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8 - Apostas

"Casar significa perder a liberdade e, sobretudo, deixar de existir".

— Lady Anastácia Lumb. 

Na noite seguinte, quando Anastácia adentrou pela porta do The Royal, todos os olhares se voltaram para ela. No mesmo instante, a lady teve a sensação de que estava sendo avaliada. Depois que anunciara a decisão de se casar, aqueles homens com certeza passaram a vê-la como uma mercadoria à venda. Any estava ansiosa para saber quem seria o desaforado que lhe faria o primeiro lance. As apostas tinham se iniciado e lady Lumb tinha pleno controle de tudo.

Com muita confiança, Anastácia caminhou por entre as mesas ocupadas pelos lordes que cochichavam entre si, a medida em que, como verdadeiros abutres, lançavam olhares furtivos para a dama indomável. Any ignorou todos os buchinhos e apenas rumou ao seu escritório. Ela tinha muito trabalho a fazer, não havia tempo para colocar aqueles homens em seus devidos lugares.

Irritada com seu destino, a lady abriu o livro de contabilidade e enfiou a cara nos números. Ela estava segura por ora, mas sabia que em breve as consequências de sua decisão iriam devorá-la. Ah como Any detestava ser mulher naquela sociedade tão injusta!

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Lorde Matthew Morrison ainda estava irritado com sua Anastácia, embora já tivesse decidido que iria apoiá-la quanto aquela decisão estúpida de se casar. Eles precisavam acertar tal irritante situação, deviam resolver aquela pendência antes que tudo se tornasse um verdadeiro caos. Por isso, a contragosto, no dia seguinte o lorde foi até o clube de cavalheiros da amiga, objetivando pôr um fim naquele desentendimento descabível. Todavia, Matthew logo soube que teria de enfrentar outros problemas.

Naquela noite, ao adentrar no estabelecimento, o jovem Lorde encontrou o clube lotado, embora ainda fosse meio da semana. Todos estavam ali por Anastácia, ao certo muito daqueles homens já ansiavam em tomá-la como prêmio e aquilo o deixou à beira dos nervos.

— Lorde Morrison! — exclamou o barão de Caston, todo animado, ao notar a sua presença no salão. — Venha, junte-se a nós para um drinque.

Matthew sentiu todos os olhares recair sobre ele. Claro que todos iriam desejar se aproximar do jovem duque, pois ele era o melhor amigo de lady Lumb, seria muito vantajoso tê-lo por perto. Any se tornará uma aposta muito alta e Matt não gostava do rumo em que as coisas seguiam.

Naquele momento, o duque soube que todos no salão haviam se tornado seu inimigo, e só por cima de seu cadáver, Any se casaria com qualquer um deles.

Com um falso sorriso nos lábios, Matthew ajeitou o paletó azul em seu corpo, aprumou a postura e caminhou até a mesa do lorde Zimmer: o barão de Caston.

— Como tem passado, Morrison? — o barão despejou uma dose de um bom uísque em um copo e lhe entregou cordialmente.

— Muito bem, para falar a verdade. — Matthew sorveu a bebida sem demonstrar qualquer expressão de desagrado.

— Depois das últimas notícias, acreditei que estivesse de cabelo em pé. — comentou lorde Jones, o visconde de Laforte, escondendo o sorriso que ameaçava surgir em seus lábios finos.

— De que notícias se refere? — o duque indagou, arqueando a sobrancelha, fingindo inocência.

— A de que lady Lumb está à procura de um esposo. Qual outra notícia seria, meu caro? — disparou lorde Wilson, em tom debochado.

— Não estou preocupado com isso, Any sabe se cuidar. — Matthew declarou em tom neutro, ainda que estivesse remoendo de raiva daqueles imbecis.

— Estás falando sério, Vossa Graça? Pensei que ambos fossem demasiados próximos. Se minha memória não falha, creio que passaram quase uma década no Oriente Médio, juntos, em uma grande aventura, não é mesmo? Às vezes fico imaginando... Devem ter aprontado muito por lá, será que realmente são apenas amigos? — sugeriu o conde de Bastille, que se aproximou da mesa para disparar seu veneno.

Matthew nunca gostou do homem desde o tempo em que estudaram em Eton. Lorde Albert Davies sempre fora prepotente e egoísta, só pensava em si mesmo e não se importava que suas palavras pudessem provocar um mal-estar em outras pessoas. Seu egoísmo sempre deixou o duque enojado, teria sido melhor para todos se o conde tivesse ido embora de Londres e nunca mais retornado.

— Sim, eu e lady Lumb somos apenas amigos, lorde Davies. Mas ainda que fossemos algo mais, isso não lhe diria respeito. — Matthew retrucou rispidamente, provocando um clima de tensão ao redor da mesa.

— Jesus! Alguém morreu por aqui? Que clima fúnebre é esse? — questionou o jovem príncipe Louis ao se aproximar do grupo de cavalheiros.

— Vossa Alteza! — ambos os Lordes exclamaram em uníssono, curvando-se levemente em respeito ao ilustre membro da Coroa que era frequentador assíduo do The Royal.

— Tens a intenção de me colocar a par dos assuntos, ou apenas permanecerão me encarando como se eu fosse uma imponente escultura grega? — Louis interrogou, impaciente, puxando uma cadeira para se sentar à mesa.

— Ninguém morreu, Vossa Alteza. Embora, seja conhecimento de todos que, em breve, a solteirice de lady Lumb com certeza deixará de existir. — expressou lorde Michaelson, barão de Lionsville.

— Ah sim! Fiquei sabendo dessa inesperada novidade. Creio que a notícia surpreendeu a todos. Ah como vou apreciar acompanhar o desenrolar dessa temporada! Será fantástica, não acham? — o príncipe revelou, empolgado, fazendo Matthew bufar de raiva.

— Sim, vamos! — concordou lorde Wilson, também rindo.

O assunto estava prestes a se encerrar, o duque de Hereford iria iniciar uma nova conversação, se Louis não tivesse disparado suas intenções ao ar, chocando os presentes:

— Irei propô-la em casamento, algum de vocês possuem essa intenção?

Por um instante, o silêncio total tomou conta da mesa, enquanto todos os lordes encaravam o jovem príncipe sem saber o que pensar sobre sua inesperada revelação.

Matthew, após se recompor do impacto das palavras proferidas pelo príncipe, começou a rir histericamente, incapaz de controlar o ataque de riso que lhe abateu.

— Anastácia nunca se casaria contigo, Vossa Alteza. Deve ter mente que ainda cheira a leite da sua ama. Tenho certeza de que se a propor em casório, terá o pedido recusado. — assegurou, o duque, ainda rindo, levando o uísque aos lábios.

Claro que a forma como Lorde Morrison tratou Louis deixou o príncipe furioso. O jovem tinha noção de que era demasiado novo em comparação aos demais lordes sentados naquela mesa, poderia não ter suas experiências e tampouco suas idades, contudo, ele era membro da realeza e isso lhe propiciava muitos pontos, uma vez que ele, somente ele, poderia tornar Lady Lumb uma princesa. Isso era algo que deveria ser levado em consideração, antes de fazerem chacota de suas intenções.

— Posso não ter idade aparentemente adequada, mas posso fazer dela uma princesa. Ao meu lado, lady Lumb pode se tornar uma das mulheres mais importantes de Londres. — Louis rebateu seriamente, levando a conversa a um rumo perigoso.

Matthew, por sua vez, ajeitou-se na cadeira e encarou o príncipe caçula com severidade.

— Exatamente, meu jovem. És um membro da realeza e sua avó, a rainha, com toda certeza não tem qualquer intenção de manchar o brilho da Coroa aceitando que seu filho se case com uma mulher de reputação duvidosa como a de lady Lumb. Any não aceitaria sua proposta, pois ela também tem a noção de que um casamento contigo jamais se concretizaria. — Matthew, já mais calmo, tornou a recostar as costas na cadeira. — Além disso, Vossa Alteza, lady Lumb já é uma das mulheres mais importantes de Londres, é uma pena, no entanto, que tu ainda não tenha se dado conta disso.

Dito aquilo, Matthew voltou a ignorar o jovem príncipe cuja sombra da mais profunda tristeza se esboçou na face ao se dar conta de que não conseguiria fazer de Anastácia a sua esposa. As esperanças do jovem haviam se perdido, infelizmente, para seu desalento, sua paixão jamais seria correspondida e ter noção daquele lamentável fato partiu seu coração de tal maneira que Louis foi obrigado a deixar o The Royal para não cair no choro na frente de todos aqueles lordes desprovidos que quaisquer sentimentos.

— Então quem seria o candidato ideal para desposar Lady Lumb? — inquiriu o conde de Caston, antes de levar o charuto aos lábios.

— Nenhum de vocês, obviamente. — Anastácia surgiu inesperadamente, respondendo à pergunta antes que Matthew tivesse oportunidade de abrir a boca para despejar seu veneno.

O aparecimento da lady deixou todos os cavalheiros sem jeito, mal sabendo para onde deviam olhar, temendo enfrentar a fúria do furacão Anastácia.

Any, por sua vez, decidiu cortar o mal pela raiz e proferiu com demasiada confiança:

— Não me casaria contigo, Lorde Jones, pois tem vícios demais. Eu seria obrigada conviver com álcool e o ópio e não tenho vocação para engolir tais comportamentos degradantes sem lhe arrancar a sua masculinidade, se é que me entende. — Aquela declaração fez com que os Lordes escondessem o riso, tentando não constranger o visconde cujo tom mais vivido de vermelho tomou conta da face.

Anastácia então dirigiu a atenção ao lorde Zimmer que engoliu a seco, evidenciando o quanto o olhar astuto da lady o deixou apavorado.

— Já tu, meu caro conde, não é capaz de se controlar ao ver qualquer mulher, acho que todos aqui nessa mesa estão cientes de todas as vezes que esteve à beira da morte por conta de sua agitada vida sexual. Tenho intenção de viver por muito tempo, milorde, desse modo devo resguardar minha saúde, mantendo-me afastada de um matrimônio contigo. Nada pessoal, é claro. — Any sorriu, tentando aliviar o peso de suas palavras verdadeiras e ácidas até demais.

— Quanto a ti, Lorde Jones, tem dívidas enormes as quais deve arcar, culpa do seu vício em jogos de azar. Tenho intenção de preservar meu dote para um investimento futuro, o que me leva a crer que casar contigo não será uma boa opção, tampouco a ideia mais lógica. Não posso me casar com um homem que sequer consegue honrar suas dívidas ou sua palavra.

— Argumentos válidos, Milady. — o visconde de Laforte concordou, sorrindo. O homem tinha seus defeitos, mas ainda assim era uma boa pessoa.

— Já você, Lorde Wilson, és casado, e graças a misericórdia do bom Deus, a Inglaterra não permite a bigamia, tampouco o divórcio. Espero, de todo meu coração, que sua esposa tenha uma vida longa ao seu lado. Tem uma família muito bonita, milorde, não tenho qualquer intenção em destruí-la. — Um largo sorriso se formou nos lábios de Any ao elogiar o lorde. Todavia, o sorriso desapareceu do rosto quando seu olhar recaiu no maldito conde de Bastille que ela, em tão pouco tempo, aprendera detestar.

O lorde presunçoso lançou um olhar prepotente a Anastasia, ao certo achou que ela não teria coragem de afrontá-lo ali, na frente de seus camaradas. O que certamente foi um erro, pois Any encheu os pulmões de ar, antes de disparar rispidamente:

— Quanto a ti, conde, prefiro vir à miséria a me submeter como sua esposa. Posso estar desesperada, mas tudo tem limite. Jamais me casaria contigo, nem que fosse o último homem da face da terra. Não tenho qualquer intenção de fazer um pacto com o demônio, ao contrário, prefiro preservar a minha alma e a dignidade que ainda me resta. Assim sendo, o melhor a fazer e manter-me afastada de ti, mesmo que fosse os finais dos tempos.

Após aquela declaração tão sincera, todos ficaram espantosamente calados, como se tivessem recebido a notícia de que uma guerra terrível estava prestes a imergir. O conde de Bastille, no entanto, era o único a ostentar um leve sorriso debochado no rosto, fingindo que aquelas palavras não o atingiram.

— Às vezes, o ódio é um perigoso sinal de amor incubado, milady. — Lorde Davies sorriu de forma sarcástica. — Talvez ainda venhamos nos casar. — completou, zombando, antes de levar seu uísque aos lábios.

Any revirou os olhos impaciente.

— Só nos seus sonhos, milorde. Ou quem sabe nos meus pesadelos. De qualquer forma, na realidade isso jamais acontecerá.

Compreendendo que o assunto havia sido encerrado, Any deu as costas para os lordes, objetivando a retornar para seu escritório. Contudo, antes de se distanciar, o conde de Bastille indagou pegando a todos de surpresa:

— E quanto ao lorde Morrison? Que motivos tens para não se casar com ele?

Any, mais uma vez, sentiu o coração disparar de uma forma desconhecida ao pensar na possibilidade de se casar com Matthew. Algo dentro dela estava estranhamente errado e ela não tinha ideia de como reparar o dano. No entanto, naquele momento a lady optou por apenas limpar seus pensamentos desconexos e então voltou a atenção para a mesa, direcionando o seu olhar para Matthew que encarava o lorde Evans como se quisesse matá-lo.

— O duque de Hereford é meu amigo de infância. Quem em sã consciência se casa com o melhor amigo? — O toque de bom humor em sua voz dissipou o clima tenso no ar e fez com que os lordes tornassem a rir.

Contudo, ao lançar um olhar furtivo para Matthew, lady Lumb notou que ele ainda permanecia enraivecido, porém a fúria tinha se voltado para ela e a ira presente nos olhos azuis do seu amigo quase a consumiu por completo.

— Antes de partir devo acrescentar, milordes, que sou eu quem está no poder da escolha e não vós. Eu é quem estou avaliando os lordes que possuem o potencial de se tornarem o meu futuro esposo e não o contrário. A escolha caberá a mim, somente a mim. E no momento, há apenas um homem apto para se tornar meu marido e ele acabou de chegar. — Any informou, mantendo o olhar fixo no sir Smith que acabara de adentrar pela porta e ocupou uma mesa ao fundo do estabelecimento. — Com licença, milordes. Eu tenho assuntos a resolver.

Então Anastácia deixou a mesa e caminhou ao encontro de sir Smith que recebeu sua companhia com um largo sorriso no rosto. Uma imagem que Matthew detestou presenciar.

Ah como o duque odiava o fato de que sua amiga realmente iria se casar. Naquele momento ele a odiava e ponto.

— Sir. Smth! — Any cumprimentou o homem com um largo sorriso no rosto e logo puxou a cadeira de modo a se juntar a ele.

— Lady Lumb. — O homem retribuiu o sorriso. — Estás radiante como sempre.

Any sequer corou com o elogio, ela não era habituada a falsas modéstias e não iria começar com tal comportamento só porque necessitava se casar.

— Agradeço pelo radiante, apesar de ter a sensação de que hoje estou brilhando mais que o natural, uma vez que me tornei o centro das atenções da temporada. Talvez sequer consiga ter privacidade até que finalmente encontre um marido. — a Lady disse, em um tom bem-humorado, embora parte dela estivesse infeliz em se encontrar naquela embaraçosa situação.

Um riso alto escapou dos lábios de James Smith ao ouvir a declaração da lady mais perigosa de toda Londres.

Como se tivesse pressentido algo, Anastácia meneou o pescoço para o lado e seu olhar furtivo se deparou com o de Matthew que ainda a fitava em um misto de incredulidade e fúria. Any o ignorou, não tinha a intenção de lidar com Matt naquela noite.

— Já recebeu alguma proposta de casório, milady?

Any riu alto antes de responder:

— Ninguém ainda teve coragem ou a estupidez. Todavia, acredito que tão logo os eventos sociais transcorram, haverá muitas propostas e muitas surpresas.

Sir Smith riu, porém, sua atenção não se encontrava na mulher a sua frente, pois seus olhos verdes percorriam o salão como se estivesse a procura de alguém.

Naquele momento, lady Lumb que não era tola, suspeitou, pela primeira vez, que talvez as visitas constantes do homem ao The Royal se tratavam mais do que mero prazer carnal. James Smith poderia muito bem ter se interessado por alguma de suas damas, será que estava apaixonado? Any não quis pensar naquela hipótese, por ora ele ainda estava no topo na lista de se tornar seu futuro esposo. Mas nada era definitivo, tudo poderia ser alterado até que ela subisse ao altar e dissesse o temido "sim".

— Diga-me, Sir, devo pedir para que chamem alguma mulher para lhe fazer companhia? — indagou, Lady Lumb, como astúcia.

Os olhos do homem finalmente voltaram a encarar o rosto de Anastácia.

— Ainda não avistei Lucylle. Ela está disponível essa noite? — ele questionou, tentando esconder seu demasiado interesse na garota.

Até onde Any sabia, Sir Smith nunca tinha a levado para cama. Na verdade, Lucy não havia se deitado com qualquer homem enquanto estava a serviço no The Royal. Contudo, de alguma forma, ela havia capturado a atenção de Sir Smith e ter consciência daquele acontecimento deixou Any preocupa com seu futuro, pois ainda não havia ninguém que pudesse substituir Smith como futuro marido. Any estava em uma tremenda enrascada.

— Lucylle deixou de trabalhar no The Royal. Ela ocupará outra função em meus negócios. — Anastácia explicou vagamente.

Sir Smith, no entanto, não se contentou com aquela explicação, pois depositou as mãos sobre a mesa, inclinando levemente o corpo para frente de modo a encarar Anastácia com demasiada seriedade.

— Espero que essa nova função não seja algo ilegal. Lucylle é uma garota inocentemente, Lady Lumb. Não tem o feitio se envolver em problemas.

Any notou um leve tom de acusação na voz de Smith. Ele se preocupava com a garota e aquilo deixou Any aliviada.

— Todos os meus negócios estão dentro da legalidade. Eles podem ser considerados imorais, mas nunca ilegais. — assegurou Any — Mas não se preocupe, sir Smith, Lucylle ficará bem. Tenho planos grandiosos para ela. Lucy é uma boa mulher e merece muito mais do que o mundo lhe ofereceu até agora. Em breve tudo mudará para melhor, tenha minha palavra sobre isso.

James Smith nem fez questão de esconder o quanto ficou aliviado com a declaração de Any. O homem rapidamente tornou a recostar-se na cadeira e respirou profundamente se agraciando com a paz momentânea que lhe envolveu. O homem gostava de Lucylle muito mais do que Any havia imaginado; ele estava apaixonado e Any ficou satisfeita ao constatar aquele fato.

— Lady Anastácia Lumb, saiba que és uma grande mulher e tem a minha mais alta consideração. Jamais acredite se lhe disserem o contrário. És incrível e o homem que casar contigo, com toda certeza será um homem de sorte. — Sir Smith expressou, com orgulho, fazendo com que Any enrubescesse pela primeira vez na frente do homem.

Naquele momento, Anastácia se deu conta de que ele seria um bom marido, mas não para ela. O coração de James Smith pertencia a outra pessoa e Any não faria a menor questão de roubá-lo para si.

— Como estão as apostas em relação ao meu casório? Certamente já deve estar em posse da lista de nomes de homens que poderão me arrastar para o altar. — Any mudou de assunto, pois Smith já não era mais propenso a ser um candidato a se tornar seu esposo.

O homem arqueou uma sobrancelha desconfiado antes de falar:

— Não poderá apostar, Lady Lumb. Isso seria a mais alta fraude. Arrancariam nossas cabeças em praça pública caso algo do tipo ocorresse.

Any riu alto.

— Não se preocupe com isso, meu caro. Quero apenas saber quem são os nomes mais cogitados a me tomar como prêmio. Trata-se somente de curiosidade.

Ainda desconfiado, sir Smith estudou o comportamento de Any por um longo momento, mas logo tirou a famigerada lista do bolso interno de seu fraque e entregou a mulher.

Anastácia abriu o papel, sorrindo, e começou a ler os nomes. Para sua surpresa, havia mais pretendentes do que esperava. Talvez a situação não tivesse tão mal quanto pensava.

— Não aposte no conde de Bastille. Prefiro vir a miséria a ter que ir ao matrimônio com esse patife. — Any aconselhou, com veemência, e prosseguiu com a leitura até que seus olhos se separaram com um nome que ela jamais imaginou que estaria naquele papel: — Lorde Matthew Morrison? — exclamou perplexa — Quem foi o tolo que decidiu apostar em Matt? Oh que lamento! Perderá tanto dinheiro com essa ideia absurda. Por que não o aconselhou a desistir dessa aposta, sir Smith?

O homem, porém, apenas riu e em seguida disse:

— Sequer tentei persuadir o contrário. A pessoa que fez essa aposta me procurou com muita certeza de seu palpite, e ela sendo quem é, nem ao menos ousei a me opor.

— Suponho que não revelará quem é essa pessoa misteriosa. — Any investigou, sem muita esperança.

— Não agora, minha cara. Mas lhe entregarei esse segredo quando tudo terminar.

— Pode ter certeza de que eu vou cobrar. — assegurou Any, levantando-se da cadeira. — Apreciei nossa conversa, mas os negócios me chamam. Passar bem, sir Smith. — Despediu-se cordialmente e deixou que o homem aproveitasse a noite em paz.

Anastácia, entretanto, nem teve tempo de percorrer pelo salão, pois logo Matthew a interceptou pelo braço e ordenou próximo ao seu ouvido:

— Deves me acompanhar, Lady Anastácia Lumb. — Começou a guiá-la pelo salão, como se estivesse desesperado.

Indignada, Any puxou o braço para si, desvencilhando do toque de seu amigo que naquele momento mais parecia um ogro.

— Não precisa me agarrar, Vossa Graça. Eu o acompanharei de bom grado. Tenha modos ou pedirei para que se retire do meu estabelecimento. — A Lady ameaçou, entredentes, claramente furiosa.

Matthew, por sua vez, chocou-se com o tom que sua amiga usara com ele. O lorde já tinha visto Any agir daquela forma com outros homens, mas nunca com ele. De fato, a amizade de ambos estava estremecida, porém, Matt logo iria alterar aquela terrível situação.

Anastácia seguiu calada até seu escritório tendo Matthew ao seu encalço. Ao fechar a porta atrás de si, a Lady teve a sensação de que havia entrado em um campo de guerra, onde ambos eram verdadeiros inimigos.

Ao virar-se, lady Lumb se deparou com seu amigo encostado junto de sua mesa, mantendo os braços cruzados, avaliando-a com ares de julgamento. Any respirou fundo controlando seus impulsos e marchou rumo a garrafa de uísque. Mal enchera seu copo com a dose do líquido âmbar, Matthew fez questão de disparar suas acusações infindáveis:

— Já fechou o acordo matrimonial com Sir Smith? O que ele pediu em troca? Ficará com metade de seus bens e arrendatários? Abrirá seu próprio jornal? O quanto ele te extorquiu, Any?

Lady Lumb respirou fundo, sorveu um logo gole de sua bebida, antes de colocar seu amigo no devido lugar.

— Não que seja da sua conta, Vossa Graça, já que, se bem me recordo, afirmou com todas as palavras que não me ajudaria a encontrar um esposo. Todavia, como detesto injustiça, posso te assegurar que James Smith não me pediu nada em troca, sequer cogitamos a possibilidade de um acordo matrimonial, pois tal possibilidade fora rapidamente descartada. Sim, o homem é um bom pretendente, mas não para mim. Então guarde seu veneno, ou melhor, engula e morra com ele.

As duras palavras de Any ecoaram por aquele cômodo e atingiu em cheio ao Matthew que se retraiu, claramente arrependido de suas acusações. O duque tinha sido injusto com sua amiga, Any não merecia conviver com seu egoísmo. Ele deveria ser o seu maior apoiador, todavia, estava agindo de forma completamente oposta. Porém, havia tempo para corrigir seus atos e Matthew começaria a agir corretamente naquela noite.

Lady Lumb estava prestes a deixar o recinto, quando Matt segurou seu braço e logo falou:

— Desculpe-me, Any. Tenho sido injusto contigo. Por favor, perdoe-me.

Na visão Lady, Matthew pareceu tão sincero. Seus olhos azuis refletiam seu evidente arrependimento, e ao fitar a face do seu amigo por um período prolongado, novamente Any sentiu um estranho sentimento se agitar dentro dela. De alguma forma, Matt parecia tão diferente.

— Sim, Matthew Morrison, tens sido injusto e um péssimo amigo. Já é difícil lidar com a ideia de me casar, pior ainda é saber que me abandonou no meio do caos. — Any resmungou chateada.

Sem pensar, o duque envolveu sua amiga em um abraço apertado.

— Não diga que eu lhe abandonei, pequena Any. Eu jamais faria isso. Preferia que arrancassem meu coração a ter de te abandonar. Sim, eu fui um cretino e me arrependo profundamente por isso. Entretanto, eu estou aqui por você e permanecerei ao seu lado mesmo após seu casamento. Sendo assim, minha cara, faça questão de deixar claro para o seu futuro esposo, que nada nesse mundo, será capaz de nos afastar; nada, nem mesmo nossos respectivos casamentos.

Any sorriu e aspirou fragrância amadeirada que desprendida das vestes de seu amigo. E ali, envolvia nos braços fortes de Matthew, ela se sentiu tão pequena e segura. Ambos eram fortes juntos, e por alguma razão, Anastácia temia perdê-lo.

— Matt... Eu estou com medo. — revelou, tão baixo, que sua voz não passou de um sussurro.

O duque afastou-se sutilmente e segurou o rosto da amiga em suas mãos. Any era uma bela mulher, Matthew sempre teve consciência daquilo, mas, de alguma forma, Anastácia Lumb parecia tão diferente. Por um momento, seu olhar recaiu naqueles lábios carnudos e ele tentou imaginar qual seria a sensação de prová-los. Porém, quando o homem fitou os exuberantes olhos verdes da lady, ele rapidamente se recordou que Any era sua amiga e pegou-se profundamente confuso com aquela estranha sensação que despertou dentro de si. O duque estava perdendo a cabeça. Com toda certeza aquela história de casamentos havia mexido com seu raciocínio.

— Tens medo do que exatamente, Any?

Lady Lumb, tomada pela insegurança, afastou-se do amigo e de costas para ele, respondeu:

— Medo de perder meu pai. Medo de não conseguir um esposo. Medo de conseguir e falhar. Mas sobretudo, temo perder a minha liberdade. Ah Matthew! O que será de mim?

Rapidamente, o duque avançou até a sua amiga, fez com que virasse de frente para ele e segurou suas pequenas mãos nas suas.

— Não sei o que o futuro reserva para nós. Mas de algo eu sei: estamos juntos nessa história de matrimônio e logo riremos disso tudo. No final tudo ficará bem, pequena Any. — O sorriso contagiante de Matthew aplacou as inseguranças de Anastácia. Talvez houvesse uma esperança para eles; talvez existiria um final feliz.

Então alguém bateu à porta, fazendo com que ambos agilmente recolhessem para si, como se estivessem fazendo algo errado, o que obviamente não era o caso.

— Any. — A voz de Rosália soou do outro lado.

Em um sútil gesto de nervosismo, Anastácia alisou suas vestes antes de comandar em alto e bom tom:

— Entre.

Rose não estranhou o fato de que Any estava a sós na companhia de Matthew, aquilo era algo corriqueiro, o duque de Hereford tinha o hábito de visitar a Lady com demasiada frequência, ambos eram íntimos o suficiente para se encontrarem sozinhos em um recinto sem a companhia de alguma outra mulher.

— Isso chegou para você. — Rosalia entregou aquele envelope de grande importância nas mãos de Anastácia.

Confusa, Any encarou o selo da coroa, sem saber o que aguardava naquele pedaço de papel.

— Não vais abrir? — o duque indagou com certa curiosidade.

— É o selo real. Sinto um frio percorrer toda minha espinha apenas em imaginar de qual assunto deve-se tratar. — Any disse, um pouco apreensiva.

— Irá descobrir quando abrir, milady. — Rose sugeriu um pouco ansiosa.

Apesar da apreensão, lady Lumb sabia que não haveria outra escolha a não ser romper aquele lacre vermelho, afinal, ninguém com o mínimo de bom senso seria capaz de ignorar a coroa britânica.

Lady Anastácia Lumb,

Venho por meio desta missiva comunicar que amanhã, no período da tarde, eu rainha Victória, aguardo-a para um chá em minha residência: o Castelo de Windsor. Tenho assuntos a tratar com milady e acredito que esse seja um encontro inadiável.

Até breve.

Vossa Majestade, rainha Alexandrina Victoria.

Quando Anastácia concluiu a leitura, deparou-se com Matthew e Rosália extasiados com aquele convite inesperado. Any, todavia, não se alegrou. A rainha era considerada uma mulher astuta e com toda certeza havia algum propósito por trás daquele encontro.

— Mal começou a temporada casamenteira e já conseguiu um encontro com a rainha! Ah, minha querida amiga! Mal posso esperar pelo desenrolar dessa temporada! — exclamou, Rose, batendo palmas.

— De fato, pequena Any, estamos fadados ao matrimonio. Que Deus abençoe Londres, pois um furação está prestes a atingir. — brincou, Matt, rindo.

Anastácia também forçou um sorriso, embora soubesse que logo enfrentaria problemas. Entretanto, de algo Matthew estava certo, o matrimonio seria o seu fim e Any somente desejava que ao menos conquistasse um bom final.

Abençoado sejam lady Lumb e lorde Morrison, pois nada mais seria como antes.

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