33 - Legado
"Nunca entenderei por qual razão as mulheres ainda sofrem pelos erros da Eva. Não foi uma punição justa. Ninguém deveria arcar pelos erros de outro alguém."
— Lady Anastácia Morrison
• Duas semanas depois •
Após aproveitarem os recessos das núpcias em Holland Park, Anastácia e Matthew retomaram suas vidas e negócios, estabelecendo-se de vez na residência White, em Mafayr.
Tiveram alguns dias muito corridos ao tratar de mudanças. Embora Matthew fizera questão de mobiliar aquele casarão que comprara, ainda assim, a mãe dele tentou levar muitos móveis da antiga residência, algo que Anastácia teve de intervir, caso contrário não ficaria com nada. Não que ela se importasse com bens materiais, é claro. Any não queria é ter o trabalho de comprar móveis para sua nova — e bem familiar — casa. Frequentava a residência White a tanto tempo, que já a tinha como um lar. Ali ela sentia que estava lugar certo e que tudo ficaria bem.
_____ 💃🏻_____
A cálida brisa da manhã soprou o leve tecido da cortina em tom marrom e invadiu o quarto em que lady Anastácia Morrison dormia. A fraca luminosidade não foi o suficiente para despertar a mulher completamente adormecida naquela cama. Any fora dormir tarde na noite anterior, teve de ficar no The Royal até que as portas se fechassem, pois Rosália havia sido abatida por uma gripe terrível que a deixou acamada. Matthew, que insistira para que Any dormisse com ele todas as noites, alegando que se sentia sozinho sem a presença dela, não quis acordá-la. Sabia que a esposa ficava irritada quando não completava as horas essenciais do sono. Ele não era tolo de enfrentá-la após uma noite mal dormida.
Todavia, apesar do cansaço, um incômodo habitual, que Anastácia sempre odiou, dominou o ventre dela, como se estivesse contorcendo e torturando-a aos poucos. Aquela dor foi o suficiente para que ela acordasse — irritada, obviamente.
Levantou-se, grunhindo, odiando ser mulher e abriu a cortina com tanta fúria que o tecido quase se desprendeu do varão. A claridade do Sol quase a cegou. E, naquele momento, ela também odiou o Sol.
Respirou fundo, tentando se acalmar. Espreguiçou-se soltando um longo bocejo. Quando abriu os olhos, deparou-se com uma mancha vermelha sobre o lençol branco. Eufórica, correu até a porta e gritou:
— MATTHEW! VENHA AQUI.
Pouco tempo depois, Any ouviu os passos do esposo pelo corredor. Esbaforido, ele invadiu o quarto:
— O que foi, Any? Está tudo bem? — Estava ofegante e evidentemente preocupado.
— Olhe! — Sorrindo, a lady apontou para a mancha de sangue sobre o lençol.
— Meu Deus, Any! Está machucada? Onde dói? — Desesperado, começou a procurar pelo ferimento, apalpando cada parte do corpo dela, até que a virou de costas e encontrou a mancha avermelhada abaixo das nádegas. — Vou chamar o médico. — declarou, nervoso.
— MATTHEW MORRISON! — bradou, capitando a atenção dele. — Asseguro-te que estou bem! — Sorriu, tentando tranquilizá-lo. — Chamei-o até aqui, apenas para lhe mostrar que, felizmente, eu não estou grávida. Matt não estou esperando um filho! — Bateu palmas, empolgada.
A confusão se fez nítida no rosto do duque. Então ele arregalou os olhos azuis, no mesmo instante em que a cor fugiu de sua face.
— Santo Deus! Você perdeu o bebê? — a indagação foi feita de forma estridente.
— Como é que perdi o bebê se não tinha bebê algum? — Any estava quase perdendo a paciência.
— E ESSE SANGUE, ANASTÁCIA? — esbravejou, apontando a mancha quase incriminadora.
— É MESTRUÇÃO, IDIOTA! — Levantou as mãos, realmente irada.
— Ah! — Foi tudo que ele foi capaz de dizer.
Any bufou, marchou até o lençol e o arrancou da cama, querendo jogá-lo na fuça daquele duque tolo.
— Você sangra dessa forma todos os meses?
— Não se eu estiver grávida. — respondeu em tom irônico.
— E quanto tempo isso dura?
— Depende de cada mulher. O meu ciclo, por exemplo, dura até cinco dias. — Balançou os ombros.
Matt arregalou os olhos.
— Tudo isso? Como não morrem? — A voz saiu alta demais.
— Porque consumimos sangue de homem para repor o que perdemos. — respondeu, Any, com muita seriedade.
O duque empalideceu novamente. Tentou abrir a boca para dizer algo, mas as palavras sequer saíram. Não tinha certeza se aquilo era verdade ou mentira.
— Jesus, Matthew! É brincadeira! — A lady gargalhou alto. — Mas realmente não sei como não morremos, não sou médica.
Um suspiro de alívio saiu da boca dele e a cor voltou a habitar em sua face.
Já mais calmo, ele se aproximou da esposa e a envolveu em um abraço apertado.
— Há algo que eu possa fazer para te ajudar?
— Pode me comprar bombons. Muitos deles. E café! Nesses dias apenas o café é capaz de me acalmar.
— Farei isso, minha linda.
— Obrigada.
O duque, então, repousou a mão sobre o ventre da esposa.
— Ainda é possível ter relações sexuais?
— Matthew! — ralhou indignada — É óbvio que não! Isso é nojento. — Afastou-se do marido o mais rápido possível.
— Cinco dias, Anastácia! Serão cinco dias! — tentou, em vão, argumentar.
— Asseguro-te que não morrerá por conta disso. Sei que já suportou muito mais.
O homem abriu a boca para rebatê-la, porém Any logo o cortou.
— Já chega, Vossa Graça! Saia daqui agora, antes que ele mude de ideia e o deixe sem nada por um mês. — ameaçou, apontando o indicador rumo a porta.
Matt sabiamente se calou. Por experiência própria, não disse mais nada e finalmente deixou aquele quarto.
_____ 💃🏻_____
Embora Anastácia estivesse com um péssimo humor, ainda assim cumpriu seu dever do dia e adentrou na carruagem junto a Matthew, pois precisava resolver algumas pendências antes de ir visitar o pai, que, felizmente, encontrava-se bem de saúde.
— Amanhã finalmente estaremos livre das obras. Asseguram que encanamentos foram devidamente instalados, assim como o sanitário e faltam poucos ajustes para finalizar o chuveiro. — informou Anastácia, após a carruagem prosseguir um certo percurso.
— Finalmente! Já não aguentava mais tanto pó. Vais me dizer como conseguiu que tudo ocorresse em tão pouco tempo?
— Jamais negariam algo para a própria sócia. Possuo cinquenta por cento dos lucros sobre tais inovações, pois investi em nos negócios quando ninguém mais acreditou. Eu entrei com o dinheiro e os criadores com a ideia. Chegamos a um acordo justo, afinal.
Matthew a encarou um tanto impressionado.
— Não fazia ideia de que és uma investidora. Quando iniciou nesse mundo?
— Logo após retornar a Londres e assumir os negócios de meu pai.
— Sério? E por que nunca me contou sobre isso?
— Porque nunca me perguntou. — Chacoalhou os ombros indiferente.
Matt arqueou uma sobrancelha, encarando-a com muita seriedade.
— Estás mantendo segredos de mim, Anastácia? Quando foi que começou a fazer isso? Pensei que fossemos amigos?
Any bufou rolando os olhos.
— E somos, Vossa Graça! Antes de sermos casados, somos amigos! Francamente! Não estou escondendo nada de você! Apenas nunca tivemos a oportunidade de conversar sobre isso. Essa é primeira vez que realmente se interessa por meus negócios. Se deseja saber algo, pergunte-me e eu com certeza o responderei. Não porque sou sua esposa, mas sobretudo pela razão de que somos amigos e nossa amizade sempre virá em primeiro lugar.
Aquela resposta atingiu o âmago de seu egoísmo. Matt realmente jamais teve interesse nos negócios da amiga, em contrapartida, sempre enchia a paciência de Any com seus próprios problemas e ela sempre o ajudou sem reclamar.
— Sinto muito, Any. Acho que tenho sido um tanto egoísta. Sempre olhando apenas para o meu umbigo, esquecendo-me completamente que você também tem sua vida e seus negócios. Desculpe-me por ter sido um péssimo amigo.
— Não lhe culpo por nada, Matt. É tão típico de homens ignorar o que as mulheres fazem, que sequer me importei com sua indiferença. — Voltou a atenção para a paisagem em movimento.
O duque não gostou nem um pouco da expressão austera que ocupou a face de Any. Sabia que ela estava tentando ignorar a presença dele e detestou aquela situação.
— Diga-me, Any... Em que negócios investe?
A lady voltou a encará-lo com aqueles exuberantes olhos verdes.
— Basicamente, no futuro. Invisto em invenções de higiene, como bem sabe, pois em breve toda residência possuirá o básico para higiene pessoal e o mesmo conceito será transposto para as áreas públicas. Invisto no avanço da energia elétrica, em especial, nas indústrias que já estão se modernizando. Sou grande contribuinte da expansão das linhas telefônicas, sempre investindo em melhorias e inovações. Invisto em transporte movidos a motor. Sei que em breve as carruagens deixarão de existir e estamos bem perto de presenciar uma ruptura nos meios de transportes conhecidos, o que contribuirá, é claro, para reduzir a grande quantidade de dejetos que são deixados pelos cavalos. Tenho investimentos em máquinas fotográficas e estou apostando alto em uma invenção chamada gramofone que com certeza mudará a forma de como ouvimos a música. Tenho sociedade na expansão ferroviária, principalmente, no transporte por túnel, movido a eletricidade. Também invisto em grandes bancos e na indústria de remédios. A ciência tem avançado significativamente na área da saúde, não vi razão para não acompanhar o desenvolvimento científico. Sempre estou em feiras de tecnologias e acompanhando o mercado das patentes em busca de algo que eu acredite que tenha o potencial de mudar o mundo em que nos conhecemos. É um tanto arriscado, mas felizmente eu acertei mais do que errei.
— E fez tudo isso em um pouco mais de dois anos? — A boca se escancarou em uma expressão de surpresa.
— Sim. — Balançou os ombros. — Uma coisa levou a outra e quando vi já estava completamente imersa no mundo dos investimentos. É um negócio vantajoso se tiver conhecimento e coragem para navegar pelas inconsistências da economia.
— E eu realmente acreditava que era um bom investidor. — Sorriu, sentindo-se um tolo perto da mulher.
— Em que costuma investir, Matt.
— No óbvio: obras de arte e imóveis. Foi o que sempre me recomendaram.
— Ah, sim! É do tipo conservador, investe no que é seguro, com poucas chances de perdas, porém com ganhos a longos prazos. Muitos fazem isso.
O duque arqueou a sobrancelha desconfiado.
— Acha que devo me arriscar um pouco mais?
— Não! — assegurou Any. — Somos uma equipe agora. Eu posso me arriscar, mas é sempre bom contar com a segurança dos seus investimentos caso algo dê errado. É um bom equilíbrio.
Matthew se calou após aquela conversa e atentou-se em observar a esposa. Conhecia Anastácia desde a infância, e, ainda assim, ela era capaz de surpreendê-lo. Any sempre fora uma mulher incomum e extraordinária. Já Matthew, apesar de ser duque, nunca foi tão brilhante como a amiga. Era inteligente, de certa forma, porém seria um homem comum se não fosse pelo título que herdara. Ao pensar naquilo, a insegurança lhe abateu. E se Anastácia resolvesse trocar por outro homem? Nada a impediria de seguir em frente, afinal não se casaram por amor e sim por conveniência. Mas aquilo era uma mentira — ao menos para Matthew —, pois havia amor da parte dele; não qualquer amor. E sim um amor de um homem completamente apaixonado por sua mulher.
— Vai ao The Royal, hoje? — perguntou após muito silêncio.
— Acredito que não. Realmente não estou em um bom dia. Tudo está me irritando. — Enrugou a testa em uma expressão desgostosa.
— Acho que estaria melhor se estivesse grávida. — provocou, o duque, escondendo o riso.
— Estás louco? — Chutou, de leve, a canela do esposo.
— Aí! — Esfregou o local com a mão. — Eu estava brincando, Anastácia. — Soltou um riso que eclodiu pelo transporte.
A carruagem finalmente parou em frente ao parlamento e Matt desceu. Porém, antes que ele se afastasse muito, Any o puxou pelo fraque e beijou o esposo com muita paixão.
— Vai lá e arrase! — ela declarou com muito fervor.
Matthew abriu um largo sorriso, e muito satisfeito, despediu-se de sua Any.
— Nos vemos a noite, minha linda.
Ainda como a cabeça para fora da carruagem, o olhar de Anastácia se deparou com o de duas mulheres que lhe lançava olhares recriminadores ao presenciar aquela exposição de afeto.
— O que foi? — indagou em tom irônico. — Somos recém-casados. — Mostrou o dedo em que sustentava a reluzente aliança de ouro.
As senhoras apenas balançaram as cabeças, negativamente, e passaram por ela como se nem existisse.
Sorrindo, Any voltou a ocupar o assento na carruagem.
_____ 💃🏻_____
Conforme o habitual, a primeira coisa que Anastácia Morrison fez no dia, foi fazer a rotineira visita ao seu pai. Não conseguia prosseguir em nada de seus afazeres se não o visse e assegurasse que ele estava bem.
Caminhou pela casa em que crescera, trocou conversas com os empregados, azucrinou um pouco Mary Garrison, depois partiu para o jardim em que o pai se encontrava, lendo um livro e tomando suas doses diárias de Sol, conforme o médico recomendara.
Any inclinou-se sobre o homem, envolveu os braços em seu corpo magro e plantou um beijo nas bochechas enrugadas do pai.
— Any! Minha pequena! — Sorriu completamente alegre com aquela visita. — Sente-se ao meu lado. Esta é uma boa manhã para um banho de Sol.
Avaliando, com um cuidado meticuloso, cada expressão do pai, Anastácia ocupou a cadeira ao lado dele.
— O que está lendo? — Apontou para o grosso livro encapado em couro marrom.
— Registros de historiadores sobre a mitologia egípcia. — respondeu, sem desviar a atenção da leitura.
— Interessante. — expressou, voltando a atenção para o esplêndido céu azul.
Any resolveu permanecer em silêncio. Ter o pai ao lado já era o suficiente e ela nunca gostou de atrapalhar qualquer leitura.
Depois de algum tempo, a mente começou a vagar por questões pessoais que lhe afligia. Na correria da vida, raramente tinha tempo para pensar em seus temores, mas ali, naquela quietude inesperada, tudo simples veio à tona e Any sentiu o coração se apertar.
— Pai... — começou ela, insegura. — O senhor me teve depois de uma certa idade e disse-me uma vez que por muito tempo não desejou a ter filhos. Como foi quando soube que mamãe estava grávida? Vocês tiveram algum tipo de receio?
Lorde Thomas Lumb voltou seus olhos castanhos para a filha e a encarou por um tempo. Fechou o livro e decidiu que Any era mais importante do que tudo.
O duque ficou calado por um instante, olhando para o rosto da filha, procurando as palavras certas para se expressar e então disse:
— Tive medo de ter filhos, porque ainda não conhecia o amor. Contudo, quando encontrei sua mãe, tudo que eu mais desejei era construir uma família com ela. E, pela primeira vez, após tanto tempo, tive realmente o desejo de ser pai. Latifa não queria. Era amante da liberdade, vivia para suas danças e acreditava que um filho não caberia em sua vida. Mas ambos nos apaixonamos perdidamente e esse amor gerou você. Eu não tive medo algum quando sua mãe me disse que estava grávida, ao contrário, fiquei tão feliz que acreditei que meu coração se explodiria de tanta alegria. Latifa, porém, não aceitou bem a ideia. Não que ela tenha pensado em interromper a gravidez, nada disso. Apenas temeu não ser uma boa mãe, pois a vida que vivia não havia a moldado para tal missão. Juntos nós aprendemos a lidar com cada etapa da gravidez. Choramos quando você se mexeu pela primeira vez. Perdemos incontáveis noites de sonos. Corremos atrás de comidas um tanto estranhas. Sorrimos e amamos você desde o primeiro momento. Eu disse a Latifa que desejava me casar com ela e não me importava se fosse no dela ou em meu país, contudo, sua mãe nunca acreditou na instituição do casamento, sobretudo não achava que a união de um casal deveria ser registrada em um papel. Fizemos apenas uma cerimônia, individual, sob o surgimento das primeiras estrelas no deserto do Saara. Eu prometi que sempre seria dela e ela sempre seria minha, e entre nós, estava você: o fruto de nosso amor. Eu sofri muito quando Latifa morreu. Mas, antes de partir, ainda sobre o leito da cama, após ter dado à luz a você, ela me fez prometer que eu cuidaria de ti e a protegeria de tudo. Ali, em seus últimos suspiros, ela revelou o seu nome: Anastácia: a que tem força para ressuscitar. Latifa sempre soube que você seria a minha ressurreição, que quando minhas forças se esvaíssem, eu me apegaria a você. — Com os olhos marejados em lágrimas, ele depositou a mão magra e enrugada sobre a da filha. — Any, minha pequena Any... — A voz saiu embargada pelo choro — Você foi a minha alegria do recomeço, em ti eu encontrei a força prosseguir com algo que parecia perdido. Latifa se foi, mas me deixou você. O meu maior presente, o meu legado e todo o meu mundo. Jamais esqueça do quanto eu te amo.
