Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

03 | O Jantar

O vendedor havia descartado o colar como lixo. Os clientes que o testaram não viam alteração em suas próprias aparências diante do espelho e, frustrados, concluíram que era defeituoso. Mas a verdade era outra: o colar projetava uma ilusão que apenas os outros podiam perceber, deixando o usuário incapaz de enxergar a própria transformação.

Lissandre parou de caminhar ao perceber que ainda andava de um lado ao outro, erguendo aquele colar diante do rosto como um lunático. Queria experimentá-lo, mas sabia que seria inútil. Seus olhos não seriam enganados.

Uma batida na porta o fez quase saltar de susto e rapidamente escondeu o colar na manga do traje que usava, antes de autorizar a entrada.

— Jovem mestre, o arquiduque solicita a sua presença ao jantar. — ela informou de forma rígida e o coração de Lissandre quase saiu pela garganta.

Havia apenas um alfa no mundo que o fazia querer desaparecer: o arquiduque Cirrus Viebrecht Di'Rosenvelth. O homem que o ignorava desde que sua mãe, a arquiduquesa, havia morrido.

OCirrus era uma figura imponente e sempre ocupada. Irmão mais novo da imperatriz e único arquiduque do império, seu trabalho e responsabilidades eram infinitas. Entre reuniões intermináveis, decisões estratégicas e os negócios familiares, mal tinha tempo para respirar, quem dirá para interagir com seus filhos.

Apenas teve tempo de treinar e ensinar seu herdeiro e quanto Lissandre… bem, ele era um problema à parte.

Sabia que era uma criança caprichosa e os problemas que causou recentemente foram outra dor de cabeça que precisou de certo esforço para lidar. Abafar todos os rumores que surgiam só seria efetivo caso levasse aquele garoto para longe do foco do incêndio e assim poderia limpar facilmente a bagunça que ele havia causado.

Era tanta bagunça e ele mal havia terminado uma das suas antes de simplesmente tentar se matar.

Cirrus ainda sentia a pressão de uma enxaqueca só de pensar no assunto.

Na sala de jantar iluminada, decorada com janelas altas e luxuosas cortinas que emolduravam a vista de um jardim impecável, o arquiduque ocupava a cabeceira. Ele notou o filho entrando em silêncio, uma figura pálida e rígida, vestido de branco. Era difícil conciliar aquele adolescente frio e distante com a criança vibrante que ele viu certa vez, correndo no jardim fugindo de alguma instrutora.

Ele foi uma criança muito diferente do adolescente que tinha diante de si agora, uma coisinha miúda, pequena e vibrante, que se parecia muito com sua Elinor... agora ele só parecia uma cópia de si mesmo, com um olhar frio e distante, uma frieza quase inabalável ao redor que impedia qualquer um de se aproximar.

A sala de jantar em que estavam era um local bem iluminado, com janelas altas que davam vista a um luxuoso e bem decorado jardim. Um lustre elegante pendurado no teto, um enorme tapete azul cobalto contrastava o piso de madeira avermelhado e as paredes num tom de vinho com detalhes em dourado. A decoração da mesa e até o estofado das cadeiras confortáveis eram em tons de azul e dourado.

Lissandre sentia cada músculo do corpo rígido, mesmo se quisesse muito, não conseguia relaxar, a sensação de estar sentado sob finas agulhas fez suas mãos suarem frio diante do olhar do pai. O estômago embrulhava ao pensar no fim trágico que o aguardava, seu próprio pai o enviaria para tal desastre, sua mente tentando encontrar alternativas, talvez não ir nessa viagem? A fuga era mesmo sua melhor opção?

Não tinha chances de fugir antes da viagem, a mansão estava cercada por barreiras mágicas, runas que permitiam ao arquiduque rastrear cada movimento de seus ocupantes.

Ele não se sentia confortável diante do arquiduque e temia que o irmão também estivesse presente. Mal conseguia pensar com calma perto daquela figura opressiva, se o irmão que abertamente o odiava e soltaria fogos de artifícios ao saber de sua morte estivesse presente, sequer conseguiria falar algo, então resolveu perguntar de uma vez.

— E Damian?

— Está ocupado. — claro, os preparativos para a missão, Lissandre lembrou, soltando o fôlego que havia prendido de forma involuntária.

Mesmo se houvesse alguma pergunta por parte do arquiduque, para ele era antinatural fazê-las, ainda mais por não ser próximo daquele ômega que exalava frieza até em seus gestos mais mínimos.

A fruta não cai longe da árvore, pensou com ironia. Ele mesmo era um bloco de frieza.

O jantar seguiu em um silêncio sufocante, os talheres mal fazendo ruído contra os pratos. O jantar começou e terminou no mesmo silêncio mórbido e Lissandre já terminava um pudim de caldas de morango quando o arquiduque decidiu abordar o assunto: — Em uma semana, você será enviado à Sineá para concluir seus estudos.

Apesar de esperar por isso, saber que seu pai realmente o esconderia lá no fim do mundo fez seu peito se comprimir e doer, a sensação de abandono que sentiu a vida toda apenas se ampliando. Tentando demonstrar indiferença, acenou de forma suave, esperando o arquiduque deixar a mesa.

Como norma, ele não podia sair antes do patriarca e o arquiduque ainda parecia ter algo a dizer, mas ficou em um silêncio estranho, o encarando fixamente.

— Sua excelência ainda tem algo a me dizer? — abaixou o olhar e não viu como o Cirrus franziu as sobrancelhas, mas permaneceu em silêncio por mais alguns segundos antes de se levantar.

Lissandre esperou pacientemente e considerando seu silêncio uma resposta negativa, se levantou alguns segundos depois, curvando-se em respeito antes de se virar para sair.

— Não cause mais problemas. — Cirrus disse de repente, seu tom era sério e Lissandre estremeceu, se encolhendo um pouco ao se virar. — Uma pessoa morreu por sua causa. Agora foram duas. — e seu estômago afundou, o olhar fixo no chão tentando conter as lágrimas. — Não deixe chegar a três, Elisandre.

Lissandre sempre ouviu esses cochichos dos empregados, seu pai e irmão não o odiavam sem motivos. Ele era a causa da morte da arquiduquesa, o desprezavam e tratavam como se fosse ar dentro daquela mansão. Uma morta que ele sequer sabia o nome, os empregados não diziam, quem dirá o arquiduque e seu herdeiro que nem queriam vê-lo por perto.

Antes de se inscrever na academia, sua vida era seu quarto e seu pátio, a sala de estudos e um pequeno jardim de inverno que gostava de cultivar algumas flores. Ou tentar.

Por alguma razão, não conseguia manter uma flor que seja viva.

Quis rir ao perceber que nem seu nome seu pai sabia, ainda se sentia estúpido por pensar que ele teria um mínimo de relevância pra aquele homem.

Com um gesto, Cirrus o dispensou e Lissandre se curvou outra vez antes de deixar a sala de jantar às pressas, o peito oprimido, a respiração curta, se forçando a manter o foco e parar de ser tão sentimentalista.

Era alguém duramente treinado e ensinado de forma meticulosa a vida inteira para se tornar imperatriz, uma posição onde a fraqueza não deveria ser mostrada, os sentimentos oprimidos, uma posição que o obrigava a agir com a lógica e a razão, nunca com a emoção.

Infelizmente ele era mais emoção do que razão.

Então ao chegar em seu quarto, a fachada fria e controlada que ele sustentou durante todo o jantar desabou, gritando e arremessando tudo o que via pelo caminho, a raiva cega o fazendo quebrar as janelas com a mobília e chutando o que via pela frente até que, exausto, se sentou no chão.

Odiava aquele lugar. Aquela mansão, aquelas pessoas, aquela vida. E aquela morte que o aguardava, tudo era tão odioso e insuportável.

Se despiu e tomou banho, se odiando por seguir repetindo aquelas palavras em sua mente. Não havia incentivado ninguém a cometer suicídio, sequer conhecia ou se lembrava de ter interagido alguma vez com aquela garota estúpida, Liane ou algo assim.

Não importava, de qualquer forma seu nome estava em sua carta de suicídio e isso era suficiente pra incriminá-lo. Não tinha o que fazer sobre isso e sequer se importava se esse outro crime era jogado em seu nome, não é como se sua reputação fosse melhorar caso provasse sua inocência.

Já tinha a data prevista para sua morte e isso o deixou apavorado.

Continua...

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro