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1x02 - Quando eu era feliz

Quando eles me explicaram a situação, quase tive um colapso. Mille tinha um roteiro de uma versão atual de "Orgulho e Preconceito", originalmente de Jane Austen. Um roteiro que ela guardava há meses, e que Nathanael leu pouco depois de se conhecerem. Ele leu justamente porque estava contratando-a para escrever um roteiro para ele, e precisava de um parâmetro. Na época, ela não dera muita atenção ao fato, mas ele sim. Apesar de não ser fã de "Orgulho e Preconceito", Nathanael adorara o que a namorada fez com a história. E foi assim que a Netflix entrou na jogada. Com o tanto de contato que Nathanael tinha, um dia ele conseguiu fazer um representante da empresa o procurar. E ele mandou o roteiro. A equipe amou e resolveu fazer. Eles não estavam muito preocupados com a aceitação da dona do roteiro, porque, afinal, quem seria louco de recusar uma oportunidade dessas? Certamente não ela. Então Nathanael instruiu a empresa a ligarem para ela, porque seria mais impactante do que um e-mail. Imagino que fosse mesmo.

Após toda a burocracia, a venda dos direitos, a escolha da equipe, eles estavam na fase de cast. Era aí que eu entrava... Teoricamente. Eles me deram uma semana para filmar um vídeo atuando em uma cena com 5 minutos e muito drama. E eu tinha uma semana porque eles ainda não sabiam que eu estava desempregado, porque tinha vergonha de contar. E, como estava desesperado por uma oportunidade, tratei de ler o roteiro que me mandaram por e-mail e comecei a ensaiar. Para ser sincero, levei cerca de uma hora para entrar completamente no personagem e decorar tudo o que precisava dizer. Sempre tive muita facilidade com isso. E, por mais incrível que isso pareça, eu me conectei com ele. Por isso, cerca de 3 horas depois já tinha enviado minha "audição" para os responsáveis.

E comecei a ficar nervoso. Minha mãe estava fora, procurando emprego, pois havíamos combinado que ela faria isso caso eu falhasse novamente. Era o mais sensato a fazer. Mas, se aquele vídeo tivesse ficado tão bom quanto eu imaginava, logo teríamos um sucesso e tanto ao nosso alcance. Só que, naquele momento, eu tinha muito tempo livre para pensar. E como acabara de atuar uma cena relacionada ao primeiro encontro dos personagens, acabei pensando na primeira vez em que vi Sirena.

O ano letivo estava avançado. Estávamos fazendo as provas do terceiro bimestre, as dissertativas. Minha sala de prova havia mudado, assim como a de todos os alunos do terceiro ano. Tudo por causa de um escândalo de colas, envolvendo até o aluno mais inteligente. Por sorte eu não estava no meio. Sempre fui certinho demais para sequer considerar passar cola. Mas todos os alunos foram trocados da mesma forma. A sala de provas não fazia a menor diferença para mim, mas tive que agradecer quando me posicionei em meu lugar e vi a garota atrás de mim. Longos cabelos castanhos escuros, não completamente lisos, e também sem as molas presentes em um autêntico cabelo cacheado. Minha mãe o nomearia como "ondulado" e eu não podia descrever de forma mais precisa, pois eles me lembravam as ondas do mar. Mas não foi o cabelo que descompassou meu coração. Muito menos o sorriso radiante de dentes perfeitos. Aliás, por que ela estava sorrindo? Enfim... Eu me apaixonei à primeira vista por seus olhos, de um tom de castanho que me lembravam demais chocolate. Olhos de chocolate. O brilho deles davam um ar místico a ela, quase como se fosse uma personagem mitológica.

— Boa prova. — Ela disse ao perceber que eu a observava.

— Boa prova, hum... — Finalizei a frase daquela forma propositalmente, apenas para ter a oportunidade de saber seu nome. E ela não me decepcionou.

— Sirena.

Sereia. Não havia nome que combinasse mais com ela. A voz, como a aparência, era linda, como a de uma sereia. Ela pareceu notar que eu entendia o significado de seu nome, pois esboçou um sorriso de compreensão, mas não fez nenhum comentário.

— Frederico. — Sorri, estendendo uma mão levemente trêmula para ela. — Fred. — Completei, querendo que alguém finalmente me chamasse pelo apelido que tanto sonhara em ter.

— Boa prova, Fred. — Repetiu.

— Boa prova, sereia... Sirena. — Corrigi com pressa, envergonhado pelo deslize. Ela soltou uma risadinha que soava como música.

— Minha mãe ficaria feliz por alguém entender meu nome de origem grega.

— Você é descendente de gregos?

— Meu sobrenome é Pereira, então creio que não seja. Mamãe apenas ama a Grécia.

— Meu sobrenome é Ribeiro. — Disse, apenas para não haver desigualdade entre nós.

— Fred Ribeiro soa como o nome de um artista famoso. — Comentou. Naquele momento eu soube que seria impossível não me apaixonar por ela.

— Eu sou ator e cantor! — Revelei, um sorriso enorme me dominando. — Digo, não famoso, mas...

— Certamente um artista, e será famoso um dia.

— Como pode ter certeza? Eu posso ser péssimo tanto cantando quanto atuando. — Com minha indagação, ela apenas deu de ombros, como se não soubesse responder. — Você é de que série?

— Primeiro ano.

Dois anos mais nova.

— E já sabe o que quer fazer da vida? Tem uma veia artística também?

— Quem me dera! Sou um zero à esquerda para arte. — Riu, fazendo-me ter vontade de sorrir o resto do dia. — Mas adoraria entrar na faculdade e me formar em... — Ela subitamente parou de falar, olhando para algo atrás de mim. — O professor chegou. — Empertigou-se e abriu o estojo. — Boa prova! — Deixou de me dar atenção para encarar as canetas azuis e os lápis que alinhava, lado a lado, na mesa. Parecia um tanto metódica, o que me fez ter que conter uma risada.

Com pesar, virei-me para frente e esperei a minha prova. Era o dia de Física, então eu tinha certeza que seria o último a deixar a sala, o que deixava claro para mim que não teria como conversar com Sirena novamente naquele dia.

Mas eu não estava com azar naquela época, então o universo deu um jeito para que eu a encontrasse novamente, dias depois.

O amor não parece fácil, mas é. O que torna tudo difícil somos nós. Aprendi isso com Mille e, sinceramente, acho que não teria coragem de sequer pensar em voltar para São Paulo se não estivesse pensando nisso. Se eu conseguisse o papel, filmaríamos em São Paulo, cenário de toda a trama criada por Camille. E teria que enfrentar meu passado. Meu amor. Algumas pessoas dizem que vivem amores feios, e isso me faz pensar. Como algo tão intenso pode ser feio? Será que as pessoas que dizem isso estão vivendo um amor saudável? Porque eu nunca caracterizaria o amor como feio. Talvez esse seja o tipo de amor que se assemelha a um jogo que você pode não querer jogar.

Mas o meu amor não era assim. Desde o primeiro momento, ele foi puro e iluminador.

Quando eu revi Sirena naquela festa patética e caótica, sabia que não havia mais volta: ela precisava me notar muito além do mundo acadêmico. Não importava que fosse 2 anos mais nova que eu e que eu estivesse em ano de vestibular, eu precisava tentar. Prometera, após o encontro na sala, que se nos encontrássemos novamente, sem planejamento, eu teria que demonstrar meu interesse. E era exatamente isso que eu ia fazer.

Quando a vi naquela noite, meu coração pareceu empenhado em ganhar uma corrida de carro, e minha mão começou a suar. Quando ela me notou, foi como saltar de paraquedas. Eu não sabia o que podia acontecer em seguida. Por algum motivo, Your Song do Elton John tocava ao fundo, tornando o momento ainda mais precioso. Sirena sorriu e eu comecei a cantar sozinho, sabendo que ela ia perceber. Ela ainda conversava com a amiga, mas agora as duas olhavam para mim e minha cantoria inaudível. A música estava alta demais para ouvirem uma explosão, quem dirá a minha voz, mas eu cantava com o coração da mesma forma. Eu adoraria poder cantar aqueles versos diretamente para Rena. Eu poderia muito bem já ir planejando onde moraríamos e como poderia me declarar no discurso de casamento, porque uma coisa que eu sabia era que eu queria casar com aquela garota.

Ainda quero.

Eu não era escultor, nem mágico, e não podia dizer que a letra daquela música era para Sirena. Não diretamente, pois não foi uma música composta para ela. Mas eu sabia que um dia iria compor a música que seria de fato dela. E eu esperava, como Elton, que Sirena não se importasse quando eu declarasse quão incrível é a vida quando Sirena está no mundo. E sim, eu não sabia nada sobre ela naquele momento, mas você simplesmente sabe quando encontrou a pessoa certa. E eu encontrei.

Cerca de 20 minutos depois, após interagir um pouco com o dono da festa e alguns amigos, decidi ir atrás da minha sereia. Ela não estava muito longe, e percebi que também me observava vez ou outra. Será que também estava interessada em mim? Ou apenas percebia meus olhares indiscretos?

— Quer dançar? — Perguntei assim que me aproximei. Ela sorriu, os olhos brilhando intensamente. Parecia animada com alguma coisa.

— Ah...

— É sim ou não, não existe "pode ser" nem "talvez". — Com meu comentário, ela riu e balançou a cabeça. Apesar de soar um pouco presunçoso, senti que ganhara alguns pontos com ela.

— Você não perde tempo, não é? — Riu e esticou a mão. — Sim. — Antes que ela terminasse a frase, já tinha agarrado sua mão. Não queria correr o risco de ela desistir no último segundo. Puxei-a para a pista de dança improvisada e começamos a dançar. Foi quando nos demos conta de algo incontestável: éramos péssimos dançarinos. — Meu Deus, como o universo permite que dancemos? — Apesar da frase, ela continuou dançando. E rindo.

— Acho que ele não permite, nós que estamos quebrando as regras sagradas. — Também ri, rodopiando-a mesmo que a música animada não permitisse tal passo.

— Ainda bem que cantores e atores não precisam dançar!

— Se eu fizer um musical, talvez precise aprender.

— E você gostaria de fazer um musical? — Seu interesse era genuíno e logo me dei conta de que ela não era uma daquelas pessoas que achavam musicais uma besteira. Isso a fez subir mais um degrau no meu coração. Ela estava conseguindo adentrar meu coração muito rápido, mas eu teria que me preocupar em temer isso depois. Naquele momento, tudo apenas parecia perfeito.

— Para ser sincero, é um dos meus maiores sonhos. — Fiz careta, pensando que ela poderia achar idiota o fato de meu sonho não ser tão ambicioso, então completei: — Besta, não é?

— Na verdade, achei incrível! Minha série favorita na infância era JONAS, apenas porque eles sempre faziam músicas que combinavam com as situações e eles cantavam do nada.

— Você era fã dos Jonas Brothers?

— Sabe quando pedem para você se descrever com as coisas que te caracterizam? Eu digo 15 anos, brasileira, sexo feminino, não mais do que 1,50 e Jonatic. — O sorriso que ela deu ao dizer o nome dos fãs da banda deixou bem claro que eles significavam muito mais do que uma banda de irmãos para ela.

— Puxa, queria poder dizer que gosto tanto de algo assim.

— Você é artista, um dia vai ter um grupo enorme que gosta de você. Acho que vale mais.

Aquele sempre foi meu maior sonho, para ser sincero. Ser um artista e ser adorado pelo que faço. Entretanto, naquele momento eu só queria ser adorado por uma pessoa.

A noite estava perto do seu fim triunfal, mas eu não queria que acabasse. Dançar e rir com Sirena, mesmo sem o menor traço de álcool em nossas correntes sanguíneas, estava sendo como um sonho. Doeria me separar dela naquele momento, quase tanto quanto dói agora. E justamente por isso eu a convidei para um encontro, minutos antes de nos despedirmos. E, como se por milagre, ela aceitou! Havia algo de muito surreal naquela situação, porque eu, justamente eu, estava conseguindo um encontro com a sereia mais linda. Mas não tinha do que reclamar.

Nós nos encontramos várias vezes nas semanas seguintes, mas não nos beijamos até que a pedi em namoro. Essa é uma história para outra hora, mas acho que já deu para ter uma ideia de como foi fácil me apaixonar por ela. Só parecia que era o certo a fazer, sabe? Não como se alguém tivesse planejado isso, mas como se não houvesse nada mais na minha vida que pudesse causar tamanha felicidade. E, apesar de brigarmos de vez em quando, como qualquer casal, Sirena me trazia felicidade a maior parte do tempo.

É triste pensar que eu nunca avisei para ela que poderia ir embora. Eu simplesmente fui, e ela nem deve ter tido tempo para processar direito qual a minha motivação. A verdade é que tenho certeza que meu sofrimento foi maior do que o dela. Às vezes saber o que fez de errado é muito pior do que sair de um relacionamento sem saber o que fez ou o que deixou de fazer. Ainda mais sabendo que nunca poderei esquecer isso. Mesmo que ela me perdoe, não consigo decidir se me perdoarei um dia. É doloroso demais, tanto que dá até medo de dormir com o coração dilacerado e não acordar mais, porque ele desistiu de bater. E também tenho medo de dormir por não saber o que me espera quando acordar. Talvez eu cometa mais erros e cause mais sofrimento para ela. E eu sei que, se ela vir a me perdoar um dia, passarei o resto da minha vida implorando para que me ame novamente. Para que diga que me ama.

Estava pensando demais nela, e isso não era bom. Precisava de uma bebida forte para esquecer Sirena e para não ficar ansioso com a audição.

Mas é claro que as coisas não podiam ser simples assim. Minha noite de bebedeira na verdade foi um caos, e me causou uma dor insuportável.

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