Any que segurava as lágrimas, caiu em choro e se jogou nos braços do pai.
— É tão injusto que tenha de partir. Não queria que fosse. Acho que jamais me acostumarei com a ideia da sua morte. Odeio isso.
Thomas afagou as costas da sua pequena, sentindo-se impotente. Ele conhecia bem aquela dor, sofrera muito quando Latifa faleceu. Era injusto ele provocar o mesmo sofrimento na filha, porém era algo que lhe fugia completamente do controle. Odiou aquela sensação.
— Está pensando em ter um filho, Any? — Mudou de assunto, pois não conseguia lidar com aquele clima fúnebre.
Any recobrou a compostura, enxugou as lágrimas e tornou a ocupar o assento, mantendo a postura ereta.
— Fizemos um acordo antes de nos casarmos. Matt concordou em ser a minha salvação, ao passo de que eu devo lhe conceder um herdeiro. — Respirou fundo. — Entretanto, pai, eu realmente tenho medo de me tornar mãe.
Os finos lábios enrugados do duque se curvaram em um sorriso discreto.
— Medo do que em específico?
— De tudo! Oras, nunca pensei que me casaria, muito menos que teria um filho, ou filha. Não estou certa de que serei uma boa mãe. Meus valores são tão distintos da sociedade e eles serão transmitidos à criança. No entanto, uma coisa é eu saber enfrentar a sociedade para defender meus ideias, outra coisa é uma criança ser punida pelos pensamentos da mãe. Não quero que sofra por conta da minha reputação. E, talvez, mesmo que eu tente, não a conseguirei protegê-la e isso fará a todos sofrem.
— Acredita em seus valores?
— É óbvio que sim! — ela respondeu, exasperada.
— Então não há nada a temer. Matt será um ótimo pai e vai proteger a criança da mesma forma que protege a mãe. E se seu filho, ou filha, ser metade do que você é, com certeza trarão ao mundo uma pessoa que poderá fazer a diferença na sociedade. Veja só você. Eu te criei conforme o desejo de sua mãe e jamais a obriguei a fazer algo que não gostasse. Criei para que fosse livre e independente, alguém que fosse capaz de desbravar o mundo com suas próprias asas. É o meu maior orgulho. Pode não ter mudado a sociedade, ainda, mas mudou a vida de muitas pessoas, sobretudo das mulheres. Não deves deixar que sua história morra contigo. Deves fazer com que prossiga, e nada melhor que os filhos para continuar a nossa história. Será uma excelente mãe, disso eu tenho certeza, Anastácia.
Any mordeu os lábios, ainda pensando nas palavras do pai.
— De qualquer forma, cedo ou tarde terei de cumprir a promessa. Sou uma mulher de palavra. Só espero ter tempo para acostumar-se com a ideia. É uma criança. É algo grande, afinal.
Os olhos do duque se encheram de água. Ficou triste, pois infelizmente, jamais conheceria seu neto, nunca o pegaria no colo, a morte o espreitava e quando uma vida nova surgisse no mundo, ele já teria partido. Ainda assim, em sua melancolia, ele sorriu, sabendo que sua Any seria uma ótima mãe.
— Devo ir, meu pai. — Plantou um beijo na testa do homem. — Mande me chamar caso precisar de algo.
— Mandarei, Any.
Anastácia deixou aquela casa e também seu pai que manteve no coração a felicidade de que sua prole permaneceria viva por ao menos mais uma geração. Ficou feliz, enfim.
_____ 💃🏻_____
(CAPÍTULO SEM REVISÃO)
Olá, ladies!
Primeiramente, desculpe-me pelo atraso, era para eu ter postado ontem, mas não tive tempo!
Espero que estejam gostando da história. Eu devo confessar que, às vezes, fico achando que não está boa, mas sei o que ocorrerá no fim, então isso me motiva a continuar a escrever!
Obrigada por me acompanhar nessa viagem!
Não se esqueça de clicar na ⭐️ e deixar seu voto.
bjus Luana Maurine
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro