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37 - Bilhetes

"O ressentimento é algo que pode ser tão intenso quanto o amor – e às vezes, sem que percebamos, os dois caminham lado a lado".

— Orgulho e Preconceito, Jane Austen 

Naquele mesmo dia, sem muito suspense, fora revelado o prêmio misterioso para o casal vencedor da primeira dinâmica: um jantar luxuoso, na área externa da casa. O objetivo, é claro, era conceder privacidade a ambos, para que se estreitassem os laços e se conhecessem melhor. Afinal, muitos casais entravam no matrimônio como meros conhecidos, o que levava a um casamento infeliz, repleto de traições e esposas imersas em sofrimento. Lady Foster fora vítima de um casamento arranjado e sofrera terríveis consequências de uma mulher completamente desamparada de afeto por seu marido. Quando o senhor Foster veio a falecer, ela tomou como objetivo de vida alterar, de algum modo, a forma como se firmava os casamentos naquela época. Acreditava, por fim, que já estava mais do que a tempo da sociedade romper com velhos paradigmas e ela estava fazendo sua parte.

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Sob o céu límpido de uma noite agradável, Davies e lady Scot, depararam-se com um luxuoso jantar na área externa daquela elegante casa de campo. O cenário era idílico: um amplo jardim iluminado por lanternas a óleo, cujas chamas tremeluzentes projetavam sombras suaves sobre a mesa finamente preparada. O ar estava perfumado pelo aroma das flores noturnas que rodeavam o terraço, misturando-se ao sutil frescor da brisa que acariciava a paisagem.

Albert, típico cavalheiro de traços aristocráticos, trajava um paletó preto perfeitamente ajustado, enquanto uma gravata branca impecavelmente atada destacava a formalidade da ocasião. Helena, uma dama de beleza etérea, usava um vestido de seda azul claro, cujos bordados delicados reluziam à luz das lanternas. Um fino xale de renda repousava sobre seus ombros, complementando sua figura com um toque de suavidade. Ela era definitivamente o oposto de Joan.

Sobre a mesa, forrada com uma toalha de linho branco, um banquete de iguarias do mar os aguardava. Ostras frescas foram dispostas em bandejas de prata, ao lado de lagostas escarlates servidas com molhos cremosos de ervas. As taças de cristal transbordavam de champanhe gelado, cujas bolhas reluziam à luz suave.

Abert analisou a refeição, exibiu um leve sorriso de canto ao fitar as ostras, relembrando daquela noite no navio em que Joan ficara apavorada ao saber do efeito afrodisíaco que tal iguaria provocava.

— Ostras. — resmungou achando graça daquela ironia.

Helena, contudo, encontrava-se de péssimo humor. E não era para menos. Aquela dinâmica deixou evidente que lady Joan e Albert ainda sentiam algo pelo outro; algo além da rivalidade que apresentaram naquele jogo mesquinho.

— Não vais comer? — Albert indagou ao ver que sua noiva sequer tocara nos talheres.

Helena não respondeu. Apenas permaneceu sentada à mesa elegantemente posta. A jovem manteve sua postura impecável, mas seu olhar revelava o turbilhão que fervilhava em seu íntimo. Seus olhos, normalmente doces e expressivos, naquele momento lançaram discretos lampejos de inquietação. A luz tremeluzente das velas acentuou o brilho gélido de sua face que repousava, por vezes, nos traços serenos de seu noivo. Havia ali um misto de questionamento e desconfiança, como se cada palavra dita por ele, naquela noite, fosse meticulosamente pesada e analisada.

Por trás do sorriso ensaiado que adornava seu rosto pálido da moça, seu olhar denunciava um ciúme elegante, porém penetrante. Ela o observou com intensidade calculada, desviando os olhos por breves momentos para taça de champanhe que levou as suas mãos, antes de voltar a fixá-lo no homem a sua frente. Era um olhar que falava mais do que os lábios ousariam: uma sutil acusação, uma dúvida não verbalizada, um leve toque de mágoa pelo fantasma de uma outra relação que, embora não existisse, parecia estar ali, pairando entre os dois.

— Diga-me Albert, ainda nutre sentimentos por lady Joan Morrison?

Aquela pergunta, a queima a roupa, deixou o conde sem palavras. Nervoso, ele afrouxou o nó da gravata e pensou antes de responder:

— Nutro sim: desgosto. — Sorveu um longo gole de champanhe que não suavizou o peso daquelas palavras com gosto sutil de mentira.

— Não é o que parece. No jogo, hoje de manhã, só tinha olhos para ela e até se esqueceu que éramos uma dupla. Todos perceberam um clima um tanto estranho, para não dizer íntimo, entre ambos.

— Íntimos? — Albert guinchou, franzindo o cenho. — Estranho eu concordo, mas o íntimo... é uma verdadeira calúnia. Não percebes que ela veio até este recinto para me provocar. Joan quer tirar tudo de mim, inclusive minha propriedade em Staten Island. Tudo não passa de uma manobra para se gabar de mim.

— Joan? A chama pelo nome de batismo e segue negando a intimidade?

Abert cerrou o maxilar ao perceber o deslize que havia cometido.

— Estamos diante de um jantar maravilhoso e a senhorita insiste em abordar assuntos do passado que deveriam estar enterrado. É dessa forma que pretende desfrutar dessa noite? — Tentou reverter a situação.

— A meu ver, querido, o passado jamais esteve enterrado. Apenas afastado por um oceano o qual o senhor jamais considerou atravessar novamente. E agora eu sei bem o porquê. — Helena, com muita sutileza, levantou-se, fez uma pequena reverência ao noivo e disse por fim: — aproveite o jantar. Eu perdi completamente a fome.

Ainda atônito, Davies viu a moça se distanciar e odiou ainda mais Joan por ter aparecido naquele momento de sua vida, quando estava prestes a se casar.

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O relógio de pêndulo marcava um horário ainda precoce para o fim de um jantar. Conversas e risos amistosos percorriam o ambiente. Aos poucos os laços de amizades se estreitaram entre os convidados de lady Foster.

Lady Joan, sentada em uma das cadeiras próximas à janela, mantinha um semblante sereno enquanto se agraciava com o sabor requintado do vinho. Ela trajava em um elegante vestido vinho e sua postura impecável exalava sofisticação, porém, seus olhos atentos denunciavam um espírito observador.

Foi então que a porta da frente se abriu, e lady Helen surgiu, entrando na casa com passos apressados e um rosto levemente corado, como se tivesse lutado contra a brisa cálida da noite. Sua figura esbelta atravessou o vestíbulo com uma pressa que destoava de sua elegância habitual. Lady Joan, com um leve movimento de cabeça, seguiu cada passo de Helen, que mal ergueu o olhar para cumprimentar os presentes. Sem se justificar ou trocar mais do que algumas palavras breves, a moça subiu as escadas apressada, o som de seus sapatos ecoando pelos degraus de madeira.

Joan manteve-se quieta, mas seus olhos brilhavam com curiosidade. Algo estava fora do lugar. Helen deveria estar desfrutando de um jantar íntimo com Lorde Davies, seu rival de longa data, todavia, retornara sozinha e, ao que tudo indicava, visivelmente perturbada. Joan inclinou-se ligeiramente em sua cadeira, os dedos brincando distraidamente com a corrente de um colar de pérolas, perdida em hipóteses sobre o que de fato ocorrera naquele jantar.

— Parece-me que Davies teve de jantar sozinho. — comentou Russel, com um sorriso presunçoso.

— Nem mesmo a noiva consegue suportá-lo. Que lastima. — esboçou um leve sorriso, antes de levar a taça aos lábios.

Russel, por sua vez, não se contentou com aquele comentário. Estava claro, para ele, que Joan e Davies tinham algo mal resolvido e o homem precisava saber se Joan, de fato, estava aberta em firmar um relacionamento com ele.

— Podemos conversar a sós, na biblioteca? — indagou o Capitão.

Joan franziu levemente o cenho e respondeu.

— Certamente. Vá primeiro e eu me juntarei a você em instantes.

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Lá estava Russel, sentado em uma poltrona de couro escuro, estrategicamente posicionada próxima à janela aberta da biblioteca. A brisa morna de uma noite de verão entrava suavemente, carregando consigo o perfume das flores do jardim. O luar, generoso, iluminava parcialmente o aposento, projetando as sombras das estantes repletas de volumes antigos e dando à sala uma aura quase etérea.

O silêncio era quebrado apenas pelo som distante de uma cigarra e pelo ocasional estalar da madeira antiga do chão. Ele cruzou as pernas com um movimento lento e ajustou as abotoaduras, como se o gesto pudesse aliviar a tensão que se acumulava em seu peito. Esperava aflito por lady Joan, com quem deveria ter uma conversa séria. A questão do compromisso pairava como uma sombra sobre o momento, carregando consigo a promessa de decisões que poderiam mudar o rumo de suas vidas.

— Russel. — Joan surgiu a sua frente, dispersando, subitamente, os pensamentos receosos com sua beleza estonteante.

— Joan, sente-se, por favor. — Apontou a poltrona ao seu lado.

A lady, por sua vez, percorreu as mãos por seu vestido, respirou fundo e acatou o pedido do capitão que ficara sério de repente.

— Hoje, no decorrer do jogo de argolas, ficou claro, para mim, que o lorde Albert Davies ainda mexe com os sentimentos da senhorita. Acredito que seja mais do que mera rivalidade. Portanto, peço que seja honesta comigo, como sempre foi, e me responda com sinceridade: há possibilidade de que tenhamos uma relação além da amizade?

Aquela indagação tão séria — e inesperada — deixou Joan, momentaneamente, sem palavras. A mulher fitou aqueles límpidos olhos azuis que a encaravam com tamanha austeridade e refletiu, por algum momento, antes de responder:

— A relação que tive com Davies foi intensa e rompeu-se de forma abrupta e dolorosa. Não posso negar, tampouco esconder que lembranças do passado permeiam minha mente quando estou perto dele. Mas isso são sentimentos de uma jovem que pouco sabia do mundo e muito menos do amor. Agora, sou uma mulher que aprendeu com os erros do passado, embora, por vezes, Davies me traz à lembrança da jovem Joan que partiu sem rumo em um navio, tão corajosa e ousada, levando consigo apenas mudas de roupas e uma identidade falsa. É essa Joan que todos veem quando está próxima de Davies. Temos uma história inacabada; um ciclo que ambos devemos encerrar. Sem mais explicações, em relação a sua pergunta, tenho apenas uma resposta a conceder: por mais que eu deseje, e mesmo esse sendo evidentemente o desfecho perfeito, não posso iludi-lo afirmando que exista um futuro em que haverá um "nós". Amo-te, mas como um amigo e sinto-me uma verdadeira megera se minhas palavras vierem ferir o seu coração.

Russel com um semblante triste, fechou os olhos assimilando o peso daquelas palavras, por fim, respirou fundo e conseguiu esboçar um leve sorriso verdadeiro.

— Agradeço a sua sinceridade, Joan. Ao menos agora sei que o destino nos uniu apenas como bons amigos e eu não poderia ter encontrado uma amiga melhor que você. De certa forma estou aliviado, ainda não estou preparado para renunciar o mar e me tornar um esposo em terra firme. — Deu de ombros, fazendo Joan rir.

— Suponho que, agora que deixamos nossa relação às claras, deixará essa residência e voltará para Londres? — Joan perguntou, insegura.

— E perder a chance de vê-la derrotar Davies ao final dessa estadia? Óbvio que não.

Joan gargalhou alto e foi exatamente naquele momento que Albert adentrou na biblioteca.

— Ora, ora, ora... O que vemos aqui... Certamente dois pombinhos a sós, numa sala levemente escura, rindo tão intimamente. Não é de fato apropriado aos olhos puritanos da aristocracia londrina. — disse o conde, com demasiado sarcasmo.

Joan revirou os olhos, levantou-se rapidamente e rebateu:

— Jamais me importei com as regras da sociedade. E para seu esclarecimento, Devil, agora sou uma dama da América. Não me submeto às condutas antiquadas que gerem esse covil de falsos puritanos britânicos. Passar bem. — Dito aquilo, Joan saiu da biblioteca, deixando Davies completamente desprovido de fala.

Todavia, se a lady pensara que havia proferido a palavra final daquele embate, estava totalmente enganada, pois quando chegou ao quarto que dividia com lady Helen que já se encontrava adormecida. Deparou-se com uma caixa misteriosa disposta sobre a sua cama. Curiosa, pegou o pacote, e quando abriu, sorriu com certa ironia. Dentro estava um prato suculento de ostras junto do bilhete escrito com a caligrafia que ela jamais esqueceria na vida — e talvez até na morte.

"Querida senhorita Taylor, corrigindo-me, NADA QUERIDA, tampouco Taylor, lady Joan de sobrenome Morrison,

Há um fascínio particular nas ostras, você não acha? Criaturas do mar, delicadas e misteriosas, com um sabor que sussurra segredos de desejo a quem se atreve a prová-las. Dizem que possuem um certo efeito o qual, inesperadamente, não me recordo a nomenclatura... uma capacidade quase mágica de despertar o que há de mais ardente em nós. Ah, lembrei-me, "afrodisíaco" é a palavra correta a ser empregada.

Antes de degustar dessa deliciosa iguaria, devo, como um homem de respeito, adverti-la que certas mulheres são mais sensíveis ao tal efeito "afrodisíaco". Soube da história intrigante de uma jovem camareira, em um certo navio, que acabou beijando, ardentemente, um conde, após ingerir, avidamente, sete ostras!

Que Deus proteja minha noiva de seus lábios lascivos ferozes!

Desejo-te uma excelente noite, e, por favor, contenha-se! Não assuste Helen com sua perversidade, ela é uma moça com pureza preservada. Algo que a senhorita jamais foi".

Com a mais honestas das intenções,

Lorde Devil.

— Que audácia! — Joan exclamou, indignada, após ler o bilhete.

Rapidamente procurou um pedaço de papel e pôs-se a escrever a réplica que entregaria logo pela manhã.

"Querido lorde Davies, corrigindo-me, NADA QUERIDO, tampouco lorde, Devil,

Agradeço por me advertir sobre os efeitos perigosos do afrodisíaco provocado pelas ostras. Essa iguaria deveria ser banida da puritana sociedade londrina, não acha?

Também tenho conhecimento de que, certos homens, são bem sensíveis aos efeitos afrodisíacos de tal deliciosa iguaria. Soube de uma história intrigante, sobre um renomado conde, em um certo navio, que após ingerir apenas UMA ostra, acabou parcialmente despido, em frente de uma inocente camareira, mostrando a ela seu pênis, e pasme! Urinou na frente da pobre moça. Realmente, ostras são perigosas!

Sobre sua noiva, fique tranquilo. Eu não sou uma moça inocente e sim uma mulher que sabe apreciar os prazeres da vida, sem colocar moças puras em apuros. Se bem que seria um tanto curioso saber como sua lady Helen reagiria aos meus beijos lascivos. Fique com essa imagem em sua mente.

E a propósito, as ostras estavam deliciosas!"

Com deveras gratidão pela advertência,

Senhorita Taylor — perdoe-me pelo equívoco — lady Joan de admirável sobrenome Morrison.

Sorrindo, a lady colocou o bilhete no envelope, selou-o com os lábios, guardou-o sob o travesseiro e logo após descansou com plenitude de uma mulher muito bem resolvida.

___👑___

Olá, Ladies!

Fico contente em lhes informar que finalmente estou retomando, e com muito prazer, a prática da escrita. Tem me feito tão bem estar um pouco longe da realidade e imergir nos conflitos intrigantes da Era Vitoriana!

Espero que tenham gostado do capítulo. Na minha ansiedade em postá-lo, acabei não revisando, então perdoem-me por qualquer erro de escrita!

Obrigada pelo apoio, paciência e carinho!

Luana

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