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03 × A chave do passado

Os colégios públicos de elite desafiavam o conceito tradicional de "ensino gratuito". Eram o sonho de muitas famílias e o orgulho de seus alunos. Não era para menos: ofereciam a melhor estrutura acadêmica, professores renomados e um histórico invejável de aprovações em universidades. A exclusividade, no entanto, tinha um preço — ainda que não financeiro.

Entrar exigia superar um processo seletivo rigoroso, uma verdadeira maratona de provas que testavam não apenas conhecimento, mas também resiliência. A cada ano, centenas de jovens competiam por um número limitado de vagas, e as listas de aprovados eram celebradas como troféus de guerra.

Blair estava entre os que conseguiram. A aprovação era um marco, fruto de noites insones, pilhas de livros e a pressão silenciosa de não decepcionar. Para ela, a escola era mais do que um lugar; era a evidência de batalhas vencidas e a promessa de um futuro melhor. Mas isso não tornava a rotina menos exaustiva.

Nem todos os alunos ali, porém, precisaram passar pelo mesmo caminho tortuoso. Era um segredo velado, mas que circulava em sussurros pelos corredores e conversas abafadas em reuniões de pais: algumas famílias ricas, cujos filhos pareciam imunes ao aprendizado, encontravam meios alternativos para garantir vagas nos colégios de elite. Com propinas generosas e influência nos lugares certos, os resultados das provas eram manipulados, transformando cristais brutos e ignorantes em jovens aprovados que não precisavam carregar o peso do mérito.

Esses filhos, tratados como intocáveis, continuavam sua caminhada pela escola como se fossem obras-primas de uma lapidação inexistente. Era uma dinâmica cruel, onde aqueles que lutaram por cada ponto se viam cercados por colegas que mal sabiam justificar sua presença ali. Blair não se deixava afetar abertamente, mas havia momentos em que a injustiça pairava sobre ela como uma nuvem densa, especialmente ao ouvir as conversas insípidas e desconexas que ocasionalmente surgiam em sala.

Havia um consolo amargo, no entanto. Por mais que as propinas pudessem abrir portas, elas não davam sentido às palavras de um livro ou às fórmulas de uma equação. Muitos desses "intocáveis" navegavam pelas aulas com o apoio de tutores particulares e notas infladas, enquanto outros simplesmente flutuavam, indiferentes, até o diploma. Para Blair, o esforço continuava a ser a única maneira honesta de atravessar o sistema — mesmo quando este parecia estar corroído em suas fundações.

E era exatamente esse esforço que ela carregava consigo, noite após noite, mergulhada em livros e anotações, determinada a provar, ao menos para si mesma, que seu lugar ali havia sido conquistado da maneira certa. Agora, em seu pequeno quarto organizado, Blair estava cercada por anotações de biologia. Livros abertos, folhas espalhadas e canetas sublinhadoras criando um caos controlado. O abajur ao lado lançava uma luz amarelada, insuficiente para a intensidade de sua concentração, mas reconfortante.

Lá fora, os sons da cidade chegavam abafados pela janela entreaberta: buzinas, risadas de crianças, passos apressados nas calçadas. Ela olhou para o teto, o olhar perdido enquanto respirava fundo. As palavras de Kayla voltaram à sua mente como uma sombra incômoda. "Você não fala sobre ele." Não era mentira, mas também não era tão simples. Havia coisas que ela preferia trancar no fundo da mente, partes da história do pai que eram dolorosas demais para revisitar.

Desde o acidente, Blair se mantivera ocupada, como se preencher o tempo pudesse preencher o vazio. Estudos, ensaios de dança e turnos na loja de bicicletas tornaram-se mais do que atividades: eram refúgios. Emma, sua mãe, enfrentara a perda de forma diferente. Durante o primeiro mês, a casa refletiu o estado emocional dela: um caos silencioso, sem propósito. As compras eram esquecidas, a cozinha permanecia fria, e a cama parecia um lugar permanente. Blair acreditou, por um tempo, que aquela apatia fosse irreversível.

Mas então, em um domingo ensolarado, Blair acordou com um som inesperado: o apito da panela de pressão. O cheiro de feijão invadiu a casa, familiar e acolhedor. Ao chegar na cozinha, encontrou Emma, de avental, mexendo na panela como fazia antes. Era um gesto simples, mas carregado de significado. Naquele dia, a casa voltou a ter cheiro de comida caseira e sons de histórias contadas entre risadas tímidas. Para Blair, foi um sinal de que, apesar de tudo, podiam seguir em frente.

Agora, sentada no quarto, a memória daquele domingo parecia mais viva do que nunca. Respirou fundo, afastando os pensamentos com um leve movimento de cabeça. O presente exigia sua atenção, e a biologia não estudaria sozinha. No entanto, os pensamentos de Kayla continuavam a martelar. Levantou-se e caminhou até a janela. A cidade parecia indiferente às suas dúvidas, com suas luzes piscando e sons de vida cotidiana. Mas dentro de Blair, algo estava fora de lugar. "Você não fala sobre ele." A frase insistia como uma batida lenta e incômoda.

Voltou-se para o guarda-roupa, hesitando por um momento antes de abrir a porta. No alto, escondida entre roupas de inverno, estava uma caixa que não abria há meses. Seus dedos tocaram a tampa com relutância. "Por que estou fazendo isso?" perguntou a si mesma, a voz baixa, quase temendo quebrar o silêncio.

Sentada na cama, puxou a caixa para o colo. O peso dela parecia trazer consigo a presença do pai. A tampa rangeu ao abrir, revelando um amontoado de papéis, fotos e pequenos objetos. O relógio que ele usava estava lá, parado no tempo. Um chaveiro gasto de uma viagem antiga, documentos que pareciam insignificantes à primeira vista. Mas algo chamou sua atenção enquanto revirava a caixa: extratos bancários com números que saltavam das páginas.

Transferências recorrentes para uma empresa chamada "Iniciativas Stone Enterprise Tech". Blair franziu a testa. Seu pai era contador, e transações não eram incomuns, mas aquilo parecia estranho. Os valores eram altos e as datas... próximas ao acidente.

"Iniciativas Stone..." Murmurou, o nome ecoando de forma desconfortável. Não sabia por que, mas soava familiar, como algo que deveria lembrar, mas não conseguia.

Mais papéis, mais transferências. Cada página parecia um novo fragmento de um quebra-cabeça que ela não sabia se queria resolver. O estômago revirava, e a caixa parecia mais pesada. Quis jogá-la de volta no armário, fingir que não havia encontrado nada. Mas seus olhos insistiam em voltar aos papéis, como se buscassem uma explicação que não estava ali.

Um arrepio percorreu sua espinha, e Blair sentiu como se estivesse sendo observada. Era uma sensação absurda, mas o peso de mexer no passado parecia desestabilizar o presente. Com mãos trêmulas, começou a guardar tudo de volta na caixa. Apressada.

"Isso não significa nada," murmurou para si mesma, tentando ignorar o nó na garganta. "É só trabalho. Nada demais." Mas no fundo, sabia que estava mentindo. Guardou a caixa no fundo do armário, fechou a porta e ficou parada, os olhos fixos no chão. A cidade lá fora continuava viva, indiferente aos seus dilemas como de costume.

Blair sentou-se na beirada da cama, as mãos enterradas no rosto. "Por que isso está me incomodando tanto?" perguntou-se em voz alta, enquanto uma pressão insistente apertava seu peito. Seu pai era contador, sempre cuidadoso e meticuloso. Não fazia sentido. "Nada faz sentido."

Levantou-se de repente, como se o movimento pudesse afastar os pensamentos. Andava de um lado para o outro no quarto, respirando de forma irregular. Olhou para o armário novamente, mas não se atreveu a abrir. Em vez disso, sua mente buscava algo — uma lembrança, um detalhe, qualquer coisa que esclarecesse as transferências para aquela tal de Stone Enterprise.

Então, lembrou-se. O antigo notebook de seu pai.

Saiu do quarto como se estivesse sendo empurrada por uma força invisível. Na sala, começou a abrir gavetas, baús e caixas com uma pressa quase desesperada. "Onde ele guardava isso? Onde?" O som de objetos sendo arrastados e jogados ecoava pela casa silenciosa.

Por fim, encontrou o notebook no fundo de um armário da sala, coberto por uma fina camada de poeira. Era estranho segurá-lo nas mãos, como se estivesse tocando em algo proibido. O laptop tinha algumas marcas de uso, mas estava intacto. Blair voltou para o quarto, ligando o aparelho e sentindo o coração martelar no peito enquanto esperava o sistema inicializar.

A tela piscou, pedindo uma senha. Ela congelou.

— Droga, claro que tem senha... — murmurou mais para zombar de si mesma. Passou os dedos pelos cabelos, tentando pensar.

Seu pai era previsível em algumas coisas, e talvez... digitou o nome do irmão, "Carter". Nada. Tentou a data de nascimento da mãe. Nada. Então, com relutância, digitou sua própria data de nascimento. Nada. Nomes de animais de estimação que já tiveram, números de telefones, e até mesmo nomes de filmes ela tentou. No entanto, nenhum deles resultou. Não tinha muitas chances agora.

Fechou os olhos por um momento, tentando pensar. E então, um pensamento perturbador surgiu. A data do acidente. Seus dedos hesitaram sobre o teclado, como se digitar aqueles números fosse uma profanação. Mas não conseguia afastar a ideia.

Com mãos trêmulas, digitou os números. O coração pareceu parar quando a tela carregou. Funcionou.

Por um momento, Blair não sabia se sentia alívio ou pânico. O notebook estava desbloqueado, mas isso só fazia as perguntas crescerem em sua mente. Por que a data do acidente? Por que seu pai teria deixado isso para trás? Como uma pista? Ele sabia que algo iria acontecer? Ou... ele estava envolvido de alguma forma? O pensamento a fez levantar da cadeira de repente, como se fosse impossível ficar sentada diante da tela por mais um segundo.

Caminhou de um lado para o outro pelo quarto, as mãos puxando os cabelos de forma inconsciente. "Droga, droga, droga..." sussurrou, a voz falhando. Sentia-se presa em uma armadilha invisível, os muros se fechando ao seu redor. Sentia-se sufocada, como se o ar do quarto tivesse desaparecido. Encostou-se na parede, os olhos fechados, tentando se centrar. Mas as perguntas continuavam a gritar em sua mente. E se ela estivesse errada? E se tudo isso fosse apenas uma coincidência absurda, e ela estivesse gastando energia à toa?

Mas... e se não fosse?

O peso da dúvida era insuportável. Sentia-se dividida entre avançar e jogar tudo para o alto, fingir que nada daquilo existia. Mas sabia, no fundo, que era tarde demais. Sentiu um arrepio. Não sabia se era medo, raiva ou tristeza. Talvez fosse tudo ao mesmo tempo.

Voltou a sentar à frente do notebook.

O sistema estava limpo, mas ela sabia que tinha que procurar em lugares mais profundos. Vasculhou os diretórios com cuidado, passando os olhos pelos arquivos aparentemente normais. Relatórios contábeis, planilhas, notas... Nada parecia fora do comum. O estômago dela revirava. Mesmo sem encontrar nada, a senha ainda a deixava intrigada. Deveria ter alguma coisa que estava lhe escapando de vista.

Pegou o celular da mesa e discou o número de Mathew. Precisava desabafar, precisava de alguma voz que a trouxesse de volta ao presente. Enquanto o telefone tocava, Blair olhou para o notebook novamente. Era como se aquele aparelho guardasse todas as respostas que ela não não imaginava algum dia ter.

O telefone tocou uma, duas, três vezes.

— Vamos, Mathew, atende...

Blair sentiu as lágrimas começarem a cair. A verdade estava ali, ao alcance de suas mãos, mas era como tocar em algo quente demais para segurar. Tudo no fundo de sua mente gritava para fechar o notebook, fingir que nada estava acontecendo. Mas a senha, a data do acidente... isso era mais do que uma coincidência. Era quase como se seu pai tivesse feito propositalmente, como se quisesse que alguém encontrasse aquilo.

Foi então que sua mente finalmente fez a ligação. Stone. Lisa Stone e Dave Stone. Os nomes eram como um trovão em sua mente, clareando a escuridão que até então a envolvia.

Se levantou, pegando o celular e colocando o casaco. Precisava sair, respirar, mas, mais do que isso, precisava encontrar Mathew. Se alguém podia ajudá-la a entender aquele quebra-cabeça, era ele. Enquanto caminhava até a porta, parou de repente. A sensação de estar sendo observada estava de volta. Lentamente, olhou ao redor do quarto. Não havia ninguém ali, apenas as sombras alongadas pelo abajur. Com um último olhar para o notebook fechado na mesa, saiu do quarto. Ela não sabia o que estava enfrentando, mas agora tinha certeza de uma coisa: o nome Stone era mais do que uma coincidência. Era o fio que puxaria até encontrar a verdade. 


Blair caminhava pelas ruas sem rumo, os passos ecoando nas calçadas molhadas pela garoa que havia cessado minutos antes. A brisa fria fazia seus cabelos balançarem e trazia consigo o cheiro da cidade: uma mistura de asfalto molhado, flores noturnas de jardins próximos e a fumaça de um carro que acabara de passar. Os postes iluminavam o chão irregular, criando sombras alongadas que pareciam dançar ao ritmo do vento. Ela enfiou as mãos nos bolsos do casaco, os dedos frios tentando encontrar algum calor enquanto sua mente fervilhava.

Desde que mexera nas coisas do pai, o nome Stone não saía de sua cabeça. Sua mente retornava insistentemente às transferências bancárias, ao laptop, à senha — a data do acidente. Tudo fazia sentido e, ao mesmo tempo, nada fazia.

Puxou o celular do bolso e discou o número de Mathew novamente. O som de chamada tocava como um zumbido irritante, mas ninguém atendia.

— Droga, Mathew... — murmurou, desligando com força e enfiando o celular de volta no bolso.

Sem saber o que fazer, parou ao lado de um poste, o frio do metal pressionando suas costas enquanto olhava para o céu. Estava limpo, mas a luz das estrelas parecia tênue, quase irrelevante contra o brilho incessante da cidade. Por impulso, ligou para Kayla.

A amiga atendeu ao segundo toque, sua voz leve e animada, como se a noite estivesse apenas começando para ela.

Blair? Que surpresa. O que foi?

Ela hesitou. Sentia-se deslocada até mesmo ao fazer essa ligação.

— O que você vai fazer hoje? — perguntou de uma vez, sem rodeios.

Estou indo ao Fifth Gear com Dave e o pessoal. — Kayla respondeu com naturalidade, mas havia algo provocativo em seu tom. — Acho que Mathew está com eles. Quer vir?

Blair franziu a testa. O Fifth Gear era um lugar de que já ouvira falar, mas nunca pensara em visitar. Ocupava os cinco andares de um antigo estacionamento e era famoso pelas festas vibrantes, o público eclético e uma reputação que oscilava entre o exclusivo e o perigoso.

— O Fifth Gear? — repetiu, sua voz carregando dúvida.

Sim. É meio louco, mas você vai gostar. Estou com alguém aqui, posso te pegar em dez minutos.

Blair hesitou. Sentiu o desconforto familiar da incerteza, mas a inquietação dentro dela parecia maior. Talvez sair de casa fosse o que precisava.

— Tá bom. Me avisa quando chegar.

Quando Kayla parou o carro na esquina, Blair notou imediatamente o garoto no banco do passageiro. Ele tinha uma postura relaxada, quase preguiçosa, mas seus olhos, atentos, capturavam cada detalhe ao redor com uma curiosidade quase silenciosa. Os cabelos escuros caíam sobre a testa de maneira desordenada, como se arrumados de propósito para parecerem assim.

Kayla abaixou o vidro, seu sorriso iluminado pelas luzes amarelas da rua.

— Blair! Anda logo. Quero te apresentar alguém incrível.

Blair caminhou até o carro, mas tropeçou em um pedaço de calçada solta, quase caindo.

Droga. — Ela murmurou, endireitando-se rapidamente, com as bochechas corando de constrangimento enquanto olhava em volta para ver se alguém havia notado.

O garoto no banco do passageiro sorriu, claramente tendo percebido.

— É um lugar traiçoeiro. — Ele comentou, a voz grave, mas carregada de uma leveza que fazia o comentário soar mais como uma brincadeira do que um insulto.

Blair entrou no carro, fechando a porta e ajustando o cinto, tentando ignorar o desconforto crescente.

— Sou Blair. E você é...?

— Immanuel. — Ele respondeu, estendendo a mão. O gesto parecia casual, mas havia algo nele que a deixava alerta.

Kayla deu uma risada curta, ligando o carro.

— Não se preocupe, Blair. Ele é inofensivo. Só irritante às vezes.

— E o que você faz para ser irritante? — Blair perguntou, erguendo uma sobrancelha enquanto lançava um olhar rápido para ele.

— Faço perguntas que ninguém quer responder. — Ele disse com simplicidade, um sorriso

— Tipo? — Blair perguntou, sem perceber que estava entrando no jogo dele.

— Tipo... por que você aceitou vir hoje? — Immanuel respondeu, inclinando a cabeça de lado, como se estivesse genuinamente interessado na resposta. — Kayla me disse que estranhou você tomar essa decisão, então significa que não é comum pra ti...

Blair abriu a boca para responder, mas fechou-a novamente, surpresa pela pergunta direta.

— Bom, eu... — começou, mas Kayla a interrompeu, rindo enquanto manobrava o carro.

— Ei, não começa a psicanalisar minha amiga! Você tem uma noite inteira para isso.

Immanuel levantou as mãos em um gesto de rendição, mas o sorriso travesso ainda estava em seu rosto.

— Sem problemas. Mas é uma boa pergunta, não é?

Blair bufou e olhou para a janela, observando as luzes piscarem enquanto o carro atravessava ruas movimentadas. O caminho até o Fifth Gear foi preenchido com os comentários ocasionais de Immanuel e as risadas de Kayla. Ele parecia saber exatamente como puxar conversas que fossem interessantes sem serem invasivas, mantendo um equilíbrio que Blair achava, no mínimo, intrigante.

— Então, Blair, qual é o seu lugar favorito na cidade? — Ele perguntou de repente, sem tirar os olhos da frente.

— Lugar favorito? — Blair repetiu, virando-se para ele com uma expressão que sugeria que nunca havia parado para pensar nisso.

— É. Onde você vai para... sei lá, respirar? — Ele gesticulou levemente, como se tentasse traduzir a ideia em palavras.

— Acho que nunca pensei nisso. — Ela respondeu honestamente, o tom levemente defensivo.

Immanuel não pareceu se incomodar com a resposta. Apenas assentiu, como se estivesse arquivando a informação para uso posterior.

Kayla, por outro lado, parecia adorá-lo ainda mais.

Já na boate, Mathew ajustou a gola do casaco, observando o reflexo no vidro manchado da entrada do antigo estacionamento. A estrutura, corroída pelo tempo e marcada por pichações, não dava nenhuma pista de que algo vibrante acontecia lá dentro. Era um lugar que você não encontraria em mapas turísticos — o tipo de espaço que só quem conhece a cena underground da cidade poderia apontar.

— Parece pior toda vez que venho aqui — comentou Bruce, enquanto acendia um cigarro e examinava as luzes neon que piscavam no andar mais alto do prédio.

— Essa é a ideia, Bruce. Você realmente acha que as pessoas vem aqui pela segurança? — Lisa deu uma risada curta, passando a mão pelo cabelo impecavelmente alinhado.

— Ou pela limpeza — acrescentou Jade, com um sorriso de canto, enquanto segurava o salto para equilibrar-se nas rachaduras do pavimento. — Se esse lugar desabar, pelo menos vamos morrer com música.

— Ou bêbados o suficiente para não sentir nada — respondeu Lisa, com um tom sarcástico que fez todos rirem.

Mathew não riu. Estava distraído, olhando para os andares superiores. As luzes oscilavam em padrões rítmicos, projetando sombras vibrantes nas paredes do estacionamento. Ele conhecia aquele lugar — "The Fifth Gear" era o nome informal dado à boate. Tudo no lugar parecia uma gíria para algo proibido: a entrada, o ambiente e até mesmo a música que ressoava pelos pilares de concreto, como se a própria estrutura estivesse tentando acompanhar o ritmo.

O grupo seguiu para a entrada lateral que tinha uma fila razoavelmente grande, um corredor mal iluminado com um segurança que parecia tão grande quanto o próprio prédio. Atrás das grandes portas que ele guardava, ficavam as escadas para os andares superiores. O segurança fez um breve gesto com a cabeça ao ver Dave, liberando a passagem sem questionar. Mathew notou a familiaridade entre os dois, mas não perguntou. Dave sempre parecia conhecer alguém, não importava o lugar.

Ao subir as escadas espiraladas, a música ia ficando mais alta. Cada passo ecoava no silêncio dos andares inferiores, onde carros abandonados lembravam que o lugar não tinha sido construído para festas. No quinto andar, a atmosfera mudou completamente. O teto, apesar de baixo, tinha detalhes de acabamento metálico que refletiam as luzes, enquanto as colunas de concreto haviam sido revestidas com painéis espelhados e texturas que suavizavam a rusticidade original. As paredes, cobertas de grafites e luzes fluorescentes, davam um ar quase psicodélico ao espaço.

As luzes vermelhas do Fifth Gear iluminaram a parede de concreto liso, revelando uma figura que parecia emergir das sombras. Era uma mulher, seus traços delicados ganhando vida na superfície. Seus olhos eram profundos, quase como se guardassem segredos antigos, enquanto os cabelos ondulados pareciam fluir para além dos limites da pintura, acompanhando a vibração do ambiente. O contorno de seu corpo, elegante e fluido, parecia mover-se sob o ritmo da música que ressoava na boate. Era um instante de fascínio, onde a arte se tornava parte do espaço, transformando uma simples parede em uma história viva.

Mas, então, a luz mudou para um tom azul. E, como se a mulher tivesse sido arrancada da realidade, sua presença se desfez completamente. Em seu lugar, surgiram rostos. Muitos rostos. Cada um com expressões tão distintas que era impossível não sentir o peso de suas histórias individuais. Olhos serenos compartilhavam espaço com olhares aflitos, sorrisos pacíficos contrastavam com bocas curvadas em dor. As faces não estavam apenas ali; pareciam estar observando, conectando-se com qualquer um que ousasse encará-las por tempo suficiente. O efeito era ao mesmo tempo hipnotizante e desconcertante, como se a arte tivesse sua própria consciência.

O truque estava na técnica. As cores escolhidas pelos artistas não eram especiais por si só, mas reagiam à luz de uma maneira que confundia a percepção. O vermelho apagava as camadas verdes ou azuis, e vice-versa, criando uma ilusão perfeita. Dependendo da iluminação, era como se um mundo alternativo fosse sobreposto ao anterior, sem que os dois pudessem coexistir. Cada mudança de cor trazia uma nova história, uma nova perspectiva.

Para quem olhasse sem atenção, era apenas mais uma parede estilizada. Mas, para os que se permitiam observar, a parede contava histórias escondidas sob camadas de luz e cor, como um segredo que nunca se revelava por completo.

— E pensar que isso já foi um estacionamento sujo — comentou Jade, enquanto passava pelas pessoas e avistava o bar no canto do espaço.

— Tecnicamente, ainda é um estacionamento sujo — respondeu Mathew, finalmente se permitindo relaxar um pouco.

— Não estrague a magia — disse Lisa, pegando um dos copos luminosos que uma garçonete equilibrava em uma bandeja. Foi só então que Mathew percebeu que estavam na área vip do club, de fato o quinto andar.

O nome da boate, diziam, era uma referência à velocidade, à ideia de uma marcha impossível que empurrava tudo para o extremo. Uma metáfora adequada para um clube que funcionava como um refúgio para quem queria escapar da monotonia da cidade e se lançar em algo intenso, vibrante e ligeiramente caótico.

As festas, no entanto, não ocupavam todos os cinco andares. Eram concentradas no quarto e no quinto, cada um com sua própria atmosfera. O quarto andar era onde acontecia o verdadeiro tumulto: uma pista de dança lotada e um bar que nunca ficava vazio. Era a definição de energia crua, onde a música alta e a multidão faziam o chão vibrar.

Já o quinto andar era reservado para a área VIP, um espaço mais refinado, se é que o termo poderia ser usado ali. Os sofás de couro gastos contrastavam com as mesas espelhadas iluminadas por LEDs coloridos. Não ficava livre de tumultos, estava sempre cheio, mas em condições menores do que o andar de baixo.

Mathew, no entanto, não pagara nada para estar ali naquela noite. Nem ele, nem Bruce, nem Lisa. Dave, com sua rede de contatos inexplicável, havia conseguido acesso irrestrito, e todos entraram sem sequer piscar na direção do segurança que guardava a escadaria do andar VIP.

Era isso que incomodava Mathew de forma silenciosa. Havia algo no jeito como Dave sempre conseguia essas vantagens que parecia fácil demais, quase suspeito. Ele não perguntava; talvez preferisse não saber.

Mas, enquanto caminhava pelos sofás lotados e observava a pista de dança improvisada no centro do espaço VIP, Mathew sentia o peso de estar em um lugar que, teoricamente, não deveria ser tão acessível para eles.

Mathew seguiu o grupo enquanto eles exploravam o espaço até um sofá aparentemente vazio. Bruce já estava no bar, pedindo algo forte o suficiente para compensar o "clima de concreto", como ele dizia. Dave, por outro lado, parecia estar observando a multidão, os olhos atentos.

— Está esperando alguém? — perguntou Mathew, parando ao lado dele.

— Talvez. — Dave deu um sorriso enigmático antes de dar um gole em seu drink.

Mathew franziu o cenho, mas não insistiu. A música estava alta, abafando até mesmo seus pensamentos, e estava cheio. Todos vibrando e dançando com a batida das músicas.

Enquanto os outros se espalhavam, Mathew sentiu seu celular vibrar no bolso. Pegou o aparelho, o nome de Blair piscando na tela. O coração acelerou por um momento, mas ele hesitou em atender. Algo sobre o ambiente, o grupo e o próprio Dave faziam com que o simples ato de atender parecesse fora de lugar.

Ele ignorou a chamada, guardando o telefone de volta no bolso. Sentiu uma pontada de culpa, mas a música alta e o som de risadas ao redor logo o distraíram. Bruce voltou com os drinks, Lisa estava na pista, e Jade já conversava com um grupo próximo à parede grafitada. Pegou um dos copos e o virou, o líquido desceu raspando sua garganta.

Já passava da meia noite quando o barulho da música parecia aumentar quando Blair, Immanuel e Kayla chegaram no local, e ela hesitou na porta por um momento, observando as luzes piscando e as pessoas se movendo de um lado para o outro. Immanuel percebeu sua indecisão e deu um pequeno empurrão nas suas costas, como se dissesse "vá em frente". Blair deu um passo adiante, seus olhos logo encontrando Kayla, que já se afastava para saudar conhecidos. Ela engoliu em seco, tentando se ajustar ao ritmo do lugar enquanto sentia uma estranha mistura de excitação e apreensão.

Blair olhava ao redor com uma mistura de curiosidade e desconforto. Não era exatamente o tipo de lugar onde costumava estar, e a energia vibrante do ambiente fazia seu coração bater mais rápido. Immanuel caminhava ao lado dela, com a postura casual de quem parecia pertencer a qualquer lugar. Kayla estava um passo à frente, cumprimentando algumas pessoas enquanto ajustava o vestido justo que parecia ter sido feito sob medida para ela. Blair se questionou se estava vestida de acordo, e claramente não estava.

Os três não ficaram muito tempo na fila, e isso era por culpa de Kayla, que facilmente foi chamada para entrar. Ela tinha esse tipo de magnetismo, algo que fazia com que as pessoas a notassem imediatamente. Quando o segurança a viu, fez um aceno discreto com a cabeça, permitindo sua entrada sem sequer olhar para os outros.

— Impressionante, né? — Kayla disse, voltando-se para Blair, o sorriso dela iluminado pelas luzes fluorescentes.

— É. — Blair respondeu, seu olhar vagando pelo espaço. O som alto, as risadas e a atmosfera carregada de possibilidades a faziam sentir-se um pouco deslocada, mas havia algo intrigante em tudo aquilo.

Eles seguiram Kayla, que parecia saber exatamente onde estavam os outros. Dave e o resto do grupo estavam reunidos perto do bar no quinto andar. O caminho até lá era uma mistura de escadas metálicas e passarelas iluminadas, criando um contraste perfeito entre o moderno e o industrial.

Quando chegaram, Lisa foi a primeira a notar. Ela estava encostada no balcão, segurando uma taça. Era perceptível sua vontade de chamar atenção.

— Kayla! Até que enfim. — Lisa exclamou, seus olhos avaliando Blair e Immanuel antes de se fixarem novamente em Kayla. — Trouxe reforços?

— Não sou de chegar sozinha. — Kayla respondeu casualmente, pegando uma taça de um garçom que passava e dando um sorriso para Dave.

Dave, que estava ao lado, ergueu uma sobrancelha ao ver Blair. Ele era a definição de despreocupação: uma camisa de linho aberta no colarinho, um copo na mão e um sorriso de quem parecia saber mais do que dizia. Seus olhos demoraram um segundo a mais em Blair antes de ele falar.

— Blair. Bem-vinda ao caos. — Ele levantou o copo em um brinde silencioso, um sorriso brincando em seus lábios.

Blair não respondeu, tentando esconder o desconforto enquanto dava um meio sorriso. Ela começou a analisa-lo, pensando como poderia arrancar qualquer tipo de informação que fosse. Ela não conseguia desviar os olhos dele. Dave parecia diferente agora, e Lisa também. Na época, eles eram apenas mais um rosto na multidão, alguém com quem ela nunca imaginaria ter qualquer tipo de ligação emocional. Agora, de alguma forma, eles representavam um elo perdido, algo que ela não podia ignorar.

Mas foi quando ela olhou para o lado que sua tensão diminuiu e, ao mesmo tempo, algo mais cresceu. Mathew estava encostado na parede, um pouco afastado do grupo. Ele estava com uma camisa preta que parecia destacar ainda mais o tom de sua pele. Seus cabelos refletiam a luz de uma instalação de neon próxima. Seus olhos encontraram os dela, e algo passou entre os dois.

Mathew, surpreso por vê-la ali, ergueu uma sobrancelha, como se perguntasse silenciosamente o que ela estava fazendo naquele ambiente. Blair hesitou, sentindo uma mistura de alívio por encontrá-lo e uma ansiedade que não conseguia explicar.

— Acho que vou pegar uma bebida. — Blair disse a Kayla, tentando disfarçar suas emoções enquanto caminhava na direção do bar.

Kayla, que não era nada ingênua, observou a cena com um sorriso malicioso. Ao lado dela, Immanuel cruzou os braços e inclinou a cabeça levemente, seus olhos atentos como se estivesse lendo algo invisível no ar.

— Parece que a noite ficou mais interessante. — Ele comentou em um tom baixo, olhando de relance para Kayla.

— Sempre fica. — Kayla respondeu, dando uma piscadela enquanto dava um gole em sua bebida.

Blair atravessou o espaço iluminado até o balcão, os passos vacilantes em contraste com a segurança da amiga que agora já estava nos braços de Dave. Quando chegou perto de Mathew, ele se afastou da parede, colocando o copo no balcão e a observando como se ainda não acreditasse que ela estava ali.

— O que faz aqui? — Ele começou, um tom de surpresa evidente na voz. Ele queria pedir desculpas por não atender, mas preferiu fingir não saber.

Ela deu de ombros, tentando parecer mais descontraída do que realmente estava.

— Achei que seria interessante dar uma olhada.

Mathew sorriu de canto, mas seus olhos a estudavam atentamente. Sentiu-se mais alegre que o normal.

— E... está sendo?

— Ainda decidindo. — Blair respondeu, apoiando-se no balcão ao lado dele.

O som da música preenchia o silêncio que ficou entre eles, mas não parecia incômodo. Mathew relaxou um pouco, balançando a cabeça como se risse de algo interno.

— Nunca imaginei você em um lugar como esse.

— Nem eu. — Blair admitiu, rindo de leve. — Mas, sabe como é... noites imprevisíveis.

Antes que pudessem dizer mais alguma coisa, Lisa apareceu ao lado deles, um sorriso preguiçoso no rosto enquanto equilibrava sua taça.

— Mathew, espero que você esteja cuidando bem da Blair. — Ela disse, com um tom que soava quase como uma provocação.

Blair sentiu as bochechas esquentarem, mas antes que pudesse responder, Mathew lançou um olhar para Lisa que a fez recuar com um riso curto.

— Acho que a Blair sabe se cuidar muito bem sozinha, Lisa. — Ele disse, com um tom que era mais firme do que provocativo.

Lisa ergueu as mãos, ainda sorrindo.

— Só brincando. Relaxa.

Enquanto Lisa se afastava, Mathew virou-se para Blair novamente, agora com um sorriso mais genuíno.

— Então, quer mesmo ficar aqui, ou prefere um lugar mais tranquilo?

Blair olhou ao redor. A energia do lugar era quase sufocante, mas suportável.

— Talvez um pouco dos dois? — Ela sugeriu, sentindo que, com ele, poderia aguentar qualquer ambiente.

