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41 - Luto

"Perder alguém para morte é algo desolador. Nada é capaz de consolar o coração daqueles que foram deixados. Apenas o tempo é capaz de curar as feridas. E o tempo é efêmero. Nem sempre é suficiente; nem sempre é capaz de curar".

— Matthew Morrison

Desde pequeno, Matthew sempre se orgulhou de sua amizade com Anastácia. Nunca foram capazes de esconder algo um do outro Matt, às vezes dizia que conseguia ler os pensamentos dela e vice-versa. Eram abertos um com o outro, como nenhuma outra pessoa poderia ser.

Todavia, após a morte do pai, Any, pela primeira vez, fechou-se por completo. Naquele terrível período de luto e solidão, Matt não foi capaz de alcançá-la. Any, que sempre foi uma mulher forte e cheia de coragem, fora arrebatada pela dor do luto. Perder o pai a atingiu severamente e ela definhou dia após dia, calada, presa em um mar de dor que quase a afogou. Matt, por mais que tentasse, não conseguiu alcançá-la. E aquilo o deixou arrasado.

Na primeira semana de luto, Any se enclausurou no quarto e somente viu a luz do dia, quando Matt ou a senhora Garrison abria a janela. Ainda assim, ela permanecia deitada na cama, incapaz de esboçar qualquer emoção além da tristeza absoluta.

Mary Garrison se estabelecera na residência White para cuidar de sua pequena. Uma missão impossível. Nem mesmo Matthew que era o maior confidente de Anastácia, conseguiu tirá-la daquele estado depreciativo. Mary, infelizmente, também não obteve êxito e ambos sofriam ao ver a pequena Any naquele lamentável estado.

Todas as noites, quando Matthew se deitava ao lado da esposa, ela se aninhava no refúgio dos braços dele e chorava até cair no sono. Matth a abraçava forte, tentando confortá-la da melhor forma possível, e somente caia em lágrimas, quando tinha a certeza de que Anu não o veria chorar.

Dia após dia, ele levou as refeições ao quarto e a fazia comer. Por vezes tinha de alimentá-la na boca, como uma criança, e com frequência, Any chorava ao sentir a dor lhe consumir. Mas estava comendo, não havia entregado as pontas — ao menos não ainda. O duque tentava reanimá-la de alguma forma e sempre lhe dizia como estavam os negócios, falava sobre o The Royal, bem como o The Ladies, porém, nenhum daqueles assuntos despertou qualquer emoção. Mesmo assim, Matt não deixou de lhe transmitir aquelas informações.

A pior parte, para o duque, era o banho. Sempre tinha de carregar Anastácia até o quarto de banho, caso contrário, ela não emitia nenhum desejo de se higienizar. Matt retirava as vestes dela e a colocava embaixo do chuveiro. Any, por sua vez, encolhia-se sob as águas mornas e se agarrava em Matt enquanto chorava e urrava, deixando esvair a dor que lhe afligia. Os ecos do choro se espalhavam pelo cômodo, ricocheteando diretamente no coração do duque. Ele não havia dito a ninguém, mas no fundo, temia perder sua Anastácia para o luto. Matt tentava ser forte, mas quando se encontrava sozinho, chorava tão alto quanto Any.

Todos os dias foram a sucessão de um ciclo de dor e desolação. Matt já sofrera com o luto, mas sua dor não chegou nem perto do que Any sentia, pois ele sempre teve uma família e ela já não tinha ninguém além dele.

No décimo dia, quando o duque se encontrava em seu escritório, afogando a dor no uísque, lady Katherine Morrison foi visitá-lo.

— Mãe. — Os lábios tremeram em um choro contido ao ver a mulher entrando pela porta.

— Filho. — Katherine rapidamente se lançou nos braços dele, pois como mãe, no primeiro olhar, viu toda a dor que lhe acometia.

Matthew chorou nos braços da mãe, como se fosse uma criança que nada sabia do mundo. Não era capaz de fingir que estava tudo bem, porque não estava. Ele não sabia o que fazer. Estava perdendo a amiga, travava uma luta às cegas e se odiou por não ser tão forte quanto precisava.

— Como Any está?

Matth engoliu a seco antes de responder:

— Não disse uma palavra desde que vira o corpo do pai sobre a cama. Passa o dia todo no quarto. Precisa de ajuda para comer e se higienizar. Apenas chora, dia após dia. Não sei como ainda possuí lágrimas, só sei que elas continuam caindo. Oh mãe... Any está definhando e eu não sei como ajudá-la.

Katherine abraçou o filho, permitindo que ele desabasse em seus braços maternos. Doía vê-lo daquela forma, tão fragilizado, tão triste. Tinha de ajudá-lo; tinha de encontrar uma forma de fazer Anastácia sair daquele luto. Katherine soube, naquele momento, que se Matthew perdesse Any, ela perderia o filho, pois ele jamais seria capaz de sobreviver sem a melhor amiga.

— Deveria ter me chamado. Não o deixaria sozinho. — Segurou o rosto do filho nas mãos e declarou: — Eu e suas irmãs passaremos um tempo aqui, na residência White. Somos uma família, Matthew Morrison, não o deixaremos só. Any faz parte da família e precisa saber que estamos com ela.

Matt respirou aliviado. Não era forte o suficiente para passar por aquilo sozinho. Any sempre foi mais forte que ele.

Maldição! Any precisava voltar.

_____ 💃🏻_____

A família Morrison se estabeleceu na residência White, e assim, nos dias que se seguiram, Matt pode ao menos dividir a dor com sua mãe e irmãs. Às vezes, quando se sentia imponente por ver a Any naquela situação, ele permitia que as irmãs dormissem com sua esposa. Any não dizia nada, apenas se agarrava em Felicity ou Joan e chorava até pegar no sono. Mas os Morrison's não foram os únicos a apoiar Anastácia. Rosália e as funcionárias do clube passaram a vir todos os dias, e relatavam os acontecimentos nos clubes, tentando, de alguma forma, estabelecer algum elo com Anastácia que apenas permaneceu apática ao mundo à sua volta.

Em um certo dia, Matt, depois de muito refletir, e embora ainda estivesse acometido pelo ciúme, decidiu que deveria permitir que os amigos homens a visse. Já havia se passados mais de duas semanas e não houve sinal de melhora, talvez fosse o momento de aceitar auxílio de outros. Matt faria de tudo para que Any ficasse bem. Então deixou o orgulho de lado e finalmente permitiu que Davies fosse vê-la.

Matt esperou que a mãe e as irmãs saíssem, para que finalmente pudesse ter a devida privacidade para receber o convidado. Já era difícil ter Albert ali, seria muito pior ter de lidar com questionamentos que ele não queria responder.

Davies chegou exatamente no horário combinado. Adentrou pela porta, cumprimentou Matt casualmente e então perguntou enquanto subiam a escada:

— Como ela está?

— Nada bem. — disse Matthew. — Não proferiu uma palavra sequer desde a morte do pai. Honestamente, não sei mais o que fazer. Talvez, quem sabe, você possa encontrar uma forma de ajudá-la.

O conde sentiu a tristeza do duque. Imaginou o quão foi difícil para Morrison revelar aquela impotência.

— Ficarei feliz se eu puder ajudar de alguma forma.

Matthew assentiu concordando e levou o homem até o quarto onde a esposa se encontrava.

— Any. — Bateu na porta, anunciando a chegada. — Lorde Davies veio lhe ver, minha linda.

Anastácia não respondeu, nem mesmo se mexeu sobre a cama. Permaneceu imóvel, olhando para o nada, perdida em um mundo que existia apenas na cabeça dela.

Davies franziu o cenho. A situação era pior do que ele imaginava.

— Deixárei-los a sós. — Matthew saiu o do quarto, torcendo para que Davies trouxesse a salvação.

Lorde Albert Davies, o conde de Bastille, sentiu o coração apertar ao ver Anastácia naquele terrível estado de desolação. Any não deveria passar por aquilo. Ninguém deveria.

Tentando não revelar a tristeza que lhe atingiu, Albert pegou a cadeira e posicionou de frente para Anastácia, de modo a olhá-la com a devida atenção.

Por um momento, ele não soube o que dizer. Estava triste demais. Entretanto, de alguma forma, conjurou toda a força, respirou fundo e começou a falar:

— Lembro-me da primeira vez que nos vimos. Talvez não vá se recordar, mas eu lembro perfeitamente. Temos quase a mesma idade, Any. Acredito que eu seja apenas um ano mais velho. Embora nunca fomos tão próximos na infância, saiba que eu a vi crescer. Então eu me recordo, com exatidão, a primeira vez que eu te vi. Na minha perspectiva, posso lhe assegurar que não é uma lembrança tão boa. Era uma manhã qualquer, eu como sempre, mesmo fosse bem mais novo que Morrison, adorava provocá-lo, pois sempre fui um tanto sincero e talvez um pouco cruel demais para minha idade. A essa altura, posso sim culpar o meu pai, pois quando se é criança, todo comportamento é um reflexo da educação familiar. E meu pai, de fato, foi um homem frio e cruel. Mas enfim, não me recordo o que eu disse ao Matthew naquela manhã, mas eu devo ter o magoado, pois você veio até a mim, uma garotinha tão pequena e magrela, e com toda coragem do mundo, fechou os punhos e socou meu nariz. Então esbravejou "Fique longe de Matthew, ou juro que levará muito mais que um soco". Acredite, naquele momento eu não fui capaz de esboçar nenhuma reação além da perplexidade. Como uma garota tão pequena poderia ter um soco tão forte? — Gargalhou ao se recordar da cena. — Aquela não seria a única vez que eu a veria agir com tanta coragem. Ninguém, além de mim, zombava de Matthew ter uma melhor amiga, pois todos admiravam a sua determinação. Apesar de ser uma garota, você não parecia ter medo de nada.

Albert tentou procurar alguma emoção no rosto de Anastácia, mas não encontrou nada, nem um misero piscar de olhos. Mesmo assim, ele prosseguiu:

— Então você cresceu, Any. E embora tivesse as curvas de uma mulher, ainda parecia uma garotinha com sede de desbravar o mundo. Acredito que Matthew jamais tenha lhe contado, mas ele ameaçou bater em todos os garotos que ousassem se aproximar de ti. Não que fosse necessário qualquer ameaça, ninguém teria coragem de se aproximar, sempre foi mulher demais para qualquer um deles. Quando fugiu para o Oriente, eu realmente não me surpreendi. Se existia uma mulher que poderia quebrar os padrões sociais e fugir da apresentação à sociedade, essa mulher com certeza seria você e nenhuma outra. Você sempre foi corajosa, lutou por seus desejos, agarrou a liberdade e jamais deixou que seu gênero lhe impedisse de fazer algo. Secretamente, alguns homens desejavam ser tão audaciosos quanto a ti. Eu sempre acreditei que teria um futuro grandioso. Jamais duvidei do seu potencial, afinal, crescemos juntos, embora não tão próximos, mas perto o suficiente para acompanhar a sua jornada.

O conde soltou um pesaroso suspiro e sentiu as lágrimas queimarem os olhos quando começou a dizer:

— Quando eu retornei à Londres, após sete anos. Finalmente nos reencontramos, e mais uma vez, em uma situação desagradável. Jamais contei isso a alguém, talvez por vergonha. Mas acredito que deva saber. Naquela noite, quando eu estive em seu clube cometendo ações injustificáveis, eu havia acabado de sofrer uma desilusão amorosa. Em um momento da minha vida, eu conheci uma mulher em Nova York, tivemos um relacionamento por seis meses e eu tinha certeza de que a amava. Estava preparado para começar uma família com ela. Eu a pedi em casamento, trouxe-a à Inglaterra para que ela pudesse conhecer a minha irmã. Então, naquele dia em que eu infortunadamente parei em seu clube, foi o mesmo dia em que peguei minha noiva, na cama, com o homem que um dia foi o meu melhor amigo. Eu nunca fui de chorar, mas naquela ocasião eu chorei. Com o coração despedaçado, adentrei no seu clube disposto a esquecer, ao menos por uma noite, a mulher que me magoou. Eu só queria um pouco de carinho, desejava me sentir acolhido por uma mulher. Porém, quando me aproximei da moça em questão, ela estava aterrorizada e me afastou. Naquele momento, senti toda a raiva me atingir. Por um instante, eu odiei todas as mulheres, pois cada uma delas era a representação daquela me provocou tanta dor. Então fiz algo impensável e graças a Deus, você apareceu para me salvar. Entretanto, saiba que, naquele momento, eu também te odiei. No outro dia, com a cabeça mais clara, eu refleti sobre minhas ações e fiquei envergonhado, ao mesmo tempo que senti orgulho. Não de mim, é claro, mas de você. Lady Anastácia Morrison comandava o mais importante Clube de Cavalheiros. Havia, finalmente, tomado seu lugar em Londres e eu fiquei feliz.

Albert então se aproximou de Anastácia, e depositou a mão próximo a dela quando revelou seus sentimentos:

— Contudo, agora, eu me sinto triste em vê-la nessa situação. Eu nunca sofri a dor do luto. Quando meus pais faleceram, eu não sofri como deveria ter sofrido. Eu sempre amei minha mãe, porém nunca fui capaz de perdoá-la por ela jamais ter me defendido do meu pai. Algumas magoas nós carregamos para sempre. Quanto ao meu pai, eu sempre o odiei, tanto quanto ele me odiou. Nunca fui o filho que ele desejava e ele também não foi o pai que eu desejei. Quando morreu, eu não senti dor, e sim alívio. Finalmente havia me livrado daquele homem. E o medo que eu senti não foi o de viver em um mundo sem ele, e sim de não conseguir proteger minha irmã, a única pessoa que eu sempre amei.

Ele enxugou as lágrimas que escorreram pela face e prosseguiu:

— E agora, sinto o medo me atingir novamente. O medo de te perder. Somente nesse momento, entendo a dor do luto e me fere o coração ver o seu sofrimento. Eu não quero te perder, Anastácia, pois finalmente nos tornamos amigos e acredito que há muito mais o que viver em nossa amizade. Ainda tenho muito a lhe mostrar. Eu não quero te perder, Any, porque você é importante para mim e também para Stephanie. Eu me recuso a te perder. Então você precisa ser forte, Anastácia, mais corajosa do que sempre foi. E eu estarei aqui, pronto para te ajudar. Eu não irei a lugar algum, então não ouse nos deixar.

Albert viu as lágrimas escorrerem pelo rosto da amiga e sentiu o coração se encher de esperança quando ela agarrou a mão dele. Any não disse nada, e nem foi preciso dizer. Davies beijou as mãos dela, limpou o rastro das lágrimas que molharam a face, despediu-se da amiga e finalmente deixou aquele quarto, sabendo que Anastácia ainda tinha um lindo caminho a prosseguir.

Quando o conde passou pelo escritório, Matthew o chamou.

— Ela disse alguma palavra? — indagou o duque, assim que fechou a porta.

Albert negou com a cabeça.

— Apenas segurou a minha mão e chorou.

Matt fechou os olhos e respirou fundo. Havia, no olhar dele, o brilho das lágrimas contidas quando voltou a olhar para o conde.

— És importante para ela, Davies.

— Anastácia também é importante para mim, Morrison.

O duque trincou o maxilar antes de indagar:

— Você a ama?

Albert ponderou por um momento, refletindo sobre seus sentimentos, então respondeu:

— Eu a amo como um amigo. Nunca cruzamos a linha além da amizade e fico feliz por isso. Nunca houve qualquer sentimento romântico entre nós, Morrison. Estou aqui apenas como amigo. Any é como uma irmã para mim.

Matt respirou aliviado.

— Obrigado por sua honestidade.

— Não me agradeça. Somente me diga eu que eu preciso fazer para ajudá-la.

— Continue vindo, Davies. Apenas venha vê-la. Acredito que, por ora, seja o suficiente.

— Eu virei.

— Enviarei missiva informando o horário certo para suas visitas. É melhor que estejamos sozinhos. Não quero ter de lidar com comentários de minha família, quando tenho preocupações maiores a tratar.

— Entendo perfeitamente, Morrison. — Colocou a cartola na cabeça. — Tomarei meu rumo.

Matthew abriu a porta e permitiu que o conde deixasse seu escritório. Não houve abraço, nem ao menos um aperto de mão. Embora tivessem chegado em um consenso, rivalidades de longa data como a deles, eram simplesmente difíceis de serem esquecidas. Talvez nunca fossem, mas algo havia mudado afinal.

_____ 💃🏻_____

Ainda naquela tarde, Matthew abriu outra concessão. Havia mais uma amigo que deveria ver Anastácia, e por mais que tivesse receio de que ela pudesse se abrir com ele, Matthew engoliria o orgulho ferido de bom grado se Hassan fosse capaz de tirá-la do luto. E foi exatamente o que o duque fez. Escreveu uma curta missiva e mandou enviar ao árabe. Não tardou para que o homem viesse até a residência White. Any tinha aquele poder sobre os homens, ela poderia fazê-los rastejar atrás dela, mas era respeitosa demais para agir de forma tão prepotente. Por àquela razão, todos a adoravam de uma forma inexplicável, e Matt os entendia, pois também era completamente rendido por ela.

As mulheres Morrison's já haviam retornado de seus afazeres, quando Hassan veio a residência a pedido de Matthew. Aflito e completamente pálido, o homem se esqueceu dos bons modos, sequer cumprimentou as ladies e foi logo inquirindo:

— Como Any está?

— Não está nada bem. Eu não o chamaria se tudo estivesse em ordem, mas não está. — Matt balançou os ombros. — Minha Any está necessitando de ajuda e precisa, mais do que nunca, do apoio de seus amigos. Acredito que deve vê-la. Ela perdeu a capacidade de falar, Hassan. Talvez você possa ajudá-la. Talvez ela precise ver que todos estão aqui por ela.

Hassan viu a dor nos olhos de Matthew. O duque estava sofrendo muito mais do que era capaz de expressar. Hassan se compadeceu da dor dele. Any sempre foi importante para Matthew, era difícil estar tão perto dela, ao mesmo tempo tão longe.

—Obrigado por me chamar. Espero que eu consiga ajudá-la.

— Eu também.

Matthew deixou que o homem adentrasse no quarto, então partiu, concedendo a devida privacidade aos dois.

Anastácia nem se moveu sobre a cama ao ser anunciada à visita de Hassan. Apenas permaneceu imóvel, olhando para um ponto da parede, imersa em uma outra realidade em que era consumida pela tristeza.

Hassan, ao contrário de Davies, não se importou com o decoro e deitou-se na cama ao lado de Any.

— Não vou dizer o quanto és importante para mim, Anastácia. Você já sabe disso, já lhe disse inúmeras vezes que até perdi a conta. Matthew está preocupado. Realmente estamos lidando com uma questão urgente, caso contrário, eu não estaria aqui. Sei que deve estar sofrendo além do que qualquer pessoa possa imaginar. Sei que sente falta do seu pai todos os dias, a cada instante, a cada respiração. Mas as pessoas morrem, Anastácia. É difícil aceitar, mas todos estamos fadados a morte. Ainda assim, é tão doloroso perder alguém. O que as pessoas não dizem é que, não sou eu, nem Matthew, ou qualquer outra pessoa que lhe fará milagrosamente sair do luto. Essa luta, não é nossa. É uma luta que terá de enfrentar sozinha. Nós apenas concederemos o apoio necessário para que consiga seguir em frente. Contudo, saiba que a dor dessa perda lhe acompanhará pelo resto da sua vida. Haverá dias bons, e também os dias em que o eco da morte irá te consumir por completo. Não é errado se sentir triste, é algo humano. Errado, minha querida, é deixar que te isso impeça de viver. Sua morte não trará o seu pai de volta à vida, tampouco significará que se juntará a ele no além desconhecido. A certeza é o que temos aqui, agora. Eu não vim te salvar, Any, pois essa decisão só cabe a você. Estou aqui porque eu me importo contigo e não quero te perder. Eu não vou a lugar nenhum.

Hassan pegou o livro disposto na cabeceira da cama. Era um livro que Thomas havia recomendado que Any lesse, antes, é claro, que ele viesse a falecer. O árabe não sabia, mas naquele dia, trouxe um pouco de vida à Anastácia.

— Que tal uma leitura sobre os mitos nórdicos? — Ele puxou Anastácia para mais perto e ela, por espontânea vontade, colocou a cabeça nos ombros dele.

Hassan iniciou a leitura. Any, não disse uma palavra sequer, mas também não chorou. Era um avanço, a luz no fim do túnel. Nem tudo estava perdido, afinal.

Quando o árabe finalizou o primeiro capítulo da história, soube que chegara o momento de partir. Despediu-se de Any informando que voltaria no dia seguinte e saiu do quarto. Matthew, que estava à espera dele, o interceptou pelo caminho, levando-o ao escritório.

— Ela disse algo? — inquiriu, em um misto de esperança e receio.

— Não. Apenas apoiou-se em meus braços e ouviu a leitura. Também não chorou.

Matt respirou fundo e levou as mãos no bolso da calça e cravou o olhar no árabe quando indagou:

— Você a ama?

incomodo silêncio habitou aquele cômodo, antes de Hassan responder:

— Anastácia foi a minha primeira paixão e acho que sempre haverá uma parte minha que será apaixonada por ela. Entretanto, há algum tempo, soube que eu amo, com toda certeza, mas como um amigo. Any jamais seria minha, Matt. Quando teve de escolher entre eu ou você, ela escolheu você. Sempre foi você e sempre será. Eu não tenho a mínima intenção de roubá-la, porque de nada me faria bem, estar com uma mulher cujo coração pertence a outro. — Balançou o ombro. — Antes de ser um esposo, você é um amigo, por essa razão sabe que eu não posso abandoná-la, então eu peço: por favor, não a afaste de mim.

Matthew encarou aquele homem que um dia representou tanta ameaça, e pela primeira vez, soube exatamente como ele se sentia.

— Não irei afastá-lo, Hassan. Terá de voltar para concluir o livro. É bem-vindo nessa casa.

Hassan suspirou aliviado, e, naquele instante, desabou em choro. Não foi capaz de se manter forte. Ver Any tão triste havia dilacerado o seu coração.

Matthew, inesperadamente, o amparou em um abraço, acolhendo-o como um amigo. E ali, naquele escritório, ambos choraram por Anastácia, pois nenhum deles desejava perdê-la.

Muitos sentimentos são capazes de unir as pessoas, o medo é um deles. A ameaça de perder alguém amado é capaz de mover montanhas e unir antigos inimigos em uma amizade deveras peculiar.

Naquele dia, no interior da residência White, que abrigava Anastácia em luto, Matthew e Hassan finalmente se tornaram amigos. Foram unidos pela única razão: o medo de perder Anastácia que sempre estaria em posse de seus corações.

_____ 💃🏻_____

Olá, ladies!

Espero que tenham gostado do capítulo.

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Até a próxima segunda!

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