"Nenhuma mentira pode ser escondida para sempre. Cedo ou tarde a verdade vem à tona. E a verdade, por vezes, tende a ser cruel".

— Lady Anastácia Morrison

Por alguns dias, a vida de Anastácia tinha entrado nos eixos. Ela voltara a frente de seus clubes, reassumiu seus negócios, retomou a sociedade junto a Davies e Hassan e deixou que a fama de escandalosa percorresse toda Londres que a julgava por não ter respeitado o período de luto. Any ficou revoltada, é claro, pois ninguém mais sofreu como ela ao perder o pai e não era a cor da roupa que poderia medir o seu sofrimento. Ainda se sentia triste, mas decidiu que tinha de seguir em frente e foi exatamente o que fez.

Todavia, a situação começou a sair do controle quando o jornal tradicional The London começou a escrever severas críticas a respeito de lady Morrison, insultando-a de diversas formas, declarando que ela era a maior percursora de haver uma queda com relação aos tradicionais valores morais e os bons costumes. Anastácia sabia que havia o dedo da rainha Victoria por trás daquelas ações. A monarca já havia declarado em público o quanto repudiava o The Ladies, alegando veemente que aquele o clube era antro de perdição, afirmando que mulheres de valores jamais deveriam frequentar tal estabelecimento, correndo o risco de ter a reputação manchada ao se associar como a escandalosa duquesa de Hereford. Contudo, apesar das severas críticas da rainha, o The Ladies seguia a todo vapor. Ao menos até aquela manhã.

Anastácia Morrison mal havia começado do dia, quando se sentou à mesa e Matthew lhe entregou o jornal, marcando a uma página que ela deveria ler.

LADY ESCANDALOSA, A DUQUESA DE HEREFORD, ESTÁ COM OS DIAS CONTADOS.

Por Joe Lancaster, out. 1889.

Anastácia Lumb é realmente o sinônimo da perdição. A única mulher evidentemente pior que ela, foi Eva a qual manipulou Adão até que o ingênuo homem comesse o fruto proibido e condenasse todos os homens uma difícil vida e mortal. Se eu acreditasse em reencarnação, poderia afirmar que Eva reencarnou em Lady Lumb, mas eu, como bom cristão, não acredito, portanto, afirmo que a duquesa é apenas mais uma mulher com o coração impregnado de pecado e uma mente tão diabólica quanto a de Eva. Pobre lorde Morrison que fora enfeitiçado por Anastácia, assim como Adão foi por Eva. Não devemos, no entanto, condená-lo pelos pecados de uma mulher.

Fato é que, lady Lumb está tentando arrebatar legiões de mulheres para seu exército de perversidade. Mulheres que estão deixando de lado os bons valores mortais e se alimentando de ideias absurdas quanto a igualdade de gênero, como se mulheres pudessem ser comparadas aos homens. Não podem e não serão. A prova disso é que Deus é do gênero masculino, criou Adão segundo a sua semelhança e a Eva da costela de seu filho adorado. Mulheres nasceram para acatar os desejos dos homens, qualquer mulher que faça o contrário disso, pode ser comparadas Eva, portanto estará traindo o esposo, bem como os valores cristão.

Contudo, meus caros, a sociedade britânica não será abalada por uma mulher rebelde. Os dias de glória de Lady Lumb chegarão ao fim. Ouçam o que eu digo: o bem sempre prevalece. Londres não será transformada em uma Sodoma, pois a rainha Victoria sempre intercederá por seus súditos de bens, que presam pela moral e os bons costumes. Enquanto tivermos forças, iremos lutar. Ladies, não se enganem, Deus está sempre vigiando, o caminho do mal pode estar à espreita, mas o caminho que leva ao céu sempre estarão em seus corações.

Abençoada seja essa nação! Abençoada seja a rainha!

Que Deus, todo poderoso, os protejam de todo o mau.

— MALDITO HIPÓCRITA MORALISTA! — Any bradou, furiosa, ao terminar de ler aquele artigo.

Matthew gargalhou alto.

— Ele me comparou a Eva, Matt! Isso foi longe demais.

O duque continuou rindo.

— Isso, ria. — resmungou Any. — Não se esqueça que nessa metáfora você é o Adão que foi manipulado por mim.

Matth cessou o riso no ato e ficou sério de repente.

— Muito prudente da sua parte, Vossa Graça. Eu posso ser pior que a Eva. Posso fazê-lo comer a maçã e ainda se engasgar com o caroço.

— O senhor Lancaster se enganou, você, minha esposa, é pior que a Eva. Duvido que algum dia ela tenha ameaçado matar Adão. — Escondeu o riso que ameaçou surgir nos lábios.

— Grhrrr! — bufou irritada. — Juro que se um dia eu encontrar como esse jornalista, irei desferir um chute tão forte nas bolas, que ele se lembrará da dor pelo resto da vida. Eu definitivamente o odeio.

— Acho que ele não tem coragem para sequer aproximar de você, minha linda. Eu com certeza não teria.

Então inesperadamente, Anastácia arregalou os olhos espantada.

— Será que nessa metáfora Rosália é a cobra.

Matthew cuspiu o chá que acabará de sorver e caiu na gargalhada. Any fez o mesmo. Aquilo era tão absurdo que chegava a ser hilário.

Mary Garrison que ouviu aquela conversa, aproximou-se de Any e falou:

— E por falar na cobra. — Entregou a missiva para Anastácia.

Any,

Preciso que venha ao The Ladies. URGENTE!!!

                                Rose

Anastácia rapidamente se colocou em pé. Rose nunca a chamaria se realmente não fosse necessário. Se a espanhola não havia conseguido resolver algum problema, certamente a situação era muito mais difícil do que o esperado.

— Mandem preparar a carruagem. Terei de ir ao The Ladies. — pediu a governanta.

— Algum problema, Any? — questionou Matt.

— Aparentemente sim. Rose não deu muito detalhe, apenas disse que é urgente.

— Se precisar de algo mande me chamar.

Any assentiu concordando e deixou a mesa. Aquele com certeza não seria um dia pacato.

_____ 💃🏻_____

Pouco tempo depois, Anastácia chegou ao The Ladies e se deparou com a polícia prostrada na frente de seu estabelecimento, enquanto Rosália praguejava algo em espanhol, discutindo com os guardas, deixando o sangue quente tomar conta de suas ações.

— O que está acontecendo aqui? — Any inquiriu assim que se aproximou do local.

— Interditaram o clube, Any! — respondeu Rose, aos berros.

Anastácia não gostou nem um pouco daquela informação e voltou a atenção para o capitão da polícia.

— Vocês não tem o poder de fechar o meu clube, posso assegurar que está dentro da Lei. Acredito que isso tudo é um mal-entendido, capitão — Leu o nome no uniforme — Carter.

O senhor de certa idade, postura austera, apenas se empertigo e declarou:

— Não há mal-entendido, milady. Tenho a ordem de impedir o funcionamento disso que a senhora chama de clube.

Any semicerrou os olhos. Pensou em dizer um monte de palavras grosseiras aquele homem, porém manteve-se calada. Ainda em silêncio, deu as costas para o oficial e começou a andar para dentro do estabelecimento.

— Senhora! Não pode entrar aí! — ordenou o capitão.

— Óbvio que eu posso. Para todos os efeitos o clube está impedido de funcionar, mas isso não exime o fato de que o imóvel me pertence, então, capitão, não tente me impedir de entrar em minha propriedade, ou terei de chamar seus superiores para relatar o atentado a minha liberdade.

O homem engoliu a seco e não disse mais nada.

Any adentrou no The Ladies, foi até o escritório e pegou a licença que lhe conhecia o direito de funcionamento do clube. De posse da autorização legal, retornou até o capitão e lhe mostrou a documentação.

— Como eu disse, senhor Carter. Meu estabelecimento está de acordo com a Lei.

O homem, todavia, abriu um sorriso sínico e afirmou:

— Não mais, milady. A rainha revogou as leis que permitem o funcionamento de seu clube. Além disso, implementou uma Lei que proíbe o funcionamento de qualquer clube destinado ao entretenimento feminino, sendo considerado ilegal qualquer estabelecimento que exerça atividade desse fim. A penalidade é passiva de prisão. Portanto, minha cara, seus documentos não passam de papel sem valor algum.

Em questão de instantes, a raiva tomou posse de Anastácia. Furiosa, ela pegou a autorização da mão do oficial e declarou:

— Isso é que veremos. A rainha não tem o direito de cometer um ato desses. As leis devem ser aprovadas pelo parlamento. Ouça o que eu digo, capitão. Eu posso ter perdido essa batalha, mas não perdi a guerra.

Any marchou a passos duros até a carruagem. Assim que fechou a porta, o capitão bradou:

— É a rainha da Inglaterra, ela pode fazer o que bem quiser.

Any o ignorou e falou apenas com Rosália:

— Rose, não se preocupe. Eu resolverei essa questão. Permaneça no The Royal e eu a encontrarei assim que possível.

A espanhola concordou com a cabeça e Anastácia rumou de volta a residência White em busca de uma solução para aquele problema.

_____ 💃🏻_____

Any entrou na casa esbaforida e marchou rapidamente até o escritório de Matthew. Por conhecê-lo muito bem, ela sabia que o duque guardava uma cópia dos livros a respeito das Leis do parlamentares. Se houvesse a possibilidade de recuperar o aval de funcionamento do The Ladies, a informação com toda certeza estaria em um daqueles livros.

Quando adentrou no escritório, quase caiu de costas ao se assustar com a bagunça espalhada pela mesa. Aquilo estava um caos.

Any começou a fuçar os papéis em busca do que precisava, tentando se encontrar de alguma forma. De repente, algo lhe chamou a atenção. Deparou-se com uma carta destinada a Matthew. A princípio achou que poderia ser algo escrito pelo pai dela, mas logo notou que a caligrafia estava diferente. Ela tentou não dar asas a curiosidade, porém, quando se deu conta, já tinha lido o remetente ao final da carta e o coração saltou um pulo ao ler "Sarah Peterson"

Movida pelo impulso — e também pelo ciúme — Anastácia pegou a carta e notou que foram escritas alguns dias antes de o pai dela falecer.

Sentou-se na cadeira e iniciou a leitura:

Querido Matthew,

Ao escrever essa carta, um misto de emoções tomou conta de mim. Talvez eu nem consiga a enviá-la, mas saiba que se chegou em suas mãos, foi porque, em um ato impulsivo, eu as coloquei no correio.

Enfim, Matt (acho que somos íntimos o suficiente para eu lhe tratar dessa forma), apenas quero lhe dizer que fiquei muito feliz por ter te reencontrado, ainda que em uma situação singular, mas o destino nos colocou face a face novamente e alegra meu coração saber que seu caminho tornou a se encontrar com o meu.

Sabe, Matt, eu nunca me casei, pois no fundo ainda te esperava, soube disso assim que eu o vi naquela cafeteria. Acho que meu coração sempre pertenceu a você e sempre pertencerá. Claro que me entristeceu saber que está casado com sua melhor amiga. Acredito que Anastácia sempre o teve nas mãos, pois você simplesmente abandonou tudo apenas para a acompanhar em uma aventura pelo Oriente Médio. Todavia, Matt, algo dentro de mim faz com que eu acredite que não se casou por amor (óbvio que existe entre ambos o amor de amigos), porém, acredito que não há o amor entre um homem e uma mulher. Isso me encheu de esperanças, significa que ainda posso tê-lo. Não me importo em ter de dividi-lo com ela, desde que você esteja em minha vida. Não me importo em ser sua amante, Anastácia tem sua amizade e eu posso ter o seu amor.

Vivemos bons momentos juntos, quando estudava em Oxford e eu sei que, por um momento, você cogitou a hipótese de me desposar. Seus amigos me revelaram. Éramos jovens, eu sei, contudo, eu fui sua primeira paixão e sentimentos assim não desaparecem no mar do esquecimento.

De qualquer forma, Matt, obrigada por ter retornado na minha vida e me concedido a oportunidade de ter provado os seus lábios mais uma vez. Por um instante, você me fez a mulher mais feliz do mundo; e fazia um bom tempo que eu não me sentia feliz.

Essa carta, Matth, foi escrita com o propósito de retomar o que foi interrompido anos atrás. É para lhe dizer que eu sempre te esperei e continuarei te esperando, pois você sempre teve o meu coração.

Com amor,

Sarah Peterson

Um caroço enorme se formou na garganta de Anastácia ao concluir aquela leitura. Com os olhos marejados em lágrimas, ela soube: Matthew havia beijado Sarah naquela noite, em Oxford; ele havia a traído. Any sempre esteve coberta de razão.

Em um rompante de fúria, ela passou a mão pelos itens dispostos à mesa, soltou um grito de raiva e derrubou os pertences, fazendo uma bagunça maior do que encontrara.

De repente, desabou em choro, sentindo a dor da traição se infiltrar em cada parte do coração que se quebrou por completo. Matt a traiu. Ele prometeu ser leal, mas na primeira oportunidade, tinha quebrado os votos matrimoniais. E, assim, a lady soube que aquele casamento nunca foi real.

Tentando-se recompor, Any, com as pernas ainda trêmulas, foi até a estante e pegou a garrafa de uísque, abriu a tampa e bebeu o líquido direto do gargalo. Enxugou as lágrimas teimosas que insistiram em cair, voltou até a mesa e escreveu uma curta missiva:

Rose,

Não serei capaz de ir ao The Royal. Surgiu outro problema para eu resolver. Entrarei em contato assim que possível.

A.

Dobrou o papel e pediu para que algum empregado enviasse o recado a Rosália. Tornou ocupar a mesa e sorveu o último gole da bebida. Não queria estar bêbada quando confrontasse Matthew. Desejava estar em plena estado de lucidez quando ouvisse a confissão que iria fazer tudo ruir.

Então ela apenas permaneceu sentada naquela cadeira e o aguardou. Em breve tudo se tornaria um caos.

_____ 💃🏻_____

Matthew Morrison retornou rapidamente a residência ao saber que o clube de Any tinha sido interditado. Soube, por meio de Rosália, que a esposa tinha ido à casa, então partiu ao encontro dela para conceder todo o apoio necessário. Mal sabia, o duque, que era ele quem necessitaria de ajuda.

Quando adentrou na casa, foi logo informado que Any estava há horas trancada no escritório. Ao abrir a porta, o ele inesperadamente se deparou com uma bagunça muito maior do que havia deixado, e no meio daquele caos, com os olhos cheios de lágrimas, encontrava-se Anastácia.

— Minha linda, eu vim assim que soube que o The Ladies foi interditado. — Começou a se aproximar dela. — O que posso fazer para ajudar?

Any levantou o olhar para encarar o maldito traidor.

— Fique exatamente onde está. Não ouse se aproximar de mim. — advertiu entredentes.

Matt franziu o cenho evidentemente confuso, porém acatou ao pedido. Não sabia o porquê a esposa estava sendo tão rude com ele.

— O que podes me dizer sobre isso aqui? — Mostrou a ele a carta escrita por Sarah.

O duque demorou a entender sobre o que se tratava, mas quando viu a caligrafia, sentiu o chão desmoronar sobre os pés, sabendo que estava muito encrencado.

— A- Any... — Gaguejou nervoso — Eu posso explicar.

Anastácia apenas arqueou a sobrancelha ao indagar:

— Apenas me responda uma pergunta: vocês se beijaram?

Matt fechou os olhos, e por um momento, temeu conceder aquela resposta. Ficou calado, não soube o que dizer.

— Não precisa responder, Vossa Graça. Seu silêncio foi mais esclarecedor do que milhares de palavras. — Colocou-se em pé.

Com medo de perder a esposa, rapidamente declarou:

— Foi apenas um beijo, Anastácia, eu juro. Eu estava bêbado e confuso. Sarah me beijou e eu cometi o erro de brevemente corresponder. No mesmo instante, percebi que apenas você é importante para mim, então eu me afastei. Juro que me afastei.

— Não muda o fato de que a beijou. Não altera o fato de que me traiu. — Soltou uma risada irônica que eclodiu no ar. — E mesmo estando errado, Matthew, você voltou para o hotel cheirando o perfume dela e ainda teve a audácia de tentar me colocar como vilã da história, acusando minhas amizades, tentando fazer parecer que era errada na história, quando o errado, na verdade, era você! Eu te odeio, Matthew Morrison! Nesse momento eu te odeio com todas as minhas forças.

Aquelas palavras perfuraram o coração de Matthew, fazendo ele cambalear para trás ao ser atingidos pela raiva de Any. Nunca ela havia tratado daquele forma.

— Any... — começou, aflito — Eu juro que foi apenas um erro. Quando notei o que estava fazendo, eu a rechacei, fui embora e disse que nunca mais eu queria vê-la, pois você, Any, é a pessoa mais importante do meu mundo. Você é tudo para mim.

A lady gargalhou alto.

— Você quer que eu acredite nisso? Como posso acreditar em ti, quando mentiu e escondeu tantas coisas de mim? Como eu vou acreditar em você depois disso?

— Porque eu lhe disse a verdade. Porque eu estava bêbado e cometi um erro. Porque não há um dia da minha vida em que eu não me arrependa de ter ficado na companhia de Sarah. Eu juro, Any, eu retribui o beijo apenas por alguns instantes, até eu perceber o que estava acontecendo, então eu me afastei. Eu não te contei a verdade, pois estava brava comigo só de saber que eu estive com Sarah, você não teria lidado bem ao saber da verdade. Eu sinto muito.

— Não estou lidando bem agora, Matt, porque isso nunca deveria ter acontecido. Por um instante, você retribuiu. Por um instante, não pensou em mim. Por um instante, eu deixei de ser importante na sua vida. Por um instante, você me traiu. Essa é a verdade. E por um instante, tudo entre nós ruiu.

Matthew começou a chorar desesperado. Anastácia passou por ele, mantendo a cabeça erguida e as costas eretas, sem demonstrar o quanto estava sofrendo. Foi até ao quarto e o esposo a acompanhou.

Any abriu o guarda-roupa, pegou uma mala e começou a jogar alguns pertences dentro.

— Any, por favor. Eu juro que foi apenas um relapso. Juro que eu a rechacei logo em seguida. Pelo amor de Deus, eu juro pela minha vida. — suplicou desesperado, chorando como Anastácia jamais viu.

A lady o ignorou, ajeitou tudo o que precisava por ora, fechou a mala e começou a andar rumo a porta.

Matthew a segurou pelo braço.

— Aonde você vai? — sussurrou quase sem voz.

— Vou para qualquer lugar longe de você.

Tentou retomar a caminhada, porém o duque se ajoelhou na frente dela, envolvendo os braços em suas pernas, impedindo que ela se movesse.

— Anastácia, eu juro por Deus que eu estou lhe dizendo a verdade. Não há ninguém mais importante na minha vida do que você. Eu te amo, Any. Amo mais do que és capaz de imaginar. Eu te amo tanto, que a mera ideia de te perder, me deixa desesperado. Eu amo você, Anastácia, não apenas como um amigo, eu a amo como um homem ama uma mulher. Amo-te por completo, você é a única que tem a posse do meu coração e todo o meu amor.

Anastácia sentiu os lábios tremerem e então desabou em lágrimas.

— Pare de dizer isso! Como eu posso acreditar nas suas palavras depois de tantas mentiras?

— Mas é a verdade, Any! Eu amo você por completo.

— CHEGA! — bradou, perdendo a compostura. — Não me magoe ainda mais. — sussurrou, completamente quebrada, sabendo que nada mais seria como antes.

Com muito custo, conseguiu sair do alcance de Matthew, desceu os degraus chorando, passou pela porta em uma velocidade impressionante e adentrou na carruagem.

— Para onde vamos, milady?

— Para casa. — disse baixinho. — Antiga residência Lumb. — completou.

O rapaz tocou a carruagem, enquanto Any desmoronava em choro. Levou aquela carta com ela, era a prova irrefutável que o marido havia lhe traído. Era a prova que usaria quando fosse pedir o divórcio. Any sabia: teria uma longa batalha a enfrentar.

Quando a carruagem parou em frente à casa em que crescera, Anastácia não teve coragem de descer. A última vez que colocara os pés ali, encontrou o pai morto. Aquela residência guardava muitas recordações. Any, cheia de temores, apenas ficou parada por um bom tempo observando a fachada, tentando encontrar a coragem para sair do transporte e adentrar naquela casa. As mãos transpiraram, o coração disparou. Por fim, depois de quase uma infinidade, sentindo-se completamente perdida, ela apenas pediu para que o cocheiro a levasse ao The Royal. E assim, pouco tempo depois, a carruagem se afastou, deixando a antiga residência Lumb para trás.

_____ 💃🏻_____

Já era fim da tarde quando Any adentrou no clube, arrasada, levando consigo uma mala e poucos pertences. Ao chegar no meio do salão, uma quietude tomou conta do local.

Rose, assim que viu o lamentável estado da amiga, saiu correndo ao encontro dela a envolveu em um abraço. Any, por sua vez, deixou de tentar ser forte e desabou no chão, chorando alto, não se importando com o que estavam pensando dela. Rapidamente, as demais funcionárias largaram tudo que estavam fazendo e apoiaram a lady em um grande abraço coletivo.

Davies, que acompanhou a cena de longe, logo soube que aquele era um momento íntimo. Agindo rapidamente, começou a esvaziar o local, mandando os lordes para fora, até mesmo desocupou os quartos, deixando o The Royal vazio.

Anastácia sentiu-se amparada por aquelas mulheres que jamais a abandonariam. Então finalmente tomou coragem para revelar:

— Rose, Matt me traiu com Sarah.

Por um instante, tudo ficou pausado em um silencio devastador. Então, logo depois, Rose soltou:

— ¡Maldito sinvergüenza. — praguejou em um espanhol.

Albert, infelizmente, ouviu aquela revelação e sentiu vontade de caminhar até o duque e o esgoelar.

Sabendo que Any estava um pouco mais calma, as meninas se afastaram, deixando-a apenas com Rosália.

Ainda abraçando Anastácia, os olhos da espanhola se encontraram com os do conde e ela o agradeceu silenciosamente por ter agido rapidamente ao esvaziar o clube.

Davies, por sua vez, levou a mão a cartola, despediu-se cordialmente e deixou o The Royal, concedendo a devida privacidade a sua amiga.

E foi aquele, o exato dia, em que tudo começou a ruir.

O que seria de Matthew e Anastácia? Apenas o tempo iria dizer.

_____ 💃🏻_____

Olá, ladies! Tudo bom?

Espero que tenham gostado do capítulo!

Não se esqueçam de clicar na ⭐️ e deixar seu voto!

Volto em breve!

bjssss