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Capítulo 11

Não fuja de mim

Felipe estava sentado no meu colo, uma perna de cada lado da minha cintura, seus pés tocando minhas costas. Nós estávamos jogados no sofá de sua sala e eu passeava as mãos pelas suas costas nuas, enquanto ele respirava perto da minha orelha, causando-me gostosos arrepios pelo corpo. Ele brincava com a gola da minha camiseta, seus braços ao redor dos meus ombros.

Rocei minha bochecha na sua, sentindo a necessidade de sentir sua boca novamente sobre a minha. Felipe tinha um pequeno sorriso nos lábios, discreto, porém sedutor e eu segui com o olhar sua língua umidecer o lábio inferior lentamente. Eu o desejava e ele entendeu.

Subiu devagar os dedos pelo meu pescoço e segurou meu rosto entre as mãos antes de baixar o seu e encostar sua boca na minha.
Prendi seu lábio inferior entre os dentes, mordendo sem muita força, sentindo como eles eram deliciosos e ainda estavam com gosto doce do sorvete que tinhámos tomado mais cedo. O pote vazio ainda repousava sobre a mesinha de centro da sala e eu sorri pouco antes do beijo se iniciar de verdade.

De repente, senti um desejo absurdo por aquele menino de olhos azuis dominar meu corpo, arrepiando-me sob seus toques rudes sobre o meu pescoço. Nosso beijo se tornou mais urgente, destrutivo e intenso, nossas bocas se fundindo lentamente. Puxei seu corpo ainda mais para perto do meu, se isso ainda fosse possível, enquanto ele apertava as pernas ao redor da minha cintura...

- Tody?

Arregalei os olhos ao ouvir meu nome ser chamado com tanta urgência e levantei com um salto, ligeiramente ofegante. Felipe estava sentado ao meu lado, o céu estrelado servindo de papel de parede para seus brilhantes olhos azuis, e me olhava desconfiado, as sobrancelhas franzidas. Suas mãos estavam sobre os meus ombros sim, porém percebi, pelo ligeiro desespero em seus olhos, que aquele toque não passava de uma forma de me acordar.

Nós ainda estávamos no telhado da casa, o Universo inteiro nos rodeando, e vê-lo ali me deixou completa e absolutamente devastado. Eu quase ainda podia sentir sua boca na minha, sua respiração descompensada sobre meu rosto e seu gosto doce, tudo fruto do subconsciente do meu cérebro e da minha imaginação criativa. O sonho havia sido tão real que meu corpo parecia em chamas, a mente confusa, a pele formigando sob os dedos de Felipe. Ele deve ter percebido a forma desconexa como olhei para suas mãos, pousadas sobre meus ombros, pois afastou-as imediatamente.

- Tody? Você está bem? - Seus grandes olhos azuis estavam totalmente voltados para mim e isso não tornou meus pensamentos menos violentos. -  Você estava se debatendo e sussurrando coisas enquanto dormia.

Sua voz deslizou pelo ar e, de alguma forma, acabou me sobressaltando, tamanha era a minha desconexão com o mundo e tudo ao meu redor. Percebi que eu encarava seus olhos - os questionadores olhos cor de piscina - sem piscar, minha respiração fora do compasso, mesmo que retornasse lentamente ao ritmo normal.

Pisquei os olhos algumas vezes e respirei fundo, jogando o corpo para trás até estar deitado novamente, as tão lindas constelações me observavam de volta, como pequenos e brilhantes lembretes de que eu deveria me acalmar.

- Tive um pesadelo. - Falei depois de um tempo em silêncio. De alguma forma, o que eu falei flutuava entre a verdade e a mentira, pois o sonho havia sido intenso de tal forma que acordar e me deparar com as consequências dele eram um pesadelo. Eu não sabia como traduzi-lo ainda, como se eu custasse a acreditar no que tinha visto ao fechar os olhos.

Felipe suspirou e passou a mão pelo cabelo, bagunçando-o de maneira sexy. Por que merda eu continuo pensando nisso? Pensei e desviei o olhar rapidamente para as estrelas, fugindo de ideias insanas.

- A gente acabou cochilando aqui fora - Falou, pondo-se de pé com certa dificuldade. Resmungou algo baixinho quando sua coluna estalou sonoramente por causa do movimento. - Vem, vamos dormir logo. Lembre-se que amanhã você tem um jogo, Benson.

- Preocupado comigo, Clavien? - Ergui uma sobrancelha, sorrindo e erguendo um pouco o pescoço para vê-lo gargalhar e jogar a cabeça para trás de forma graciosa, a pontinha de suas orelhas adquirindo um tom avermelhado que eu nunca havia reparado.

- Não comento mais nada, então. - Deu de ombros, a voz em um tom de brincadeira. - Se preferir, pode passar a noite acordado.

Sorri e levantei o corpo com um pouco de dificuldade, sentindo os músculos doloridos por ter adormecido quase contra o chão duro, e ergui as mãos em rendimento.

- Eu entendi a deixa. - Resmunguei, mas eu ria baixinho.

Depois disso, descemos de volta para o sótão e Felipe fechou a porta pela qual se dava o acesso ao teto da casa. Voltamos na ponta dos pés para seu quarto, ele na frente, tomando todo o cuidado para não acordar Anne ou a Sra. Clavien. Passamos novamente diante da porta aberta do quarto da menina e vi que ela continuava como um anjinho adormecido, agarrada ao ursinho fofo e com um biquinho nos lábios.

Parei diante da porta do quarto de Anne e deixei Felipe percorrer o restante do corredor sozinho, pensando que eu ainda o seguia. Entrei no quarto da menina e me deparei com outra maravilha encantadora: diferentemente dos quartos da maioria das meninas naquela idade, aquele era pintado por completo de azul. Entretanto, o que tornava aquele cômodo fantástico eram as nuvens brancas, acizentadas ou ligeiramente laranjas que decoravam as paredes e o teto, dando a impressão de que estávamos constantemente em um fim de tarde, quando o sol sumia. Reconheci os traços precisos e magníficos que apenas uma pessoa era capaz de fazer e soube que quem havia feito aquela paisagem fora Felipe.

Anne tinha um pequeno bico nos lábios que me lembrava o irmão e o cabelo bagunçado, jogado sobre o travesseiro. Afaguei sua cabeça, encantado com a carinha de anjo da menina, e quando menos esperava, dois pequenos olhos cor de caramelo - meio abertos, meio fechados - me observavam.

- Totó? - Ela resmungou baixinho.

- Oi, minha anjinha dorminhoca. - Falei, ainda mexendo nos seus cachos em círculos lentos e relaxantes. Ela fechou os olhos novamente e logo estava totalmente adormecida mais uma vez.

Voltei tranquilamente para o quarto de Felipe, que me esperava com os braços cruzados e as sobrancelhas franzidas.

- Onde você estava? - Resmungou.

- Atrás de você. - Fiz-me de desentendido e ele revirou os olhos, andando até a cama e entrando debaixo do edredom sem dizer mais nenhuma palavra sobre o assunto.

- Você é um idiota, Benson. - Falou novamente, ajeitando o travesseiro. - E apague a luz.

Fiz o que Felipe mandou e logo me deitei ao seu lado, puxando o lençol extra e virando de costas para ele na cama. Eu sentia suas costas tocando as minhas e minha respiração logo entrou no mesmo ritmo calmo da sua, nossos pulmões expulsando o ar ao mesmo tempo.

E foi o som de sua respiração que me levou ao mundo dos sonhos mais uma vez.

••••

Acordei assim que o sol entrou no quarto, os raios esgueirando-se pelas brechas da cortina, e pisquei os olhos diversas vezes sob a luz. Espreguicei-me, esticando ligeiramente as costas, antes de perceber que havia um peso extra sobre o meu peito. Ainda zonzo de sono, franzi o cenho e olhei para baixo.

Meu coração disparou imediatamente, bombeando sangue embebedado de adrenalina pelas minhas veias. Todo o sono foi embora em questão de segundos e me vi perdido na imagem que tinha diante de mim.

Felipe tinha se virado durante a noite e apoiado o rosto contra o meu peito, embalando-me com um dos braços. Uma de suas pernas havia se infiltrado entre as minhas, seus dedos estavam presos ao meu cabelo e sua respiração fazia cócegas sobre a minha pele. Ele parecia um polvo gigante, um adorável polvo gigante, totalmente esparramado sobre mim. E eu, para completar o abraço desleixado em que estávamos, segurava seu corpo com o braço, impedindo que ele voltasse para o outro lado da cama ou que se afastasse.

Tentei controlar minha respiração, mas foi inútil, já que meu pulmão passou a bombear o ar tão rapidamente que Felipe acabou sentindo o subir e descer da minha barriga. Ele se mexeu ligeiramente e seus olhos maravilhosamente azuis se abriram devagar, preguiçosos. Seus dedos se apertaram ao redor do tecido da camisa que eu usava.

Meus olhos não conseguiam parar de observar a forma como seus cílios escuros brilhavam por causa da luz do sol - que batia sobre sua bochecha direita -, ou como ele esfregou o rosto sobre o meu peito, sonolento, antes de abrir completamente os olhos e finalmente perceber o que estava fazendo.

Por alguns segundos, a cor sumiu de seu rosto e quase pude ver medo em seu olhar enquanto ele me encarava, completamente paralisado. Depois, a cor retornou com toda a força em seu rosto, tornando a pele clara em um vermelho absoluto. Sua pele parecia que iria pegar fogo de tão quente que estava.

Felipe se ergueu em um pulo, sentando-se bagunçadamente na cama, e começou a gaguejar:

- E-eu... Tody, e-eu... desculpa por isso.

Senti meu rosto esquentar e finalmente desviei o olhar do seu, concentrando minha atenção em mexer o edredom entre o polegar e o indicador. Era uma excelente distração para tudo aquilo.

- V-Você não tem p-porque pedir desculpas. - Sussurrei, minha voz falhando em alguns momentos. - Q-Quer dizer, quem invadiu sua cama foi eu, não é?

- S-Sim, eu acho. - Felipe suspirou e ficou de pé ao lado da cama, passando a mão pelos cabelos, como se tentasse descontar seu nervosismo nos fios. Encolhi-me sob o edredom, abraçando meu próprio corpo, ao mesmo tempo em que ele resmungava baixinho: - V-Vou tomar um banho.

Ele sumiu dentro do outro cômodo, trancando a porta ao passar, e, mais uma vez, me vi sozinho em seu quarto. O relógio marcava 6:41 e eu ainda tinha que passar em casa antes de ir para a escola.

Com um suspiro exausto, chutei os lençóis para cima levantei da cama, trocando o pijama de Felipe pelas minhas próprias roupas logo em seguida. Quando fiquei pronto, aproximei-me da porta do banheiro, pronto para avisar que estava indo embora, porém algo me deteve. Suspirei novamente, ouvindo o som do chuveiro do outro lado da porta, e resolvi não dizer nada. Tudo era tão confuso.

E, como na manhã anterior, sai pela janela, sempre tomando cuidado para não escorregar. Dessa vez, não deixei bilhete algum.

••••

Faltavam menos de uma hora para o jogo daquela noite, mas todo o time já estava reunido nos vestiários. Os garotos eram barulhentos, gesticulavam aos gritos enquanto discutiam trocas de passes de última hora e vestiam os uniformes. Eu, no entanto, já estava totalmente vestido, a braçadeira amarela de capitão no meu braço, e aproveitava para relaxar, deitado sobre um dos bancos do vestiário.

Porém, meu momento de concentração acabou quando Samuel - o mesmo idiota que havia lançado uma garrafa de vidro em Felipe e depois fugido em sua caminhonete - entrou atrasado no local, atraíndo olhares com seu caminhar lento e despreocupado. Era seguido por seus dois melhores amigos, garotos esses que o acompanhavam em todos os lugares, e fez questão de encarar meu rosto, descendo os olhos para a marca de capitão em meu braço.

