10 - LIÇÕES SOBRE BEIJOS
"Malditas sejam as amigas escandalosas que possuem o poder de mexer com a cabeça de qualquer homem!"
— Lorde Mattheew Morrison
Fazia em Londres, uma manhã ensolarada. Claramente o verão havia chegado e trouxe consigo a nova temporada de casamentos. Any amava o calor, não era à toa o fato de que sobrevivera muito bem nas altas temperaturas do Oriente Médio. Aquele apreço por um clima quente e por aventura, certamente estava em seu sangue, com certeza a herança materna jamais a faria esquecer que ela não era uma inglesa de berço, já que a esplendorosa Latifa, exímia dançarina dos países árabes, era sua mãe.
Aquele, de fato, era um dia propício para resolver certas pendências com as únicas mulheres as quais mereciam uma explicação sobre a sua decisão repentina de se casar: Joan e Felicity Morrison. Sim. Matthew havia lhe informado que suas irmãs não aceitaram de bom grado aquela decisão. Segundo o seu amigo, Joan afirmou que tinha se sentido traída. Any detestou saber daquilo. Ela amava aquelas garotas e não deseja que elas a odiasse.
Determinada a resolver tal questão, Any mandou arrumar sua carruagem e partiu rumo a Residência White.
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Ao chegar em seu destino, lady Lumb fora recebida de bom grado pela governanta a qual prontamente permitiu que ela adentrasse na residência. Anastácia era praticamente da família, já não precisava ser anunciada e conhecia todos os cômodos daquela exuberante casa.
A passos rápidos e precisos, a lady caminhou até a biblioteca, onde encontrou ambas as irmãs, sentadas em um divã, devorando os livros.
— Any! — Felicity rapidamente deixou a leitura e se jogou nos braços de Anastácia, como se fosse uma criança, embora já tivesse completado dezessete primaveras.
— Calma, menina! Desse jeito vais me derrubar! — advertiu, rindo.
Todavia, qualquer resquício de felicidade se esvaiu rapidamente ao ouvir:
— E a traidora finalmente lembrou que possuí amigas. — Joan resmungou, sem desviar a atenção do livro.
— Joan! Não seja tão rude! — Felicity repreendeu, rispidamente.
— Eu falo como bem quiser! E não me repreenda, você não é minha mãe. — rebateu, ainda mantendo a atenção em sua leitura.
— Sorte sua! Caso contrário, teria lhe desferido uns bons tapas para que aprendesse a ter educação. — O rosto pálido de Felicity tomou a coloração avermelhada ao declarar aquelas palavras raivosas.
Joan finalmente desistiu da leitura, jogou o livro para longe e levantou-se abruptamente. Bufando de raiva e encarando a irmã como se desejasse estrangulá-la, a jovem lady de penetrantes olhos castanhos, ordenou:
— Retire o que disse! — Cerrou os punhos ao lado do corpo, tentando controlar a ira.
— Não! — Felicity estufou o peito, empinando o nariz, claramente desafiando a irmã.
Naquele momento, Any se deu conta de que ambas iriam se atracar ali mesmo, como se fossem cães raivosos. Tentando evitar que uma briga física ocorresse, Lady Lumb gritou em alto e bom tom:
— Basta! — A atenção das garotas se voltou para ela. — Felicity não é a culpada por toda a sua raiva, Joan. Não faça dela o objeto do seu ódio, quando todo esse veneno fora guardado para mim. Estou aqui para me explicar com vocês, pois acredito que mereçam saber as razões que me levaram a sucumbir ao casamento. Mas se preferem brigar, ao invés de me ouvir, irei embora e jamais voltaremos a ter essa conversa. Morrerão sem saber. Essa é a oportunidade, devo ficar ou partir?
Ambas encararam Anastácia, absorvendo lentamente o impacto de suas palavras. Felicity foi a primeira a decidir:
— Claro que deve ficar. Estou morrendo de curiosidade. Quero saber de tudo! — exclamou animada.
Any então voltou seus olhos para Joan que ainda estava reticente sobre a sua visita. Por fim, após um longo momento de reflexão, a garota finalmente se decidiu:
— Ouvirei sua explicação e assim decidirei se devo ou não te tratar como inimiga. — Cruzou os braços abaixo do peito, arqueando uma de suas sobrancelhas escuras.
