18 - Pedido Inesperado
"Em uma fração de segundos, tudo pode se tornar um caos".
— Lorde Matthew Morrison
Era final da tarde, quando Any desceu da carruagem de matthew e contemplou, por algum instante, a imponente arquitetura daquela que seria a nova residência de seu amigo. A majestosa mansão de dois andares se estendia por uma vasta extensão do território e chamava atenção por ser revestida em impressionantes tijolos de barros que abrigavam enormes janelas de vidros que com certeza traziam luz para o imóvel um tanto intimidador. Logo em frente a mansão, havia uma fonte em formato arredondado, e no centro, jorrando uma singela camada de água cristalina pela boca entreaberta, havia uma linda escultura de Medusa, esculpida de forma tão perfeita que as cobras na cabeça daquela que fora uma mulher injustiçada, pareciam que ganhariam vida a qualquer momento.
— Medusa? — Any indagou em meio a um sorriso.
— Uma homenagem a minha amiga de olhar letal. — Matt respondeu, rindo.
— Francamente, Vossa Graça, suas amizades são um tanto perigosas. Deveria revê-las. — a lady provocou, sorrindo.
— E o que seria da vida sem um pouco de perigo? — rebateu, fitando os lábios daquela mulher tentadora.
Matthew estava pronto para beijá-la, mal via momento de ter Anastácia em seus braços novamente, contudo, sua ação não foi concretizada, pois Lady Katherine Morrison saiu pela porta, esbaforida, erguendo o vestido impregnado de poeira, murmurando palavras incompreensíveis.
— Oh, Matt, finalmente chegou! Estou exausta, apenas desejo ir para casa, tomar um banho relaxante e dormir por no mínimo doze horas seguidas. — Então a duquesa finalmente notou a presença de Anastácia. — Oh, Any, perdoe-me por não a cumprimentar, estou tão cansada que somente notei Matthew e sua carruagem. Espero que Joan e Felicity não precisem do meu auxílio para mobiliar suas futuras residências. Não tenho o mesmo vigor de antes, não sou apta para uma nova missão. — Gargalhou alto, levando as mãos às costas, sentido o peso da idade lhe atingir.
— Eu espero que meu futuro esposo já tenha uma casa mobiliada. Detesto pensar em decorações e afins. Não sou apta para essas coisas. Nunca fui. — comentou, Any, sorrindo.
— Ah, minha querida, o homem que pretende lhe desposar certamente saberá disso. Se ele não souber, com certeza não é o homem ideal para você. Fuja antes de chegar ao altar.
— Mamãe! — repreendeu, Matt, franzindo o cenho. — Isso não é um bom conselho. Duvido que diria tais palavras para suas filhas.
Lady Katherine Morrison apenas rolou os olhos para o filho:
— Eu não diria. Mas Any é diferente, sabe o que é melhor para ela. Não preciso medir as palavras com sua amiga, Matt. Além disso, tenho Anastácia como uma filha e seria um tormento, para mim, vê-la caminhar em direção a um matrimônio que não a fará feliz. Jamais me perdoaria por isso.
Anastácia sentiu as lágrimas surgirem em seus olhos. Nunca, em todos aqueles anos em que se conheciam, Lady Katherine Morrison revelara o tamanho de sua afeição por ela. Mas, naquele final de tarde, Lady Lumb soube que havia conquistado um espaço no coração da duquesa e ficou imensamente feliz por saber daquilo. Emocionada, ela disparou em direção a mulher e a envolveu em um caloroso abraço apertado.
— Sabe que também gosto muito de ti. — revelou, Anastácia, com toda a sinceridade que habitava em seu coração.
Ao se afastarem, Lady Morrison enxugou as lágrimas que desceram a sua face um tanto abatida pelo desgaste do tempo, respirou fundo, percorreu as mãos pela saia do vestido marrom e caminhou até a carruagem.
— Chega de emoções por hoje. Estou pronta para descansar. — Estendeu a mão para o filho e subiu na carruagem. — Você vem, Anastácia? — perguntou, antes de fechar a porta.
Entretanto, foi Matt quem respondeu:
— Any ficará comigo, mãe. Vou lhe mostrar a casa. Não se preocupe, levarei-a de volta mais tarde.
Aquilo era uma mentira, Matthew não deixaria Anastácia sair de lá naquela noite, mas sua mãe não precisava saber de suas intenções.
— Claro que ficará. Não sei o porquê ainda pergunto, vocês são inseparáveis. — E fechou a porta, ordenando para que o cocheiro seguisse a viagem.
Matthew, então, direcionou a amiga para dentro da casa e Any ficou admirada com o trabalho que a duquesa havia realizado para decorar o local. Tudo estava perfeito, devidamente pronto para receber a família que abrigaria aquele imóvel.
Da ampla escada, situada ao centro do grande hall, encontrava-se um luxuoso carpete vermelho que se estendia do primeiro ao último degrau. Matt, ao observar a direção do olhar de Any, logo falou:
— Ali em cima, na parede ao topo da escada, mandarei pintar um quadro meu e de minha esposa. Seremos os pilares da família, merecemos um lugar de destaque nessa casa. — Ergueu o queixo, orgulhoso.
Ao observá-lo pelo canto dos olhos, Anastácia percebeu que Matthew estava um tanto nervoso ao assumir aquela grande responsabilidade. Por isso, fez questão de tentar aplacar seus ânimos.
— Já consigo ver um Matthew barrigudo, segurando nos lábios um bom charuto, gritando, exausto, com os filhos por descerem a escada correndo, quase derrubando o pobre velhote rabugento.
O duque gargalhou alto.
— E você minha amiga, nesse futuro, onde estará?
— Eu estarei perfeita, em meu clube, degustando um bom uísque irlandês, apreciando uma vida livre de arrependimentos e responsabilidades.
Matthew franziu ligeiramente o cenho ao indagar:
— Não pretende ter filhos com seu futuro esposo, Anastácia?
— Óbvio que não! Estou certa de que não possuo vocação para cuidar de crianças. Algumas mulheres nascem para isso, estão aptas a se tornarem mães. Quanto a mim, gerar um filho me parece uma ideia assustadora. Todavia, meu caro, devo acrescentar que, caso meu futuro esposo tenha esse desejo, não o privarei de encontrar uma mulher que esteja disposta a lhe conceder um herdeiro. Eu sou uma bastarda, fui gerada fora de um casamento, jamais negaria os filhos de meu companheiro. Sou bem resolvida enquanto a isso.
— Anastácia, és, de fato, um perigo para a sociedade. — Riu — Se a rainha te ouvisse, certamente te expulsaria da Inglaterra. O homem que se casar contigo terá uma vida muito incomum, minha amiga.
Ambos subiram a escada, rindo, enquanto Matthew lhe mostrava os cômodos da imensa mansão. Any morava em uma casa consideravelmente grande, que pertencia ao seu pai, o duque de Pennesburg, um dos maiores ducados da Inglaterra. No entanto, Lorde Thomas Lumb nunca foi grande apreciador de luxo e grandeza. Por ser um espírito livre, e por passar a maior parte da vida viajando, o homem se acostumara a viver na simplicidade. Any tinha muito do pai, não se importava em ostentar, ela sabia o quanto ambos eram ricos e privilegiados, mas ao invés de se deleitar com a riqueza, ambos preferiam ajudar aqueles que jamais tiveram oportunidade de usufruir uma vida melhor. Anastácia estava lutando por sua herança não por temer viver na pobreza, mas sim pelo seu direito, ela não deveria ser destituída dos bens de sua família somente pela razão de que era uma mulher. Aquilo era injusto e ela detestava injustiça.
— São mais de doze quartos, oito banheiros, uma sala de visitas, dois escritórios, um ateliê, uma sala destinada aos estudos, uma biblioteca e um enorme salão de baile. — Matthew continuou explanando sobre seu novo imóvel.
— Com certeza, sua futura esposa terá muito trabalho para administrar essa casa. — comentou, Anastácia, um tanto incomodada.
— Será que ela vai gostar? — questionou preocupado.
— Claro que sim. Se bem conheço, as mulheres gostam de se gabar de suas propriedades. Dificilmente alguém ficará insatisfeito com essa mansão. — assegurou convicta.
Matthew esboçou um pequeno sorriso de alívio e prosseguiu com o tour pela residência que ainda não tinha um nome.
Anastácia passou a maior parte do percurso calada, sorrindo vez ou outra, não tinha muito o que dizer. O imóvel era magnífico, mas lhe faltava vida. Uma casa só se tornava um lar quando havia pessoas habitando. Ali, naquele momento, não passava de apenas belas estruturas de pedras; ainda não era um lar.
Matthew, então, levou Anastácia até o salão de baile e ao colocar os pés naquele lugar, a lady soube que aquele era o mais esplêndido de toda Londres. Seus olhos, admirados, seguiram em direção ao teto, encontrando, bem ao centro, um enorme lustre de cristal que capturou sua atenção. Any, apensas pensou o quão difícil foi colocar tal esplendoroso acessório decorativo lá em cima. Logo seu olhar recaiu sob seus pés, no piso revestido em mármore que espelhou o seu reflexo. Pelas amplas janelas de vidro espalhadas por todo o salão, ela observou o pôr do Sol, exuberante, pintando o céu em um tom alaranjado. Finalmente se sentiu em paz, e no meio do silêncio, um ronco inoportuno soou de seu estômago.
— Espero que tenha se lembrado de trazer algo para comermos. Não sou boa companhia quando estou faminta. — disse, já sentindo o humor se alterar.
Matthew apenas riu. Conhecia a amiga bem o suficiente para saber que dissera a verdade.
— Claro que eu trouxe. Sei o quanto fica irritada quando está com fome. Eu não seria louco de soltar o dragão que existe dentro de ti.
Anastácia apenas esboçou uma careta, realmente os ânimos da fome já começavam a se manifestar.
— Mas, antes de comermos — disse Matt —, cobrarei o meu pagamento por aquela importante tarde a qual possibilitei que usufruísse. — Os lábios dele se curvaram em um sorriso malicioso.
Lady Lumb cruzou os braços, desconfiada. Matthew estava se saindo muito bem em manter aquele mistério, ela sequer fazia ideia do que ele estava planejando. Contudo, aquele segredo logo foi desvendado, pois Matt, que carregava uma caixa em suas mãos, caminhou até Any e solicitou:
— Abra.
Desconfiada, e um tanto curiosa, Anastácia levou as mãos à tampa e abriu o recipiente com cautela. Seus olhos se arregalaram quando se deu conta do que havia no interior da caixa. Com muita delicadeza, a lady segurou o fino tecido verde e sentiu os adereços dourados farfalharem pelo movimento. Any conhecia aquela vestimenta, fazia parte da cultura de sua mãe; cultura, esta, que ela explorara de modo a se conectar com suas raízes. Era uma peça muito bem elaborada, ela não sabia onde Matthew havia encontrado, muito menos qual era o objetivo por trás daquela ação.
— O que deseja de mim, Matt? — Encarou os olhos azuis de seu amigo, ciente da intensidade que eles abrigavam.
— Quero que vista isso e dance para mim.
Anastácia engoliu a seco, sentindo o suor brotar nas palmas de suas mãos.
— Aqui? Agora? — perguntou, insegura.
— Estamos sozinhos em um salão de baile. É o momento e o local propício para uma dança, não acha?
Any observou, calada, o duque caminhar até o gramofone que começou tocar o Said, um estilo de música típico do Oriente, alegre e permeado de batidas fortes, mas que se tornava um ritmo sensual quando acompanhado das tão conhecidas danças do ventre.
— Vista-se lá fora, estamos sozinhos. Eu te aguardarei aqui. — Puxou uma cadeira ao centro do salão e sentou-se confortavelmente, tornando evidente o fato de que o pedido era real.
Anastácia, porém, continuou imóvel, segurando a caixa, incerta de como agir. No peito, o coração batia forte e rápido.
— Lembro-me que fez aulas destes tipos de dança. Disse-me que sua mãe era uma exímia dançarina pelo qual seu pai se apaixonou. Sei que aprendeu a dançar de modo a se aproximar da cultura dela. Às vezes, eu a observava discretamente em suas aulas. Hoje, eu quero dance especialmente para mim. Esse é o meu preço, Anastácia. — Encarou a lady com muita seriedade. E um brilho perigoso tomou conta do olhar dele.
Em silêncio, Any seguiu para perto de Matthew, virou-se de costas e disse em um tom baixo:
— Preciso de ajuda para afrouxar as amarras do espartilho.
O duque rapidamente se colocou em pé, posicionou-se às costas da amiga e começou a abrir os botões daquele vestido azul com muita destreza. Logo, os dedos hábeis do homem encontraram as tiras da peça íntima e as ajustou até que a lady pudesse retirá-las por contra própria.
— Prontinho, Any. — sussurrou ao pé do ouvido, fazendo Anastácia se arrepiar com a proximidade dos lábios dele em seu pescoço.
Com o coração disparado, Any se agarrou a caixa, escondendo suas mãos trêmulas e partiu porta à fora.
Nenhum pensamento ocupou a mente da lady à medida em que se despiu de suas vestes e colocou-se dentro daquele traje escandaloso demais para os valores puritanos da sociedade britânica.
Anastácia sentiu a leve saia do tecido percorrer toda extensão de sua perna e aquilo lhe despertou boas memórias de quando vivia no Oriente. Em seus quadris, as pequenas peças douradas em formato arredondado tilintaram fazendo-a sorrir. Any direcionou o olhar para seu corpo, encontrando um busto coberto apenas por uma pequena peça verde brilhante, e sentiu-se um pouco exposta. Todavia, ela amarrou o véu a face, cobrindo o nariz e a boca, soltou os cabelos negros, conjurou toda coragem e retornou para dentro daquele salão.
Ao abrir a porta, Anastácia foi recebida pelo som do Said que ainda ecoava no ambiente. Matthew, estava sentado naquela cadeira, seu fraque, juntamente com seu colete preto, estavam jogados ao chão. Any observou as luzes bruxuleantes do pôr de o Sol entrarem pela janela e refletirem em seu amigo que mantinha a atenção inteiramente focada nela.
Lady Lumb puxou o ar profundamente, fechou os olhos e deixou que o ritmo da música a envolvesse. Aos poucos, ela começou a movimentar os quadris no mesmo compasso em que movia as mãos com muita delicadeza. Seus pés descalços deslizaram pelo piso frio a medida em que percorria o salão, dançando conforme aprendera, mantendo o olhar fixo em Matthew que se encontrava em um estado perplexo de pura admiração.
Embora estivesse com a camisa semiaberta, ainda assim o duque sentiu um calor tomar conta de seu corpo ao ver Anastácia dançar de forma tão sedutora. Any tinha belas pernas torneadas e Matthew apenas desejou tocá-las. A cintura fina da mulher, parecia ganhar vida própria conforme mexia aqueles quadris com muita desenvoltura. Ele imaginou como seria prazeroso sentir aqueles movimentos em uma outra situação: ambos sobre a cama e ela movendo-se sob o corpo dele, gemendo, arfando, chamando por seu nome.
Novamente, a ereção surgiu no meio de suas pernas e Matthew não se importou em escondê-la. Ele sabia que ficaria excitado ao vê-la dançar, mas tinha que realizar aquele desejo; precisava daquilo, não seria capaz de dormir em paz se não tivesse tido aquela oportunidade.
Então Any se aproximou e cravou aqueles olhos verdes esmeraldas no duque que quase perdeu o ar. Matthew desejava tocá-la, mas não queria que a dança findasse. Encontrava-se em um delicioso dilema. Aqueles quadris eram sua perdição. Ele remexeu-se desconfortável na cadeira, tomando ciência da rigidez no meio de suas pernas que o massacrava. Se Anastácia soubesse o poder que exercia sobre ele, certamente o levaria nas palmas das mãos.
Finalmente, o gramofone silenciou a música, porém, aquele não foi o fim da tortura do homem. Lorde Morrison apenas fixou o olhar intenso em sua amiga que respirava ofegante. Ela retirou o véu que encobria a face e abriu um largo sorriso e aquilo fez Matt desejá-la ainda mais.
— Aproxime-se, Anastácia. — pediu, em um tom de voz rouco e intenso.
Any, calada, o obedeceu e caminhou até o duque.
— Coloque o seu pé aqui. — ordenou, abrindo as pernas, liberando um espaço para que ela realizasse a ação.
Anastácia não sabia a razão, mas estava apreciando aquele jogo envolvente e sedutor. Tentando esconder o tremor do corpo, ela colou o pé direito no estofado macio da cadeira e sua perna ficou inteiramente exposta ao duque. Naquele momento, Any percebeu que Matthew era o único homem que chegou perto de ver sua nudez.
Um arrepio percorreu toda a espinha de Anastácia, quando o duque percorreu as pontas dos dedos por toda perna dela, desde o tornozelo, até o alto da coxa, chegando ao quadril.
— Tão lisa, sem pelos. — ele sussurrou, claramente alterado pelo desejo.
— Rose me ensinou a moda francesa. Sou boa com navalhas. — Seus lábios se curvaram em um malicioso sorriso de canto.
Matthew, algum dia, teria de agradecer à Rosália por ter transmitido conhecimentos deveras valiosos a sua amiga.
