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Capítulo 2 - Dentro da Tardis

Toquei a campainha, apertando meu livro de roteiro com a outra mão. Estava ansiosa para começar o projeto, mas antes teria que sanar meu desejo de explorar o apartamento de Nathanael. Um desejo de fã, confesso, mas havia pouco que eu pudesse fazer sobre isso. Então decidi guardar todo meu material de escrita dentro da mochila. Talvez fosse muito presunçoso da minha parte já chegar com anotações, não é? Não sei! Eu só estava muito nervosa.

Nathanael abriu a porta, sorrindo. Vestia uma camiseta branca e uma calça de moletom preta. Estava descalço e comendo comida chinesa direto de uma caixinha.

— Oi — disse, de boca cheia. Soltei um risinho. — Estou almoçando — comentou, sem necessidade alguma. Então comeu mais um pouco.

— Quer que eu volte mais tarde?

— Não, não. — Deu um passo para o lado, deixando-me entrar. — Eu estou animado demais para te deixar ir embora. — Essa frase, dita em outro contexto, certamente teria acabado comigo.

— Justo. — Olhei ao redor, vendo o sofá cinza-escuro que conhecia de seus stories no Instagram. — Cadê o Garfield?

— Por aí... — Deu de ombros. — Foi mal estar descalço, é que está um calor do... — ele terminou com um palavrão, fazendo-me rir.

— Você tem um escritório? Para trabalharmos?

— Então, eu transformei o meu escritório em um estúdio para os vídeos...

— Se tiver uma mesa e uma cadeira, por mim está ótimo.

— Então podemos começar. — Ele deu outra garfada em sua comida chinesa.

Tentei seguir Celebrity, mas algo me impediu: seu gato, Garfield. Ele veio do corredor, balançando o corpinho como se quisesse chamar atenção, mas provavelmente só estava agindo do seu jeito natural. Adorável!

— Meu Deus do céu, você parece um tigrinho! — Eu fiz a minha voz de falar com animais fofos, ou crianças. Agachei-me para fazer carinho no bichano, esperando que ele não fugisse de mim. Sempre achava que gatos eram muito ariscos. Bem, acho que minha preferência por cachorros era evidente, mas sorri para o gatinho gordo de Nathanael. A pelugem dele era malhada e alaranjada. — Que tigrinho mais lindo!

— Está renomeando meu gato? — Dava para perceber o seu tom de bom humor.

— Acho que combina mais com ele.

— Interessante, mas eu sou o dono do gato, ele come pra... caramba — ele se corrigiu antes de outro palavrão e colocou a caixinha de comida, agora vazia, em cima do móvel da televisão. Podemos dizer o mesmo sobre o dono, segurei-me para não rir com meu próprio pensamento. — E é gordo, alaranjado, então é meu Garfield — ele continuou.

— Ok. — Balancei a cabeça. Não iria discutir, até porque sabia que o nome que eu escolhera se aplicava mais.

— Pode seguir. A primeira porta do corredor é a do meu quarto, depois temos o escritório do lado esquerdo, o banheiro do lado direito e, ao fundo, a cozinha, no fim do corredor.

E então eu tive uma sensação de nostalgia diferente de qualquer outra vivenciada antes. Era como se conhecesse seu apartamento por meio dos vídeos. Entretanto, eu só conhecia algumas partes. Partes da sala, partes do escritório, vislumbres do banheiro todas as vezes que ele saía das lives para correr para lá. Então eu vi a primeira coisa que nunca vira antes: a porta de seu quarto. Ela era toda adesivada para ficar como a porta da Tardis, de Doctor Who, uma espaçonave em forma de cabine policial – semelhante a uma cabine telefônica de Londres, só que azul em vez de vermelha – utilizada para viagens no espaço-tempo.

— Esse é seu quarto?

— Sim, e tem mais coisas de Doctor Who lá dentro.

— Ah... — Controla a curiosidade, controla a curiosidade.

— Quer entrar?

— Uh...

— Quero dizer... Não foi uma cantada, ok? — Ele passou a língua pelos lábios, quase contrariando sua própria frase. — Eu só acho que você poderia gostar de ver.

Ou ele estava tentando me seduzir de uma forma muito efetiva: instigando minha curiosidade já normalmente acentuada.

— Por que não? — Dei um sorriso de nervosismo. Que fique claro que, caso ele tenha dado em cima de mim, não havia sido minha intenção cair em uma cantada tão ruim. Quero dizer, eu apenas queria ver como era seu quarto.

— Bem-vinda à Tardis. — Nathanael abriu a porta e entrou, pedindo-me para que fizesse o mesmo. E então me deparei com uma infinidade de objetos da série e de animes como Death Note, cobiçados por nós, gamers. Também algumas pelúcias obviamente obtidas na Disney. — A maior parte das coisas que tenho, uso de decoração para meu cenário dos vídeos — explicou, vendo minha cara de admiração por aquele novo universo. — Gosta de Doctor Who?

— Nunca acompanhei, pra ser sincera.

— Jura? — Ele quase pareceu ofendido, o que achei muito engraçado.

Eu reagia igual quando as pessoas diziam que Star Trek é uma cópia de Star Wars, sendo que Star Trek nascera antes. Se fosse para acusar alguém de plágio, esse alguém não seria Gene Roddenberry. Além disso, Star Trek é ficção científica enquanto Star Wars é fantasia. Você aprende isso assim que entra no curso de Letras, em Teoria da Literatura, então eu tinha um bom argumento.

— Juro.

— Posso te jogar a real?

— Sempre. — Ri da forma que ele usou para se expressar.

— É a coisa mais bizarra que existe no mundo! — Ele carregou sua frase de dramatização, mas acabou rindo no final, junto comigo. — De verdade, mas acho que é de um jeito bom. — Sorriu, então encarou a porta de seu quarto. — Doctor Who tem seus picos, sabe? Tem episódios péssimos, mas alguns episódios são tão incríveis que eu poderia te falar para assistir só esses... — Deu uma pausa brusca e suspirou. — Só que você não entenderia, porque os episódios desgraçados são necessários... Ah, mas essa série é absurdamente boa!

— Eu assisti episódios aleatórios com a minha irmã e até me interessei, mas...

— Muito grande?

— Sim — falou o ser humano que assistiu a todas as quinze temporadas de CSI sentindo que precisava de mais.

— Eu posso te resumir a série até onde assisti, a penúltima temporada com o Peter Capaldi, acho, em algumas horas.

— Eu adoraria.

Ninguém se oferecera para fazer isso antes.

— Mas temos que conversar sobre o roteiro. — E ele se sentou na cama, batendo no espaço ao lado. — Senta aqui comigo.

— Ah... — Isso é normal, isso é normal, isso é normal. Caminhei lentamente até o colchão king size e sentei ao seu lado, esperando que a situação não ficasse estranha. — Você vai querer começar a história com os amigos enjaulados?

— Na verdade, pensei em começar antes, mostrando um pouco como foram pegos.

Enquanto ele falava, abri minha mochila e procurei meu caderno de anotações, passando as páginas com planejamentos para os meus livros e chegando em uma praticamente em branco. Só havia uma coisa escrita: "Roteiro com Nathanael". Eu escrevera isso assim que chegara em casa no dia anterior, então devo admitir que também era muito ansiosa, ainda que não tanto quanto ele.

— E eu gostaria de fazer as cenas anteriores com um grande espaço de tempo entre uma e outra, deixando claro que existem coisas nesse intervalo que os personagens não lembram.

Escrevi tudo o que ele dizia, sentindo seus olhos sobre mim.

— A ideia é que os telespectadores descubram as coisas junto com os personagens.

— Eu acho que seria melhor começar com eles enjaulados, confusos com toda a situação, sofrendo com o confinamento, então voltamos ao início e essas cenas espaçadas. — Sorri para ele enquanto o via balançar a cabeça para cima e para baixo, em concordância. — Depois podemos fazer alguns cortes para a situação atual, eles tentando sair das jaulas, resolvendo os enigmas e, aos poucos, lembrando o que aconteceu. No final saberemos quais deles estão envolvidos naquela situação macabra.

Ele continuava balançando a cabeça. Fiz careta, preocupada com a possibilidade de ele odiar tudo.

— O que acha? Dará um ar ainda mais misterioso ao filme. — E completei diante dele calado: — Mas podemos discutir isso ainda. Temos um ano para escrever tudo.

— Uau, você é boa mesmo! — Apesar dos segundos em silêncio, era perceptível como ele estava impressionado. É, o mundo da escrita é impressionante!

— Eu aprendi que não há nada melhor em um livro do que começar com uma cena que instigue a curiosidade do leitor. O mesmo serve para filmes.

— Você acha que eu consigo trabalhar bem com isso depois? Como diretor?

— Se você se dedicar, por que não?

— Certo. — Nathanael parecia nervoso.

— Está tudo bem?

— Sim, eu só... — Suspirou, olhando para a porta do seu quarto. — Eu estou me sentindo como se tivesse entrado na Tardis, de verdade, e tivesse me transportado para outro universo. O seu universo.

— O meu universo?

— O universo dos enredos criados e modificados rapidamente, das organizações estratégicas, da mente que pensa em uma história como se fosse um quebra-cabeça só esperando para ser arrumado. — Olhou em meus olhos, deixando claro que estava sendo sincero. — Eu demorei meses para criar esse enigma!

