
Treine e apanhe
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Vadias, eu to com tanta saudade de vocês, que ódio.
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Nós corremos um contra o outro e ele pula ao passo que eu decido deslizar no chão para escapar do seu bote. Me coloco de pé em um pulo e olho o grandalhão sair do meio de uma montanha de neve, sacudindo a cabeça feito um cachorro molhado.
— Pare de fugir, Choi. — Jasper censura com o tom de voz entediado, assistindo a cena encostado em uma árvore a distância.
— Tá brincando? Olha o tamanho dele! — aponto Emmett, que se prepara para atacar de novo. Ele vai me esmagar!
Os irmãos trocam olhares e Jasper incentiva silenciosamente o muralha a partir para cima. Emmett abre os braços como se fosse me prender em um abraço de urso e eu, assustada, agarro seu pulso e o faço desviar do caminho. Uso um pouco demais de força e ele quase cai de cara no chão.
— Não seja medrosa! — Emmett disse. Arregalo os olhos para Edward, ao lado de Jasper, mas ele segue impassível. Eu disse para ele me deixar treinar, e ele vai me deixar treinar. Por que ele tem que respeitar todas as minhas escolhas, hein?!
Emmett me derruba com uma rasteira que eu nem vi chegando. Dou com as costas no chão e o grandalhão me olha de cima, entrando na frente do sol com um sorriso tão ofuscante quanto a luz da estrela.
— Poxa, China, pensei que você saberia lutar um Karate!
Eu me levanto e empurro o mais alto, com raiva.
— Eu não sei lutar! Por isso, eu pedi a sua ajuda para me treinar! — fuzilo o Jasper com o olhar, ele gira um graveto entre os dedos.
— Eu estou ajudando. — Ele responde calmamente.
— Como, exatamente?!
Ele sorri de canto.
— Emmett é o nosso lutador mais previsível. Te deixar brigar com ele é ter piedade.
O grandalhão me empurra para o chão de novo e entra um pouco de neve na minha boca.
— Devagar, Emmett. — Edward adverte. Eu o xingo em pensamentos por ele me deixar passar por essa humilhação.
— Não tem como ela aprender sem apanhar um pouco. — Jasper replica e nossos olhos se encontram. — E ela quer aprender, não quer, China?
Eu sou contaminada pela raiva. Estamos há uma hora nisso. Rolo para ficar de barriga para cima e Emmett agarra a gola de meu casaco, tirando-me do chão. Esperneio a mais pura impotência e penso em mandá-lo me soltar.
— Sem trapaças, Alysson. — Edward fala. Por que eu tive que pedir para que ele fosse a minha âncora moral? Justo esse maldito certinho! Cadê a Rose quando preciso dela?
— Foi mal, maninha. — Emmett me arremessa contra uma árvore e rachaduras são criadas na própria.
Minha respiração fica descompassada, e eu me apoio na árvore fraturada para ficar de pé. Alguns fios de cabelo escapam do meu rabo de cavalo e eu tento não surtar. Eu sou uma deles agora e mesmo assim não consigo lutar com eles.
Volto-me para Emmett e seu sorriso que nunca some do seu rosto. Dentro de mim, meu coração se divide entre a vontade de atacá-lo com tudo o que tenho e o medo de me ferir feio tentando.
Pela visão periférica, capto Edward dando um passo a frente, no entanto, Jasper agarra o braço dele. Meu medo aumenta e eu volto no tempo, no dia em que fui morta. Fico desesperada para sair correndo, não consigo controlar minha respiração.
— Para. — Edward ordena.
— Ela está nas minhas mãos agora. Não se meta. — Jasper responde. Emmett avança contra mim muito rápido e eu só consigo proteger o rosto quando ele me empurra bruscamente contra a árvore, derrubando-a com nossos pesos juntos.
Eu pensei que não sentiria mais dor, mas me enganei. Minhas costelas protestam e eu solto um gemido que faz Emmett hesitar.
— Tá tudo bem? — ele se inclina na minha direção e, sem pensar direito, meti ambos os pés no seu peitoral e o empurrei metros longe de mim. Emmett voou e eu me sentei de uma vez com a esperança de que o golpe surpresa tivesse o derrubado.
Ele caiu de pé a dez metros e inclinou a cabeça para o lado. Obviamente, não gostou muito da minha atitude.
Não quero que me machuquem de novo, eu penso. Uma chave se vira no meu cérebro e eu cerro os punhos enquanto me levanto. Deixo de lado todos os sentimentos que me afligem. Eu tenho que derrubá-lo. Não acho que Jasper me daria um desafio sem que eu tivesse a menor chance de vencer. Só acho mesmo... esse cara é meio cruel.
Solto o pouco ar que restava em meus pulmões e paro de respirar. Emmett estreita os olhos, interessado na minha mudança.
Ele corre para mim e eu, para ele. Me abaixo e agarro suas pernas, agindo feito um quarterback. Emmett passa por cima do meu ombro e eu o vejo rolando no chão quando o derrubo. Por instantes, não acredito na minha força e até olho para as minhas próprias mãos como se elas pudessem ter sido substituídas, mas eram as mesmas de sempre. Claro, bem mais pálidas.
— Para de pegar leve, Em. — Jasper orienta quando o muralha se põe de pé e tira o casaco azul que veste, atirando-o no chão.
O quê? Ele estava pegando leve?
Emmett pula em mim e eu não consigo fugir, vou para o chão com ele montado em mim. Instintivamente, soco o rosto dele e logo me choco com as rachaduras que brotam em sua mandíbula. Cubro a boca com as duas mãos enquanto Emmett se cura e fica com o rosto virado.
— Me desculpa!
Para minha surpresa, Emmett ri.
— Não colocando fogo em mim, o resto, eu perdoo. — Ele me diz e eu não posso acreditar numa coisa dessas!
Cem por cento curado, ele ergue o braço e eu arregalo os olhos, tirando o rosto da frente conforme o punho de Emmett encontra o chão ao lado da minha cabeça.
— Cara! — reclamo, indignada. Ele dá de ombros.
— Equidade, maninha.
— Já chega por hoje. — Edward decreta, furioso, mas Jasper entra na sua frente outra vez.
— Continue. — Incentiva. Emmett agarra meu pescoço e eu não faço ideia de como me defender de uma coisa assim. Minha posição é totalmente vulnerável, ele é duas vezes o meu tamanho e o desespero vira a chave do meu cérebro outra vez. O grandão me ergue e bate minha cabeça contra o chão.
Ai. Meus sentidos se perdem por uns segundos.
— Já chega, Emmett! — Edward vocifera. Jasper não deixa que o telepata se meta na briga.
— Você é tão forte quanto ele, Alysson. — Jasper me fala, de costas para mim, encarando fixamente meu namorado. — Você consegue sair daí sozinha.
Eu agarro os pulsos de Emmett e nós entramos em uma disputa de força. Nos parâmetros humanos, eu sentia que estava tentando afastar as grades de uma cela com as minhas mãos. Pude ver o esforço de Emmett para continuar me segurando e minha confiança aumentou.
Eu consigo.
Abro suas mãos e dobro a perna contra o peito, espremendo-a no pouco espaço entre nós dois para empurrá-lo com o joelho. É um verdadeiro teste. Até então, não tinha usado minha força desse jeito, só tive meus momentos de explosões, mas isso aqui é diferente. Me sinto incrível quando consigo tirá-lo de cima de mim.
Emmett desliza no chão, levantando neve para todos os lados e eu olho para os outros vampiros conosco como um reflexo ingênuo, quase perguntando se tinham visto o que eu fiz. Neve é jogada contra mim e eu perco a visão ao piscar repetidamente.
Fico de quatro e esfrego os olhos, mas aí Emmett agarra minha jaqueta e eu me sinto como uma daquelas crianças que os pais tem que arrastar para fora do mercado porque não param de fazê-los passar vergonha.
— Leve-a para o penhasco e a atire de lá. — Jasper recomenda e pela primeira vez, Emmett hesita em acatar com a sua ordem. Nós todos olhamos para o loiro.
— O quê? — ele balbucia.
— Passou uma hora e meia e ela não fez nada. Jogue-a do penhasco e deixe que ela volte tudo sozinha.
— Se você fizer isso, eu vou arrancar os seus braços! — Edward rosna entredentes e Emmett me solta.
— Eu não vou fazer isso.
Eu puxo fôlego. Tudo bem pelo grandalhão quase me dar um traumatismo craniano, mas ele não quer me empurrar de um penhasco. Fico tocada com a sua consideração.
Jasper solta um suspiro.
— Tudo bem. Eu faço, então.
O Hale dá um passo na minha direção e Edward agarra o braço dele, puxando-o e se metendo entre nós.
— Não toca nela.
— Ah. Saquei. — Emmett vê algo que eu não vejo e eu uno as sobrancelhas, confusa. Me levanto e Jasper avança na minha direção outra vez. Edward me defende, atacando o irmão.
Os dois são muito rápidos e até eu fico meio nauseada de acompanhar seus movimentos. Em questão de segundos, eles se batem setenta e duas vezes e quando se empurram, sei que estão empatados. Os vampiros se fulminam com uma troca de olhares e Edward mantém a posição defensiva na minha frente. Eu não sabia, a princípio, porque ele estava agindo daquela forma. Era óbvio que Jasper queria me dar uma lição humilhante, mas eu não me machucaria caindo do penhasco e não tinha porquê ele me proteger daquela forma, mas percebi que Jasper estava brincando com a cabeça dele.
O motivo de ele estar provocando Edward e não a mim, eu demorei mais um pouco para desvendar. Eles se atacaram novamente e o empate seguiu por minutos, até Jasper agarrar a mão de Edward, a torcer e o virar de costas, fazendo-o se ajoelhar na minha frente.
Ele está machucando o Edward. Eu o encaro.
— O que você está fazendo? — pergunto com uma voz meio robotizada.
— Eu vou matá-lo. — O loiro me avisa.
— Não.
— Eu vou. E você não vai fazer nada. Mal consegue se defender, quem dirá a ele.
Jasper puxa os cabelos acobreados de Edward e ameaça arrancar a cabeça dele.
— Solta. — Ordeno entredentes.
— Se usar seu dom em mim, vou jogar a cabeça dele tão longe que levaremos dias para encontrá-la novamente. — Eu pulo nele assim que ele termina de falar. Jasper libera Edward para poder se defender e nós dois rolamos na neve.
Como um animal selvagem, cravo os dentes no pescoço do loiro com meu veneno e ele me joga para o lado. Nós nos levantamos em sincronia. O semblante dele é rígido, impenetrável. Vejo meu reflexo nos seus olhos e não me reconheço, minha pose é agressiva e minhas mãos estão abertas como garras prontas para arranhar. Jasper sabe como ativar meu lado selvagem. Ele apenas lança outro olhar na direção de Edward e eu sibilo.
— Não toca nele.
— Você me mordeu. Isso é tão baixo.
Eu vi Dexter em Jasper naquela hora, seu sadismo e inteligência perversa. Meu ódio aumentou de um jeito desproporcional. Ele estava pronto para mim.
— Vem, Choi. Me mostra o que tem. Todas as vezes que você perder para mim, eu vou matar o Edward de um jeito diferente na sua frente.
Ele era impiedoso e imprevisível. Quando achei que o tinha em mãos, ele me derrubava e me esmurrava. Todas as vezes que vacilava, ele me dizia que eu perdi um braço ou uma perna. Muitas vezes perdi a cabeça.
Pelo menos, não o deixei chegar perto de Edward outra vez e o telepata era segurado sempre que eu soltava um gemido de dor ou pensava em como Jasper estava me machucando, até ter de ser retirado de perto por Alice e Carlisle, que tentavam trazê-lo para a razão falando que isso era necessário.
O dia virou noite e a lua substituiu o sol sobre nossas cabeças, junto de lindas e milhares de estrelas. Honestamente, eu sentia que havia se passado minutos, porque eu estava odiando tanto Jasper Hale que não existia mais nada no mundo. Ele zombava de mim, parecia que estava brincando de luta com uma criança, dizia.
Comi mais um pouco de neve ao ser derrotada. De novo.
— Pensei que fosse mais determinada, senhorita Choi. — Ele disse e eu o olhei por cima do ombro, desejando que ele explodisse. Estávamos a sós. Mesmo Emmett cansou de me ver perder. Acredito que pelo que viu ao longo do dia, ganhou material o suficiente para zombar de mim por uma vida.
— Você é um puta cretino. — Reclamo. Odeio o chão. Odeio perder sem parar.
— Eu sou o que os outros precisam que eu seja. — Ele responde e eu franzo a testa. Jasper deixa eu me recompor, sua postura é tão perfeita que ele nem parece ter rolado em neve e terra por horas seguidas. Rasguei sua roupa e ele parecia ter saído de um campo de guerra. Eu sabia que não tinha como estar melhor. — Eu sou um tutor grosseiro porque você precisa aprender a lutar mais rápido. Ou a senhorita acha que teria um desempenho melhor se eu amaciasse o seu ego pelos feitos de um leigo qualquer?
Sua fala me põe para pensar. Ele não é nem de longe o meu professor favorito, mas não posso dizer que está errado.
— Não acha que aprendeu algo hoje?
— Acho que só aprendi a não gostar de você. Você e a Alice não tem nada a ver.
Ele sorri e olha as estrelas, ajeitando os punhos de sua roupa arregaçada.
— Me odeie à vontade. Valerá a pena, desde que vire a soldado que quer ser no fim do dia.
— E você acha que eu vou chegar lá?
Jasper volta a ficar sério e comprime os lábios.
