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22 - Temores

"Há um mar de segredos entre nós. Ainda assim, eu me afogaria por você".

Albert Davies

Naquela noite, Davies, muito satisfeito com o transcorrer dos acontecimentos, fez questão de ostentar a companhia de Joan como se ela fosse o seu mais valioso troféu. A todo momento, o conde fez o esforço de tocá-la de alguma forma discreta, porém deixando subentendido aos olhos atentos, que a moça o acompanhava.

Albert era uma pessoa deveras influente em New York, todos os presentes ansiavam em trocar qualquer assunto com o ele, buscando a mísera aproximação. E naquele baile, ele fez de Joan o centro das atenções. Em qualquer diálogo, sobre qualquer assunto, Davies sempre pedia a opinião da moça, deixando-a devidamente confortável em determinado evento. Inesperadamente, Joan se encontrou deveras feliz, mesmo estando em um lugar que jamais apreciou.

— Senhor Stuart! — Davies guiou Joan até um senhor de meia idade, bem portado, cujo bigode aparado ostentava alguns fios de grisalhos. — Que ótimo vê-lo por aqui. Deixe-me apresentar a senhorita Taylor, minha mais inestimada adestradora de cavalos.

— Olá, senhor! — Joan estendeu a mão enluvada.

— Olá, senhorita Taylor. — O homem beijou-a educadamente. — És uma adestradora? Devo admitir, senhorita, é primeira mulher desse ramo; ao menos é a primeira que eu venho a conhecer. — Os astutos olhos cinzentos a avaliaram dos pés à cabeça.

— Acredite, senhor, eu infelizmente também não conheço nenhuma outra, embora ficaria feliz em saber da existência de outras mulheres tão ousadas e corajosas como eu. — Joan comentou com certa provocação, mal sabendo que aquele homem poderia mudar o seu futuro.

— Taylor, querida. — começou Albert em um tom carregado de falsa inocência. — Eu esqueci de lhe informar... O senhor Joseph Stuart é proprietário do maior clube de corrida de cavalos de New York. Além disso, é um especialista em equitação e possuí o mais exuberante haras de New Jersey. Ele ama os cavalos, tanto quanto a senhorita os ama.

Naquele momento, Joan sentiu as bochechas queimarem de vergonha. Óbvio que a moça já tinha ouvido falar do senhor Stuart. Ela até planejava encontrá-lo em algum momento sob o objetivo de implorar que ele lhe concedesse a oportunidade dela demonstrar o quão era competente no ramo de adestramento de equinos, mas havia postergado o objetivo quando aceitou o acordo com Davies. Ela, de fato, não esperava o encontrar naquela ocasião e lamentou não ter dito as palavras corretas para impressioná-lo.

— Perdeu a fala, Taylor? — Abert indagou em um tom provocativo e sussurrou para Stuart: — Acredite, senhor, é realmente muito raro vê-la calada, sem ter o que dizer.

O homem não foi capaz de evitar o riso.

— Desculpe-me pela falta de modos, senhor Stuart. Eu tinha o objetivo de lhe visitar em um futuro próximo, com vistas a propor meus serviços. Apenas não estava preparada para conhecê-lo nessa noite.

Stuart arqueou a sobrancelha, desconfiado.

— Não me leve a mal, senhorita, mas não sei se confio nas habilidades de uma mulher na prática do adestramento. E como bem deve saber, eu tenho uma reputação a zelar.

Joan sentiu o sangue ferver nas veias quando indagou irritada:

— Diga-me, senhor... Se um homem lhe dissesse que é demasiado bom no trato com os equinos e se ele lhe pedisse uma oportunidade de mostrar seu serviço e competência, o senhor negaria?

Stuart sabia onde aquela conversa chegaria, por isso exibiu um curto sorriso de canto quando respondeu:

— Eu não seria tolo de negar, senhorita.

