e deslizava suavemente meus dentes sobre a pele. Senti o gosto suavemente salgado de seu suor e aquela magnífica dança que apenas ele sabia fazer com os lábios carnudos e vermelhos.

- Vamos deixar o casal, então. - Ouvi a voz de Scott não muito longe, sinalizando que eles haviam provavelmente nos seguido até a pista de dança. - Vamos, vamos.

Quando estavam longe, afastei-me dos lábios de Felipe com relutância: demorei-me ao pousar leves selinhos seguidas vezes. Ele abriu devagar suas mágicas orbes azuis e as focou em mim, um sorriso despontando em seu rosto lentamente.

- Você está se esforçando para me fazer perder o fôlego hoje, Tody Benson.

- Essa é, normalmente, sua missão de vida. - Falei, brincalhão. A pressão dentro de mim, de repente, havia partido e tudo o que eu sentia era a leveza de amar alguém. Depois de beijá-lo tão intensamente, não havia mais espaço em mim para a agústia anterior ou o ciúmes.

- Você é terrível, sabia? - Fê riu e então me puxou pela cintura até que estivesse completamente colado ao seu corpo. Fez um carinho em meu nariz com o seu antes de dizer: - Tenho uma surpresa. Vem comigo.

Puxou-me pela mão, olhando ao redor para confirmar que ninguém perceberia de imediato nossa fuga. Deixei-me ser levado, meu estômago embrulhando de nervosismo, as mãos úmidas e a curiosidade crescendo a cada passo que eu dava, até o estacionamento do prédio.

Felipe parou ao lado da minha caminhonete e estendeu a mão para mim:

- Chaves. - Tateei os bolsos até encontrá-las e as pousei nas mãos do meu namorado, que sorriu e as guardou no próprio bolso. Felipe desfez o nó de sua gravata e puxou o tecido preto. - Fique de costas, sunshine.

Eu estava inquieto, nervoso e surpreso. Sentia minhas pernas trêmulas ao fazer exatamente o que me tinha sido ordenado, virando-me. Involuntariamente, fechei os olhos quando o tecido macio da gravata passou sobre eles e um nó foi feito atrás da minha cabeça para manter-me no escuro.

Ouvi Felipe abrir a porta do carro e então me conduzir lentamente até que eu estivesse confortavelmente sentado no banco do passageiro. Sem a visão, meus outros sentidos se aguçaram e pude sentir a movimentação dele ao fechar a porta, caminhar até o banco do motorista e inserir a chave nas engrenagens. Imediatamente, o rádio se pôs a funcionar e a música For You resoou pelo ar ao nosso redor.

- Não vale espiar. - Fê disse, sua mão fazendo um carinho na minha.

- Nem um pouquinho? - Provoquei.

- Nem um pouquinho, Benson.

Fiz um bico com os labios, dramaticamente, e ouvi um riso baixo ao meu lado. Comportado, forcei-me a não espiar sob a gravata para descobrir por qual caminho estávamos seguindo, porém, poucos minutos depois, recebi uma pequena dica ao sentir o cheiro familiar da maresia e ouvir o som das ondas chocando-se com as pedras. A música acabou e outra se iniciou, sendo acolhida por assobios ritmados de Felipe, um pequeno hábito que ele tinha ao dirigir e ouvir uma canção de sua preferência.

De repente, o carro virou à esquerda e rolou sobre pedras antes de parar completamente. Respirei profundamente, a ansiedade me deixando mais e mais nervoso a cada passo que Felipe dava do lado de fora antes de abrir a minha porta.

- Se apoie bem em mim por causa das pedras. - Meu menino de olhos azuis disse e segurei-me firmemente em seus braços. Ele me guiou por alguns metros e então me fez pousar as mãos sobre uma grande pedra. - Nós vamos ter que subir um pouco agora. Não se preocupe, não vou te deixar cair.

- Eu sei. - Sussurrei.

Tateei as pedras e segui os conselhos de Felipe ao repartir meu peso entre as pernas e braços. Sentia suas mãos firmemente em minhas costas, sua respiração profunda ao meu lado, o vento úmido do mar tocando gentilmente o meu rosto e o som das pequenas pedras que deslizavam todas as vezes que levantávamos nossos pés. O local era absolutamente familiar e sorri ao me lembrar de onde estávamos.

- Você sabe que eu já sei onde estamos, não sabe? - Falei, brincalhão.

- Eu sei que sabe. - A voz de Felipe soou muito mais próxima do que eu imaginava, seus lábios a centímetros do meu pescoço. Um arrepio correu por minha pele e quase pude ouvi-lo sorrir por ter me causado uma reação tão forte com tão pouco. - Chegamos no alto. Vou te puxar para cima agora.

Ouvi o farfalhar de seus movimentos e então suas mãos rodearam os meus pulsos, puxando-me para cima. Firmei os pés sobre o terreno instável sob eles e deixei-me ser guiado por Felipe passo por passo, suas mãos entrelaçadas às minhas, seu caminhar característico me dirigindo pelo som.

- Não se mexa, não espie. - Fê disse, suas mãos sobre os meus ombros me obrigando a parar. - Eu volto em dois segundos.

No imediato segundo em que ele se afastou senti-me angustiado e extremamente nervoso. Pude ouvir seus passos, próximos a mim, e o som característico de um isqueiro sendo acionado seguidas vezes. Meu coração sequer cabia no peito de tão rápido que batia, a adrenalina pelo desconhecido correndo por minhas veias, o desejo profundo de descobrir o grande segredo por trás de todo aquele mistério.

- Pronto. - O calor do corpo de Felipe me atingiu como um choque em relação ao vento ligeiramente frio que vinha do mar. Senti a ponta gelada de seus dedos tocarem meu pescoço e se infiltrarem nos fios de cabelo da minha nuca. - Você pode olhar agora, Dy.

Ergui a mão, puxei a gravata que cobria meus olhos e pisquei algumas vezes para focar o olhar, confuso com a luminosidade repentina. Foi somente então que eu vi a imagem diante de mim e meu queixo caiu de encantamento.

Estávamos no topo dos rochedos que rodeavam a praia, com as ondas chocando-se sob os nossos pés intensamente. Diante de mim, estava a grande e solitária árvore na qual eu e Felipe vinhamos com frequência para acalmar a alma e ouvir a natureza, porém, desta vez, os galhos baixos estavam decorados com pequenas fitas coloridas, as quais dançavam com o vento. No chão, diante do tronco, havia uma longa toalha vermelha e uma cesta enorme, acompanhada de uma garrafa de champagne e duas taças. Entretanto, o mais impressionante eram as dezenas de velas pousadas sobre a toalha, todas cuidadosamente protegidas do vento por bocais em vidro. A luz desprendida delas dava ao lugar uma áurea dourada delicada, quase mágica.

- E-eu tive que pedir ajuda a Marie e Gus para trazerem as c-coisas enquanto eu estava com você. - Felipe gaguejou, olhando para os próprios pés por longos segundos antes de erguer o rosto corado para mim: - Você gostou?

Olhei-o, sem conseguir formar palavras. Felipe estava diante de mim e a luz dourada desprendida logo atrás dele rodeava-o, tornando a ponta de seu cabelo em puro ouro e suas bochechas coradas em cor de bronze. Os olhos azuis, entretanto, continuavam magníficos como sempre, dando a ele a perfeita imagem junto à ausência de paletó e gravata em seu traje. Eu estava diante de um anjo. Por fim, não respondi com palavras porque sabia muito bem que elas não sairiam, então me joguei em seus braços, afundando o rosto na curva de seu pescoço enquanto ria.

- O que você acha? - Sussurrei após alguns segundos, passando o nariz em seu pescoço, viciado no perfume de sua pele. Meu coração travava uma batalha contra si mesmo para se manter preso ao meu peito.

- Eu não sei. - Resmungou, suspirando. - Não é muita coisa.

O comentário me fez erguer o rosto de seu pescoço e olhá-lo profundamente. Felipe tinha um rosto expressivo e eu via dúvida e insegurança em seus traços, como se o que fez não tivesse sido suficiente.

- Bobo. - Deslizei as mãos por sua pele até ter seu rosto preso entre elas. - É lindo, Fê.

Ele riu, aliviado e envergonhado, e se afastou do meu abraço apenas para me puxar até a toalha. Sentamos sobre ela e Felipe tirou uvas, bolo, pães e mais uma variedade enorme de comidas da cesta, espalhando-as. Enquanto isso, retirei o champagne do gelo semi-derretido e estourei a rolha, que voou longe com um barulho forte.

Encostei-me no tronco da árvore e Felipe se deitou entre minhas pernas, olhando-me de baixo quando tocamos as taças antes de bebericar alguns goles. Depois, pousamos as taças e eu, confortavelmente apoiado, abria a boca para Felipe me dar pedaços de pães e bolos. Meus dedos acharam sozinho o caminho até os cabelos pretos dele e passaram a fazer carinhos em seu couro cabeludo delicadamente.

- Como está meu sogro? - Ele perguntou, logo antes de jogar uma uva em sua boca.

- Ele está fazendo avanços com a fisioterapia e já consegue andar pela casa sem mais problemas. - Respondi. - E continua o mesmo resmungão de sempre, é claro.

Pouco mais de um mês havia se passado desde que meu pai acordara do coma. Foi um período muito delicado, pois o ataque cardíaco o fez perder o controle e a sensibilidade em uma das pernas, impedindo-o de andar. As sessões de fisioterapia e os exercícios diários, entretanto, logo deram os primeiros resultados e ele havia voltar a andar. Porém, mesmo com o seu corpo se readaptando ao membro sensibilizado, meu pai jamais seria capaz de andar novamente sem o apoio de uma bengala ou sem arrastar a perna a cada passo.

Ao acordar, ele também havia chorado e pedido desculpas por como agira e o que tinha dito em nosso último encontro antes de seu ataque cardíaco. E, quando ouviu a explicação para as cicatrizes gigantescas sobre meu peito, nosso momento de conversa se tornara um caótico rio de lágrimas e gaguejos de ambas as partes. Finalmente, meu pai terminou dizendo que tinha sido um homem egoísta por se distanciar ao perder a esposa e não ver que tinha um filho maravilhoso em casa.

Dias depois, após um momento de coragem, eu finalmente contara a ele sobre Felipe e recebi a melhor resposta do mundo: "não importa a sua sexualidade, não vou permitir que nada me afaste do meu filho novamente". Sua aceitação significava que eu tinha a sorte que muitos não tinham de amar quem eu amava sem a rejeição da família e dos amigos. Ter meu pai de volta na minha vida simplesmente fez tudo ter um pouco mais sentido.

- Amanhã ele vai reclamar porque você chegou tarde em casa. - Fê comentou.

- Vou dizer que estava com você e ele não reclamará. - Deslizei meu nariz por seu pescoço, aspirando seu perfume. - Meu pai te adora. Ele sabe que você é para a minha vida inteira.

Mesmo depois todos esses meses, meu menino de olhos azuis ainda corava quando recebia um comentário desses de mim. E eu, com o coração disparado, ficava nervoso e vermelho cada vez que expressava meus sentimentos. Era algo novo, mágico e intenso.

- Exagerado. - Felipe resmungou baixinho, mesmo sabendo que era a mais pura verdade.

Continuei a brincar com seus fios de cabelo. Eu descobrira rapidamente que aquilo me acalmava da mesma forma de quando ele fazia o mesmo comigo, passando horas mexendo no meu cabelo até que eu dormisse com o rosto em seu peito. Eram as noites sem pesadelos do passado e com sonhos para o futuro.

- É lindo. - Felipe disse, os olhos voltados para o céu. Sem nuvens, podíamos ver as estrelas se fundirem ao mar em uma caótica harmonia da natureza, os pontos brilhantes piscando como nossos corações.

Olhei para baixo, meus braços envolvidos calmamente ao redor do corpo de Fê, seu perfume me envolvendo, as estrelas refletidas em seu olhar. Gravei a imagem no fundo da minha mente, cravada para jamais ser esquecida.

- Sim, é lindo. - Sussurrei em resposta.

Fim.

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Fim? Tecnicamente sim, mas ainda não. Teremos capítulos bônus (três deles inéditos) porque eu não consigo dizer adeus a Fedy. 😊

Enfim, me perdoem pela demora astronômica. Eu realmente me superei com o tempo dessa vez. Minha desculpa: as férias.

Sequer tenho palavras para agradecer a todo o amor que vocês me enviam. Muito, muito obrigada por todas as mensagens e o eterno apoio. Devo o mundo aos meus leitores.

Até a próxima, anjos

Kyv❤

Ps1: Referência Star Wars no capitulo. Quem achou?

Ps2: Estive pensando e talvez escreva uma história com conteúdo hétero futuramente (se eu ainda souber fazer isso). Então gostaria de saber: quanto de vocês leem histórias héteras também?

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