8 - Confronto
"Não há sentimento mais desolador do quer ser acusado injustamente por pessoas que jamais conhecerão o que de fato se passa em nossa mente ou coração".
— Lady Joan Morrison
Joan Morrison nunca teve a pretensão de se envolver forma romântica com qualquer pessoa. Com seus quase vinte e um anos, ela, ao contrário das outras mulheres da sua idade, não pensava em homens, em relacionamento, muito menos no famigerado matrimônio. Joan mantinha na mente apenas um pensamento: tornar-se uma mulher livre e independente.
Naquela altura da vida, a lady jamais havia manifestado desejo por qualquer homem, acreditava que estava imune a tais sentimentos perturbadores, todavia, ironicamente, lá estava ela, por vezes pensando em como seria a sensação de beijar os lábios de Davies.
De todos os homens da face da terra, sentiu-se estranhamente atraída pelo prepotente lorde Devil. Desejos são mesmo confusos.
Logo após deixar a cabine do conde, Joan, que estava indo buscar a refeição a qual fora solicitada, deparou-se com o capitão Russel no meio do caminho.
— Senhorita Taylor. — Chamou o homem, já se aproximando.
— Capitão Russel. — Cumprimentou-o com um leve sorriso no rosto.
— A senhorita estará livre no seu horário de almoço?
Joan franziu o cenho ao responder:
— Sim. Pretendia apenas alimentar-me e descansar.
— Gostaria de me fazer companhia no almoço? Gosto de conversar contigo. — Baixou o olhar para os pés ao expressar aquele sentimento.
Joan sentiu uma emoção invadir o peito. Deu-se conta, de repente, que talvez tinha despertado o interesse por homens, pois também ficava estranhamente alterada quando conversava com o capitão. Dos males o menor, ao menos sabia que não era apenas Davies que ela mantinha nos pensamentos.
— Claro. — respondeu Joan, sorrindo. — Apenas pedirei para que preparem a refeição a um hóspede e logo estarei livre. Onde posso lhe encontrar?
O homem lançou um olhar para um ponto qualquer quando falou:
— Pensei em almoçarmos no restaurante do navio, de modo a não estarmos só. Contudo, não sei se ficará confortável para sua pessoa, devido ao fato de ser uma empregada. — E rapidamente completou: — Preciso que não me entenda mal, senhorita. Eu não tenho vergonha alguma de me apresentar em sua companhia, pelo contrário, sinto sim, um grande regozijo. Porém, não quero que se sinta incomodada com os olhares furtivos de pessoas esnobes. Desejo que esteja confortável ao meu lado.
Joan torceu os lábios, contrariada. Realmente sabia que as pessoas da alta classe social eram bastante prepotentes com pessoas na posição dela. Não que ela se importasse de fato com o que os outros pensavam, contudo não ficaria devidamente à vontade na companhia de Russel, tendo toda atenção voltada a ambos.
— Há algum outro lugar em que podemos almoçar com maior privacidade?
— Tem a cabine de comando, é um tanto visível, mas devo acrescentar que ficaríamos sozinhos.
Joan refletiu por algum instante antes de responder:
— Eu não me importo em ficar sozinha com o senhor. Não penso que agirá de forma inadequada, no entanto, se porventura o fizer, saiba que eu sei me defender.
— Meu Deus, senhorita Taylor! — expressou exasperado. — Jamais colocaria em risco a sua honra. Sou um homem de princípios, nunca lhe colocaria em uma posição comprometedora.
Joan, ao notar que Russel ficou chateado com o que dissera, logo o confortou:
— Acredito em ti, capitão. Dê-me alguns minutos e logo o encontrarei na cabine de comando.
Russel assentiu concordando e Joan partiu sorridente rumo à cozinha.
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Davies aguardou pacientemente pelo retorno de Joan. Ele estava contente que ambos finalmente se acertaram e poderiam partilhar uma refeição com muita tranquilidade. Era um momento único, de fato.
Todavia, mal sabia o conde, que os planos da moça eram outros. Ela não pretendia permanecer ao lado dele, e sim, partiria, para o desgosto de Albert, para junto do capitão Russel.
Conforme o habitual, assim que chegou à cabine, a moça anunciou a presença batendo na porta, Davies, prontamente, foi ajudá-la.
Senhorita Taylor estava toda sorridente, arrastando um carrinho de metal que levava a refeição e o colocou em frente da cama
— Lorde Davies, como não me informou o que desejava, trouxe algo que imaginei que poderia apreciar. — Abriu o cloche de metal, revelando um prato de sopa, pão, batatas salteadas e um filé de carne vermelha.
Embora o cheiro estivesse incrível, Davies, ainda assim, franziu o cenho contrariado.
— Há refeição apenas para uma pessoa. Não vais comer, Taylor?
— Devo me alimentar, mas hoje não com o senhor. Firmei um compromisso com o capitão Russel. Aliás, preciso partir, pois ele está à minha espera. — Alisou o avental branco, um tanto agitada.
— Não acredito que fará tamanha desfeita comigo, Taylor! Eu a convidei primeiro! — expressou indignado.
Joan baixou a cabeça um tanto encabulada.
— Não pensei que estivesse falando com seriedade. Sequer havia realmente cogitado a hipótese de partilharmos de uma refeição. De qualquer forma, mesmo que Russel não tivesse me feito um convite formal, eu teria preparado apenas seu prato, pois pretendia usufruir de meu tempo livre. Não tive a intenção de lhe fazer uma desfeita, apenas não pensei que a proposta era real.
Ao ouvi-la se justificar daquela forma, tão desarmada, em um tom brando, bem diferente do que costumava a usar, Davies acreditou na sinceridade dela e desfez a expressão de mau-humor da face.
— Sendo assim, minha cara, deixaremos para a próxima vez. — Tão logo sentou-se próximo da refeição e se preparou para comer.
Joan despediu-se educadamente se partiu ao encontro de Russel, deixando um conde desapontado para trás.
Naquela ocasião, quando Joan adentrou na cabine, notou que o capitão já havia organizado tudo e estava apenas a sua espera.
— Senhorita Taylor! — cumprimentou novamente, com um largo sorriso no rosto.
— Capitão. — Devolveu o cumprimento, sorrindo.
— Sente-se. — Afastou a cadeira para que ela pudesse ocupar o devido lugar.
Assim que Joan se acomodou à mesa, depositou o olhar para a incrível vista da cabine que se estendia por toda extensão do mar. Percebeu, naquele exato momento, que realmente ficariam expostos, pois qualquer passageiro que olhasse para cima, veria ambos almoçando completamente a sós.
— Há uma tempestade vindo. — Disse Russel, ao ver a atenção da moça voltada para extensão do céu, cujo, ao longe, uma densa nuvem negra se aproximava. — Já pedi para que orientarem os tripulantes sobre a necessidade de permanecerem em suas cabines quando a tempestade nos atingir. Estamos seguros, mas os viajantes sempre se apavoram com o balanço do navio desbravando as severas ondas do mar. Eu mesmo, às vezes fico um tanto aflito, mesmo vivendo quase toda a vida em águas do oceano.
— Nunca tive medo de tempestades, sempre acreditei que são uma força admirável da natureza. Contudo, devo confessar que a ideia de uma tempestade em alto mar me apavora.
Sem pensar, Russel segurou a mão de Joan repousando sobre a mesa, fazendo com que ela voltasse a atenção para ele.
— Não tenha medo, senhorita, dou minha palavra que está segura em meu navio.
Joan sorriu aliviada e lançou um olhar sobre as mãos de ambos unidas. Rapidamente, Russel retirou a mão e seu rosto foi tomado por uma vermelhidão tão intensa deixando Joan momentaneamente preocupada.
— Vamos comer — apressou ele, nervoso, tentando mudar o foco de suas ações impulsivas.
Quando o capitão Russel abriu o cloche de metal, Joan notou que ele trouxe exatamente a mesma refeição que ela levara ao conde e soltou um riso baixo mediante aquela ironia. No entanto, logo o riso se perdeu no ar, pois ficou chateada ao se lembrar de Davies comendo sozinho.
— Não gosta do que está sendo servido, senhorita? — Russel indagou preocupado.
Joan apressadamente saiu de seu devaneio e assegurou:
— A refeição com certeza é de meu agrado. Sinto muito, ainda estava aflita pensando na tempestade. — Mentiu descaradamente, pois na verdade, ironicamente, ela mantinha os pensamentos em outro homem. Que confusão!
Assim, eles prosseguiram com o almoço, rindo, trocando conversas, conhecendo um pouco mais um do outro. Até que o diálogo tomou um rumo um tanto inesperado.
— Voltará a Londres prestando serviços ao navio, senhorita?
Joan terminou de limpar os lábios com o guardanapo branco e então respondeu:
— Jamais tive tal pretensão. Devo me instalar em Nova York. Tenho negócios me esperando por lá.
Na face de Russel, formou-se uma expressão de desalento.
— É uma pena, tinha esperança de que teríamos muito mais tempo para apreciar na companhia um do outro. Acha que eu consigo dissuadi-la a adiar seus planos de modo a permanecer no navio, na viagem de volta a Londres , e portanto, atracar em Nova York apenas na próxima viagem?
— Acho pouco provável, capitão. Quem sabe o senhor não possa ficar em Nova York por um tempo? Tirar uma férias, seria possível?
Russel sorriu, porém disse:
— Por mais que me agrade a sua companhia, senhorita Taylor, eu sou um homem do mar. Nenhuma mulher foi capaz de me convencer a ficar em terra firme por muito tempo, nem mesmo minha estimada e falecida mãe. Asseguro-te, é uma missão difícil de se concretizar.
— Então chegamos a um impasse, meu amigo. Eu não pretendo voltar e tu não pretende ficar. Temos apenas o aqui e o agora. Cada tempo conta.
— Aqui e o agora não parece ser o suficiente. — lamentou, torcendo os lábios.
De repente, o coração de Joan disparou acelerado sob o peito quando ela se deu conta de algo.
— O SENHOR ESTÁ ME CORTEJANDO? — exclamou estridente, arregalando os olhos, quase sentindo a alma deixar o corpo.
Russel, sem saber se foi por medo ou sensatez, arrastou a cadeira pelo chão, colocando uma distância segura entre ambos.
Instantes depois que o susto inicial o atingiu, e o capitão percebeu que não fez nada de errado, respirou aliviado e expressou:
— Senhorita Taylor, isso não é óbvio? Por que razão eu te convidaria para um almoço, se não tivesse interessado de forma romântica na sua pessoa?
Joan começou a tremer nervosa.
— Eu achei que estava querendo estreitar nosso laço de amizade! Santo Deus! Achei que aprecia conversar comigo, pois somos amigos. Jesus! Eu não quero ser cortejada! Não quero me casar com o senhor! Isso é um pesadelo, acho que vou pular do navio agora mesmo, quem sabe assim eu acorde. — E levantou-se apressada, determinada a concretizar aquela insanidade.
Agilmente, Russel a segurou pelo punho, impedindo que ela desse um passo a mais.
— Francamente, Taylor! Isso é um absurdo! É evidente que essa conversa é real e não fruto da sua imaginação deturpada. Mesmo que eu esteja demasiado ofendido por ter me rechaçado duramente, não deixarei que cometa uma loucura. Se não quer se casar comigo, tudo bem. Apenas permaneça viva para se casar com outro.
Joan sentiu a vergonha a atingir brutalmente. Foi culpada de ter, mesmo sem intenção, transmitir a impressão de que estava interessada em Russel de forma amorosa, e, naquele momento, também se culpou por tê-lo feito entender que ele era um péssimo partido. Algo que definitivamente não era o caso.
— Oh, Russel! Por favor, perdoe-me, nunca estive em uma situação como essa e acabei me assustando, fazendo um alarde desnecessário. Não é que eu não queria me casar contigo. Você é um excelente partido e qualquer mulher séria louca de rechaçá-lo. Mas eu não sou qualquer mulher, por esta razão, não estou à procura de um marido. Não é que eu não quero casar com você. Eu não quero me casar com ninguém. Não estou a procura de um casamento. Desejo apenas a minha liberdade. Se nos encontramos no futuro e eu ter conseguido a minha independência, e se o destino quiser que o senhor continue solteiro até lá, eu mesma irei propô-lo a casamento. Contudo, esse não é o nosso momento. Eu sinto muito.
Russel finalmente foi capaz de sorrir e conduziu novamente Joan até o assento, sem ser capaz de tirar as mãos dela. Não sabia se iriam se tocar novamente; talvez apenas em um futuro distante.
— Nesse caso, senhorita, basta me procurar no mar. Eu estarei em um navio, assim como sempre estive.
Joan sorriu sentiu a espécie de uma esperança se infiltrar no coração.
A lady ergueu a taça contendo o suco de laranja e brindou:
— Ao aqui e o agora e a nossa amizade.
Russel também levantou a taça e disse:
— Ao aqui e o agora, a nossa amizade e as promessas de um futuro.
Ambos sorveram a bebida, selando promessas que caberia apenas ao destino imprevisível atender.
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Lá embaixo, próximo a proa, Albert Davies que apreciava um passeio pelo navio, usufruindo da brisa agradável de um vento úmido, teve a infelicidade de lançar o olhar para o alto, rumo a cabine no capitão, e se deparar com a imagem perturbadora de senhorita Taylor almoçando a sós com Russel, rindo despreocupada às vistas de todos. Davies ficou indignado com aquele situação e imediatamente, uma certeza o atingiu: Joan estava usando tanto ele quanto Russel, de modo a conseguir um matrimônio. Aquele mulher ardilosa estava testando quem poderia ser o melhor partido e ele, um conde inteligente e muito vivido, quase caiu.
Irado, Davies retornou a cabine.
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Após se despedir amistosamente de Russell, Joan retornou para junto de Davies, de modo a concluir com as suas obrigações. Completamente alheia ao que sucederia naquele lugar, ela entrou sorrindo, mal sabendo que enfrentaria uma terrível situação ruim.
Joan, que acreditava haver a habitual normalidade entre ela e o conde, sequer notou o quanto ele estava irado, sentando à escrivaninha com uma postura tensa, mal tendo coragem de olhar para a moça.
— Aqui está o seu cheque. Não mais necessito de suas obrigações. — Estendeu a mão contendo o pedaço de papel e sequer lançou a mísera atenção em direção da mulher.
Intrigada, sem saber o motivo de tanta rispidez, Joan lançou um olhar para o cheque e se deparou com o valor total de quinhentas libras que fora combinado.
— Se vais me pagar integralmente pelos meus serviços, ao menos deixe-me concluí-lo. — argumentou, tentando extrair qualquer informação sobre aquela abrupta mudança de comportamento.
— Já disse, não necessito de seus serviços. Eu mesmo estou escrevendo as cartas que faltam. — declarou em tom duro, ainda evitando a olhá-la.
Joan, movida pela teimosia — ou melhor, pela estupidez —, lançou-se para perto de Davies e tentou lhe tirar a caneta tinteiro da mão.
— O senhor me pagou pelos serviços, deixe-me concluí-lo.
—AFASTE-SE DE MIM! — bradou furioso, fazendo a moça saltar para trás.
O olhar de ambos finalmente se encontraram e Joan não gostou de ver a ira que aqueles olhos castanhos carregavam.
— Desculpe-me. — Inevitavelmente, os olhos arderam com as lágrimas teimosas que ameaçaram a surgir.
Davies, ainda muito alterado, levantou-se da cadeira e começou a caminhar até Joan que instintivamente passou a recuar de seus avanços.
— Acha que eu não percebi seu plano ardiloso, senhorita Taylor. Pensou que poderia me enganar facilmente? Sou um homem experiente e viajado, conheci muitas mulheres como você, à procura de extrair vantagens de homens poderosos que podem lhe conceder uma vida de luxo. Mulheres à procura de um bom matrimônio. Mas devo confessar, Taylor, você foi a mais esperta de todas, eu quase caí nesse seu discurso de mulher independente. Quase me deixei levar por seus posicionamentos. No entanto, minha cara, hoje me dei conta, antes tarde do que nunca, que está fazendo o mesmo jogo com o capitão Russel. Está tentando nos seduzir, pois se o plano der errado com um, haverá o outro a quem se agarrar. Eu já abri os meus olhos em relação a senhorita, não vou cair em sua teia ardilosa e abrirei os olhos de Russel, outro pobre enganado. Agora saia dessa cabine com o pouco que foi capaz de extrair. Ou melhor, saia da minha vida e não volte nunca mais.
Joan ouviu aquilo tudo calada, sentindo a fúria mesclada a humilhação se revirar em seu interior. Pensou, mais cedo, que poderia ter uma relação amistosa com o conde, entretanto, enganou-se terrivelmente. Ele era o pior homem de todos e ela voltou a odiá-lo com todas a forças.
— Sairei da sua vida, lorde Devil, mas antes de partir, deixarei tudo as claras. — Aproximou-se dele pela última vez, levantou o queixo e o encarou friamente, de igual para igual. — Em primeiro lugar, é um absurdo a sua acusação. Eu não tenho experiência em relacionamentos amorosos, mas tenho a certeza de que, geralmente, são as mulheres as seduzidas e largadas, não o contrário. Se o senhor nutriu qualquer sentimento romântico por mim, saiba que é o único responsável por isso, pois eu nunca tive a mínima intenção de me aproximar de ti, além da relação estritamente profissional que firmamos. Segundo… — Apontou o indicador na direção dele. — Eu deixei Londres justamente para evitar ser apresentada a sociedade, visto que, a minha família me obrigaria a debutar e me coagiria a aceitar um casamento que provavelmente me faria infeliz. Se eu tivesse qualquer intenção de me casar, não haveria a necessidade de abandonar as pessoas que eu amo, partindo para o outro lado do oceano rumo a um país distante. Fui forçada a deixá-los para trás, pois tudo que eu mais desejo é conquistar a minha independência e para isso, não devo me casar com homem algum, definitivamente, eu não me casaria contigo, e mesmo que eu estivesse desesperada, o senhor seria o último homem da face da terra com quem eu cogitaria a possibilidade de me casar. A morte deve ser menos dolorosa. — Albert abriu a boca para rebatê-la, mas ela imediatamente o silenciou: — Terceiro. Podes tentar envenenar Russel contra mim, dizendo declarações infundáveis que apenas existem na sua cabeça de vento, pois no almoço de hoje, eu claramente o desencorajei a prosseguir com o cortejo em minha pessoa, declarando com veemência que, nesse momento, não estou a procura de um matrimônio e ficamos felizes em prosseguir apenas como amigos. Estou em paz referente a isso, conde. — Naquele momento, ela notou uma leve insegurança brilhar nos olhos do acusador e então finalizou: — E agora eu finalmente deixo a sua vida, liberto-me de qualquer responsabilidade contigo. Levarei comigo a quantia total desse cheque como pagamento dos meus valores morais que foram erroneamente desmoralizados, sabendo que o senhor deveria me pagar muito mais por suas calúnias, mas deixarei a justiça a cargo do destino, pois a tudo que vai, seja bom o ruim, sempre volta para nós. Espero que, quando estivermos fora dessa navio, nossos caminhos jamais voltem a se cruzar, e se isso infortunadamente ocorrer, finja que não me conhece, pois a partir de hoje o senhor se tornou absolutamente um nada na minha vida. Não é digno nem de pena. É completamente irrelevante.
Dito aquelas palavras carregadas de verdades, regadas ao sentimento de humilhação e dor, Joan deixou aquele cabine, sequer olhou para trás.
E lá permaneceu lorde Albert Davies, o homem mais inteligente de toda Londres, que fora traído por sua própria prepotência, provou do próprio veneno e viu Joan Morrison, uma mulher incrível, sair por aquela porta, deixar a sua vida e ironicamente ainda habitar o seu coração. Um terrível fato, afinal.
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(CAPÍTULO SEM REVISÃO)
Demorou, mas saiu!!! 🎉
Quem me acompanha por aqui, sabe que da minha saga como professora de Educação Especial, nos últimos eventos, tive de me distanciar do Wattpad para lutar junto ao sindicato pelos meus direitos, a boa notícia: mesmo com muita luta, e somente após o sindicato tencionar mobilizar uma greve, recebemos o integralmente o valor correspondente ao PLR (participação dos lucros), conforme disposto na convenção do sindicato de professores de 2022.
Depois dessa vitória, finalmente consegui me organizar para prosseguir com a luta de Joan rumo a sua independência, tendo a certeza de que meu ativismo na vida real, será (assim como sempre foi), essencial para construir a personalidade de uma mulher forte e determinada que luta pelo que querer, mesmo que a sociedade esteja contra.
NÓS, TEMOS VOZES, NÃO DEIXEM NOS CALAR.
Por fim, espero que estejam gostando da história! Muito obrigada por me acompanhar nessa jornada.
Ah! Dia 19 de novembro sairá os vencedores do WATTYS 2022! Torçam mandem energias positivas para que "COMO DOMAR UMA LADY SELVAGEM" seja uma das obras vencedoras! Estou ansiosissíma por esse desfecho.❣️
Por fim, com todo esse caos que ainda estamos vivendo no cenário político no Brasil, eu apenas torço para que nos anos que se seguirão, possamos ter mais liberdade, que nossos direitos sejam respeitados, que as mulheres sejam mais valorizadas, que os povos indígenas tenham suas terras e suas crenças valorizadas, que finalmente se propague a liberdade religiosa, tão essencial na constituição cultural do povo brasileiro. Desejo que os direitos da comunidade LGBTQIA+ tenham os seus devidos valores e que todas as famílias, heteronormativas, ou não, tenham a liberdade de prosperar em um país rumo a um futuro grandioso. Desejo, por fim, que o povo preto seja respeitado, saindo das margens da sociedade, ingressando em faculdades, tomando o devido lugar em um país onde o preconceito se propaga as vezes de forma velada, outras de forma escancarada, subindo o morro e silenciando a vida de milhares de negros com os canos de fuzis.
Desejo, sobretudo, que nosso voto seja respeitado. Que a constituição nos salve da barbárie e que possamos se unir como um povo, uma nação melhor.
Desculpa a militância, se por ventura alguém não venha gostar do meu posicionamento, entendo que é um direito de cada um, afinal estamos em uma democracia conquistada por meio de tanta luta. Mas mesmos aos contrários as minhas ideologias, eu desejo tudo de melhor que nosso país possa lhe oferecer!
Assim eu encerro.
Nos vemos na próxima semana! 😘
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