Taylor sorriu de forma irônica, antes de rebater:

— Todavia, o senhor foi rápido em refutar minha digna oferta, amparado apenas no fato imutável de eu ser uma mulher. Pois, saiba, senhor Stuart, que meu gênero não impediu que eu aprendesse a domar e adestrar cavalos, apenas me tornou mais determinada e incansável. O senhor é quem está perdendo os meus serviços e não o contrário. Porém, quando se der conta disso, será tarde demais para qualquer reparo. Eu conquistarei o meu devido lugar, o senhor me ajudando, ou não. — Voltou a atenção para o conde e disse: — Preciso de um pouco de ar, o senhor me acompanha.

— É claro, Taylor!

Joan, deu as costas para o senhor Stuart, ignorando-o completamente.

— Davies! — Stuart pediu para que o conde se aproximasse e indagou baixinho, porém alto o suficiente para que Joan ouvisse: — Ela é tão boa quanto afirma?

— Muito melhor, ouso dizer! És incrível! Detectou a gravidez de uma égua, apenas pelo tato e audição.

O homem arregalou os olhos e foi rápido ao dizer:

— Senhorita Taylor, espere! Tenho uma proposta a fazer.

Joan, que se encontrava de costas, abriu um sorriso vitorioso, contudo, quando voltou a atenção para Stuart, estava com uma expressão de seriedade.

— Diga-me, senhor. — proferiu com certa frieza.

— Estou em posse de um puro árabe demasiado arisco e emproado, de temperamento forte e feroz. Todos meus adestradores apresentaram dificuldade em domá-lo. Estava pensando seriamente em vendê-lo, mas como a senhorita surgiu inesperadamente, e sendo uma mulher; algo que eu ainda não tentei, talvez consiga algum progresso com o referido cavalo. Penso que vale a pena a tentativa.

— O que eu ganharei em troca ao domá-lo?

— Oras, se a senhorita for capaz de fazer o que nenhum outro fez, terá o meu total reconhecimento e eu a indicarei a todos meus sócios e conhecidos, bem como a recompensarei financeiramente, pagando-lhe o devido valor por suas habilidades únicas. Mas, se porventura fracassar, bem como os outros tantos, não a julgarei. Apenas saberei que é mais uma como os demais, com habilidades que podem ser encontradas em qualquer outro lugar.

Joan arqueou a sobrancelha ao ouvir aquela proposta. Ela se considerava boa no que fazia, entretanto, não tinha a certeza se era melhor que outros adestradores experientes. Todavia, apesar dos temores, a moça aceitou a proposta e as possíveis consequências que poderiam vir.

— Aceito o desafio, senhor. Quando posso conhecer o garanhão?

— Amanhã, se for possível.

Joan abriu a boca para aceitar, entretanto, Albert tomou a frente dela:

— Infelizmente, a senhorita Taylor está acompanhando a gestão da minha égua cujo parto está próximo. Por essa razão, deve permanecer em minha residência para que possamos nos precaver de futuros imprevistos. Contudo, Stuart, se o senhor permitir, posso pedir para que transportem seu cavalo até meu endereço, em Staten Island. Tenho uma baía digna de sua posse. Seu animal será bem cuidado e tratado como um dos meus.

— Por mim tudo bem! Ficarei à espera do transporte, Davies. — Estendeu a mão para Joan. — Estamos acordados, senhorita Taylor?

A moça apertou a mão dele com firmeza quando respondeu:

— Perfeitamente, senhor Stuart.

Ostentando o mais largo sorriso, Joan se afastou, tendo Albert ao seu encalço.

— O que foi? — ela indagou, ao notar que ele a encarava pelo cantos dos olhos.

— Nada! — Balançou os ombros. — Eu apenas gosto de te ver sorrir.

Joan, que ficou muito sem graça com aquele elogio inesperado, desviou o olhar para as mãos e permaneceu calada.

— Acompanhe-me em uma dança, Taylor? — Albert estendeu a mão na direção dela.

A moça, no mesmo instante, arregalou os olhos, evidentemente apavorada, e negou com a cabeça.

— Por favor, não insista. Eu danço muito mal. — suplicou, quase gaguejando.

—A senhorita por acaso se esqueceu de que é minha acompanhante nessa noite e deve fazer o que eu solicitar?

— Não me esqueci, Devil. No entanto, asseguro-te que não sofro de falsa modéstia quando afirmo que não danço bem. Vou envergonhá-lo.

— Bobagem, Taylor. Não tenho o ego tão frágil. — E insistiu: — Venha, a música logo se iniciará.

Resignada, Joan depositou a mão na do conde e ambos se juntaram aos demais casais.

Assim que os músicos iniciaram a melodia, Davies levou a mão na cintura da moça, deixando os corpos bem próximos.

— Está nervosa, Taylor? — provocou, ao notar que ela estava tão rígida quanto uma pedra.

— O senhor não faz ideia. — murmurou, tentando de alguma forma, sincronizar os passos com a música.

— Aí! — Davies disparou entredentes quando Joan pisou no pé dele.

— Desculpa. — ela murmurou, encabulada.

— Apenas continue! — o conde tentou relevar, mas logo ficou alarmado ao perceber que a mulher sequer se permitia ser conduzida.

Joan era tão ruim na dança, que quase atrapalhou os demais casais.

— Pelo amor de Deus, Taylor! Pare imediatamente o que está fazendo! — ordenou Davies, após ela esmagar seus pés pela quinta vez.

Albert pensou em provocá-la pela falta de habilidade na dança, mas ao notar o quanto tremia completamente aterrorizada, ele a puxou para perto e a tranquilizou:

— Olhe para mim, Taylor! — Joan levantou o olhar apavorado e o fixou nos olhos escuros do conde. — A senhorita confia em mim?

— Não muito. — sussurrou.

Albert sorriu com a sinceridade dela.

— De qualquer forma, pequena, fará exatamente o que eu disser. Não quero que pense em nada, esqueça tudo que aprendeu sobre dança, apenas me ouça, relaxe e eu a conduzirei. Fui claro?

Joan concordou com a cabeça.

Albert juntou ainda mais os corpos deles, pouco se importando com o julgamento das pessoas. Na verdade, ele ignorou a todos, quando começou a guiá-la pelo salão.

— E um, dois, três.. — Girou a moça com demasiada habilidade e voltou a conduzi-la — Um, dois, três...

Aos poucos Joan começou a relaxar e se esqueceu inteiramente do mundo ao redor.

— Acho que essa não é a coreografia da música, Devil. — informou, porém continuou a seguir o conde.

— Estamos dançando, não estamos? Isso é tudo que importa. — declarou, mantendo o olhar fixo nela.

— O senhor é um bom par, milorde. — elogiou, se sentindo segura na dança pela primeira vez.

— Devo ser realmente bom. É difícil arrancar um elogio seu.

— Apenas digo a verdade, senhor. Seja ela boa ou ruim.

— E isso é o que eu mais gosto em você. — revelou, inesperadamente.

Taylor ficou tão desconfortável com aquela revelação que até tropeçou. Por sorte, Davies a manteve firme, impedindo que viesse cair.

— Embora eu deva assumir que sua teimosia me irrita profundamente.

Joan gargalhou alto, sobressaindo até mesmo o som da música.

Quando a orquestra finalizou a melodia, os dois se afastaram por fim, rompendo com o intenso elo que os uniam e os separava do mundo. Ao finalmente voltarem à realidade, os o casal notou que haviam se tornado o centro das atenções. Joan sentiu a vergonha a possuir. Sem graça, ela tomou uma distância segura do conde e disse:

— Será que podemos ir embora? — Depois daquele momento constrangedor, ela apenas desejava sair dali.

— Claro, Taylor. — Davies concordou de imediato, sabendo que a moça estava fugindo mais uma vez.

Davies acompanhou Joan até a saída, andando ao lado da mulher, passando pelas pessoas, despedindo-se rapidamente dos conhecidos. Joan, por sua vez, apenas caminhou calada, mantendo o olhar baixo, desejando chegar até a porta que parecia longe de mais.

Quando enfim se aproximaram da saída, Bea chamou:

— Albert! Espere! Desejo trocar algumas palavras.

Davies ficou dividido entre esperar pela amiga ou seguir adiante, porém logo Joan falou:

— Eu o esperarei na carruagem.