Any, portanto, sentou-se no divã e aguardou que as garotas lhe fizessem companhia. Ao estar devidamente acomodada no meio das irmãs, a lady Lumb deu início a sua explicação:
— É de seus conhecimentos que a saúde de meu pai tem lhe faltado a um certo tempo. Papai está acometido por uma doença pulmonar, seu pulmão está demasiado fraco, e apesar dos avanços da ciência, ainda não se obteve tratamento para a sua doença. Devido a idade avançada de meu pai, os médicos estimam que ele não tenha muito tempo de vida. Temos a certeza de que nos resta pouco tempo juntos, e seu último desejo proferido ainda em vida, o Duque, pediu para que eu me casasse, para que, assim, pudesse partir em paz. — Uma lágrima teimosa escorreu por sua face, falar daquilo sempre a deixava triste. Tentando parecer forte, Any engoliu o choro e prosseguiu: — Não seria capaz de negar o pedido do meu pai. Ao longo desses anos ele me apoiou em todas das minhas decisões, até mesmo quando deixei de debutar e parti em uma aventura no Oriente Médio. Papai jamais me pediu nada, mas agora, no fim da sua vida, pediu-me para que eu me casasse e eu dei a minha palavra de que irei me casar. Devo isso a ele, farei o meu pai feliz.
— Oh, minha querida Any! — Felicity envolveu a lady em abraço apertado. — Sinto muito pelo seu pai. Sinto de todo o meu coração. Saiba que eu te apoiarei na sua decisão. Honraremos a sua promessa, minha amiga.
Anastácia, sorriu, tomada pela emoção. Naquele momento, Joan segurou uma de suas mãos e expressou com sinceridade:
— Sinto muito, Any. Não sabia que a doença de seu pai era tão grave. Peço perdão por ter sido tão rude. — A jovem inalou o ar profundamente antes de completar: — Não sou a favor de matrimônios, porém, nesse caso, entendo o que te levou a tomar essa decisão. Ele é seu pai, eu também não negaria um pedido do meu, se ele ainda estivesse vivo. — Balançou os ombros, resignada. — É isso, Any. Você terá de se casar e nós iremos achar um bom marido, nem que tenhamos que cavar nos confins de Londres.
Anastácia abriu um sorriso radiante, dissipando a tristeza que a pouco lhe abatera.
— Fico tão contente com suas palavras! — exclamou. — Realmente precisarei de todo apoio, pois tenho que me casar, mas isso não significa que não tenha que acontecer sob os meus termos. — Sorriu, mantendo um mistério que refletiu em seu olhar.
— Any! Sua espertalhona! Sempre estas a um passo à frente de tudo! — Felicity claramente se empolgou em fazer parte dos planos da amiga. Pela primeira vez, elas seriam cúmplices em uma aventura de lady Anastácia Lumb.
— Vais compartilhar seus planos conosco? — Joan inquiriu, desconfiada.
— Óbvio! Vocês são minhas aliadas! — exclamou, exasperada. — Seguinte — prosseguiu —, pretendo escolher um homem que aceite ser meu parceiro nos negócios. Que me aceite como eu sou e que esteja disposto a prosperar ao meu lado. Papai já acertou que venderá o The Royal, bem como nossa residência e parte de nossas terras para Matthew, a fim de que eu possa ao menos manter parte da minha herança. Sob as leis, tudo pertencerá a Matt, todavia, na verdade, o The Royal e os demais bens, continuaram sob a minha posse. Além disso, a rainha Victoria assegurou que, caso eu encontre um marido de acordo com os meus moldes, ela afiançará que toda a herança de meu pai seja transferido para o meu esposo e não para o parente mais próximo, como dita a Lei, garantindo, de alguma forma, que eu ainda usufrua dos bens que deveriam ser meu por direito consanguíneo. — Any balançou os ombros, torcendo os lábios. — É o melhor acordo que conseguimos, visto que a Coroa não concede o direito da herança a mulheres, tampouco para bastardos, como eu.
— Maldita sociedade arcaica! — Joan praguejou, irritada.
Felicity, por sua vez, não conteve a curiosidade e indagou:
— Como conseguiu estabelecer esse acordo com a rainha? É de conhecimento de toda Inglaterra o quanto os valores da Coroa são tradicionalistas.
