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13 - Surpresas

"Homens demoram a atingir a maturidade. Talvez  nunca a atinjam, afinal.

Lady Anastácia Lumb

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Anastácia nunca apreciou surpresas. Porém, naquele baile, seria obrigada a enfrentar os mistérios que foram reservados a ela. Contudo, após a sucessão de eventos que ocorrerá em determinada noite tumultuada, Any já não se importava com mais nada, a não ser o fato de que necessitava concluir o evento sem nenhum problema.

Mas, para a sua feliz surpresa, Lady Lumb sentiu os lábios se abrirem no mais largo e satisfeito sorriso, quando seus olhos se encontram com os de Hassan, filho mais novo do Sheik Mohamed Al Kassar, que se tornou seu verdadeiro amigo quando ela viajou para a Arábia.

— Hassan! — Any exclamou, empolgada, contendo o ímpeto de se jogar nos braços do amigo que há muito tempo não via.

— Anastácia! — O homem de penetrantes olhos tão castanhos quanto a barba que ocupava em sua face, sorriu ao se deparar com aquela que sempre foi única e inestimável amiga. — Eu te abraçaria se fosse adequado, mas creio que devo me contentar em beijar apenas a sua mão.

Ainda sorrindo, a lady estendeu a mão enluvada para Hassan.

— Tinha certeza de que apreciaria a surpresa, lady Lumb. — disse a rainha. — O senhor Kassar estabeleceu residência em Londres de modo a comandar os negócios da família em relação à expansão ferroviária. Pedi que ele não a visitasse, pois tinha intenção de lhe fazer esta surpresa.

Realmente a monarca tinha intenção de manter seus herdeiros longe de Anastácia e estava se esforçando para que ela se casasse o mais breve possível, colocando pretendentes deveras interessante em seu caminho.

— Foi uma surpresa agradável, Vossa Majestade. Confesso que estava esperando pelo pior.

A rainha riu, olhou para ambos os jovens e então disse:

— Deixarei que conversem. Acredito que tenham muito o que tratar. — Então se afastou, deixando Any com seu amigo.

— Devo confessar que quase não o reconheci sem o seu turbante e suas vestes coloridas. Mas, meu caro, é preciso acrescentar que esse traje preto lhe caiu bem. — Anastácia elogiou seu velho amigo, assim como costumava a fazer. Sempre foi comum entre ambos, tais provocações em tons de cortejos que nunca chegaram a lugar algum.

Em outra extremidade do salão, Matthew viu, contrariado, Any se aproximar de Hassan Al Kassar que acabara de chegar ao baile. O duque custou acreditar que aquele lamentável fato estava ocorrendo. Depois de tanto tempo, aquele homem havia ressurgido do passado e voltara a perturbar a sua paz. Aquilo era um pesadelo da pior espécie.

A largos passos, o duque a avançou para perto Anastácia que havia apresentado o filho do sheik para a sua mãe. Matthew nunca gostou daquele homem. Any dizia que ele sentia ciúmes da amizade deles, mas, na verdade, o duque sentia-se ameaçado, temendo que Hassan pudesse afastá-los e talvez o temor fosse real.

— Veja o que os ventos trouxeram da Arábia! — Matthew expressou com certo deboche. — É realmente irônico o fato de que tenha reaparecido logo agora que Anastácia resolveu se casar. Um tanto suspeito, não concorda, Hassan?

Todavia, o árabe que jamais se intimidou com os rudes ataques do duque, apenas esboçou um leve sorriso presunçoso e falou:

— Tão suspeito quanto o fato de que também resolveu se casar na mesma época em que Lady Lumb. Se eu realmente não soubesse que são apenas amigos, começaria a pensar que tens a intenção de desposá-la. Mas como ambos sabemos, isso é algo que realmente está fora de cogitação. — rebateu, sarcástico demais para o gosto de Matthew.

O duque trincou o maxilar cerrando os punhos. Ele desejou esmurrar a face daquele infeliz e arrancar tal sorriso sarcástico de seus lábios, mas não o fez, pois aquilo seria uma cena lamentável que poderia arruinar a noite de sua amiga.

— Any, podes me reservar a próxima dança? — Lorde Morrison perguntou, fitando a lady com extrema frieza.

Anastácia detestou aquela situação descabível. Já havia se passado mais de uma década e aqueles homens ainda não conseguiam aceitar que ela era amiga dos dois? Francamente! Eles ainda se pareciam com dois jovens brigando por razões tolas e ainda por cima a envergonhou na frente de lady Morrison. Any teria de ter uma conversa séria com eles e começaria por Matthew.

— Claro. — Entregou o cartão de baile na mão do amigo.

Matthew escreveu seu nome e devolveu-lhe o cartão.

— Guarde isso com muito cuidado, Any. Soube que, para certas mulheres, estar em posse disso é tão valioso quanto a lembrança de um beijo. — Sorriu, claramente provocando-a.

Any o encarou desaprovando suas ações. Matthew iria acabar estragando tudo se continuasse a agir daquela forma tão ambígua, fazendo provocações tolas que poderiam levantar suspeitas sobre os dois.

— Talvez também deva marcar seu nome em meu cartão e tirar-me para uma dança, Hassan. — sugeriu, lady Lumb, esperançosa.

— Seria uma honra, minha querida. Mas ainda não conheço os passos das danças. Quem sabe não possa me ensinar? — Seu olhar intenso se fixou na bela mulher que, mesmo depois de todos aqueles anos, jamais deixou seus pensamentos.

— Isso está fora de questão! Lady Lumb não pode te ensinar nada, pois está à procura de um casamento o que a impede de ficar a sós com outro homem, principalmente com você. — Matthew advertiu, indignado.

— Meu filho tem razão, senhor Kassar. Lady Lumb não pode te ajudar em relação a isso, porém, conheço algumas pessoas que podem te instruir. — acrescentou a duquesa.

— Fico grato pela ajuda, Vossa Graça. Aceitarei de bom grado. — disse Hassan, tentando amenizar o desconforto que pairou no ambiente.

— Disponha! — disse a duquesa, sorrindo amigavelmente.

Anastácia estava prestes a iniciar outra conversa com Hassan, porém a orquestra anunciou a próxima canção.

— É a nossa música, Any. Vamos. — Matthew puxou a amiga pelos braços, impedindo que ela formulasse qualquer palavra.

Ambos se posicionaram no centro do salão ao lado dos demais casais. Ao ouvir os sons dos instrumentos, o duque prontamente iniciou a dança mantendo uma expressão contrariada na face, evitando a olhar para Anastácia, como se a lady tivesse culpa pelo seu péssimo estado de humor.

— Matthew Morrison! Trate de melhorar essa carranca rabugenta em sua face. Sabes que Hassan é apenas meu amigo e não vais deixar de ser só porque Vossa Graça não gosta dele.

Ainda furioso, o duque ergueu Anastácia, rodopiando, conforme os passos da dança, e então a devolveu graciosamente no chão.

— Não estou certo de que ele deseja apenas sua amizade. Tenho certeza de que existe uma outra intenção por trás de suas ações. Acredito que sempre existiram. — resmungou, rodando a amiga ao som da melodia.

— E se ele tiver? Não vou negar, Hassan é um excelente pretendente. Ele me conhece há décadas, jamais me privaria de minha liberdade, não tem interesse em minha fortuna, deixaria eu comandar os meus negócios, e, além disso, a rainha gosta dele, portanto manteria o acordo pré-nupcial que firmamos. — explicou Any, notando um vinco de preocupação se formar na testa do amigo.

— Estás louca, Anastácia! Conheces muito bem a cultura a qual ele pertence. O que fará quando Hassan se cansar de ti e obrigar com que conviva com uma outra esposa?

Lady Lumb riu com gosto.

— Não se preocupe com isso, Matt. Eu conheço o Hassan muito bem. Ele é um romântico incorrigível, sempre afirmou que se casaria com apenas uma mulher e somente por amor. Além disso, ele estabeleceu residência em Londres de modo a cuidar dos negócios do pai. Nos casaríamos sob as leis britânicas, regidas pelos padrões moralistas da Coroa, e a Inglaterra, meu caro, não permite a bigamia.

Matthew arrastou graciosamente a amiga pelo salão, girando com elegância, seguindo o padrão da dança.

— Prometa que não irá me abandonar por ele, Any. — pediu, torcendo os lábios, evidenciando o seu temor.

Um sorriso ocupou os lábios da lady ao declarar:

— Eu prometo, seu tolo.

Matthew respirou aliviado e continuou a dançar.

— Por falar em promessas, meu amigo. — começou Any — Quero que me prometa que não se casará com Lady Daphne Wood.

O duque analisou a expressão na face de Anastácia e soube que o pedido era realmente sério.

— Estás com ciúmes, pequena Any? — provocou, apertando a cintura da lady, colocando-os próximos demais para a conduta dos bons modos.

— Claro que não. — Ela afastou-se ligeiramente — Apenas acredito que ela não é adequada para ti, meu amigo.

— Creio que estás equivocada. Lady Wood é bela, educada, vem de uma boa família e sua reputação é impecável. Uma união com ela seria excelente para o futuro da minha família, principalmente os de minhas irmãs que serão apresentadas à sociedade na próxima temporada.

Any bufou, claramente contrariada.

— Lady Daphne me ameaçou, Matt. — revelou entredentes — Disse que, caso se case contigo, fará com que me esqueça! Tal mulher nos afastará e chegará um dia em que terá de escolher entre eu e ela e essa decisão nos machucará profundamente.

O lorde caiu na gargalhada.

— Oh Any! Nem minha mãe conseguiu nos afastar, acredita mesmo que outra mulher conseguirá tal proeza? Francamente! Isso é um absurdo! — continuou a rir.

— Não se esqueça, Matt, que uma esposa possuí certos atributos que uma mãe jamais terá. Isso é poder. Não devemos subestimar os desejos de uma mulher. — argumentou Anastácia, sabiamente.

— Façamos um acordo, Any. Eu prometo não desposar Lady Wood, se me prometer que irá retirar Hassan da sua lista de pretendentes.

Any arregalou os olhos, incrédula.

— Isso é um absurdo! — exclamou exasperada — Não farei tal tolice só porque Vossa Graça o tem como inimigo. Hassan é minha melhor aposta e eu não renunciarei a ela tão facilmente.

— Então continuarei os cortejos com Lady Wood. Se você pode escolher se casar com alguém que eu não gosto, posso muito bem fazer o mesmo. — proferiu, irado.

— Faça como me desejar, Vossa Graça. — Any rebateu no mesmo tom.

— Ótimo. — declarou o duque.

— Ótimo. — repetiu Anastácia em tom seco.

Ambos sequer esperaram a música terminar e se afastaram, furiosos, cada um rumando para lados extremos do salão.

Any levou a mão a uma taça de champanhe e sorveu o espumante em um só gole, desejando por uma bebida mais forte. Seus olhos percorreram o salão em busca de Louis, pois tinha certeza de que o príncipe poderia lhe arranjar ao menos uma dose de um bom uísque. Perdida em seu mar de fúria, ela sentiu o corpo estremecer de raiva quando ouviu o lorde Davies, o conde de Bastille chamar por seu nome.

— Hoje não, lorde Devil¹! — fez um trocadilho com o sobrenome do homem, comparando com o Diabo. — Não estou em um boa noite.

O lorde gargalhou achando graça da audácia da lady.

— Concede-me essa dança? — Não esperou que ela o negasse e logo a arrastou pelo salão.

O que estava acontecendo com os homens naquela noite? Any pensou, exasperada, sendo obrigada a dançar com aquele patife, pois não queria provocar uma cena desastrosa; ao menos não naquele baile que era tão importante para o seguimento de seus planos.

— O que deseja de mim, lorde Devil? — indagou, pisando propositalmente no pé do homem.

Albert Davies esboçou uma careta de dor e praguejou algo, baixinho, incompreensível.