Lorde Morrison tinha certeza de que aquela era uma oportunidade única, por isso fez questão de satisfazer todos seus desejos e percorreu a língua por toda extensão da perna macia de Anastácia, interrompendo a ação um pouco antes de se aproximar das partes íntimas.
Any cambaleou, sentindo as pernas amolecerem e segurou firme nos ombros do homem.
— Oh, pequena Any... O que eu farei contigo? — Puxou-a pelos quadris e enfiou o nariz naquela barriga pecaminosa.
Anastácia já havia perdido a capacidade de raciocinar. E soube, naquele instante, que se Matthew quisesse possui-la, ela não negaria.
Contudo, antes que cruzassem uma linha perigosa, o estômago da lady roncou alto, trazendo o juízo para a cabeça de ambos.
Matthew afastou-se, rindo. Any, sem graça, puxou o pé para o chão e também começou a rir.
— Acho que devemos alimentar o dragão. — provocou, Matt, recobrando a compostura.
— És uma atitude muito sábia. — Any finalmente recuperou a capacidade de falar.
Rapidamente, Lady Lumb caminhou para fora do salão, sentindo um turbilhão de emoções se agitar dentro de si.
Anastácia se trocou em uma velocidade incomparável e não fez questão de colocar o espartilho. Segurando o acessório nas mãos, juntamente com o traje da dança, ela voltou ao salão onde encontrou Matthew acendendo as lamparinas a gás, iluminando todo o cômodo. Ao fitar as janelas, Any se deu conta de que anoitecera rapidamente, e por não haver o brilho de estrelas no céu, logo percebeu que iria chover.
— Matt, pode fechar os botões do meu vestido? — Colocou os cabelos para o lado e virou-se de costas para ele.
Sem dizer nada, o duque fechou aquele vestido, sabendo que sua maior vontade, na verdade, era retirá-lo completamente.
— Pronto, Any. — Afastou-se dela antes que cometesse algo do qual se arrependesse depois. — Fique aqui. Buscarei algo para comermos.
Então partiu, apressado, necessitando urgentemente ocupar sua mente com algo que não envolvesse a imagem do corpo nu de Anastácia junto ao seu.
Any, ainda agitada, saiu para fora da sacada e aspirou o ar fresco da brisa noturna. No céu escuro, ela viu o surgimento do brilho feroz de um raio cortar a noite e sentiu o temor lhe dominar. Ela morava em Londres, estava habituada com chuvas constantes. Contudo, nunca gostou de tempestades. Raios e trovões sempre a deixaram apavorada e Any jamais descobriu a razão por ter tanto medo daquilo. Mas tinha. Era um pavor incontrolável. Certa vez, uma cigana lhe disse que eram traumas da vida passada. Anastácia, porém, era cética demais para acreditar naquela teoria, ela só aceitava algo se pudesse ser comprovado pela ciência, caso contrário, quaisquer especulações não tinham valor algum.
— Venha comer. — pediu, Matt, de dentro do salão.
Any dissipou seus pensamentos, e, sorrindo, retornou à companhia do amigo.
Matthew trouxe consigo uma cesta com pães, queijos, frutas, biscoitos amanteigados, uma garrafa de vinho e outra de uísque irlandês favorito da amiga. Ambos se sentaram no chão daquele salão vazio e sorriram, compartilhando de mais um bom momento juntos.
O duque levou a mão a dois copos cristalinos, abriu o uísque, encheu-os com uma boa dose do líquido âmbar e entregou a bebida a sua companheira.
— Aos nossos respectivos casamentos. Que nada no mundo nos separe. — Ergueu o copo a um brinde.
— Que nada no mundo nos separe. — Brindou, Anastácia, sorrindo.
E naquele momento, quando Anastácia abriu aquele sorriso encantador, fazendo o coração de Matthew disparar em um ritmo absurdamente acelerado, foi exatamente o instante, perdido no espaço infinito de tempo, em que uma certeza absoluta e incontestável o atingiu o seu coração: ele estava perdidamente apaixonado por Any. Uma paixão unilateral que não nunca seria correspondida.
Matthew se apaixonara pela melhor amiga. O destino tinha realmente um senso de humor irônico e cruel.
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(CAPÍTULO SEM REVISÃO)
Olá, ladies! Tudo bem?
Espero que estejam gostando livro, ainda vem muita coisa boa por aí, acho que vão apreciar o desfecho dessa aventura na Era Vitoriana!
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Bjs e até segunda!!!
Lady Luana Maurine
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