Sentei-me e encarei-o de volta no mesmo momento em que Scott apareceu atrás de mim e colocou a mão no meu ombro. Meu melhor amigo encarou o brutamonte loiro, em resposta a seu olhar terrível, como se dissesse em silêncio: "aqui você é minoria, então cai fora."

E foi o que Sam fez, virando-se e indo em direção ao seu próprio armário, junto com seus seguidores.

- Esse imbecil nem joga bem. - Scott resmungou, despejando uma nuvem de desodorante contra as axilas e todo o peito. - Ele tem ódio de você por ser capitão.

- Ele pode me odiar o quanto quiser. - Resmunguei, arrumando a braçadeira novamente, apenas por hábito. - Próximo treino a gente quebra ele. - E Scott concordou com um aceno de cabeça enquanto vestia a calça.

Foi quando o meu celular apitou, não muito longe. Tirei-o do bolso da mochila e vi que Felipe tinha me mandado uma mensagem de manhã, que eu ainda não tinha lido, e outra daquele momento, motivo pelo qual o celular apitara. Mais nervoso do que gostaria de admitir, abri as mensagens.

Felipe: Anne disse que sonhou com você ontem. O que eu falei sobre ficar quieto e apenas me seguir?

Ri baixinho e passei para a mensagem seguinte.

Felipe: Bom jogo :)

Pronto. Duas palavras e um sorrisinho e meu coração pareceu querer ir jogar no meu lugar de tão rápido que batia. Ele estava preocupado comigo, mesmo que eu não tenha falado nada com ele desde aquela manhã e o ignorado o dia todo pelos corredores. Mesmo assim, estava preocupado comigo e me desejando sorte. Involuntariamente, senti minhas bochechas esquentarem.

- Você está sorrindo como um apaixonado, sabia? - Scott me repreendeu. - Por acaso há algo que eu deva saber?

Ergui os olhos para meu melhor amigo e xinguei:

- Cara de apaixonado é sua bunda! - Segurei minha toalha, a qual estava jogada sobre o banco como apoio de cabeça, e joguei contra ele, que desviou com um salto para trás.

- Imbecil. - Resmungou, mas riu.

- Vai mostrar seus dentes feios para outro. - Reclamei, entretanto, acabei por rir junto quando Scott caiu na gargalhada. Ele negou com a cabeça, pronto para dizer algo, mas Will gritou por seu nome e Scott acabou tendo que se afastar sem mais questionamentos.

Eu: Te espero na torcida! ;)

Larguei o celular sobre bolsa depois de ter respondido e voltei a deitar. Fechei os olhos e tentei ignorar o barulho ao meu redor, afinal, logo estariamos jogando a semi-final.

••••

Tudo se resumia a corpos suados e gritos.

A multidão que corria pelo gramado do nosso campo era enorme e eu me vi perdido ali no meio, o corpo arrepiado de emoção e recoberto de suor, o rosto virado para o céu, um grito de orgulho saindo por meus lábios. Ao meu redor, todos os alunos que havia ido assistir o jogo pulavam e comemoravam, mas tudo não passava de um grande borrão colorido e barulhento para mim.

Depois de anos, nossa escola estava finalmente classificada para a final com o jogo que tínhamos acabado de ganhar. Cada pedaço do meu corpo estava eletrificado e eu corri, sendo seguido pelos meus colegas de time. Em meio ao tumulto, Scott saltou sobre mim e eu o segurei pelas coxas, carregando-o nas costas pelo campo.

Ainda zonzo de felicidade, assisti meu melhor amigo saltar das minhas costas para o chão e correr até onde Marie Elizabeth estava com as demais líderes de torcida. Ele a ergueu no ar, rodopiando-a e ignorando os xingamentos que ela soltava, entretanto, depois de alguns segundos no alto, percebi um sorriso sincero surgir nos lábios de Marie. Talvez, apenas talvez, Scott estivesse mesmo conseguindo se aproximar dela.

Perdi a visão dos dois quando fui colocado nos braços do time e erguido para o alto, carregado por Will, Percy e alguns outros. Quase uma hora se passou antes que a grande massa de pessoas fosse embora e o time finalmente poder seguir para os vestiários.

Estávamos em festa e ela não parou em nenhum momento. Tiramos fotos estúpidas e zoamos do Treinador Hedge até arrancarmos um pequeno sorriso dele. O banho foi regado por cantorias ruins e, quando finalmente sai dele, enrolei-me na toalha e busquei meu celular, mandando uma mensagem para Felipe.

Eu: Você me trouxe sorte! :D

Depois de mais um bom tempo ali dentro, todos conseguiram uma vez no chuveiro e se vestiram. Saimos todos em grupos, lotando três caminhonetes com jogadores barulhentos. Eu era um dos que dirigia e fiz isso pela costa marítma, corrompendo o som das ondas com nossos gritos e músicas altas, até chegarmos a um bar não muito longe da praia. Estacionei entre os carros de Scott e Sam e saltei para fora junto com os outros.

O bar não era tão grande, mas não era a primeira vez que íamos ali depois de uma vitória. O ambiente era aconchegante, com grandes mesas de madeira e músicas dos anos 60 e 70, além de ser um dos únicos lugares a não conferir a identidade de todos antes de servirem cervejas.

Invadimos o estabelecimento sem mais nem menos, Will puxando um coral desafinado enquanto escolhíamos a maior mesa do lugar.

- QUEM NÓS SOMOS? - Meu amigo gritava

- LIONS! LIONS!

Fomos servidos com diversos tipos de bebidas e logo o ambiente ficou lotado de fumaça quando alguns dos garotos começaram a fumar, tanto os cigarros normais, quanto os feitos de marijuana. Erguemos nossos copos em comemoração e eu bebi um longo gole de cerveja de uma vez só antes de repousar o copo novamente sobre a mesa.

Horas se passaram daquela forma. As piadas de Will e Percy se tornavam cada vez piores conforme eles bebiam mais e mais, Scott não parava de sussurrar baixinho o quanto fora estúpido não chamar as líderes de torcida também e eu apenas os observava. Não bebi muito porque era um dos que estavam dirigindo: parei na segunda caneca de cerveja. Entretanto, o efeito do álcool estava me deixando mais leve e me fazendo falar mais besteiras que, com certeza, eu iria me arrepender de ter dito no dia seguinte. Os efeitos da cerveja e do meu corpo exausto do jogo começaram a aparecer depois de um tempo. Meus olhos passaram a piscar mais vezes, os bocejos se tornando frequentes.

Sonolento, decidi ir embora, despedindo-me de todos. Como fui um dos primeiros a ir embora, voltei sozinho, batucando no volante do carro o ritmo da música de rock que passava no rádio local. Os garotos encontrariam uma forma de voltarem para casa - ou, como já havia acontecido algumas vezes, dormirem do lado de fora do bar. Minha mente estava meio entorpecida e, sem perceber, saí da autoestrada antes do que deveria. Eu estava passando pelo caminho que me levava para a casa de Felipe, e não para a minha, de forma quase inconsciente.

Bem, talvez uma parte de mim já tivesse pensado nisso. Talvez, apenas talvez, eu queria vê-lo naquela noite.

Parei o carro no lugar de sempre - que era algumas casas antes da dele, sob a luz de um poste - e desliguei o motor. Mesmo sendo uma madrugada de sábado, eu sabia que ele não dormia cedo nesses dias, ficando até tarde perdido em seus desenhos ou lendo livros sobre o assunto. Eu havia descoberto isso dias antes, quando ele me disse sua rotina nos finais de semana. Mandei uma mensagem para avisá-lo, no entanto.

Eu: Posso dormir ai de novo?

A resposta foi quase imediata.

Felipe: Em quanto tempo você chega?

Ri enquanto saia do carro, já seguindo em direção à sua casa, e digitei uma resposta no caminho.

Eu: Já estou aqui!

Eu estava indo em direção à lateral da casa, a qual dava para a janela do quarto de Felipe, quando ouvi o habitual som da porta da frente sendo destravada. Estanquei no lugar ao ver Senhora Clavien aparecer, vestindo uma camisola comprida e pantufas fofas, com um cigarro na mão direita. Seus olhos deslizaram pelo gramado e se prenderam em mim, flagrando-me ali, no escuro, perdido no meio do seu jardim.

- Tody? - Ela sussurrou, surpresa.

Aproximei devagar, de cabeça baixa. Eu esperava sinceramente que ela não sentisse o cheiro de álcool e cigarros que caminhava comigo. Com sorte, ela acharia que o odor era de seu próprio cigarro.

- Boa noite, Sra. Clavien. - Falei e ela revirou os olhos para mim, fazendo um gesto de desdém com a mão livre.

- Oh, por favor, apenas Cris. - Ela tragou o cigarro uma vez e depois soltou a fumaça para cima, ainda me observando pelo canto do olho. - O que você ainda está fazendo na rua a essa hora?

Abri e fechei a boca algumas vezes, sem ter resposta. O que eu diria a ela? Que eu tinha dormido ali mais de uma vez sem ela saber? Que estava prestes a fazer o mesmo novamente? Entretanto, Felipe apareceu atrás dela nesse exato segundo, colocando uma mão na cintura da mãe e respondendo por mim:

- Todie pediu para dormir aqui porque era mais perto de onde ele estava comemorando o vitória do time. Eles se classificaram hoje para a final.

Cris arregalou os olhos, abrindo um enorme sorriso ao olhar para mim novamente.

- Não acredito! A última vez que isso aconteceu foi na época em que eu estava me formando naquela escola! Parabéns, meu rapaz! - Ela abriu os braços para mim e eu prontamente me coloquei entre eles, sentindo um carinho quase materno naquele abraço. Ela era fantástica comigo sempre e eu nunca havia realmente reparado isso ate aquele momento. - E é claro que você pode dormir aqui, Tody. Entre logo, está frio aqui fora.

E estava mesmo. O vento da madrugada correu por ali, levando consigo algumas folhas caídas, e me fez ficar arrepiado. Passei pela porta e Cris sugou o cigarro uma última vez antes de jogá-lo fora e entrar na casa também. Para a minha surpresa, Felipe colocou o braço ao redor dos meus ombros e sussurrou rente ao meu ouvido:

- Você precisa de um banho com urgência, Benson. - Depois virou para mãe e falou em alto e bom som: - Estamos subindo. Boa noite, mãe, eu amo você.

Ela respondeu um baixinho "também te amo", enquanto nós subiamos as escadas lado a lado.

Já no quarto, Felipe tirou uma toalha felpuda do armário para mim e a mesma calça de pijama que eu sempre usava, jogando os tecidos no ar na minha direção. Agarrei-os e segui para o banheiro com paredes desenhadas dele.

Dessa vez, deixei a água quente percorrer meu corpo, tirando o cheiro de cigarro e álcool da minha pele. Coloquei um pouco de shampoo na mão e lavei o cabelo, passando os dedos por eles e suspirando lentamente. A água quente me deixou vermelho e a nuvem de fumaça deixa todos os vidros do cômodo embaçados. Deixei meus músculos relaxarem, a espuma escorrendo do cabelo para o restante do corpo, e desliguei o chuveiro pouco tempo depois.

Quando já estava seco e vestido com a calça, sai do banheiro e encontrei Felipe sentado na cama, as costas apoiadas na cabeceira. Ele tinha um prato sobre as coxas e comia alguns morangos, lambuzando-os no montinho de chantilly que havia no prato. Levou um dos morangos até a boca e aquela visão me tirou o fôlego de alguma forma, roubando-me o ar.

- Quer um? - Felipe perguntou, erguendo o prato. Havia um pouco de chantilly em seu lábio inferior.

Neguei com a cabeça e sentei ao seu lado na cama enquanto ele comia os últimos morangos e lambia os dedos, colocando o prato vazio e sujo no chão.

- Sobrou mais para mim, assim. - Sorriu para mim, o brilho infantil que até pouco tempo eu desconhecia inundando seus brilhantes olhos azuis. - Bom fim de noite, Capitão.

Ele se ajeitou sob o lençol, afofando o travesseiro sem olhar mais para mim. E era melhor que não não olhasse mesmo, porque eu simplesmente não conseguia desfiar o olhar de seus lábios finos e vermelhos. O pinginho branco de chantilly ainda estava ali e me peguei pensando em agarrá-lo e sentir seu gosto misturado com aquilo.

Felipe se levantou para apagar a luz, envolvendo-nos na escuridão, e depois voltou, deitando-se ao meu lado, sempre de costas para mim. Sem camisa, seus músculos ficavam descobertos, a pele exposta. Conforme meus olhos iam se adaptando ao escuro, a forma de Felipe se tornou mais evidente, seu pescoço coberto pelo cabelo bagunçado, as omeoplatas destacadas.

Deitei-me também, dessa vez virado para suas costas. Fechei os olhos por alguns segundos, perguntando-me porque diabos eu estava desejando mais que tudo sentir sua pele sob meus dedos. Era um desejo intenso que se espalhava pelo meu corpo, algo que eu nem sabia que era capaz de sentir até aquele exato segundo. Era como estar hipnotizado, preso, sem chances de escapar.

Alguns minutos se passaram e eu não conseguia mais resistir ao impulso de tocá-lo. Estiquei minha mão, tocando primeiramente a ponta dos dedos sobre suas costas, deslizando-os lentamente sobre a pele até minha mão estar por completo espalmada sobre suas costas. Senti quando a pele de Felipe se arrepiou sob meus dedos, mas eu não conseguia desviar o olhar do local onde eu tocava e do pensamento de como sua pele era macia. Meu corpo estremeceu.

- T-Tody? - Parecia nervoso e assustado ao mesmo tempo.

Sua voz me fez voltar ao mundo real com um choque. Recolhi a mão, meu coração impulsionado pela emoção. Um acesso de raiva repentino me tomou quando percebi o que estava realmente fazendo e sentindo. Eu não gostava de garotos! Nunca havia gostado!

De repente, chutei os lençóis para o alto e me levantei da cama, tropeçando pelo escuro em direção à janela. Eu precisava ir embora dali o mais rápido possível, dirigir para longe daqueles sentimentos confusos e desordeiros.

- Preciso ir para casa. - Quase gritei, tentando achar a tranca da janela, porém, ela escapulia sob os meus dedos trêmulos. Eu tremia por inteiro, uma mistura desconexa de medo, desejo, desespero e confusão.

De repente, fui virado e prensado contra a parede ao lado da janela. As mãos de Felipe se apertaram ao redor dos meus pulsos, prendendo-me. Ali, alguns fiapos de luz da rua entravam pela janela, fazendo sombras dançarem sobre o rosto de Felipe. Seus olhos pareciam mais hipnotizantes e mágicos do que nunca, chamando-me para me afundar neles e nunca mais sair. Seu rosto estava tenso, o maxilar bem travado, suas mãos seguravam meu pulso com firmesa, porém vi um brilho assustado percorrer seu olhar.

- Tody. - Sussurrou.

Era apenas meu nome, falado baixinho naquele quarto escuro, mas foi o suficiente para me fazer estremecer novamente. Ele me encarava, a apenas alguns centímetros de distância, o olhar azul percorrendo meu rosto com velocidade.

- Você está tentando fugir? - Disse, a voz baixa e rouca.

Apenas suspirei, sem força. Eu não sabia de mais nada, apenas que, de uma forma louca, eu o queria. Eu o queria.

Também trêmulo, Felipe deu um passo para a frente, encostando seu peito contra o meu. Suas mãos ainda mantinham meus braços presos, entretanto, eu não teria força para me soltar nem mesmo se eu quisesse. Senti sua respiração tocar minha pele e baixei os olhos para os nossos peitorais, percebendo o quanto ambos subiam e desciam aceleradamente.