Um sorriso malicioso se formou nos lábios de Anastácia, antes de revelar:
— Prometi que não levaria nenhum dos seus netos a matrimônio, sobretudo, Louis. A rainha teme, mais do que tudo que eu venha fazer parte da família real e, por consequência, manche o brilho impecável da Coroa britânica. — Gargalhou alto, achando aquela situação icônica.
Ambas as garotas riram, pois realmente aquilo era um tanto cômico.
— Imagine Anastácia como princesa! — Felicity, exclamou, em meio aos risos.
— Deus sabe que não tenho vocação para isso! — Lady Lumb rebateu, achando graça daquela suposição inimaginável.
Às mulheres prosseguiram rindo por algum tempo, até que o momento de descontração se dissipou e aos poucos foram recobrando a compostura. Anastácia estava prestes a se despedir das irmãs Morrison, se Joan não tivesse subitamente disparado:
— Any, por que não se casa com meu irmão? Ambos estão à procura de um matrimônio e Matthew seria perfeito para os seus planos. Ele jamais seria capaz de te destituir da sua herança. Além disso, é o único homem de toda Londres que te conhece mais do que ninguém e sempre te apoiou em todas as suas decisões. Seria uma união perfeita! Ambos continuariam livres!
Ao observar a face da jovem lady, Any teve a certeza de que aquela proposta era real. Joan, de fato, acreditava que aquela possibilidade era viável.
— Oh Any! Isso seria tão incrível! Finalmente seríamos irmãs! — exclamou, Felicity, batendo palmas, empolgada.
— Isso está fora de cogitação! — Any expressou, descontrolada. — Jamais me casaria com Matthew! Ele é o meu melhor amigo! Desejo tudo de melhor para o irmão de vocês, e isso significa que não deve se casar com alguém tão escandalosa como eu. Além do mais, a razão de Matt em se casar está fundamentado no propósito de prosseguir com a linhagem dos Morrison. Uma união entre a gente, jamais possibilitaria a concepção de um herdeiro. Matthew se casará pensando na família, em propiciar um bom futuro para que venham a debutar e possam escolher bons pretendentes. Casar-se comigo significaria o fracasso em todos os seus planos e possivelmente a sua infelicidade. Matt, mais do que qualquer pessoa, merece ser feliz.
Do outro lado da porta, ouvindo discretamente a conversa das ladies, estava Matthew Morrison. O duque iria adentrar na biblioteca, porém se deteve ao ouvir a proposta de sua irmã, que incitou uma união matrimonial entre ele e Anastácia. Matt optou permanecer escondido, de modo a ouvir o que Any pensava daquela proposta, e estranhamente ficou incomodado ao saber que sua amiga havia rapidamente refutado tal possibilidade, sem ao menos titubear por um instante. Um sentimento incompreensível o atingiu; sentimento este, que o duque fez questão de dissipar rapidamente e adentrou no cômodo, sorrindo.
— Any, minha pequena Any! És uma mulher linda, mas eu também não me casaria contigo! És escandalosa demais! — Mantendo seu típico bom humor, o lorde, ocupou a poltrona a frente das ladies, ainda estampando um largo sorriso no rosto.
— Que ótimo! Deus me livre casar-me com um fuxiqueiro que ouve conversas às escondidas. — Lady Lumb provocou, sorrindo.
Matthew, por sua vez, retribuiu o comentário, esboçando uma expressão zombeteira.
— Any! — Felicity arregalou os olhos claros, completamente eufórica. — Será que muitos irão te cortejar? Meu Deus! Será que alguém vai te beijar? Se te beijarem, me dirá qual é a sensação?
Anastácia, inevitavelmente sentiu o pavor lhe dominar. Nunca, nem em mil anos, a lady imaginou que Felicity faria tais questionamentos, ali na frente de todos. Nervosa, Any esfregou as mãos uma na outra, sentindo o suor brotar em sua pele.
— Claro que Any não vai lhe contar, Fê. Ela provavelmente já beijou muitos homens e nunca tocou nesse assunto, por qual razão contaria agora? — Joan rolou os olhos, impaciente.
