37 - A Palestra
"Ser aplaudido em pé é uma das melhores sensações que alguém pode sentir".
— Lady Anastácia Morrison
Naquela noite, após discutir com Matthew, Anastácia chorou como jamais havia feito em toda sua vida. As palavras e as ações daquele que ainda era seu esposo, a magoaram profundamente. Ele parecia não respeitá-la como mulher. Havia grande possibilidade de ele ter revivido momentos íntimos de outrora com Sarah, mas Any não queria pensar naquilo. Estava profundamente triste, e no íntimo de sua dor, desejou estar em casa, sendo amparada pelos braços do pai: o único homem que merecia o seu amor.
____ 💃🏻____
Na manhã seguinte, Matthew, mesmo que mal conseguiu dormir, despertou muito cedo e se arrumou para assistir a palestra da esposa. Antes, procurou saber em que quarto ela estava, e ainda que estivesse receoso em encontrá-la, tinha de vê-la; precisava vê-la.
Um tanto inseguro, fechou a mão e bateu na porta. Any abriu logo depois e Matthew não conseguiu decifrar a expressão fria que se apossou da face dela quando o viu. Haviam brigado feio daquela vez e talvez não tivesse volta.
— Queria saber... — Engoliu a seco e desviou o olhar. — Vai tomar café da manhã? — A voz quase não saiu ao proferir aquela indagação.
— Já tomei. — respondeu em tom austero.
— Certo. — Baixou os olhos, encarando os pés.
— Deseja algo a mais?
Matthew ergueu o olhar, voltando a encarar a esposa. Sim, ela desejava que ficassem bem, mas aquilo era impossível por ora.
— Ainda deseja que eu lhe acompanhe até a palestra?
Any balançou os ombros com indiferença antes de responder:
— Sim. Somos casados, não é? Ao menos temos que manter as aparências.
Matt não gostou do tom ácido naquela frase.
Any... — começou ele, inseguro — Precisamos conversar sobre ontem.
— Não. — Os olhos dela se encheram d'água. — Hoje é um dia muito importante para mim e não quero pensar em você e em suas ações. Então, quando eu subir ao palco, quero que ocupe o lugar na última fileira, porque hoje eu não consigo te olhar e sem sentir raiva.
As lágrimas brotaram nos olhos de Matt, e com muito esforço, ele foi capas de contê-las.
— Tudo bem. — murmurou, sentindo o coração se despedaçar. — Estarei a aguardando no salão.
— Descerei em breve. — Fechou a porta na face dele, sabendo que talvez nada mais voltaria a ser como antes.
***
Antes de subir ao palco, Any sondou a plateia e sentiu as mãos transpirarem. Nunca tinha visto tantos homens reunidos em um só local, encontrou-se um pouco deslocada, mas sabia que estaria no lugar certo, segura de si, quando começasse a falar sobre seus investimentos.
— Como está se sentindo? Está nervosa? — Matt perguntou um tanto reticente.
— Não estou nervosa. — assegurou, sem nem ao menos olhar para ele. — Estou triste. Hoje era para ser um dia incrível, mas você estragou tudo.
— Eu sinto muito, Anastácia. Sinto de todo o meu coração.
— Hoje, isso não é o suficiente para mim. — Afastou-se dele tão logo ouviu o professor Carter anunciar o seu nome.
Any respirou fundo ao se colocar em pé de frente com a plateia masculina que espantosamente ficou calada com a presença dela. Todavia, o silêncio foi rompido quando um dos jovens falou:
— Morrison, pode tomar seu lugar! Sabemos que isso é uma piada. — Os demais homens caíram no riso, deixando Anastácia muito indignada.
Matthew que caminhava até a última fileira, abriu a boca para defender a esposa, porém ela interveio:
— Não preciso que me defenda, Matt. Se cheguei até aqui foi por mérito próprio e não por intermédio de qualquer homem. Aliás, o único homem que devo agradecer é meu pai, o qual permitiu que eu me tornasse a mulher que sou hoje. E não, meus caros, isso não se trata de uma brincadeira. Conforme já foi mencionado pelo professor Carter, eu sou exatamente quem procuram: a melhor entre os melhores. Ofende suas masculinidades frágeis saber que uma mulher é superior a tantos homens?
— Não acredito que seja melhor que o conde de Bastille. — declarou um estudante sentado no meio da plateia.
Any semicerrou os olhos, cerrando os punhos.
— Meu sócio, o conde de Bastille, é um grande investidor, isso é óbvio. No entanto, como bem sabe, Lorde Davies passou muito tempo na América, voltando recentemente à Londres. A maior parte de seus investimentos estão centrados nos Estados Unidos. Somente agora ele está retomando os negócios na Inglaterra, por essa razão, meus caros, nesse exato momento, ele não pode ser comparado a mim, cujos investimentos estão rendendo, e muito bem, há mais de dois anos.
Um leve alvoroço tomou conta dos homens que começaram a cochichar entre eles, debatendo se deviam ou não permanecer ali. E o burburinho cessou de repente quando um deles ficou em pé e declarou:
— Eu me retirarei desse recinto. Recuso-me a continuar com essa patifaria.
— Se esse é o seu desejo, podes ir. — Any apontou a saída, mantendo no rosto uma expressão que não revelava qualquer emoção. — Não vais me abalar com a sua ausência. Eu não preciso da sua aprovação. Nunca precisei da aprovação de homem algum e por isso me tornei quem sou hoje. Se decidir partir, é tu quem sairá perdendo e não eu.
Ao ouvir aquela frase proferida com tanta segurança, o homem em questão permaneceu imóvel, perplexo, realmente em dúvida sobre prosseguir com sua ação de deixar o recinto. Então Any sugeriu:
— Eu não vim aqui para ministrar uma palestra acerca da origem dos investimentos ou sobre os inúmeros tipos de investimentos que existem. Não sou tão boa nisso, meu esposo é o especialista em teorias. Eu vim falar sobre a prática; a minha prática, no caso. Então podemos ter uma conversa informal, com perguntas e respostas. Vocês expõe suas dúvidas e eu as responderei e vice-versa. E se, ainda assim, acreditarem que sou uma fraude, então reconhecerei meu fracasso e pedirei minhas sinceras desculpas, mas eu proponho que antes de me julgarem, concedam-me a oportunidade de me conhecer, combinado?
O silêncio reinou por alguns instantes, até que um homem, aparentemente um pouco mais velho que os demais, disse:
— Isso me parece justo, lady Morrison.
Anastácia exibiu um sorriso radiante para o homem que o retribuiu.
Matthew, que estava sentado na última fileira, mas que possuía um campo visual de todo o auditório, não gostou nem um pouco de observar aquela situação. As coisas entre ele e Any não estavam nada boas e um medo apavorante de perdê-la de vez o dominou.
— Acredito que muitos aqui já estiveram em Londres, certo? Quem já ouviu falar no The Royal?
Quase todos ergueram a mão e um deles falou:
— É o clube de cavalheiros mais renomado de toda Londres e pertence ao duque de Pennesburg.
— Isso mesmo, rapaz. — Sorriu satisfeita. — Lorde Thomas Lumb, o duque de Pennesburg, é o meu admirável pai. O clube pertence a nossa família há muito tempo, é o nosso maior legado. Papai o conduziu com orgulho por mais de duas décadas, mas quando eu retornei de Oriente, há mais de dois anos, tive de tomar a frente do comando do The Royal, pois meu pai foi seriamente acometido por uma grave doença. Todos os investimentos em nome do duque, que foram realizados nos últimos anos, não foram ele e sim eu. Como única filha, e supostamente sua única herdeira, tive a honra de assumir seus negócios e o fiz da melhor forma possível. Como o professor Carter já lhes informou, eu tripliquei a fortuna do meu pai e fiz isso investindo nos negócios certos. Garanto que se os rendimentos estivessem em meu nome, com certeza estariam me tratando com muito mais respeito. No entanto, sou uma mulher e até meus créditos correm sob o nome de outros, porém, meus caros, posso assegurar que eu nunca tive vergonha de ser prestigiada em nome de meu pai.
— De que adianta aumentar a fortuna de seu pai, se, pela Lei, e pelo fato de ser mulher, não será capaz de herdar um vintém sequer. De que vale a pena tanto esforço? — um dos rapazes indagou.
— Acredite, meu caro. Eu encontrei um meio termo. Além de ser muito boa nos negócios, também possuo contato com pessoas extremamente influentes e muito importante, como a própria rainha Victoria, da qual minha família é muito próxima. A rainha em pessoa possibilitará, em nome da leal amizade que nutre por meu pai, que meu esposo venha herdar todos os bens da minha família. Então, indiretamente, todos os meus rendimentos continuaram sob a minha posse.
— Você não acha que isso é injusto para com as outras mulheres que foram completamente destituídas de suas heranças por conta de não terem nascido homens? — indagou um outro moço, evidentemente indignado.
— É injusto para qualquer mulher não ter direito a herança da família apenas por uma questão de gênero. Todavia, não sou eu quem torno isso injusto, é a sociedade e seus arcaicos valores tradicionais. Eu apenas lutei por um direito meu, ainda que não considero ser uma vitória completa, pois meu esposo ainda será detentor de toda a minha herança, não é justo, afinal, mas tive de aceitar, pois para mim é inadmissível perder aquilo que deveria me pertencer. As mulheres deveriam reivindicar seus direitos, somente assim conseguiríamos mudar o mundo.
— E no que você investe, lady Morrison? — O tal homem a qual Any havia exibido um largo sorriso a salvou daquele assunto, focando nas questões da palestra em si.
Matt revirou os olhos desejando tirá-lo imediatamente dali.
A lady, por sua vez, sorriu aliviada e começou a explicar sobre seus investimentos, explanando de forma clara e sucinta sobre cada um deles, deixando aquela estudantes muito interessados em seus negócios. Ao concluir, ela indagou:
— Em que vocês costumam investir?
— Em aquisição de propriedades e obras de arte. — respondeu um dos rapazes e muitos outros concordaram.
— Trata-se de um típico investimento de baixo risco. Rentável, porém sem a intenção de lucros exorbitantes. Devem tomar cuidado, no entanto, de protegê-los, pois podem ser roubados ou facilmente queimados. O conselho mais viável nesse caso é alugar tais obras a grandes museus, assim conseguem lucrar anualmente e ainda mantém o bem seguro em caso de roubo ou incêndio, pois museus sempre deve arcar com as perdas das obras em quaisquer circunstâncias.
— Meu pai ainda investe em arrendatários. Qual o conselho para esse tipo de negócio? — questionou um outro jovem.
— É um ramo que se tornará inviável muito em breve. Estamos vivendo uma mudança de paradigma. As indústrias estão ganhando muita força no mercado econômico e a produção por manufatura está se tornando obsoleta. Haverá uma migração significativa do campo para cidade, Londres já está ficando pequena para tantos habitantes. O campo em breve deixará de existir. O conselho que eu dou é: venda as terras para se construir indústrias, ou construa casas que possam abrigar a expansão da cidade. Esse é o melhor momento para se investir e reinventar. Estamos apenas no começo e o futuro é realmente promissor.
— Lady Morrison, seu esposo não se importa de você ser uma mulher que entende tanto de negócios?
Anastácia encarou seriamente aquele homem que fez tal indagação e então respondeu:
— Conheço meu marido há mais de duas décadas e posso lhe assegurar que jamais se preocupou com tal fato. — Engoliu a seco, sentindo o coração disparar sob o peito e então prosseguiu: — Sempre fomos uma boa dupla e o sucesso sempre foi atribuído a ambos. Somos parceiros e nos apoiamos em quaisquer decisões. Somos um só.
Embora a afirmação soou segura sob a perspectiva de todos, Matthew que a conhecia muito bem, detectou a incerteza naquela fala, sobretudo no olhar vazio que se apossou de Anastácia. Detestou aquilo. Do dia para noite, tudo havia se tornado um caos.
— E o seu esposo, lady Morrison, em que tipo de negócios investe?
Any sorriu antes de responder e Matt percebeu que aquele era um riso sincero.
— Em imóveis e obras de arte, é claro.
O duque gargalhou alto e seu riso ecoou pelo salão fazendo todos rirem.
Any finalmente direcionou o olhar para ele, e pela primeira vez naquele dia, os olhos brilharam em cumplicidade, porém, infelizmente o brilho rapidamente desapareceu.
— É importante lembrar — começou Anastácia — que a economia está diretamente ligada com as questões políticas. Tudo influencia o mercado econômico. Seja troca no parlamento, crises governamentais e, sobretudo, cenário de guerra. Antes de investir em qualquer negócio, devem permanecer atentos ao momento político em questão. Essa é uma dica de ouro que jamais devem se esquecer.
Ao concluir a palestra, Any sentiu um orgulho enorme inflar seu peito ao ver todos os homens a aplaudirem de pé. Havia sido melhor do que esperava e soube que, naquele dia, havia alcançado o topo do mundo.
A lady trocou breves conversas com alguns alunos antes de deixar o salão na companhia de Matthew que permaneceu muito calado. E quando deixaram Christ Church, um grupo de mulheres se aproximou dela.
— Lady Morrison — cumprimentou aquela que parecia ser a líder — Somos universitárias de Lady Margaret Hall e gostaríamos que nos fizesse uma visita a faculdade. Será uma grande satisfação receber em nossa instituição uma mulher tão importante como você.
Anastácia apenas desejava voltar para Londres. Estava cansada e Oxford ainda trazia lembranças que a atormentavam. Todavia, ela reconhecia a importância daquelas mulheres e jamais negaria aquele pedido, por tal razão respondeu:
— Posso visitá-las nesse momento, se for possível. Pretendo retornar a Londres após o almoço, pois devida a doença de meu pai, não devo ficar ausente por muito tempo.
— Claro, será um prazer. — Estendeu a mão para Any. — Eu sou a senhorita Ellen Wilson, reitora da faculdade.
— É um grande prazer conhecê-la. — Apertou a mão da mulher com muita satisfação.
Any informou ao Matt que acompanharia as mulheres até a instituição e ele lhe disse que a esperaria no hotel.
O grupo de mulheres seguiram até a faculdade, trocando conversas animadas até que chegaram a um estabelecimento comercial que Any identificou como uma padaria. Ao lado do comércio, havia uma escada que concedia acesso ao andar superior.
— Esse é um prédio provisório. Estamos planejando comprar parte da mansão de Norham, que pertence ao St John's College, de modo a expandir a instituição. — explicou a senhorita Wilson ao conduzir Any para dentro do imóvel.
A faculdade era diferente do que Anastácia esperava. Era algo pequeno e parecia um tanto improvisado. Aquilo não espantou a lady, pois era óbvio que o mercado estudantil não investiria em uma instituição feminina. Porém, o espaço era bem-organizado e servia perfeitamente para acomodar as nove acadêmicas que tomavam aula em Lady Margareth Hall.
Anastácia ocupou seu lugar na grande mesa redonda e despejou um pouco de chá em sua xícara. Foi exatamente naquele momento, que Sarah Peterson chegou ao local.
— Lady Morrison! — cumprimentou ela, sorrindo. — Que prazer revê-la. — Ocupou um lugar na mesa. — Como está seu esposo? Chegou bem no hotel?
Anastácia, com demasiada calma, depositou a xícara sobre a mesa e encarou aquela mulher com muita austeridade.
— Chegou perfeitamente bem. Dormiu feito um bebê. Mas acordou bem-disposto pela manhã. — mentiu, na clara intenção de provocá-la.
— Que bom. — murmurou, levando a xícara à boca.
— Lady Morrison, serei breve, pois sei que seu tempo é curto. — iniciou a senhorita Wilson. — Gostaríamos que aceitasse ser membro da nossa faculdade. Será um imenso orgulho tê-la como acadêmica. Sua presença em nossa instituição pode fortalecer coletivo e promover grandes avanços em relação ao direito acadêmicos das mulheres, sobretudo o reconhecimento ao diploma.
Any encarou os olhos esperançosos da reitora e não apreciou saber que iria decepcioná-la. Contudo, nunca foi o desejo de Any estar em uma universidade.
— Infelizmente, senhorita Wilson, terei de recusar. Nunca tive a intenção de me tornar uma acadêmica, além disso, já tenho meus negócios muito bem estabelecidos em Londres. Realmente, sinto decepcioná-las, mas nunca tive a vocação para os estudos relacionados à linguagem ou literatura inglesa que é o que ensinam aqui. Matthew, meu esposo, é quem leva jeito nessa área. Sou uma mulher dos números e o conhecimento que transmitem aqui não me alcançaria de fato.
— Realmente, Matthew sempre apreciou a literatura, foi por conta desse interesse em comum que nos aproximados. — disse Sarah encarando Anastácia com ar de prepotência.
A senhorita Wilson, ao perceber a tensão entre ambas, rapidamente indagou:
— Diga-me, lady Morrison, se pudesse escolher alguma área acadêmica a ingressar, qual escolheria?
— Política. Essa é a única área na qual eu tenho interesse em desbravar. No entanto, acredito que nenhuma faculdade permitirá que uma mulher aprenda conhecimentos políticos, já que homens sempre estão à frente desses assuntos. Então penso que, infelizmente, Oxford não tem muito a me oferecer nesse momento. Quem sabe no futuro.
— É uma pena. — expressou a senhorita Wilson. — Penso que seria uma excelente acadêmica.
— Posso não pertencer a Lady Margaret Hall como aluna, mas considero o prestígio dessa instituição. Desejo investir no desenvolvimento e expansão dessa faculdade, acredito que há um futuro promissor aqui. Pedirei que o advogado de meu pai entre em contato para que eu possa investir financeiramente na compra do novo prédio, bem como em futuras instalações. Quanto ao direito ao diploma acadêmico, tenho contatos no parlamento e posso fazer minha parte estando em Londres. Manteremos contato, senhorita Wilson. Esse é apenas o início de nossa parceria.
— Oh que fantástico! Nem sei como agradecer.
Anastácia colocou-se em pé.
— Obrigada pelo convite, senhoritas. Foi um prazer estar em suas companhias, mas realmente eu preciso partir. — Lançou o olhar para Sarah. — Senhorita Peterson, podes me acompanhar até a saída?
— Claro.
Ambas seguiram em silêncio até a porta, no entanto, ao descer a escada, Sarah falou:
— Lamento que Matthew tenha chegado tão tarde. Simplesmente nos esquecemos do tempo ao conversamos sobre os assuntos acadêmicos. Acho que ele sentiu falta dessas conversas, de ter alguém com assunto em comum.
Ao chegar até a fachada da padaria, Any ficou de frente para a mulher e encarou.
— Diga-me, senhorita Peterson, alguma vez já saiu da Inglaterra?
— Nunca tive a oportunidade.
Any exibiu um sorriso provocativo antes de falar:
— Sei que és uma mulher que possuí um amplo conhecimento da epistemologia da língua inglesa. Entretanto, não detém qualquer conhecimento acerca do mundo. Jamais esteve em qualquer lugar além do mundo fictício literário, e se algo não estiver escrito em inglês, não há habilidades acadêmicas que o possibilite a lê-lo. Eu, ao contrário de você, sou fluente em nossa língua, além do latim, árabe e espanhol. Também consigo compreender razoavelmente o italiano e estou aprendendo francês, a língua da diplomacia. Já estive em muitos países do oriente, além da França, Espanha e Prússia. Então, Sarah, não tente me diminuir, pois você não chega aos meus pés.
A mulher trincou o maxilar e a expressão de soberba deixou a face dela.
— Ainda assim, Matthew não demonstrou nenhum interesse em deixar a minha companhia no dia de ontem. — rebateu em tom repleto de ironia.
— Não se esqueça, minha cara, que ele te abandonou sem pestanejar para ir ao oriente comigo e naquela época éramos apenas amigos. Hoje somos muito mais e meu poder é muito maior do que naquela época. Não ouse a medir forças comigo, pois irá perder.
A senhorita Peterson respirou fundo, realmente desconcertada e Any prosseguiu:
— Sabe, Sarah... Eu realmente não gosto que exista essa rivalidade entre nós, porque, no fundo, eu te admiro como mulher. Admiro a sua força e determinação, bem como a sua independência. É realmente lamentável o fato de que estamos em conflito por conta de um homem, quando deveríamos estar unidas em uma luta em prol aos nossos direitos de mulher. — Aproximou da moça e olhou diretamente nos olhos dela. — Todavia, devo acrescentar que se você ousar a se aproximar do meu marido, eu colocarei de lado toda a empatia feminina e quebrarei o seu nariz, deixarei seus olhos roxos e a mandarei para casa com a sensação de que uma carruagem lhe atropelou. E não pense que eu não faria isso por conta de ser uma lady. Eu jamais me importei com isso. Sempre me meti em brigas desde que eu era uma criança, não me importarei em lhe dar uma lição caso eu julgue necessário. Então, minha cara Sarah, fique longe do meu esposo, pois eu sei exatamente onde te encontrar. Estamos de acordo?
A senhorita Peterson empalideceu e seus olhos revelaram o temor que lhe apossou. Incapaz de articular qualquer fala, ela apenas assentiu com a cabeça concordando.
— Ótimo! — declarou Any, muito satisfeita. — Tenha um bom dia.
E assim Anastácia Morrison deixou Sarah, Matthew e Oxford para trás. Embarcou em trem para Londres e retornou para casa, sozinha, sabendo que Matthew sempre seria o seu amigo, contudo, talvez nunca seria o seu homem.
Aquela era a ironia da vida: tinha todos os homens e sua mão, menos aquele que ela desejava. Mas era exatamente como todos diziam: ninguém poderia ter tudo, afinal
_____ 💃🏻 _____
(CAPÍTULO SEM REVISÃO)
Primeiramente, somo mais de 65 MIL LEITURAS!!!! Obrigada!
Essa obra está crescendo tão rápido que às vezes nem acredito ser real.
Para alimentar ainda mais a curiosidade de vocês, e para quem realmente deseja o livro do conde de Bastille, segue em primeira mão, a capa do livro
Quem será que vai tentar fisgar o coração frio desse conde???
AGORA NECESSITO DA AJUDADE DE VOCÊS!
Para deixar a estética dos livros bem parecidas, já que é uma série, preciso alterar a capa dessa obra que estão lendo, então preciso que votem: qual das duas capas fica melhor para formar a sequência?
Essa 👇
Ou essa 👇
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro