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4 - Um Debate Instigante

"Ao contrário do que  dita a sociedade, alguns homens realmente admiram mulheres que dizem exatamente o que pensam".

Lady Joan Morrison

Joan Morrison não via nenhum problema em trabalhar duro e ganhar seu próprio dinheiro, mas, definitivamente, estava exausta após ter cumprido um turno de quase dez horas. Tudo que a lady realmente necessitava, era de um banho e uma boa noite de descanso. Todavia, lá estava ela, caminhando a contragosto, rumo o luxuoso salão de jantar destinado apenas aos ricos detentores de todo o poder. Joan soube, em determina circunstância, que realmente era difícil pertencer a classe trabalhadora, sem ter o privilégio de recusar os serviços quando solicitado. Porém, aquela foi a vida em que lady Morrison escolheu e tinha de aceitar que o mundo jamais foi um lugar fácil e se tornaria muito mais difícil, pois ela já não possuía os recursos de sua família. Cansada ou não, tinha de trabalhar.

Conforme fora instruída, Joan evitou entrar pela porta da frente e foi logo para o acesso destinado aos empregados, chegando até a grande cozinha caótica em pleno movimento e gritaria, até que encontrou a senhora Gibson, do outro lado, acenando para ela.

Com muito cuidado, a jovem percorreu e caminho, evitando se chocar com os garçons esbaforidos e finalmente alcançou a superior.

— Venha aqui, mocinha, transmitir as instruções. — disse a senhora Gibson, já adentrando pela porta ao final do cômodo.

Ali, na grande dispensa, encontrava-se quatro homens impecavelmente vestidos com uma camisa branca abaixo do colete preto, trajando a calça da mesma cor, e no colarinho, havia uma gravata borboleta. Joan fora orientada a usar o mesmo vestido cinza, sem graça, acompanhado pelo avental branco. Os cabelos permaneceram amarrados em um coque firme, embora, por mais que tentasse ajeitar, os fios indomáveis sempre acabavam escapando, fazendo-a ajeitá-los com frequência.

Joan colocou-se ao lado de Alice cuja garota apenas lhe sorriu em um gesto de cumplicidade.

— Essa noite, vocês serão responsáveis por servir um jantar muito importante o qual ocorrerá na saleta privativa. Servirão pessoas de extrema importância, como o senhor George Robson, proprietário desde navio e outros empreendimentos navais, que estará acompanhado do capitão William Russel e de lorde Albert Davies, o conde de Bastille. É esperado de vocês nada mesmo que a perfeição. Tudo deve estar em perfeita ordem e sincronia. Não me envergonhe. — advertiu Gibson, com seriedade.

Joan, pela primeira vez desde que deixou Londres, realmente ficou muito nervosa. Sendo uma lady, ela já havia participado de vários jantares importantes, cresceu sendo servida por seus empregados, mas nunca esteve na situação oposta, na qual teria de servir outras pessoas. Estava tão apavorada, que mal ouviu a senhora Gibson delegar as responsabilidades, até que a mulher parou de frente a ela e disse:

— Senhora Taylor, será responsável pela bebida. Não deve deixar nenhum copo vazio, a menos que seja solicitado. O senhor Robson exigiu que seja servido o vinho de sua vinícola, na Itália. Sirva-os, afaste-se rapidamente, evite o contato visual e mantenha a boca fechada. — instruiu, e voltou a atenção a todos quando declarou: — Sejam praticamente invisíveis.

Joan concordou balançando a cabeça, sequer teve coragem de abrir a boca e revelar o quanto estava amedrontada.

— Estou apavorada. — confessou Alice, assim que a senhora Gibson se afastou.

— Acredite, eu também. — confidenciou Joan.

— E se saltássemos do navio? — sugeriu Alice, sorrindo.

— É uma opção. — disse Joan, achando graça. — Faremos isso se tudo der errado.

Alice gargalhou alto antes de falar:

— Ao menos ficarei perto do capitão Russel. Eu acho ele tão lindo. — Suspirou profundamente.

Joan logo soube que a jovem nutria uma paixonite pelo capitão e ficou momentaneamente triste, pois homens como ele não costumavam a se envolver com mulheres como Alice, uma simples uma serviçal.

— Vamos. — comandou Joan, mudando de assunto. — Devemos tomar nossos postos.

Ambas ajeitaram a postura e caminharam determinadas até o local designado.

Antes de adentrar na saleta, a senhora Gibson entregou a Joan a garrafa de vinho que se tornaria objeto mais importante para a lady em determinada ocasião.

_____ 🚢_____

Naquela noite, lorde Albert Davies arrumou-se por conta própria e a todo momento ficou pensando no comportamento inapropriado que teve com a senhorita Taylor. Sentiu-se muito envergonhado, mal sabendo o que lhe passou pela cabeça ao agir de tal forma, tão indecente. Ficou claro, para ele, que Taylor, embora fosse uma mulher deveras ousada, ainda era uma moça solteira que com certeza não havia se relacionado com outro homem de forma íntima. Davies desejava mais do que tudo vê-la novamente e se desculpar com toda sinceridade, todavia tinha de comparecer aquele jantar importante, portanto evitou a pensar em tal senhorita e deixou a cabine, caminhando confiante até o salão de jantar.

Davies sempre foi considerado um homem frio e calculista, sobretudo se tratando de negócios. Desde cedo, fora instruído a jamais deixar as emoções interferirem em suas decisões, bem como em seu comportamento, principalmente ao negociar. Era muito difícil lhe tirar o foco em tais situações burocráticas. O conde de Bastille tinha muito orgulho de ser um dominador implacável em reuniões de negócios. Naquele jantar, tudo deveria transcorrer conforme o esperado, faria com que seus desejos fossem concretizados, assim como sempre foram.

Albert estava seriamente muito focado, sentado à mesa com a típica postura confortável e confiante, conservando na face a expressão austera que funcionava como forma de manter os oponentes desconfortáveis, quando inesperado aconteceu: a impulsiva senhorita Taylor adentrou na saleta.

Por um instante, Davies se esqueceu onde estava. Não ouviu nenhuma palavra que o senhor Robson dizia, pois toda atenção dele se manteve focada na moça de cabelos escuros e olhos desafiadores, que caminhou pelo cômodo portando uma garrafa de vinho. Em um fração de segundos — que pareceu durar a eternidade —, o olhar de ambos se encontraram e Albert notou o rosto dela corar a medida em que os olhos ficaram agitados. Davies soube, sem sombras de dúvidas, que ela havia se recordado do lamentável episódio que ocorrera mais cedo, e ao invés de se sentir envergonhado, os lábios dele se curvaram em um leve sorriso de satisfação.

— Oh, que maravilha! — exclamou o homem de cabelos tão escuros quanto a espessa barba que ocupava a face. — Quero que provem o vinho que produzo na minha vinícola, em Florença.

Albert observou a senhorita Taylor se aproximar dele. A moça, muito séria, evitou fazer contato visual quando despejou a bebida de coloração vermelho intensa na taça vazia. Ele, no entanto, manteve o olhar fixo nela e apreciou sentir o perfume de lavanda que desprendeu da pele dela, assim que a moça se inclinou para servi-lo.

— Obrigado. — agradeceu, aguardando ansioso pela troca de olhar.

Somente naquele momento, a senhorita finalmente o olhou diretamente pela primeira vez naquele jantar e assentiu com um leve balançar de cabeça, logo se afastando-se para servir os outros homens.

O senhor Robson voltou a falar pelos cotovelos e Davies sequer ouviu aquele monólogo, pois a atenção estava inteiramente centrada na Senhorita Taylor que se aproximou do capitão Russel com a mesma graciosidade. Estranhamente, Albert não gostou nem um pouco da forma como o homem olhou para ela.

Quando a moça foi despejar o vinho na taça vazia, Russel a impediu, colocando a mão sobre a dela, evitando que ela completasse a ação.

— Eu não bebo vinho, senhorita Taylor. Sou alérgico a uvas.

Evidentemente espantada, a jovem arregalou aqueles impressionantes olhos castanhos e declarou preocupada:

— Sinto muito, capitão. Eu não sabia.

Russel, porém, abriu aquele maldito sorriso e a tranquilizou:

— Não esperava que soubesse, não é algo que está escrito em minha testa.

Taylor abriu um largo sorriso, deixando Davies de muito mal humor.

— Nesse caso, senhorita Taylor, o que sugere que eu beba?

A moça sequer pestanejou ao responder:

— Acredito que o uísque é ideal em qualquer ocasião.

Russel esboçou uma expressão de satisfação ao ouvir aquela resposta.

— Compartilho de seu pensamento, senhorita. Devo escolher o irlandês ou escocês?

Novamente, a moça respondeu com muita certeza:

— Os escoceses são realmente melhores.

— Sorte minha ser um escocês de berço. — disse Russel, em um tom descarado de flerte, fazendo Albert se engasgar com o gole de vinho que acabara de sorver.

Ao contrário do que o conde esperava, senhorita Taylor não se calou, sequer se afastou como qualquer outra serviçal faria, e inesperadamente, disparou:

— Eu me referi ao uísque, capitão. Não posso afirmar sobre os homens. Nunca conheci um escocês.

— Como eu disse, minha cara, sou um escocês. Acredito que agora conheça ao menos um.

A mulher abriu a boca para prosseguir com aquela conversa desnecessária, porém Albert disparou irritado:

— Pelo amor de Deus! Vá buscar o uísque para o homem!

Tanto Russel, quanto a moça, lançaram ao conde um olhar repleto de espanto.

— Mas antes me sirva, por favor. — pediu o senhor Robson, completamente alheio a tudo que ocorria ali.

Davies não soube ao certo a razão, mas realmente sentiu a irritação o dominar. Começou a bater os dedos na mesa em uma agitação incontrolável, ao passo que não conseguiu desfazer a expressão de desgosto da face. Quando a senhorita Taylor se retirou daquela saleta, finalmente foi capaz de raciocinar com certa clareza, embora quisesse tirar aquela maldita expressão de regozijo da face do capitão Russel.

Será que ele a senhorita Taylor estavam envolvidos de forma romântica? Pensou intrigado. Logo chegou à conclusão de que estava enganado, pois ela fora concisa em afirmar que não conhecia nenhum escocês. Fato é que, aquele capitão, tinha nítido interesse nela, algo que Albert não apreciou saber. Homens como ele não costumavam se relacionar com serviçais, a menos que tivessem a intenção de usá-las e posteriormente descartá-las. A senhora Taylor parecia ser uma mulher esperta o bastante para não cair na conversa dele, ainda assim, Albert tinha como dever de alertá-la sobre as verdadeiras intenções do capitão. Ele tinha uma irmã, oras! Taylor poderia muito bem ser irmã de alguém. Ele não podia ignorar aquela situação.

— Diga-me, lorde Davies, qual proposta tens a me fazer? Estou curioso, ainda não disse uma palavra sobre isso. — indagou o senhor Robson, após o jantar começar a ser servido.

Ao ouvir aquele questionamento, Davies finalmente voltou a si e decidiu que nada mais lhe tiraria a atenção. Na verdade, bastava apenas ignorar a senhorita Taylor e para isso necessitava que ela ficasse calada, exatamente como estava, prostrada junto a parede, como uma perfeita serviçal.

Albert se ajeitou na cadeira e começou:

— Na verdade, senhor Robson, eu estou aqui em nome de minha sócia, lady Anastácia Morrison, a duquesa de Hereford. Sou apenas um emissário da proposta a qual ela tem a lhe fazer.

Senhor Robson alterou a postura no ato, ficando muito sério e declarou:

— Foi prudente ela ter enviado você, pois eu não negociaria com uma mulher.

Davies detestou aquela resposta, embora já conhecesse a reputação sexista do homem.

— Lady Morrison não é qualquer mulher, senhor Robson. Não se deixe enganar por seu preconceito, podes se arrepender. Estamos falando da duquesa de Hereford, detentora do maior ducado de Londres e talvez de toda Inglaterra. — assegurou Davies.

— Besteira! — exclamou Robson, torcendo os lábios. — A Inglaterra ainda é um país patriarcal, milorde. O título, bem como as propriedades pertencem ao esposo dela, lorde Matthew Morrison. Anastácia ainda é apenas uma mulher. Não é nada sem o marido.

Naquele momento, um riso debochado escapou dos lábios da senhorita Taylor, arrancando um leve sorriso do capitão Russel.

Davies lançou um rápido olhar para ambos e bufou contrariado. Ele empertigou a postura quando prosseguiu:

— Eu poderia passar horas desprendendo um discurso em prol das capacidades de lady Morrison, provando o quanto está equivocado sobre o seu julgamento, garantido que ela é capaz de viver sem o marido e ainda assim ser uma mulher incrível, mas esse não é o propósito desse jantar. Estou aqui para lhe fazer uma proposta: eu, bem como lady Anastácia, temos interesse em investir na construção de mais navios como esse, modernizando-os, tornando-os mais eficientes e luxuosos. Queremos investir no transporte turístico.

O senhor Robson sorveu um longo gole do vinho antes de declarar:

— Posso lhe assegurar, senhor Davies, esse navio, bem como o SS City of Paris, são os mais modernos da Europa. Somos os pioneiros em transporte de luxo. Concedemos aos passageiros uma experiência única. No momento, não há nada que possam fazer por mim.

— Então pretende estagnar e deixar que mentes audaciosas prosperem em um negócio que pode crescer muito mais? — o conde instigou com perspicácia. Como o homem permaneceu calado refletindo, ele prosseguiu: — Não estou falando de um investimento a curto prazo, muito pelo contrário, temos em mente algo que levará ao menos dez anos para se concretizar e quando isso acontecer, os lucros serão exorbitantes.

O homem finalmente alterou a postura, parecendo muito interessado no rumo daquela conversa.

— O que tem em mente, Davies? — Robson indagou muito curioso.

— Na verdade, senhor, é o que lady Morrison tem em mente. Se há interesse pela proposta, deve estar ciente que a ideia partiu dela.

Um tanto contrariado, Robson solicitou:

— Diga-me o que sua sócia planeja.

O conde exibiu um curto sorriso de satisfação e revelou:

— Lady Morrison é uma grande investidora em energia elétrica. Todos os seus estabelecimentos usam dessa magnífica invenção. Pensando nisso, a proposta inicial é reformular a engenharia de seus navios, substituído a força do vapor, por energia elétrica que possibilitará maior velocidade dos navios, podendo chegar ao seus destinos em poucos dias. Além disso, não necessitara de mão de obra para abastecer as fornalhas. Será uma mudança eficaz e muito mais segura.

— Isso é impossível! — debochou Robson, sorvendo mais um gole do vinho.

— Na verdade não é, senhor. — o capitão Russel rebateu muito seguro. — Estive com lady Morrison recentemente, analisando alguns projetos de engenheiros navais. São ideias promissoras que certamente mudarão o rumo dos navios. Acredito que deva embarcar nesse investimento. Isso é o futuro, meu amigo.

— Até tu, Russel! — exclamou perplexo. — Como conheceu lady Morrison?

O capitão esboçou um sorriso sincero quando revelou:

— Conheço a duquesa a muito tempo, Robson. Desde quando era um mero marinheiro. Nos conhecemos quando ela fugiu para o Oriente. Anastácia me concedeu inúmeros conselhos valiosos que me fizeram chegar na posição a qual estou. Eu a acompanhei em diversas viagens, nos tornamos próximos enquanto ela explorava a Europa.

— Como pode uma mulher ser tão influente?! É realmente os finais dos tempos. — expressou o senhor Robson, realmente indignado.

Naquele momento, a senhorita Taylor soltou uma bufada alta demais que foi ouvida por todos.

Davies tinha conseguido ignorá-la até ali, bastava apenas seguir adiante, porém seus planos fracassaram quando o maldito capitão Russel questionou:

— Deseja dizer algo, senhorita Taylor?

Ao ver os lábios da moça se curvaram em um malicioso sorriso de canto, Davies soube que haveria problemas a frente.

— Ela certamente não deseja, capitão. — A moça ruiva tomou a frente e respondeu pela amiga. No entanto, Taylor fechou a face em uma expressão contrariada. — Devemos ser invisíveis, lembra? — a ruiva sussurrou, tentando por juízo na cabeça daquela mulher impulsiva.

Todavia, a senhorita Taylor não tinha a menor intenção de ficar calada e logo disparou:

— De fato, eu me cansei de ser invisível. Acho que muitas mulheres já se cansaram de toda essa invisibilidade social. Então vou dizer o que eu penso, gostem vocês ou não. — Encarou os três homens na mesa, que espantosamente permaneceram calados. Ela tomou o silêncio como incentivo para prosseguir: — Senhor Robson, está equivocado, não estamos nos finais dos tempos, e sim no futuro. O mundo está mudando, e velhos paradigmas sociais estão sendo rompidos. Lady Morrison não é apenas uma mulher, ela representa uma luta; representa o coletivo de mulheres que estão fartas de serem ignoradas pela sociedade e desejam viver a vida de forma independente, sendo o que bem querem. Ao contrário do que o senhor pensa, a inteligência, milorde, não escolhe gênero, tampouco a classe social. Mulheres podem ser tão inteligentes e capazes como qualquer outro homem, se não mais. O senhor perguntou "como pode uma mulher ser tão influente?" Veja bem, a história está repleta de mulheres influentes, o senhor como um verdadeiro cristão, deve saber que Eva foi tão astuta ao ponto de convencer o marido a comer do fruto proibido. Até hoje, homens pagam o preço pelas ações de uma mulher. Há também Esther, que salvou o povo judeu da morte. Não devemos nos esquecer da imponente Cleópatra, rainha do Egito, mulher de personalidade forte, versada em política, que governou o reino com autonomia, sendo conhecida por se relacionar com dois homens importantes: Júlio Cesar e Marco Antônio. Mulher, esta, cujo nome foi eternizado no mesmo patamar de importância de seus amantes. Mulheres sempre foram influentes, senhor Robson, homens como você é quem preferem não nos enxergar. Talvez tenham medo de que venhamos a dominar o mundo. Nesse caso, é bom nos temer, pois somos fortes o suficiente para lutar contra o sistema patriarcal que tanto nos oprime.

Davies escancarou a boca em um misto de perplexidade e orgulho. A senhora Taylor era muito mais ousada do que o conde imaginava, com certeza seria ótima amiga de Stephanie, a irmã dele. Era de fato uma pupila de Anastácia Morrison, a temida lady escandalosa.

— Todas essas mulheres a quais citou eram casadas, necessitaram ter um homem ao lado delas. Suponho que a senhorita também seja contra ao casamento, ou estou enganado? — Robson perguntou com certa curiosidade.

— Não sou completamente contra a ideia do casamento, milorde. Apenas não aprecio o fato de que tal união exerce o poder de invisibilizar as mulheres, tornando-os apenas uma vaga extensão do marido. Tratam-nos como se fossemos meras mercadorias e a família ainda necessita pagar um dote ao marido, como se fosse um fardo ter de se responsabilizar pela mulher. Sou contra a instituição do casamento, conforme a sociedade impõe. Todavia, acredito que um casamento em que ambos se apoiam e se tratam como iguais, é a união ideal para fortalecer o relacionamento e o companheirismo entre um homem e uma mulher. Eu jamais me casarei com um homem que me trate com inferioridade, mas estou aberta a conhecer alguém com quem eu possa dividir os planos e conquistar tudo que o mundo me permitir.

Davies achou aquilo interessante, de fato. Senhorita Taylor era realmente alguém que fora fortemente influenciada por lady Morrison.

— Acredito, senhorita, que com ideais tão fortes, deves ser a favor de que as mulheres tenham direito ao voto? — investigou Robson, embora já soubesse a resposta.

— Diga-me, milorde, quando criança, quem foi o responsável pela sua educação? — A moça perguntou, evidentemente curiosa.

— Minha mãe, é claro. — O homem respondeu convicto.

— Acredita que ela foi a responsável pela formação de seu caráter, seus valores morais?

— Isso é óbvio. Meus valores vem de família, fui muito bem-criado pela minha mãe, a ela devo tudo que sou.

Um sorriso se formou nos lábios da senhorita Taylor antes de ela novamente discursar:

— A conquista do direito ao voto não abrangerá apenas um grupo seleto de mulheres, mas sim a todas, desde meras serviçais, como eu, e também aquelas que pertencem a alta classe social, como a vossa mãe. Por acaso o senhor acredita que a senhora sua mãe não seja capaz de escolher um bom representante político?

— Óbvio que minha mãe é perfeitamente capaz de escolher o melhor entre todos! — Bufou, perplexo. — Se existe alguém capaz de votar no parlamentar certo, essa pessoa é a minha mãe. A astuta senhora Robson jamais se engana.

— É lamentável, no entanto, o fato de que a sua mãe não possa exercer a escolha dela, pois a sociedade lhe priva do direito ao voto. Realmente é uma pena, não acha, senhor Robson?

Davies adorou cada argumento esperto que saiu da boca daquela jovem brilhante. Senhorita Taylor foi a melhor surpresa a qual ele se deparou em um longo tempo. Aquela viagem veio no momento certo.

E mais uma vez o inesperado ocorreu, deixando a todos surpresos. O senhor Robson começou a gargalhar alto.

— Realmente, minha cara, deu-me muito em que pensar. Fazia muito tempo que eu não tinha uma conversa tão estimulante como essa. Contrariando meus argumentos iniciais, a senhorita provou ser uma mulher extremamente inteligente. Algo deveras curioso, afinal. — elogiou o homem, com certo orgulho.

— Concordo contigo, Robson. — expressou o Capitão Russel. — Senhorita Taylor possui uma mente incrivelmente brilhante.

Davies, inevitavelmente, franziu o cenho ao centro da testa ao ver a moça corar mediante o flerte descarado daquele maldito capitão. O conde estava prestes a pôr o homem no devido lugar, mas infelizmente fora interrompido por Robson que declarou:

— Senhor Davies, marque um encontro com lady Morrison, estou curioso para saber a proposta dela. Após a revigorante conversa com a senhorita Taylor, estou completamente aberto a que outra mulher inteligente tem a me dizer.

Albert abriu um largo sorriso e falou:

— Posso garantir que não se arrependerá, senhor Robson.

Assim, a conversa tomou outro rumo e logo o jantar chegou ao fim. Robson dispensou os empregados, contudo, antes de Taylor partir, ele lhe a autorizou a pegar uma de suas valiosas garrafas de vinho na dispensa, como recompensa pelo debate estimulante que ambos tiveram.

Davies permaneceu na companhia dos homens por pouco tempo. Quando notou a senhorita Taylor deixando do salão, ele despediu-se educadamente e rapidamente saiu ao encalço da moça, seguindo-a até que estivessem longe das vistas de todos, em um local isolado.

— Senhorita Taylor! — chamou, fazendo-a interromper os passos e olhar para trás.

— Lorde Devil. — disse ela, com leve sarcasmo. — Em que posso ajudar?

Davies esboçou um curto sorriso e se aproximou da moça.

— Estou lhe devendo isso. — Retirou do bolso interno do fraque, um cheque no valor de cem libras e entregou a mulher.

— Não posso aceitar. — declarou, obstinada, após ler a quantia. — Sequer cheguei perto de lhe ajudar a vestir. Não é o justo.

— Imaginei que diria isso. — Sorriu novamente, recusando-se a pegar o cheque. — Aceite como compensação por minha péssima conduta. É o mínimo que posso fazer para reparar aquela situação. Peço que me perdoe, senhorita. Não tenho palavras para expressar o quanto me arrependo de meus atos.

A moça arqueou a sobrancelha o avaliando. Ele realmente parecia muito arrependido.

— Nesse caso, ficarei com o dinheiro, pois não estou em posição de negar um valor como esse, mas saiba que eu ainda não o perdoei.

Albert balançou os ombros, resignado, embora o esboço de um sorriso se formou nos lábios dele.

— Já é um começo.

Finalmente a mulher exibiu um sorriso. Naquele momento, o conde soube que apreciava vê-la sorrir.

— Obrigado por ajudar a convencer o senhor Robson a conversar com lady Morrison, eu não teria sido capaz de fazê-lo mudar de ideia. Se fecharmos o negócio, pedirei à duquesa para que lhe conceda cinco por cento dos lucros, é o justo.

Ao ouvir aquilo, os olhos da moça brilharam em pura empolgação. Davies teve a certeza absoluta: jamais havia conhecido uma mulher tão cheia de vida como ela.

— Acredito que devemos formalizar um contrato, milorde. Lady Morrison fechará o negócio, ela é muito mais inteligente do que eu.

Albert discordou plenamente daquele comentário, porém manteve o pensamento apenas para si. Senhorita Taylor era de fato muito sabia. Ao contrário de qualquer outra mulher, não se contentou apenas com a palavra dele e logo já pensou em estabelecer um contrato formal. Cada vez que ela se expressava, o conde ficava muito mais admirado. Se era tão bem articulada sendo uma mera serviçal, imagina onde poderia chegar se fosse uma ladie? Aquilo era realmente uma perspectiva interessante de se imaginar.

— Eu deveria me sentir indignado pelo fato de não acreditar em minha palavra, mas não farei isso, pois no seu lugar eu teria o mesmo posicionamento. Pedirei ao meu advogado que redija um contrato. A partir deste momento, estamos definitivamente presos um ao outro, senhorita. — informou Davies, gostando e muito do transcorrer daquela situação.

— Parece que terei de firmar um pacto com o diabo, quem diria? — ela provocou, exibindo um curto sorriso de canto.

— Cuidado com o que diz, senhorita Taylor, eu posso roubar sua alma. — ele provocou, diminuindo ainda mais a distância entre ambos. Tentado, de alguma forma, sentir a fragrância inebriante que desprendia da pele dela.

— Você não conseguiria chegar nem perto, milorde. — Para a infelicidade do conde, ela se afastou, rindo. — Tenha uma boa noite, lorde Devil.

Assim, Albert observou, sorrindo, a moça se afastar, sabendo que a após aquela noite, nada mais seria como antes, e pela primeira vez, após um longo período, sentiu-se realmente feliz.

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Olá, ladies!

Já somos + de mil visualizações! Obrigada!!!

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