Matthew que observava o desenrolar da cena com deveras atenção, notou o quanto sua amiga ficou apavorada com o repentino questionamento de sua irmã caçula. Any sempre fora segura em muitos aspectos, Matt sequer recordava se já havia a visto nervosa em alguma situação, mas ali, naquele momento, ele soube que lady Lumb ficou apavora ao ser questionada sobre beijo.
— Realmente, Any. Acredito que nunca a vi em um caso amoroso. Você obviamente já conheceu várias de minhas amantes, todavia, em todo esse tempo que nos conhecemos, jamais a vi com homem algum. Fiquei pensando... Será que realmente foi beijada?
Tomada pela fúria eminente, Any se colocou em pé e respondeu em tom ríspido:
— Embora isso não diga respeito a nenhum de vocês, posso afirmar que já me envolvi em romances. Mas ao contrário de muitos... — Fuzilou Matt com o olhar — eu prefiro me manter reservada sobre estes assuntos, já tenho a fama de ser escandalosa, ser taxada de libertina é demais, até para mim.
A reação explosiva de Anastácia apenas reforçou as suspeitas do duque. Ele tinha certeza de que sua amiga jamais tinha sido beijada, porém, desejava ouvir aquela confissão sair dos lábios dela.
— Agora que estamos entendidas acerca do meu matrimônio, acredito que devo partir. Tenho outros assuntos a resolver. — disse Anastácia, ajeitando o vestido no corpo.
Ambas as garotas se colocaram de pé de modo a se despedir da amiga.
— Façam uma visita ao meu pai, será bom para ele revê-las. — A lady meneou o pescoço, encarando o duque, franzindo o cenho. — O convite também se estende a você, Matthew. Papai adorará receber uma visita sua.
— Nós iremos! — os irmãos, confirmaram em uníssono.
— Bem, então é isso, tomarei meu rumo. — Any se despediu das meninas e Matt a acompanhou até a saída da biblioteca.
Contudo ao passarem pela porta, o duque a interceptou:
— Any, podes me acompanhar ao meu escritório? Estou com uma certa dificuldade na contabilidade.
A face da lady se iluminou de imediato. Matthew adorava vê-la em meio aos números, toda sorridente, como se nada mais no mundo tivesse significância.
Obviamente não era natural que uma lady permanecesse sozinha com um homem em qualquer situação, pior ainda se fossem pegos em um escritório, a porta fechada. Entretanto, aquilo não era um problema na residência dos Morrison's, pois todos sabiam que Matthew jamais teria dado conta da contabilidade e seus arrendatários, se não fosse pela exímia habilidade de Anastácia com os números. Matt sequer manteria as responsabilidades do ducado, se não tivesse o auxílio de sua amiga, Anastácia Lumb.
Todavia, naquela ocasião, o duque não queria falar de números. Um outro assunto intrigante havia instigado a sua curiosidade. Disposto a sanar todas as suas dúvidas, o lorde aguardou que Any adentrasse em seu escritório e logo tratou de trancar a porta, encurralando a amiga que sequer desconfiou de suas más ações.
— Diga-me qual é o problema, Matt? — Any indagou, folheando o grosso livro de contabilidade, percorrendo seus olhos ágeis pelos números, em busca de algum erro evidente.
— Nenhum! — revelou, encarando a amiga. — Quero saber a verdade, Any. Quem foram os homens com quem manteve um suposto romance secreto? Quero nomes e datas! Não acredito que tenha escondido isso de mim! — exclamou, fingindo um sentimento de indignação.
Lady Lumb, fechou o livro com força, desferindo ao amigo um olhar mortal.
— Já disse que isso não é da sua conta! Não lhe devo explicação alguma sobre a minha vida amorosa. — Furiosa, partiu a passos duros rumo a porta e ficou ainda mais irritada ao saber que estava trancada.
— Matthew Morrison! Abra essa porta, agora! — ordenou, zangada.
O duque nem se abalou pela raiva da amiga e apenas esboçou um leve sorriso de canto antes de dizer:
— Estás presa, Any. O preço da liberdade será sua confissão.
Anastácia bufou, cerrando os punhos, tentando conter o sentimento de agressividade.
— Sairei pela janela! — E caminhou determinada rumo a fuga.
Matthew, no entanto, seguro-a pelos braços, antes que ela cometesse tal ato de insanidade.
— Essa sua atitude apenas confirma minha suspeita: você nunca foi beijada, Any. Admita!
Anastácia encarou os vívidos olhos azuis de seu amigo, recordando-se que jamais mantiveram segredos um do outro. A lady não compreendia a razão pela qual tinha vergonha de confessar a Matthew que nunca havia chegado perto de lábios masculinos. Ambos eram amigos, que mal havia em lhe dizer a verdade?
Any respirou profundamente, e então confidenciou tão baixo quanto um sussurro:
— Tens razão, Matt, eu nunca fui beijada.
Um sentimento de conforto tomou conta de lorde Morrison. Ele não compreendeu o motivo de tanto alívio, mas apreciou saber que nenhum outro homem havia tocado os lábios de Anastácia.
— Meu Deus, Any! Como conseguiu não se envolver com um homem, quando está à frente de um Clube de Cavalheiros?
— Nenhum homem jamais me chamou a atenção ao ponto de me fazer sucumbir a uma aventura romântica. Pode soar um pouco prepotente da minha parte, mas ninguém pareceu ser o suficiente para mim. — Balançou os ombros, indiferente.
Naquele momento, ao fitar os lábios perfeitamente desenhados de Anastácia, uma ideia absurda passou na cabeça de Matthew. O duque deveria ter refreado os seus impulsos, mas quando percebeu, era tarde demais, viu-se tentado a provar lady Lumb; um desejo que não foi capaz de controlar.
— Jesus, Any! Deves aprender a beijar! Todos os lordes acreditam que seja uma devassa, imagina quão grande será a decepção quando souberem que mal sabe beijar?
Até aquele momento, Anastácia não havia dado por fé que o fato de ser inexperiente em questões amorosas seria algo que pudesse atrapalhar seus planos. Matthew tinha razão, muitos esperavam que a temida Lady Indomável possuísse conhecimento em certos assuntos, já que comandava um Clube de Cavalheiros. Sua reputação escandalosa despertara o interesse em muitos lordes, o que havia a colocado nos negócios do matrimônio. Seria ruim, para seus objetivos, ter a má fama destruída, logo naquela altura dos acontecimentos.
— Oh Matt! Tens razão! Pedirei para que Rosália encontre alguém que esteja disposto a me ensinar a beijar. Ela deve conhecer alguém.
Um súbito incômodo atingiu lorde Morrison. Era inconcebível, para ele, imaginar Any aos beijos com qualquer patife.
— Perdeu o juízo, Anastácia! Não confie em homem algum, todos são movidos por dinheiro e seu segredo jamais estará seguro se compartilhá-lo com mais alguém, além de mim.
Lady Lumb levou as mãos as têmporas, como se estivesse sentindo um mal-estar. De fato, a mulher tinha ficado nervosa. Aquela situação jamais havia passado por sua cabeça.
— Pensarei em algo! Até o andar da temporada, terei resolvido essa questão. — Suspirou, resignada.
— Eu posso te ensinar a beijar. — As palavras simplesmente escaparam da boca de Matthew, sem que pudesse evitar.
Any arregalou os olhos, completamente espantada com aquela estranha proposta.
— Tenha santa paciência, Matthew! Dê onde tirou essa ideia absurda?! — exclamou, exasperada, embora o coração tenha disparado em seu peito ao imaginar, por uma fração de segundos, sentir os lábios do duque junto aos seus.
— Somos amigos de longa data, Any! Podemos guardar esse segredo. Além disso, que mal nos faria selarmos alguns beijos? — argumentou, como se não fosse algo de grande importância.
Lady Lumb ponderou por um longo momento antes de se decidir. Claro que ela sabia que haveria consequências se optasse por aceitar a proposta do amigo. No entanto, por mais que quisesse evitar, não conseguiu dissipar o desejo de saber qual era a sensação de beijar Matthew. Era como ele disse, que mal faria alguns beijos?
— Aceito a sua proposta, Matthew. És meu melhor amigo, saberá guardar meus segredos.
Um sorriso carregado de malícia ocupou a face de lorde Morrison. Finalmente ele provaria Anastácia e talvez, assim, finalmente seria capaz de aplacar os estranhos sentimentos que vez ou outra, insistiam em tomar conta da si.
Matthew se posicionou a frente de Anastácia e segurou o rosto dela em suas mãos, sentindo o calor que emanava da pele de sua amiga. Seu polegar percorreu pelos lábios perfeitamente esculpidos de Anastácia, que respirava ofegante. Por um momento, sua atenção se voltou para seus exuberantes olhos verdes e Matt se deu conta, mais uma vez, do quanto ela era linda.
— Vamos começar com um beijo simples, podes me tocar se desejar. — sussurrou, aproximando seu rosto do de Anastácia.
Any segurou firme na lapela do paletó de Matthew e fechou os olhos aguardando o momento do beijo. Ela sentiu a respiração quente tocar sua face e logo em seguida os lábios do duque encontraram-se com os seus. Anastácia não soube ao certo como agir, apenas apreciou a sensação prazerosa de ser beijada por Matt. Foi um beijo rápido demais, para o gosto de Anastácia. A lady ainda mantinha os olhos fechados quando ele indagou contra seus lábios:
— Como foi a sensação de ser beijada, pequena Any?
— Foi boa, eu acho. — confessou, desviando o olhar, evitando a encarar seu amigo.
— Acredito que devo fazer melhor, linda. Dizem que o primeiro beijo tem de ser inesquecível. Longe de mim estragar essa sua experiência com um beijo medíocre.
Mal o duque concluiu a frase, rapidamente tomou os lábios de Any em um beijo ardente. Suas mãos se fecharam ao entorno da nuca de Anastácia que teve de segurar firme nos ombros de Matt, procurando um apoio para suas pernas trêmulas. Any apenas permitiu que Matthew direcionasse o beijo que logo se tornou profundo e arrebatador. Um arrepio percorreu todo o corpo da lady quando a língua de ambos se encontraram. Por fim, o duque prendeu os lábios inferior da amiga em seus dentes e sorriu, antes de finalizar o beijo.
Anastácia ainda ofegava, apreciando a sensação do desejo intimo que lhe abateu, quando Matt proferiu maliciosamente:
— Creio que foi devidamente beijada, pequena Any. Considere essa a sua primeira lição. — percorreu o polegar pelos lábios inchados da bela mulher e então se afastou.
Lady Lumb jamais soube afirmar como de fato conseguiu obter forças para caminhar após ter experienciado aquele turbilhão de sensação, mas de alguma forma conseguiu chegar até a porta.
— Agora tenho certeza, Matthew Morrison, és um tremendo libertino. — provocou, enquanto o duque abria a porta do escritório que passou a guardar o seu mais escandaloso segredo.
E você é tão deliciosa como imaginei que seria! Lorde Morrison pensou em dizer, porém, sabiamente manteve o pensamento o indecoroso somente para si.
— És necessário arrumar o seu cabelo, Any! Não vais querer que todos saibam que foi beijada. — provocou, ajeitando atrás da orelha da amiga, uma fina mecha de cabelo que havia se soltado enquanto se beijavam.
Lady Lumb sorriu, mostrando-lhe o dedo do meio, arrancando uma gargalhada do duque.
— Tão obscena assim, ninguém jamais desconfiaria do quanto é inexperiente, minha amiga.
Any revirou os olhos antes de se despedir suscintamente:
— Até breve, Matt.
— Até, pequena Any. — O lorde se despediu, fechando a porta do seu escritório, tendo a certeza de que jamais veria Anastácia como antes.
O homem que se casaria com sua amiga, seria, de fato, um grande sortudo! Maldição! Matt odiou se recordar que Any poderia ser de outra pessoa, e detestou mais ainda ter aqueles sentimentos estranhos o consumindo. Quando foi que Anastácia havia se tornado tão atraente? Matthew sempre tinha a visto como irmã. De repente, tudo mudou. Sua amiga perturbava seus pensamentos mais indecorosos, e, inesperadamente, ele passou a desejá-la. Aquilo deveria ser o destino o cobrando por todos os seus pecados. Any seria a sua maior tentação; alguém que jamais poderia ter. Maldição!
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(CAPÍTULO SEM REVISÃO)
Hey ladies, demorei mais voltei!!!
Espero que tenham gostado do capítulo!
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Até mais,
Luana Maurine
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