— Quero que me considere como seu futuro marido. — revelou, seriamente, pegando Anastácia desprevenida.

Any gargalhou alto demais, chamando atenção para ambos.

— Jamais me casaria contigo. — declarou em tom baixo.

— Acredito que devas reconsiderar, milady. Sei dos seus planos. É de meu conhecimento o fato de que está vendendo seu o The Royal, bem como parte das terras de seu pai, bem como a sua residência para o duque de Hereford de modo a continuar com parte de sua herança. Também sei que a rainha permitirá que o restante dos bens de seu pai, o duque de Pennesburg, vá diretamente para o seu futuro esposo tão logo formalizarem o casamento, possibilitando, de alguma forma, que a herança continue contigo. És uma mulher inteligente, Lady Lumb. Confesso que fiquei impressionado com o plano a qual arquitetou. Desejo casar-me contigo, pois nós dois seremos o futuro. Com certeza seremos uma boa dupla.

Any calou-se por um momento, tentando absorver o que acabara de ocorrer. Ela temeu pela noite toda a supressas da rainha, mas no final, lorde Davies foi quem a surpreendeu. E da pior forma possível.

— Não faço ideia de como obteve essas informações, mas posso assegurar que não fará parte do meu futuro, lorde Devil. Não me casarei contigo, isso é um fato imutável.

Os lábios do homem se curvaram em um sorriso sarcástico.

— Oh, Lady Lumb. E o que me diz sobre o clube de mulheres que pretende abrir na antiga residência Black? O que pensa que acontecerá contigo nessa temporada se a sociedade e rainha souber dos seus planos escandalosos? Tenho certeza de que não conseguirá nada além da solteirice e ainda verá toda a sua herança ser entregue para o parente masculino mais próximo, seja ele quem for.

Any apertou as mãos do lorde com demasiada força e conteve o impulso de lhe chutar as bolas. Ah como ela odiava aquele homem!

— Eu não me casaria contigo nem que estivéssemos nos finais dos tempos. — declarou mais uma vez.

Albert apenas riu.

— Não se esqueça, lady Lumb, que no seu caso, nós já estamos no final dos tempos. Seu pai está morrendo e já não lhe resta tempo a perder.

Anastácia arregalou os olhos, abismada com a tamanha frieza do lorde.

— És um homem muito vil! — proferiu entredentes.

— Talvez devamos firmar um acordo, lady Lumb. — disparou o conde. — Prometo guardar o seu segredo, se conseguir me manter por perto do senhor Hassan Al Kassar. O pai dele, o sheik, planeja expandir as linhas ferroviárias para dentro da Europa, e com o avanço da eletricidade, está em seus planos tornar o trem subterrâneo elétrico, possibilitando atingir uma maior extensão de Londres. Desejo firmar uma sociedade, pois eles representam o futuro, e como eu já lhe disse, o futuro é o lugar onde eu quero estar.

Anastácia não gostava do conde, mas devia admitir que sua inteligência estava acima dos demais. Ele era um homem de negócios e saberia levar de mente aberta um acordo matrimonial. Todavia, lorde Davies era machista, sexista e puramente egoísta, Any preferia a morte ao ter que casar-se com ele.

— Posso conseguir que se aproxime de Hassan, mas não tenho tanta influência para fazê-lo associar contigo. Isso é algo que deve resolver por si próprio. — O homem sorriu satisfeito. — Contudo, lorde Devil, possuo influência o suficiente para fazer com que Hassan jamais venha firmar qualquer negócio contigo. Somos amigos de longa data e ele nunca se aliaria a um inimigo meu. Mantenha meus segredos a salvo e então teremos um acordo. — advertiu, sabiamente.

— E assim Lady Lumb estabelece um pacto com o demônio. — provocou ele, sorrindo de forma sarcástica.

— É realmente os finais dos tempos. — disse Any, encerrando a dança, finalmente saindo de perto daquele homem pavoroso.

— Apenas mantenha em mente o fato de que ainda podemos nos casar. — disse o conde antes que Any se afastasse demais.

Lady Lumb optou por ignorá-lo. Ela sabia que tal lorde ainda lhe traria problemas e cedo ou tarde teria de enfrentá-lo novamente. Por ora, Any estava exausta e apenas desejava ir embora para longe dali.

Anastácia apenas se despediu de lady Morrison que conversava animadamente com algumas mães e então partiu, para fora daquele salão, desejando retornar para a segurança de sua casa.

💃

Matthew Morrison viu Any deixar o baile às pressas. E ao observar as ações da amiga, sem se importar em se despedir de qualquer pessoa, ele seguiu os passos dela e a encontrou prestes a subir em sua carruagem. O duque correu rapidamente, chamando pela mulher que apenas fingiu não o ouvir. Por sorte, ele conseguiu interceptar transporte antes que Anastácia fechasse a porta.

— Não ouse entrar nessa carruagem! — Any advertiu, brava, bloqueando a passagem.

Matthew ignorou o comando da mulher e tentou passar pela porta, mas se deteve quando ouviu:

— EU DISSE NÃO! — Anastácia gritou a pleno pulmões, deixando o lorde completamente espantado com tal atitude.

Sem dizer nada, o duque baixou os pés de volta ao chão e se afastou da carruagem.

Any fechou a porta com brusquidão e deu ordem para que o cocheiro seguisse viagem.

Matthew permaneceu imóvel, em meio à noite escura, incerto sobre o que acabara de ocorrer. Eram raras as vezes em que sua amiga havia perdido a paciência de tal forma. Algo grave ocorrera durante a conversa de sua amiga com o conde Bastille. Anastácia havia deixado aquele baile claramente preocupada e lorde Morrison precisava saber o que aconteceu, para que pudesse ajudá-la. E ele descobria.

💃

Já era tarde da noite quando Anastácia chegou a sua residência. Todos já estavam dormindo e ela não quis incomodá-los com sua presença, portanto retirou o sapato, subiu a escada a passos silenciosos e caminhou pelos corredores nas pontas dos pés. Any foi direto para o quarto do pai, abriu a porta com muito cuidado e o encontrou dormindo, em um sono pesado, mantendo o livro aberto sobre o peito. A lady se curvou rente ao rosto do duque, depositou um beijo em sua testa enrugada, tirou o livro de suas mãos e soprou a vela disposta na mesa ao lado da cama. Então deixou os aposentos, mantendo em sua face um doce sorriso de gratidão ao vê-lo que seu pai se encontrava bem.

Completamente exausta, Any sentou-se à sua penteadeira e começou a desfazer o penteado que Felicity havia feito para o baile da rainha. Ela estava com os cabelos parcialmente soltos, quando ouviu vozes alteradas ecoarem no andar debaixo. Lady Lumb levou a mão a um candelabro, e, preocupada, desceu a escada onde encontrou Matthew, todo agitado, discutindo com Mary, a sua governanta.

— Está tarde para visitas, Vossa Graça! — a mulher advertiu, furiosa, bloqueando a passagem do duque.

— Achas que me importo com isso! Preciso ver Anastácia, agora! — Ele ignorou os avisos da senhora e partiu determinado rumo a escada.

Mary estava prestes a acordar os demais empregados para que pudessem expulsar o lorde invasivo, porém, Any, em pé sobre o último degrau, falou:

— Deixe-nos, Mary. Conheço Matthew o suficiente para saber que ninguém o fará sair dessa casa sem antes falar comigo.

Contrariada, a senhora Garrison passou por lorde Morrison e torceu os lábios desaprovando suas ações.

Matthew, todavia, sequer se importou com o que Mary pensava sobre ele. Calado, o duque seguiu ao encalço de Any que adentrou no quarto, sentou-se de volta a sua penteadeira e encarou o amigo pelo reflexo do espelho.

— O que deseja de mim, Vossa Graça? — ela perguntou em tom frio, retirando os grampos do cabelo.

O lorde odiou ouvir Any referir-se a ele pela formalidade de seu título, pois ela o tratava daquela forma, apenas quando estava furiosa.

— Desejo saber o que lorde Davis falou para ti que a deixou tão perturbada ao ponto de sair do baile de tal forma tão contrariada. O que ele te fez, Any?

Anastácia inalou o ar profundamente, recordando-se daquela lastimável conversa. Pelo reflexo do espelho, ela notou que Matthew realmente estava preocupado e sua intenção era de fato ajudá-la. Ambos jamais guardaram segredos um do outro e não começariam a agir de tal forma naquela noite.

— Ele deseja me tomar como esposa, Matt, e tens motivos para isso. — revelou, balançando os ombros.

— Isso é um tremendo absurdo! Jamais permitirei que venha a ser esposa daquele patife! Prefiro enfrentá-lo em um duelo, ao vê-la submeter a tamanha insanidade. — declarou, furioso, cerrando os punhos.

Anastácia gargalhou alto.

— Ah Matt! — Sorriu balançando a cabeça de um lado para o outro. — Primeiro, já faz um bom tempo que duelos não são permitidos na Inglaterra. Segundo, não o deixaria enfrentar um duelo por mim, quando eu sou perfeitamente capaz de defender a minha honra, já que atiro muito melhor que você.

O lorde semicerrou os olhos e se aproximou da amiga, ajudando a retirar os grampos ainda fixos na parte traseira de sua cabeça.

— Custa me deixar te defender ao menos uma vez, Any? — Torceu os lábios como se estivesse desapontado.

Anastácia observou a imagem do homem através do espelho e realmente apreciou vê-lo tocando seu cabelo de uma forma tão íntima. Ali, ela se deu conta de que tudo havia se alterado entre eles. Antes aquele gesto teria passado despercebido, mas após os beijos e trocas de carícias, todos os toques se tornaram diferentes, bem como as pequenas ações.

— Matthew... — ela disse, em tom baixo. — O conde sabe dos nossos planos. De alguma forma ele descobriu que estás comprando as minhas propriedades, tens conhecimento do acordo que firmei com a rainha em relação a minha herança, e o pior, meu amigo, ele descobriu sobre a minha intenção de abrir um clube para as mulheres e está me chantageando com tais informações.

— Maldito canalha! — o duque praguejou entredentes. — Any, darei um jeito nesse imbecil. Prometo que ele nunca mais irá te perturbar.

Lady Lumb forçou um sorriso, embora o olhar permaneceu triste.

— Matt, peço que se retire. Preciso tirar esse vestido, terei de solicitar Mary para que possa me ajudar a sair do maldito espartilho e ela não gostará de saber que ainda se encontra em meu quarto. — Any explicou, colocando-se em pé.

— Para que acordar a pobre mulher, se já estou aqui e posso fazer isso! Francamente, Any! — Virou a amiga de costas, e com extrema habilidade, começou a abrir os botões do vestido, revelando o espartilho branco que ela usava.

O duque encarou o reflexo de Anastácia pelo espelho quando começou a afrouxar a peça íntima. Toda vez que o lorde habilmente afastou algumas amarras, um suspiro ofegante de alívio escapou pelos lábios da lady. Se Anastácia soubesse o quanto o duque achava aquela sua imagem tentadora. Se soubesse que ele desejava embrenhar os dedos nos longos seus cabelos escuros, ela jamais permitiria que ele estivesse naquele quarto, sozinhos.

— Diga-me, Any... Tens apreciado os meus beijos? — Matthew perguntou, percorrendo o nariz pelo pescoço da bela mulher, inalando a fragrância inebriante que desprendia do seu corpo.

— Tens sido adequado, Vossa Graça. —  respondeu, provocando-o.

— Adequado? Acredito que eu deva melhorar meus esforços. — Com muita destreza, virou a lady de frente para ele, retirando-a do chão e colocando-a sobre a penteadeira.

Any sentiu as costas se chocarem contra o espelho frio antes de Matthew se apossar, ávido, de seus lábios. O duque segurou os cabelos soltos de Anastácia em sua mão, saciando aquele desejo profundo, e a beijou ardentemente, roçando levemente os dedos sobre a  camada de pele exposta no espartilho entreaberto daquela lady que o levaria à ruína.

Incapaz de conter suas ações, Matthew baixou o rosto capturando o pescoço de Any em seus lábios. Um gemido rouco escapou da boca de Any, que, ofegante, segurou firme nos cabelos do duque, arqueando as costas, jogando a cabeça para trás. Lorde Morrison se encontrou louco de desejo. Em um ato impensado, ergueu o vestido da lady, colocando as pernas da mulher ao redor da sua cintura e aprofundou aquele beijo lascivo.

— Matt. — Any disse, aos arquejos.

Ao ouvir Anastácia chamar por seu nome, de uma forma tão tentadora, o juízo rapidamente veio à tona e o duque interrompeu o beijo, bem como as ações pecaminosas que estava prestes a realizar.

Any abriu os olhos, ofegando, ainda presa nos braços fortes do amigo.

— E que tipo de beijo foi esse, Vossa Graça? —  perguntou, sorrindo maliciosamente.

— Do tipo que deves reservar somente ao seu esposo, somente a ele a ninguém mais. — Afastou-se da perigosa amiga, colocando-se de costas, tentando esconder a rigidez escandalosa que se mostrou sob a sua calça.

Anastácia ajeitou o vestido que tinha subido às coxas e desceu da penteadeira.

— Um casamento não é de fato tão ruim, afinal. Há certos prazeres que talvez façam o matrimônio valer a pena. — ela expressou como uma verdadeira libertina que estava se tornando.

Matthew riu alto e se jogou na cama, levando a amiga consigo. O duque sobrepôs seu o corpo sobre o da lady e a encarou, segurando a face corada da mulher em suas mãos.

— Talvez eu devesse dormir aqui, Any. Lembra-se que às vezes costumávamos dormir juntos quando estávamos no oriente?

Sim, Anastácia se recordava. Mas naquela época, tudo era mais simples. Não havia aquele desejo obscuro pairando entre eles. Certamente, repetir tais noites, estava fora de questão.

— Perdeu o juízo, Matthew Morrison. Ao menos, nesses três meses que se seguirão, eu tenho uma reputação a zelar.

Matthew soltou um riso rouco que ecoou pelo quarto e instintivamente depositou um beijo estalado nos lábios de Anastácia.

— Eu amo você, Any. — As palavras simplesmente escaparam, e daquela vez, tiveram um sentido diferente do habitual, portanto ele rapidamente completou: — Como um amigo, é claro.

Mas amigos não deveriam se beijar de tal forma. Pensou, Anastácia, estranhamente confusa.

Any acariciou a face do lorde e quase se perdeu na intensidade de seus olhos azuis, antes de dizer:

— Eu também te amo, Matt. Como uma amiga, obviamente.

O duque sorriu, saiu de cima da lady, deitou-se de costas na cama e segurou a pequena mão dela na sua.

— Vamos prometer um ao outro, Any, que não deixaremos nossos respectivos casamentos nos afastar. Prometa que sempre será minha... — Sentiu o pomo de Adão se movimentar em seu pescoço ao esconder as verdadeiras emoções. — amiga. — completou, apertando a mão da lady.

— Eu prometo, Matthew Morrison. Daqui até os finais dos tempos eu serei sua amiga e nada no mundo poderá nos separar.

Matthew sorriu, mas ao invés de se sentir aliviado, um sentimento estranho se agitou dentro de si. Ser apenas amigo de Anastácia não parecia mais ser o suficiente. Ele a desejava de outras formas e sentia-se profundamente irritado quando pensava que sua Any iria se casar com outro homem. E ela se casaria, de qualquer forma. Matthew apenas assistiria sua amiga ser feliz com alguém que não era ele e odiou aquele futuro, mais do que odiou qualquer outra coisa na vida.

Eles eram amigos e duque teria de se contatar com aquilo, pois era tudo que seriam. Apenas amigos e nada a mais.


*¹ Devil: do inglês, demônio; diabo.

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(CAPÍTULO SEM REVISÃO)

Hey, miladys! Tudo bem com vocês?

Espero que tenham gostado capítulo!

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bjs e até domingo!

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