- Não precisa fugir disso, Tody. - Sussurrou novamente.

Ele baixou o rosto e então senti seus lábios deixarem um beijo leve sobre minha clavícula, seguido de outro um pouco mais acima, sobre o ombro. Era leve, tão leve quanto uma pluma, mas tão intenso que eu poderia explodir naquele mesmo segundo. Havia algo ali, naquele toque singelo dos lábios de Felipe sobre a minha pele, algo que me fez suspirar abertamente ao sentir mais um beijo ser depositado sobre minha pele, dessa vez na minha bochecha.

E, com aquele último beijo, tive certeza. O resto do mundo que explodisse. Com um puxão forte, soltei meus braços do seu aperto e o trouxe mais para perto pela cintura, colando nossos corpos ainda mais. Sua respiração surpresa tocou meu rosto e, segundos depois, nossas bocas se encontraram em um frenesi incontrolável. Ali estavam, seus lábios com gosto doce sobre os meus. O beijo logo se tornou como o do sonho que eu tive na manhã anterior: quente, necessitado, fatal.

Seus lábios faziam um trabalho incrível enquanto sua língua parecia degustar cada parte da minha boca da forma mais perfeita possível. Seus lábios despontavam em curtos sorrisos vez ou outra, deixando nosso beijo ainda mais fantástico. De repente, percebi que qualquer coisa ao meu redor havia desaparecido e tudo que restara era Felipe. Eu estava flutuando, algo que nunca acontecera antes.

Ele agarrou meu pescoço, puxando-me pelos fios de cabelo da nuca para ficarmos ainda mais colados. Era uma mistura de calmaria e tempestade: nosso beijo era intenso, nossos toques quase desesperadores, porém, eu nunca havia beijado alguém com tamanha descarga emocional. Suguei seu lábio inferior suavemente e ele riu baixinho por causa disso, me fazendo suspirar feliz antes de retomarmos nosso beijo como antes.

Comecei a percorrer as mãos pelas suas costas com toques leves, apreciando a forma como ele se arrepiava sob os meus toques. Seus dedos brincaram com meu cabelo, entrelaçando-se nele e puxando levemente. Empurrei Felipe ligeiramente para longe de mim, afastando nossos peitos, e andei devagar até a cama, sem desgrudar nossos lábios em nenhum momento.

Sentei na ponta da cama e Felipe deslizou para o meu colo, pousando uma perna de cada lado do meu corpo, e eu não soube como ainda estava respirando. Seu peso se fez sobre minhas coxas, mas tudo que eu conseguia fazer era puxá-lo ainda mais para perto e tentar não sorrir tanto entre o nosso beijo.

Depois de um tempo, ele se separou de mim, ofegante e vermelho. Eu buscava pelo ar também, mas o desejava ainda mais que isto, por isso ainda depositei um longo selinho antes de deixá-lo respirar. Sua testa estava colada na minha, nossos olhos concentrados apenas um no outro.

- O que merda estamos fazendo? - Sua voz saiu muito mais rouca que o normal, fazendo referência a toda aquela confusão de emoções que nos rodeavam.

Soltei um risinho e ele também, deixando-me encantado com o forma que seus olhos se repuxavam quando sorria. A ponta de suas orelhas estavam quentes e senti isso ao deslizar a mão pelo seu cabelo escuro.

- Não faço a menor ideia. - Respondi com sinceridade. - Apenas sei que quero. Quero muito.

___________
Oi, anjos

Esse capítulo aumentou quase 3 mil palavras, então acho que a demora valeu a pena.
A partir de agora, todos os capítulos serão bem longos, então peço que tenham paciência comigo.

Espero muuuuitos comentários sobre o primeiro beijo deles. (Foi como vocês imaginaram?)

Até a próxima
Kyv❤

Ps.: Deixei nas mídias um vídeoclipe maravilhoso. Essa música, esse vídeo, esse cantor, representam o que acredito. Passem lá pra ver meu amorzinho lindo, Troye Sivan.

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