Prólogo I
Ano de Darcren, 849
O jovem mestre Lissandre Di'Rosenvelth, caçula do poderoso duque Di'Rosenvelth, estava gravemente doente. Ao menos, era o que diziam.
Duas semanas antes, durante o baile de formatura de seu noivo, o príncipe imperial Mason Arcantis, ele havia sido publicamente desmascarado. Adoeceu logo após o baile e na capital, muitos murmuravam que sua súbita enfermidade era apenas um teatro barato para escapar do escândalo que abalava o império.
Provas foram apresentadas e testemunhos surgiram de todos os abusos que ele havia causado a colegas da Academia Mágica Imperial, especialmente a jovem ômega Mirabel Kennedy, quem o expôs diante de todos. A humilhação foi tamanha que o príncipe rompeu o noivado ali mesmo, diante de todos, e ainda ajudou Mirabel a trazer à tona os atos desprezíveis do ex-noivo.
Lissandre que antes era visto e tratado como a epítome da perfeição nobre tanto por sua beleza quanto por sua etiqueta impecável, de repente se tornou a maior escória detestada de toda a capital. Usando sua posição como companheiro do príncipe, ele havia orquestrado humilhações, sabotagens e até ações que, segundo os relatos, levaram um colega ao suicídio.
Mirabel, sua segunda maior vítima, era uma jovem garota ômega da casa marquês Kennedy, uma garota brilhante, inteligente e gentil, que tinha grandes possibilidades de se tornar uma Santa devido aos seus poderes de luz e cura impressionantes, sempre se tornando o centro das atenções, ofuscando até mesmo Lissandre.
Ele não suportava ser ofuscado e fazia de tudo para destruir quem o ameaçasse. Agora, no entanto, a maré havia virado. A adoração que ele antes inspirava transformou-se em desprezo. Até mesmo as tragédias que ele não causara começaram a ser atribuídas a ele. Lissandre Di'Rosenvelth se tornou a escória da capital, os rumores se tornaram ainda maiores e exagerados e tudo de ruim que acontecia, inevitavelmente se tornava culpa daquele vil e arrogante ômega.
Então, além de humilhado, descartado e trocado em um instante, ele teve de retornar pra casa sozinho pois até seu irmão que o acompanhava na festa o deixou de lado pra confortar a pobre Mirabel.
E durante a noite, teve dores de cabeça e pela manhã, já estava doente, incapaz de se erguer, de falar e sem nenhum sinal de melhoras, delirante de febre.
Alguns até diziam que estava fingindo uma doença pra evitar as consequências de seus atos, o que apenas fazia sua reputação ainda pior, mas os médicos que o visitavam confirmavam sua febre alta e mal-estar, embora não soubessem a causa, muito menos o porquê de a febre não ceder.
Depois de inúmeros tratamentos e visitas constantes de sacerdotes, todos já o consideravam morto, já que apenas piorava.
Em uma manhã, sua febre diminuiu misteriosamente. As criados mais íntimas festejaram alegres com sua melhora, elas haviam criado aquele ômega desde que era um bebê, vê-lo morrer tão jovem seria trágico.
Quando o deixaram para correr atrás de um médico, aquele ômega fraco, assustado e ainda debilitado se ergueu da cama, os músculos estavam fracos e cada movimento era doloroso, cada passo um esforço enorme para ele, que enfim chegou à janela, onde uma garoa fina caía, trazendo um alívio momentâneo ao calor que ainda parecia consumir seu corpo. E num impulso, subiu no parapeito da janela com dificuldade, os músculos trêmulos e a mente inundada por um único pensamento: fugir.
A porta se abriu de repente. Uma criada carregando uma bandeja com sopa e água mal teve tempo de reagir antes de ver o jovem mestre saltar. Seu grito de horror ecoou por toda a ala norte da mansão.
Naquele mesmo dia, a capital se incendiou com a notícia do suicídio do caçula dos Rosenvelth.
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