14 - Chá da Tarde
"No fundo, todas mulheres anseiam em ser livres. Elas ainda só não tiveram coragem de lutar".
— Lady Anastácia Lumb
Matthew Morrison nunca nutriu qualquer afeição por lorde Davies. Apesar de o duque de Hereford ser ao menos três anos mais velho que o conde de Bastille, ainda assim foram obrigados a frequentar as mesmas classes em Ethon, pois Albert sempre foi muito inteligente em comparado a qualquer outro lorde da sua época, e tal fato possibilitou que avançasse nos estudos, concluindo-os em um tempo realmente curto. Mas o que Davies possuía de inteligência, também o tinha em egoísmo e prepotência. Desde a infância o conde já se mostrava ser uma pessoa fria e distante. Matthew, por vezes, havia brigado com ele, fisicamente, e os conflitos apenas cessaram quando se tornaram homens e passaram a se enfrentar de forma civilizada, promovendo diversos e calorosos debates no parlamento, ocasionados por suas opiniões deveras distintas.
Todavia, lorde Davies havia ultrapassado a barreira de todos os limites quando chantageou Anastácia de uma forma tão baixa, que, para Matthew, era algo imperdoável.
Naquela manhã, logo após a sessão parlamentar, Lorde Morrison caminhou furioso até o escritório do conde e o invadiu de forma abrupta, pegando o homem completamente desprevenido.
— Seu bastardo insolente! — o duque rugiu, feito uma fera, cerrando os punhos ao lado do corpo, contendo o ímpeto de agredir a face asquerosa Albert. — Fique longe de Anastácia ou eu juro que acabarei com você, Davies! — Apontou o indicador ao declarar aquela estrondosa ameaça.
Albert, tão frio como o habitual, permaneceu sentado em sua cadeira atrás da lustrosa mesa, tão cara como seus demais pertences, e esboçou um pequeno sorriso de canto antes de falar:
— Lorde Morrison — iniciou o homem escondendo o riso. — Foi Lady Lumb quem te enviou ou veio ao meu escritório por conta própria? Será que devo tomar sua visita como a resposta de que ela está reconsiderando a possibilidade de nos casarmos? — disparou em tom provocativo.
Matthew, tomado pela mais profunda ira, avançou em direção do conde, juntou as mãos no paletó do homem e o ergueu daquela cadeira.
— Jamais permitirei que Any se case contigo! — Esbravejou, rente ao rosto do conde, sentindo o sangue ferver sob a sua pele.
Contudo, mesmo percebendo que o duque estava de fato irado, Albert gargalhou, desvencilhando-se das mãos de Matthew.
— Sente-se, Vossa Graça. Somos civilizados o suficiente para tratarmos deste assunto sem desferir quaisquer agressão. — E tornou a ocupar a cadeira.
Matthew permaneceu calado, esperto como sempre foi, Davies havia o desarmado completamente.
— Não pretendo, de fato, casar-me como lady Lumb — explicou Albert —, embora tal hipótese não possa ser totalmente descartada. Se tudo ocorrer conforme o esperado, ela se casará com o filho do Sheik Mohammed, o senhor Hassan Al Kassar, ao passo que eu terei conseguido estabelecer sociedade com o futuro esposo de lady Lumb, que é o meu principal objetivo.
Matthew, já mais calmo, arrastou a cadeira pelo gasto assoalho de madeira, e sentou-se de frente para o lorde.
— Any não se casará com Hassan. Isso eu também posso te garantir. — proferiu em tom sério.
Albert arqueou a sobrancelha, desconfiado, e inclinou o corpo para frente de modo a analisar o duque com muita cautela.
— Está tentando manter sua amiga longe do matrimônio, Morrison? Tenho a impressão de que não a deixará que se case com ninguém.
Matthew apenas riu daquela alegação, embora, no fundo, sabia que Davies possuía uma certa razão.
— Isso não é a verdade. Estou somente cumprindo com meu papel de amigo, assegurando que Anastácia venha a se casar com a pessoa certa e essa pessoa não é você, tampouco Hassan.
O conde voltou a apoiar as costas no encosto estofado da cadeira. Um sorriso presunçoso surgiu nos lábios do lorde antes de ele disparar:
— Por que não se casa com ela? Lady Lumb é bela, audaciosa e determinada. Tenho certeza de que é a mulher mais inteligente de toda Londres, eu mesmo estaria completamente inclinado em desposá-la, se não soubesse que Hassan possuí essa intenção. E no momento, meu caro, não pretendo tê-lo como meu inimigo.
Matthew segurou firme nos apoios da cadeira, tentando disfarçar o desconforto que o atingiu. Por que raios todos continuavam a insistir naquele assunto? Pensou ele, irritadíssimo.
— Anastácia é minha melhor amiga! Por qual razão eu acabaria com nossa amizade firmando um casamento irreal? Além disso, apesar de toda afeição que sinto por ela, sei que sua reputação não ajudaria em nada a garantir que minhas irmãs debutem com êxito na próxima temporada. Também pretendo ter um herdeiro para o qual eu possa transmitir o ducado de Hereford e um filho com Any, com toda a certeza, está fora de questão. — sintetizou, o duque, evidenciando os motivos pelo qual deveria tirar Anastácia de sua cabeça de uma vez por todas.
— Então creio que não restará outra escolha a Lady Lumb, a não ser casar-se comigo ou Hassan. Deves saber, Vossa Graça, que, apesar de vários lordes nutrirem certos interesses na fortuna de sua amiga, muitos deles também compartilham o mesmo temor que o seu em relação a reputação de tal lady. Deves levar isso em consideração, antes de afastar os únicos pretendentes que realmente podem levá-la ao matrimônio. — argumentou, Davis, com astúcia.
Matthew arrastou bruscamente a cadeira para trás e levantou-se em um sobressalto.
— Isso é um absurdo! Jamais permitirei que Any se case contigo. Afaste-se dela, Davies, ou eu juro que o levarei à ruína. — ameaçou, determinado, encarando o homem que ele tanto detestava.
— Lorde Matthew Morrison! — esbravejou o conde, colocando-se em pé. — Quem pensa que és para me ameaçar em meu próprio escritório? Não o temo e jamais temerei. A única pessoa do mundo que um dia conseguiu me intimidar e deixou-me sem palavras, a única a qual ainda nutro certo receio, trata-se de Anastácia Lumb, e, no momento, meu caro, ela encontra-se em minhas mãos. Então saia do meu escritório e leve consigo as suas ameaças vazias.
Matthew grunhiu feito uma besta primitiva.
— Não diga que não lhe avisei, Davis. — E saiu a passos duros, fechando a porta com agressividade e o barulho estrondoso ecoou por todo o corredor.
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Naquela mesma manhã, enquanto o duque brigava com com o conde de Bastille, Anastácia havia recebido um convite deveras inesperado. Seus olhos brilharam e ficou inevitavelmente admirada ao receber uma missiva informando que estava convidada para um chá da tarde no luxuoso Hotel Manfrield na companhia das belas jovens que debutaram consigo naquela temporada. Any nunca havia sido convidada para algo de tal tipo. Desde que voltara a Londres, nenhuma família havia reiterado um convite para qualquer chá. Sua interação social praticamente se resumiu a propostas para bailes, e a alguns, menos importantes, eventos de caridades.
Anastácia sequer sabia como se portar em tais ocasiões, muito menos como se vestir, mas tinha a noção de que deveria levar alguma acompanhante e sabiamente enviou uma curta missiva a mãe de Matthew, pois a duquesa com certeza era a melhor opção para lhe acompanhar, e possivelmente aconselhá-la, em tal situação.
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— Oh Any, nem acredito que fomos convidadas para tal encontro! Isso é maravilhoso! — exclamou a duquesa, com os braços entrelaçados aos de Anastácia, caminhando pela estreita calçada, ambas prestes a adentrar no luxuoso salão do hotel.
— Não posso afirmar se é maravilhoso, mas de fato é inesperado. — resmungou a lady, um tanto desconfiada.
— Deixe de ser tola, Any! Finalmente estão tentando fazer amizade contigo. — argumentou lady Morrison, toda sorridente.
— Um tanto tarde, não acha?
Katherine iria responder Anastácia de forma apropriada, porém, ao adentrarem pela porta do hotel, as mulheres foram recebidas animadamente pela viscondessa de Herb que prontamente as guiou pelo salão.
— Lady Lumb, podes permanecer aqui com as demais moças. — disse a viscondessa. — Levarei Lady Morrison comigo. Temos assuntos de mulheres a tratar. — explicou, exibindo um sorriso um tanto sugestivo.
Anastácia não era tola, soube de imediato que as matriarcas aproveitariam daquela oportunidade para conversarem assuntos que não deveriam ser tratados perto de suas filhas, muito menos de seus maridos. Era uma conversa de mulheres casadas e tão logo Any poderia compartilhar de seus segredos. Contudo, ainda era solteira e restou a ela apenas sentar-se junto das jovens ladies que tão pouco sabiam do mundo.
Any tomou o lugar no único assento vago diante daquela imensa mesa redonda coberta com uma impecável toalha de seda que quase se estendia ao chão de tão comprida. Ela ligeiramente franziu o cenho ao observar tal estranha decoração. Também ficou claramente incomodada ao perceber que todas as jovens trajavam vestidos claros, já ela, havia escolhido algo em tom verde, que constrastou com as demais.
Será que havia alguma regra em relação a forma com que as debutantes deveriam se trajar durante a temporada de casamento? Certamente teria de perguntar a duquesa, pois assim evitaria possíveis constrangimentos futuros.
— Lady Lumb. — exclamou Alice Green — Fico contente que tenha vindo!
Any analisou o rosto marcado em leves sardas da jovem formosa e soube que seus sentimentos eram reais.
— Não perderia esse encontro, milady. Não tenho certeza se haveria um outro, caso eu recusasse. — explicou, Anastácia,em um tom levemente ácido.
— Eu faria o mesmo se estivesse na sua posição. — disparou lady Daphne Wood, da outra extremidade da mesa, antes de levar a xícara aos seus lábios de cobra.
— E a qual posição se refere, Lady Wood? — indagou, Any, arqueando a sobrancelha em um gesto desafiador.
— Milady sabe ao que estou me referindo. Realmente deseja que eu diga em voz alta? — desafiou no mesmo tom.
Any abriu a boca para rebater aquela mulher pavorosa, porém foi cortada por Lady Alice que rapidamente disparou:
— Já sabem o que vão trajar no baile da Lady Wilston?
Os lábios da Lady Lumb se curvaram em um pequeno sorriso ao perceber a forma inteligente como Alice foi acertiva em evitar aquele confronto entre ela e Daphne.
Tão logo a conversa tomou um rumo mais leve, descontraído e incansavelmente fútil.
Anastácia permaneceu calada a maior parte da conversa, bebericando seu chá preto, analisando as disposições dos talheres de prata sobre a mesa, desejando saborear algo mais forte do que aquela bebida sem graça que preenchia sua xícara de porcelana ornamentada em ricos detalhes dourados.
Any era habituada a tratar de negócios, discorrer sobre assuntos significantes como política, economia, desigualdade social e outras conversas que pareciam serem destinadas apenas aos homens e as mulheres de seu clube. Todavia, lá estava ela, no meio de um bando de jovens cuja maior preocupação era a moda atual e o enxoval que haviam começado a bordar para seus futuros casamentos. Anastácia sentiu-se tão deslocada, estava prestes a inventar uma desculpa para ir embora, mas Lady Sophia Castle, filha do Barão de Hampisher, fez questão de indagar:
— És muito amiga de Lord Morrison, Lady Lumb. Diga o que podemos fazer se quisermos conquistá-lo?
Anastácia rapidamente saiu do seu torpor e sua mente voltou a habitar aquele salão. Any se calou por um momento, incerta de como agir em tal inesperada situação. Então, ao perceber que todas aguardavam ansiosamente por sua resposta, ela depositou a xícara à mesa, respirou fundo e finalmente respondeu:
— Todas aqui possuem o requisito para se tornarem esposa do duque. Nasceram em uma boa família, são belas e, ao contrário de mim, possuem uma reputação impecável. Matthew está à procura de uma mulher que lhe garanta um bom futuro, cuja aliança possibilite aumentar as chances de suas irmãs arranjarem um bom pretendente na próxima temporada. É isso o que ele deseja e estou certa de que todas aqui podem oferecer o que lorde Morrison anseia em um matrimônio. Meu amigo diz que não está a procura de um casamento por amor, mas eu o conheço, por mais que ele nunca venha admitir, Matt é um homem romântico, e aquela que conseguir alcançar sua afeição, certamente terá boas chances de levá-lo ao altar. — Any revelou, sorrindo.
Um coro de risinho se espalhou entre as moças. Elas eram tão novas. Anastácia pensou que deveriam ao menos possuir maiores experiências antes que fossem obrigadas a se casarem e perderem a liberdade para sempre.
— Imaginei que seria mais difícil conquistá-lo. Creio que me enganei. Se é amor que ele deseja, amor ele o terá. — disse, Daphne, toda prepotente, como se já possuísse a certeza de que Matthew seria o seu esposo.
— Todavia, devo acrescentar que... — prosseguiu, Any, encarando Lady Wood com extrema frieza — para se casar com Lorde Morrison, primeiramente deverão me conquistar. Firmamos um acordo de que não casaremos sem o consentimento um do outro, então de nada valerá conquistá-lo, se não obtiverem a minha aprovação.
Uma gargalhada de deboche escapou dos lábios de Daphne.
— Oh, Lady Lumb! Realmente possuí uma segurança invejável. Por amor homens se voltam contra as próprias mães, acha mesmo que uma amiga pode exercer tamanho poder?
Anastácia cerrou os punhos abaixo da mesa, contendo o desejo de estrangular aquela mulher arrogante. Entretanto, ao perceber que um caos estava prestes a emergir, Lady Alice Green novamente foi sábia ao questionar:
— Diga-nos, quais são os gostos do duque? Talvez, se soubermos do que ele gosta, podemos aumentar nossas chances.
Lady Lumb desviou a atenção de sua rival, fitou olhos azuis acinzentados da outra jovem e então falou:
— Confesso que essa é uma pergunta deveras difícil. Conheço Mathew há muito tempo, mas nunca de fato tomei um tempo para pensar sobre seus gostos.
Anastácia acreditou ter dado o assunto como encerrado, no entanto, soube que tais mulheres não sairiam dali sem uma resposta convincente. Any, então, juntou as mãos sobre suas pernas, alinhou as costas, inalou o ar profundamente e começou a falar, mantendo um olhar muito longe dali:
— Matthew é completamente fascinado por Mitologia Grega, desde a infância. Quando éramos crianças, ele afirmava com veemência que era o próprio Hércules, filho de Zeus. Eu, obviamente o provocava, alegando que ele não poderia ser um semideus, já que era mais fraco que eu. Matt, todo rabugento, apenas rebatia afirmando que eu era a própria medusa, que logo meus cabelos se tornariam cobras e eu transformaria qualquer homem em pedra só com meu olhar letal. — Any sorriu ao se recordar de tais momentos e prosseguiu: — Ele não é bom com os números, nunca foi. Sempre o ajudei com a aritmética nos tempos da escola e depois com as finanças do ducado. Matt, contudo, é um exímio escritor. Possuí o dom da escrita, bem como da oratória. Sempre apreciou as palavras. Quando éramos adolescentes, trocavámos inúmeras cartas, mesmo que morassemos próximos. Ele dizia que eu deveria treinar minha escrita, pois minha ortografia, bem como meu vocabulário não eram tão refinados, entretanto, na verdade, eu sabia que Matthew apenas desejava um motivo para colocar suas palavras no papel. Ainda guardo em meu quarto um baú repleto de cartas do jovem Matthew Morrison. Ele sempre fora um sonhador. — Um riso escapou dos lábios da lady, ao se recordar daqueles momentos. — Matthew também é um grande apreciador de artes marciais, em especial, o boxe. Quando éramos mais jovens, eu coloquei na cabeça que queria aprender a brigar e a me defender, e ele, sabendo que eu não tiraria tal ideia da cabeça, começou a aprender luta, apenas para poder me ensinar. Desde então, Matthew, vez ou outra, está enfiado em um ring de boxe, seja legal ou clandestino, e eu sempre acabo tendo de cuidar de seus ferimentos. Tarefa, esta, que, graças a Deus, eu repassarei para sua futura esposa. — Soltou uma gargalhada. — Mas Matthew também é sensível, embora jamais vá admitir ou revelar tal aspecto de sua personalidade. Ele ama tocar piano, mas só o faz em sua privacidade. Matt adora músicas, porém, mesmo que saiba dançar muito bem, só dança quando é forçado. Ele é muito distraído, por vezes se perde em seus pensamentos e eu sempre tenho que lhe chamar a atenção por não conseguir manter-se focado por muito tempo. Matthew odeia pescar, pois possuí uma paciência mínima. Mas adora caçar, está sempre limpando suas armas e praticando tiro ao alvo em sua residência. Matt ama assistir corridas de cavalos, todavia, é um péssimo apostador. Nunca foi capaz de apostar em um cavalo vencedor. Então, minhas caras, se ele decidir levá-las a alguma corrida, jamais aceite a sua sugestão e aposte em qualquer cavalo menos o que ele escolher. — Any sorriu mais uma vez. — Ele aprecia os uísques escoceses, ao passo que eu, os irlandeses. Brigamos constantemente por não conseguirmos chegar a um acordo de qual tipo é o melhor, acho que nunca chegaremos. Ele é tão teimoso quanto uma mula, e persistente também, se há algo que deseje, não desistirá até tê-lo. Matthew Morrison é um bom homem, ouso dizer que é o melhor de toda Londres, pois é o único que enxerga as mulheres como elas realmente são. Ele não é sexista, nem possuí uma mentalidade machista e nos trata como iguais. Matt nunca me menosprezou por eu ser mulher e sempre me defendeu desde que éramos jovens, jamais deixou qualquer homem zombar de mim, mesmo sabendo que eu era capaz de me defender sozinha. Aquela que tiver a sorte de se casar com ele será completamente feliz e satisfeita, já que Matthew beija muito bem. Ele realmente sabe beijar uma mulher. — Any sorriu ao se recordar da sensação dos lábios do duque junto aos seus.
— E como tens certeza disso. Vocês já se beijaram? — questionou Lady Morgana Montgomery, claramente desconfiada.
E foi então que Any se deu conta de que falará demais.
— Claro que não! — exclamou exasperada. — Nós somos amigos, apenas amigos. — assegurou com firmeza. — Contudo, como bem sabem, estou no comando de um clube de cavalheiros e minhas damas me asseguraram de que o duque é, de fato, um bom amante. — revelou, exibindo um leve sorriso malicioso, tentando sair daquela enrascada.
— Basta! — Lady Daphne arrastou a cadeira abruptamente, colocando-se em pé. — Irei embora. Essa conversa se tornou escandalosa demais para os bons modos. — E partiu, a passos duros, sequer olhou para trás.
Any estava prestes a abrir a boca e se desculpar por sua falta de decoro, porém não foi necessário concluir tal ação, pois prontamente Lady Kimberly Stone, que pouco se importou com a ausência de lady Wood, indagou:
— Oh, Lady Lumb! És tão mais experiente que todas nós juntas! Por favor, liberte-nos de nossas ignorâncias. Diga-nos, qual é a sensação de ser beijada.
Anastácia sentiu a vermelhidão subir a sua face. Ela claramente se recordou como era bom ser beijada por Matthew, mas não diria qualquer palavra sobre aquilo. Já revelara muiito naquela tarde.
— Longe de mim estragar suas experiências com uma explicação tão rasa. Ser beijada é uma sensação única que eu jamais saberia explicar com a devida clareza. É algo pode apenas ser revelado por meio da prática, e se tiverem a sorte de escolher o homem certo, com toda certeza apreciarão a sensação de um beijo. — explicou, voltando a bebericar o chá.
Claramente as mulheres ficaram desapontadas com aquela resposta, mas a lady sabia que nada do que dissesse poderia aplacar aquela curiosidade. Contudo, ainda havia muitas indagações a serem realizadas e Any soube que elas realmente ansiavam em conhecer o mundo e todos os seus prazeres.
— É verdade que o uísque tem gosto mais forte que vinho? — questionou Alice.
Anastácia riu.
— É verdade. Muito mais forte. A primeira vista a tal bebida não é agradável ao paladar, mas depois torna-se melhor. É um gosto adquirido. — Balançou os ombros.
— E que gosto tem um charuto? — perguntou outra lady.
De fato, Any havia se tornado o centro das atenções. Ela jamais imaginou que passaria por aquilo e realmente gostou daquela tarde.
— Geralmente, amadeirado. Há uns melhores que outros. Eu, particularmente, não sou grande apreciadora, mas há quem goste.
— É verdade que sabes atirar com arma? — outra moça perguntou e Any notou um tom de admiração em sua voz.
Naquele exato momento, uma ideia um tanto ousada tomou conta dos pensamentos de Lady Lumb. Ela mal teve tempo de refrear seus impulsos e logo disparou:
— Acredito que eu possa possibilitar que venham a ter todas essas experiências, menos o beijo, é claro. — começou Any, deixando todas perplexas. — Eu as convidarei para um chá da tarde na residência White, na próxima segunda. Claro que darei um jeito de manter lady Morrison afastada para que possamos aproveitar a tarde sem sermos importunadas. Então poderão experimentar charuto, beber uísque e, para mais audaciosas, poderão até disparar uma arma de fogo. O que acham?
Um silêncio um tanto incômodo se alastrou pelo ambiente. Todavia, nos olhos das moças, Anastácia notou o quanto estavam ansiosas para embarcarem rumo àquelas experiências que lhes foram negadas.
— Isso parece fantástico! — exclamou Alice Green, dando voz às demais jovens do recinto.
Nos lábios de Any surgiu um enorme e radiante sorriso.
— Lembrem-se de não levar vossas mães. Creio que elas obviamente não aprovarão suas ações. Levem suas damas de companhia, ou vão acompanhadas por uma amiga. Na segunda de manhã, enviarei uma missiva em nome da duquesa para vossas residências, informando o horário do nosso encontro. E, por favor, mantenham nosso encontro em segredo de Lady Daphine Wood. Acho que ninguém quer ser taxada de escandalosa, eu estou satisfeita em manter o título apenas para mim.
Um coro de riso se espalhou pelo ar, assim que Any concluiu a frase.
E ali, naquela tarde, Anastácia teve a mais absoluta certeza: ela abriria seu clube de mulheres e ele seria um tremendo sucesso.
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(CAPÍTULO SEM REVISÃO)
Ou Ladies! Espero que tenham gostado do capítulo!
AVISO: a partir de hoje, os capítulos serão postados todas às segundas-feiras.
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Bjs, Lady Luana Maurine
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