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26 | Uma Meia Verdade

Correndo entre as árvores retorcidas, Lissandre sentia os pulmões queimarem no tórax, sua vida valia mais do que qualquer coisa e desde o começo, se não estivesse tão desesperado para viver, teria ignorado aqueles sonhos.

Sua respiração era ofegante, vez ou outra escorregando em alguma folha ou raiz alta, sequer ousava olhar para trás.

De repente, um arrepio percorreu sua espinha. Antes que pudesse olhar para trás, o som alto do bater de asas o atingiu, uma ventania que quase o jogou pra frente enquanto a escuridão o cercava completamente, antes de mãos frias e ásperas envolverem sua cintura. O grito preso na garganta finalmente explodiu quando ele foi erguido do chão, os galhos das árvores passando em um borrão abaixo de seus pés, a consciência de que o que o cercou antes foram as asas e que agora, era erguido no ar o fez congelar.

O vento frio cortava seu rosto enquanto o demônio o carregava para o alto, suas asas gigantescas batendo com um som tão alto que Lissandre quis se encolher cobrindo os ouvidos. Apavorado, viu como as árvores se tornavam cada vez mais distantes, até mesmo pôde ver uma cidade cercada por muros ao longe, a montanha cada vez menor quando de repente, tudo ficou claro e silencioso acima das nuvens e apavorado, Lissandre só pode se agarrar a única coisa que o mantinha vivo: o demônio.

— O chão! — exclamou sem fôlego, suas mãos apertando o braço de Ainzart. O demônio pairava no ar, suas asas gigantes batendo com suavidade, mantendo-os suspensos acima das nuvens. — Me põe no chão agora, besta! — berrou, a garganta queimando quando ouviu o demônio soltar um riso baixo.

— Como quiser. — e sem aviso, ele abriu as mãos e soltou Lissandre.

Por um momento, tudo ficou em silêncio. O vento começou a rugir ao redor enquanto o Lissandre despencava em queda livre. O grito que escapou de sua garganta parecia não ter fim, um som de puro desespero que nem Lissandre sabia ser capaz de soltar. Girando no ar sem controle, ele sacudia os braços e as pernas, como se pudesse se agarrar a algo pra se salvar, a certeza da morte se aproximando o deixou apavorado, seus olhos se fecharam com força apenas esperando o impacto enquanto rezava para que a mãe o recebesse ao menos.

Então, no último instante, as garras frias do demônio o alcançaram novamente, desta vez agarrando seu tornozelo. O corpo balançou no ar como uma boneca de pano enquanto o demônio sorria, erguendo Lissandre de ponta cabeça.

Ainzart flutuava com facilidade, um sorriso presunçoso estampado no rosto revelando aquelas presas e por um momento, Lissandre não conseguiu pensar em nada além do alívio de não estar acordando no pós-vida. Mal conseguia respirar, o coração quase saltava pela boca e como se nem a própria nudez importasse, as lágrimas começaram a cair de seus olhos.

Soluçando, tentou se soltar. Não queria fazer parte de algum jogo sádico dessa besta, antes tivesse só saltado de um prédio ou tomado algum veneno, seria mais rápido.

— Você me soltou! — se queixou como uma criança mimada, tentando se erguer naquela posição estranha. Sentia o sangue escorrer de seu tornozelo, as garras do demônio havia cortado sua pele, mas ele nem conseguia processar a dor. — Você me soltou, besta! — gritou agora furioso, a realização plena do que havia acontecido o atingiu como um golpe e ele se debateu, a raiva subindo rápido. — Você quase me matou!

— Apenas fiz o que pediu. — o sorriso do demônio se alargou, balançando Lissandre no ar e o ômega gritou, ainda mais apavorado.

— Você é completamente louco! Me larga, seu desgraçado!

— Tem certeza? — Ainzart o encarou com zombaria e Lissandre tragou as pragas e maldições que queimavam na ponta da língua, evitando olhar pra baixo, se sentindo exausto, faminto, apavorado demais para continuar com isso, se resignou a chorar e soluçar.

Ainzart o ergueu mais até que pudesse segurar em sua cintura, o virando como se fosse um brinquedo e, sem dizer nada, abriu as asas e alçou voo para bem alto outra vez. Lissandre nem tinha voz para questionar o que ele queria ou onde iriam, dessa vez agindo como se fosse um boneco inanimado, apenas chorando em silêncio até que sentiu aquela cauda do demônio rodeando sua cintura, o apertando e o medo de ser segurado apenas por aquilo o fez se agarrar aos ombros de Ainzart, seus olhos por um instante descendo e vendo o chão tão distante que gemeu e se encolheu, apavorado.

— Diga quem é. — o demônio disse por fim e Lissandre piscou atordoado. Olhando para o alto, não queria olhar pra baixo outra vez. — Quer que eu te solte outra...?

— Não! — berrou, se agarrando ao demônio, agora com as mãos e os pés, sem se importar se ele estava sujo ou se era aquela besta que tanto odiava. — P-por favor, não...

— Então me responda. — Ainzart insistiu. — Como sabia que eu estaria no lago? — seus olhos se estreitaram e Lissandre, que se agarrava ao corpo do demônio sentiu cada músculo de seu corpo enrijecer enquanto o estômago afundava. — Como apagou as chamas brancas? Somente uma santa ou paladino poderiam apagar aquele fogo. E você não é nenhum dos dois. — cada palavra que ele dizia fazia Lissandre se encolher mais, sua mente girando entre o medo da queda e o medo da mentira sendo exposta. — E onde descobriu meu nome? Se não responder, irei desmembrá-lo aqui em cima. Começando por uma mão, e então esses olhos, ou quem sabe...

— Oh... eu não fiz nada pra merecer isso! — Lissandre exclamou, voltando a chorar. — O que eu te fiz? Eu te bati? Eu te xinguei? Nem cuspi em você! Eu... — parou de reclamar quando o demônio segurou seu braço, suas garras pressionando em seu pulso e Lissandre soluçou, recuando e o encarando com os olhos arregalados. — E-eu só... te... encontrei por acaso... e-e usei umas plantas. — mentiu.

Não podia mencionar Mirabel, com certeza toda a gratidão do demônio iria para aquela garota e com certeza ele se tornaria outro de seu harém. Mirabel dominaria até mesmo o antagonista, isso era ridículo!

— Mentira. — Ainzart disse e Lissandre espremeu os lábios.

— Eu... s-seu nome eu... achei em um li-AH! — o demônio o soltou outra vez, Lissandre mal teve tempo de se agarrar a ele, caindo outra vez, gritando e chorando pelo ar, as árvores cada vez mais próximas e por um momento, pensou que seria um fim mais rápido e indolor do que um desmembramento, mas então o demônio o agarrou no ar antes que chegasse perto das árvores e ele gritou frustrado.

Tremia desde a unha do dedinho do pé até o último fio de cabelo, incapaz de falar ou se mover, erguido no ar até ultrapassarem as nuvens outra vez quando Ainzart começou uma contagem regressiva. A mente de Lissandre demorou para processar o que acontecia, quando a contagem chegou à zero, tentou falar quando o demônio o jogou pra frente e outra vez, ele despencou.

Não se viu sendo agarrado pela terceira vez, desmaiou pelo medo no meio do caminho e quando abriu os olhos, estava com o demônio acima das nuvens. Dessa vez, nem tinha lágrimas pra gastar, queria vomitar e esbravejar naquele demônio, mas quando ele começou a contar de dez á zero, ele entrou em pânico.

— E-eu posso ver o futuro! — gritou, desesperado em manter suas mentiras, ainda que sentisse que não podia esconder muita coisa do demônio. Antes dissesse o que sabia camuflada por outra mentira do que não dizer nada e acabar morto por aquela besta. E felizmente, a contagem parou. Ainzart arqueou uma sobrancelha, o encarando com interesse. — P-posso ver tudo o que acontece pelos próximos anos. E-e sei que você vai acabar morrendo pelas mãos da Santa!

O demônio estava incrédulo no começo, mas então o que ele disse em seguida fez seu olhar escurecer e sua expressão ficou séria.

— Como faz isso? — questionou entredentes e Lissandre engoliu seco, se sentindo fraco ao ser encarado com tanta intensidade

— E-eu não sei... apenas faço...

— Meu nome... como sabe? — continuou, suas garras apertando ao redor da cintura de Lissandre. Pela diferença enorme de altura e tamanhos, suas mãos podiam se fechar completamente ao redor de Lissandre, que estremeceu, tentando conter as ânsias de vômito.

— Você... me disse. — mentiu, certo de que durante toda a história daquele livro, o demônio protegia seu nome com a própria vida.

Nunca disse seu nome a ninguém, nem mesmo ao seu subordinado mais fiel. Então, se ele mentisse dizendo que o demônio havia dito seu nome, o faria alguém confiável aos olhos do demônio, certo?

Ainzart analisava seus olhos como se buscasse qualquer rastro de mentira, logo Lissandre, o rei das mentiras, que tinha um olhar cheio de temor e sinceridade. O demônio não tinha certeza se acreditava ou não no que ele dizia, até que Lissandre, o vendo duvidar, decidiu usar sua última cartada.

— E-eu sei que não confia em mim. M-mas eu não vou te causar mal, olha pra mim, o que eu poderia fazer? — as palavras saíram rápidas, cheias de urgência. — Sou só um humano, sem maana suficiente para magia, sem fortalecimento, sou como... uma criança, que perigo ofereço? E... e-e sei que pode morrer durante a guerra. Que aquela espada vai tentar dominar sua mente e por isso, vai ser derrotad-ugh! — o aperto das mãos do demônio se intensificaram e ele perdeu o ar. — Eu... sei... como evitar isso... — conseguiu cuspir, já sem fôlego e o aperto cessou de repente, o que ele considerou uma brecha pra continuar. — Eu sei como enfraquecer aquela santa e como... te ajudar a roubar o trono do imperador... como destruir todos eles e...

— Se até sabe o que quero fazer, por quê me ajudaria? — a voz do demônio soou quase zombeteira e Lissandre o encarou, surpreso com sua pergunta.

Esperava que o demônio quisesse saber o que poderia fazer para destruir Mirabel ou o imperador, até mesmo conquistar o reino e não sobre seus próprios motivos. Então, quase como se fosse um filme girando em sua mente, tudo o que havia sofrido veio à mente.

Sequer havia aprendido a andar ainda e já ouvia como deveria se portar quando se casasse com o príncipe e se tornasse imperatriz. Sua vida, desde o primeiro fôlego, havia sido entregue à outra pessoa. Sua música favorita era a música favorita de Mason, que ele precisava saber tocar em lira, piano, flauta ou violino, afinal, Mason poderia querer ouvir a música favorita deles em outros instrumentos.

Sua comida favorita tinha de ser a do futuro imperador também, claro. Aprendeu a dançar, cantar, costurar, a lidar com todos os deveres dentro de um palácio, sua vida, cada passo, desde o dia em que nasceu, foi firmemente atado e moldado aos gostos daquele alfa.

Então quando entrou na academia de magia, dois anos depois do ingresso de Mason, ele já tinha alguém em seu coração e fingia que ele, seu próprio noivo, era como o ar. Lissandre até tentou ignorar isso, por dois anos inteiros seguiu o noivo tentando agradá-lo ou até mesmo participar de sua vida, afinal, um dia estariam casados e a harmonia familiar era importante.

Sonhava com o dia em que iriam reinar juntos, que carregaria seus filhos, que lidaria com o odioso harém imperial ou até mesmo auxiliaria Mason com as questões do império.

Por anos, se anulou e tentou desesperadamente agradar e se adequar a vida de outro alguém, apenas para ser ignorado e tratado com igual desprezo. Todos eles eram odiáveis, o que ele havia feito de errado? Colocar uma plebeia que pensa poder pisar na hierarquia em seu devido lugar era "bullying"? Manter a ordem entre as damas era "assédio escolar"? Não precisaria lembrar ninguém de seu lugar se eles não fossem tão irracionais!

Ainda podia ouvir todas as zombarias que ouvia na academia. Como noivo do príncipe, ficava à margem enquanto o príncipe corria atrás de uma nobre qualquer, enviando flores e a cortejando abertamente, Mason fez isso com ele. Fez dele uma piada para todos rirem e o descartou como lixo.

Havia tentado cancelar o compromisso antes, mas seu pai sequer dava uma chance para conversarem, o imperador não aceitava quando ele mostrava algum desgosto, quando tentou falar sobre isso com a tia, mesmo ela, riu e afirmou que um imperador ter seus casos era irrelevante e que ele deveria focar apenas na coroa e não no coração de um homem.

E foi o que Lissandre fez.

Pouco importava o afeto daquele príncipe desprezível. Aquela coroa de repente se tornou tudo o que almejava, ele era o mais competente a assumir o trono, havia sido treinado pra isso por toda a vida, era o certo, não? Quem se importava se teria de tirar alguns insetos do caminho?

Havia pensado que fugir era seu maior desejo, sobreviver sempre esteve no topo de suas prioridades, mas ainda sentia a fúria e a humilhação por tudo o que passou fervendo, o sufocando. Quem queria enganar? Era um tipo ganancioso, uma vida comum em fuga pelo mundo não era tão interessante quanto ter todo o poder de um reino na palma de sua mão.

Se pudesse voltar no tempo, teria envenenado pessoalmente aquela rata e todas as outras que almejavam sua posição, ele era a próxima imperatriz!

— Eu... quero destruir eles. Todos eles. — sua voz saiu trêmula após muito tempo em silêncio, não de medo, mas de ódio. Seus olhos estavam secos ao erguer o olhar, sustentando o olhar do demônio, que tinha um brilho de interesse. — Fui criado para ser uma imperatriz, mas roubaram a minha coroa. — seu tom era cada vez mais frio, embora não conseguisse ocultar a fúria em seus olhos. — Aquela coroa é minha. E eu quero ela, mesmo que tenha que reinar um mar de sangue!

Continua...

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