— Espero que tenhamos tempo para ver isso. — Ele me estende a mão e eu hesito em aceitar. — Chega de treino por hoje.
— Não vai me jogar do penhasco? — ironizo.
— Não me teste. — Seguro sua mão e ele me ajuda a me levantar. Voltamos para casa caminhando. Nem imagino a dor nas juntas que estaria sentindo se pudesse. — Não vai precisar me odiar quando não estiver apanhando de mim.
Sorrio para o loiro, olhando-o torto.
— Não me teste.
[...]
Os dias seguintes foram uma repetição atrás da outra, mas as humilhações diminuíram significativamente a cada pequena vitória que eu obtive. Ouso dizer que sou boa em me defender e gostaria de poder me orgulhar desse fato, porém só estou sendo chamada de covarde pelos rapazes, porque mais desvio do que ataco.
No terceiro dia de treinamento, Rosalie e Alice entraram para a briga. Foi bom lutar com Rose porque era quase um igual para igual, nós tivemos mais empates do que derrotas para mim. Não preciso nem dizer que era inútil brigar com Alice.
Passei a odiar ela e o Jasper.
Emmett não me derrubava tanto quanto nos primeiros dias e eu estava rindo com ele e dele sempre que possível.
No quinto dia, Edward foi empurrado em minha direção e seu humor estava um pouco melhor porque o meu também tinha melhorado muito. A coisa toda tinha me dado um propósito e eu estava quase feliz a maior parte do tempo.
De manhã, eu testava meu dom em Dexter, aprimorando-o constantemente e tentando fazê-lo me obedecer sem ter que falar em voz alta o meu desejo. Até então, esse experimento, ideia de Eleazar, não deu resultado.
De tarde, noite e madrugada, eu apanhava e entrava neve nos meus ouvidos, olhos e boca. Perdia roupas lindas, rasgando-as impiedosamente.
Estavam sendo os melhores dias da minha vida.
Não me aproximei muito do clã de Denali, mas sabia que eles assistiam a cada passo meu como se eu fosse um animal cuja espécie eles nunca tinham visto antes.
Kate era quem se mostrava mais receptiva aos meus sorrisos educados e papo furado do que suas irmãs e eu via nela uma mistura intrigante da Rosalie com a Alice. Eu a acho incrível.
Ela participou de uma sessão de tortura contra Dexter quando ele não cedeu às minhas ordens de beber apenas o sangue que Carlisle o desse. Quando ela o eletrocutou segurando sua cabeça, eu não virei o rosto. Tudo o que pensei era que não queria estar no lugar dele.
— Pronta, senhorita? — Edward me perguntou antes de lutarmos e eu sorri.
— Pra você? Sempre.
— Buuh, arrumem um quarto! — Emmett vaiou e todos riram. Todos tínhamos nos reunido na clareira que abrimos enquanto lutávamos. As árvores que nos perdoem, o desmatamento foi sem precedentes.
Eu e Edward não nos levamos a sério, como o esperado. Não queríamos machucar um ao outro então tudo se transformou mais em um show de acrobacias bonitas do que qualquer coisa. Ele poderia prever qualquer ataque meu e os desviava com a destreza de um parceiro de dança, arrancando-me boas risadas; as mais gostosas. Eu o derrubei uma vez e sei que foi porque ele deixou. Edward ficou sob mim, cercado de neve e lindo como sempre. Seus olhos dourados brilhavam e ele me olhava como se eu fosse um anjo o salvando da devastação. Apertei seu pescoço.
— Morto. — Falei, sorrindo. Meus cabelos estavam na frente e não vimos Emmett fingindo que ia vomitar. Meu telepata apenas sorriu de volta e me puxou para um beijo, fazendo meu corpo cair sobre o seu, me cercando em um abraço maravilhoso. Eu amo...
Nós nos separamos quando Alice arfa, afastando-se do clima bom que nos cerca, atacada por uma visão. Fogos de artifício estouraram no céu a quilômetros de nós na cidade mais próxima. É um novo ano.
Eu desejaria Feliz Ano Novo a todos se Edward e Alice não tivessem ficado tão perturbados com o que havia na mente da vidente. O sorriso desapareceu dos meus lábios e eu olhei meu namorado.
— O que foi?
Edward se levantou comigo, ainda me abraçando.
— Nós temos que ir. — Ele disse.
— Por quê? Pra onde? O que você viu, Alice? — perguntei, ficando nervosa. Cenários de guerra se desenrolaram na minha mente, um mais violento que outro. Não estou pronta para enfrentar uma guerra.
Mas a voz de Alice mudou todo o curso dos meus pensamentos, como uma carreta fazendo uma curva na última hora.
— O Swan vai se afogar.
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