Mathew riu, e dessa vez foi um riso leve, como se a tensão anterior tivesse desaparecido.

— Acho que posso fazer isso funcionar. — Ele disse, pegando a bebida e gesticulando para que ela o seguisse.

Mathew liderou o caminho até o quarto andar, segurando sua bebida com casualidade enquanto Blair o seguia de perto, os olhos tentando absorver o ambiente caótico ao seu redor. O espaço era uma explosão de cores e movimento. Luzes vermelhas e azuis pulsavam nas paredes, criando sombras vibrantes que se misturavam com as figuras dançantes no centro do salão. A música eletrônica reverberava no chão, invadindo o corpo de forma irresistível, e Blair sentia o ritmo em cada passo que dava.

— E agora? — perguntou Blair, inclinando-se para perto dele para ser ouvida em meio ao som.

Mathew virou-se para ela, o sorriso ainda brincando em seus lábios

— Agora, a gente relaxa. Ou tenta. — Ele deu um gole no drink e apontou para o bar com a cabeça. — Mais uma bebida antes de dançar?

Blair revirou os olhos, mas sorriu.

— Você fala como se eu fosse dançar.

— Ah, vai dançar. Eu já te vi dançando, e sei que você gosta. — Mathew piscou para ela, o tom de desafio claro na voz.

Eles foram até o bar, onde Blair pediu algo leve, ainda hesitante. Mathew escolheu outro drink forte, e enquanto esperavam, ele apoiou o braço casualmente no balcão, observando-a.

— Sabe, eu não esperava te ver aqui hoje. — Ele reforçou, os olhos dela brilhando.

Blair deu de ombros, desviando o olhar. Sentiu o rosto corar, mesmo que isso não fosse nada de especial.

— Então o que realmente trouxe aqui? — Mathew perguntou, inclinando-se um pouco mais perto, a voz baixa.

Blair hesitou por um instante, mas antes que pudesse responder, o bartender colocou as bebidas na frente deles. Ela segurou o copo, tomando um gole para ganhar tempo.

— Eu precisava de uma distração. — Finalmente admitiu, olhando para ele.

Mathew segurou o olhar dela por um momento mais longo do que o necessário, mas apenas assentiu. Ele a puxou pela mão, sem esperar por protestos, levando-a até a pista de dança. Blair tentou resistir, mas o ritmo contagiante da música já estava alcançando seus pés. Mathew não era um dançarino particularmente habilidoso, mas movia-se com uma confiança descontraída que fazia qualquer um parecer menos desajeitado.

— Você é péssimo nisso. — Blair comentou, rindo, enquanto o observava tentar acompanhar a batida.

— Ei, eu não vim aqui pra impressionar. — Ele respondeu, girando-a com uma mão antes de puxá-la de volta, os dois rindo como se fossem crianças outra vez.

Blair sentiu a tensão em seus ombros começar a desaparecer enquanto se permitia relaxar. Eles se moviam ao som da música, cada momento carregado de uma leveza que parecia rara nos últimos tempos. Quando Mathew se inclinou para falar algo, a proximidade dos dois a pegou de surpresa, mas ela não se afastou.

— Viu? Eu sabia que você gostava disso. — Ele disse, com um sorriso que iluminava o rosto.

— Não exagera. — Blair retrucou, mas o sorriso em seus lábios a traiu.

Por alguns minutos, o mundo fora da boate deixou de existir. Não havia problemas, segredos ou dúvidas, apenas a música e a energia que os cercava. Mathew inclinou-se novamente, dessa vez um pouco mais próximo, para falar algo que Blair não conseguiu ouvir completamente. Mas a maneira como ele olhou para ela, com os olhos fixos, quase curiosos, fez com que seu coração acelerasse levemente.

Ela riu nervosamente, desviando o olhar.

— Tá começando a ficar muito cheio aqui.

— Quer sair daqui? — Mathew ergueu uma sobrancelha, ainda sorrindo.

Blair hesitou por um segundo. A energia da boate, que antes parecia libertadora, agora começava a pesar. Ela assentiu, segurando a mão dele antes que mudasse de ideia.

— Vem. — Disse, puxando-o pela pista em direção à saída.

Os dois atravessaram o espaço vibrante, passando pelas luzes pulsantes e pelas pessoas que pareciam perdidas no ritmo da música. Quando finalmente chegaram à escadaria, Blair respirou fundo, sentindo o ar mais fresco do corredor e, com ele, um estranho alívio.

Mathew a seguiu em silêncio, observando-a com uma expressão curiosa, como se tentasse decifrar o que estava passando por sua mente.

— Pra onde estamos indo? — Ele perguntou finalmente, enquanto desciam os degraus de metal.

Blair parou no meio do caminho, virando-se para ele com um pequeno sorriso nos lábios.

— Você vai ver.

Mathew arqueou uma sobrancelha, intrigado, mas não questionou. Apenas seguiu Blair, sem saber que a noite ainda guardava mais do que ele esperava. 

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