— Nathanael, eu estou acostumada com isso. — Dei um sorriso gentil e coloquei minha mão sobre seu ombro, tentando reconfortá-lo. — Quando comecei, há um tempinho, eu também não era boa com organização. Meu primeiro livro foi criado no escuro, sem que eu tivesse a menor ideia de um final. Descobri a história junto com meus leitores.

— E como isso deu certo? — Ele arregalou os olhos, claramente espantado com minha desorganização. Acho que ninguém imaginava que no começo da escrita eu era desleixada, mas essa era a verdade. Por isso meus planejamentos eram tão confusos.

— Não sei. — Tive que rir, pois poderia ter sido um verdadeiro desastre. — Acho que ter nascido com uma facilidade colaborou, mas escrever leva tempo, tanto para preparar o livro em si quanto para escrever depois. Requer estudo, mas é tudo tão incrível de experenciar que você nunca se cansa. Escrever é a única coisa que sei fazer, por isso procuro sempre ser a melhor versão de mim.

— Você nunca tentou ser melhor do que os outros escritores? — Algo me dizia que era justamente isso que ele tentava fazer, só que não escrevendo. Ele queria ser o melhor cineasta.

— Admito que já fiz muito isso, até perceber que não vale a pena. E, na verdade, não é bem assim que as coisas funcionam. Se a gente se compara muito, acaba sem querer tendo algo semelhante com todos. Se tivéssemos o mesmo estilo de escrita, por que as pessoas leriam mais de um autor? Além disso, tem tanta coisa que podemos fazer ao escrever que, mesmo com assuntos semelhantes, só de ser outro autor o texto já muda. — Sorri, feliz em poder falar sobre aquilo. — Se inspirar em alguém é maravilhoso, mas não para tentar ser melhor. Só de ver a escrita incrível de alguém, posso sentir inspiração para escrever. Acho que preciso ser melhor do que mim mesma antes de ser uma das melhores.

— E você acha que melhorou?

— Infinitamente! Minha evolução, pra mim, é quase palpável de tão perceptível. — Tirei a mão de seu ombro, só então me dando conta de como estava ficando estranho.

— Você acha que consegue me ensinar essas coisas que sabe sobre enredos?

— É claro! — Dei meu sorriso de pura animação. Voltei algumas páginas e mostrei a Nathanael minhas anotações para um livro sobre anjos, ligado à minha fantasia atual. — Bem-vindo à minha Tardis. — Eu o fiz rir e comecei a explicar. — A grande graça do começo desse livro é que essa garota sempre foi chamada de louca por imaginar as pessoas como anjos. E então eu apresento um novo personagem, que ela jura ser um anjo. Como ela é tida como louca, a ideia é que nem os leitores acreditem nisso, até ele se mostrar como um anjo caído.

— Uau!

— É uma ideia bem simples e já usada outras vezes, mas o mais divertido nos livros é a forma como o autor desenvolve o que muitos outros já escreveram.

— E tem o fato de que anjos não estão mais na moda, não é?

— Sim, então não há momento melhor para escrever sobre isso.

— Como assim?

— Se você se torna o diferencial, é seu livro que as pessoas vão escolher copiar.

— Faz sentido. — Sorriu. — Você aprende tudo isso na faculdade?

— Como você...

— Twitter. — A resposta me fez lembrar da frase "estudante de Letras" na minha biografia. Justo. — Você aprende?

— Eu aprendi essas coisas com a escrita, na verdade. E em bienais do livro.

— Nunca fui em uma.

— Deveria. Agora você meio que é obrigado, já que quer aprender a desenvolver enredos.

— Podemos ir qualquer dia desses.

— A próxima é daqui a dois anos.

— Ah...

— Pois é. — Eu também só tinha do que lamentar. Havia ficado dez dias indo para a Bienal, chegando após as aulas na faculdade e saindo no fim da noite, e eu ainda sentia que precisava de mais. Não há lugar melhor do que a Bienal do Livro!

— Você aprende muito com outros escritores?

— O tempo todo.

— Acha que consegue me passar os mesmos ensinamentos?

— Pensei que eu fosse escrever o roteiro pra você — brinquei, fingindo estar ofendida. Ele deu uma breve risada e olhou para as próprias mãos.

— Você vai, é só que...

— O mundo da escrita é fascinante, não?

— Ah, sim! — Ele olhou para mim de um jeito estranho, quase como se estivesse hipnotizado. — Todo esse mundo novo é absurdamente fascinante. — Sorriu, parecendo analisar cada traço de meu rosto, que eu sabia estar avermelhado pela vergonha.

Por algum motivo eu sentia que ele não falava da escrita.

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