Albert assentiu com a cabeça ao passo que Joan desceu a escada.

— Diga, Beatrix. — Ele ainda estava impaciente com ela.

— Eu quero lhe pedir desculpas. Passei do limite. Não deveria ter envolvido Taylor em nossos assuntos.

— Ao que parece a sensatez voltou a ocupar essa sua cabeça de vento. — Um leve sorriso surgiu nos lábios dele.

— Vez ou outra isso acontece. — Bea deu de ombros, sorrindo, e revelou: — De qualquer forma, Albert, devo assegurar que Benji jamais teve a intenção de cortejar Taylor. Ele apenas percebeu seu interesse na moça e ambos concordamos, erroneamente, de que seria interessante usá-la para te provocar. Mas posso garantir que meu irmão não tem nenhum interesse nela, muito pelo contrário, Benji está envolvido com uma outra mulher. Acho que ele finalmente se apaixonou, embora seja orgulhoso demais para admitir.

— Um mal de família, devo dizer. — comentou Davies, rindo.

— Disso você entende, meu amigo. — Bea provocou como de costume.

Então, inesperadamente, o conde admitiu:

— Estou com medo de perder a senhorita Taylor. E eu não quero perdê-la, Bea.

Ao vê-lo tão indefeso, desprovido de qualquer confiança, Beatrix sentiu o coração se apertar.

— Oh, meu amigo. Se não quer perdê-la, deves revelar seus sentimentos e lutar por ela até o fim. E se porventura, ainda assim Taylor escolher partir, ao menos saberá que foi uma escolha inteiramente dela, pois tu fez tudo o que pode para mantê-la por perto. — E subitamente perguntou: — Você a ama?

— Acredito que sim. — respondeu, baixando o olhar.

— Se você ama, não desista. Taylor pode até ser teimosa, mas não é estúpida. Se ela sente o mesmo por ti, com certeza se renderá ao amor. Apenas seja paciente, meu amigo. Ela é de um mundo completamente diferente do seu, é normal ter receios sobre o futuro. Afinal, não é sempre que um conde se apaixona por uma mulher tão simples. É difícil acreditar que é real.

— Taylor é diferente. — Foi tudo o que disse.

— Espero que tudo dê certo, Albert. — Envolveu-o em um abraço.

— Eu também. — declarou, esperançoso.

Então ambos se afastaram e Albert seguiu até a carruagem, onde encontrou Joan bem instalada, devidamente preparada para partir.

_____ 🗽 ____

Era uma longa viagem até Staten Island. Joan encontrava-se exausta, pois jamais havia experienciado uma noite baile, algo que a exauriu por completo.

Conforme a carruagem seguiu o curso, a moça, muito incomodada, não resistiu e rompeu com o silêncio da cabine ao indagar:

— O senhor se importa se eu retirar os sapatos? Meus pés estão latejando.

— Nenhum pouco, Taylor! Fique à vontade. — assegurou o conde que ocupava o assento de frente para ela.

Joan, esquecendo-se da conduta dos bons modos, ergueu a barrada saia e desamarrou os cordões do sapato de couro, libertando pés daquela tortura.

— Oh, meu Deus! Como isso bom. — Esticou os dedos dos pés cobertos pelas meias ¾, sentindo-se livre daquela tortura.

Albert riu.

— Deixe-me ajudá-la a ficar ainda melhor. — Pegou um dos pés e começou a massagear.

Joan, tomada pela súbita sensação de prazer e alivio, soltou um gemido baixo.

— Meu Deus! Isso é fantástico! — exclamou, fechando os olhos e recostado a cabeça no assento.

Albert sentiu o membro ganhar vida ao ouvir aquele gemido pecaminoso, porém sabiamente disfarçou a agitação e apenas prosseguiu com a massagem.

— A senhorita gostou do baile? — começou uma conversa fugaz.

— Devo admitir que eu apreciei. Pensei que seria pior. — Permaneceu de olhos fechados, imersa na sensação dos dedos de Albert apertando o pé.

— Espero ter a oportunidade de, no futuro, poder te levar para mais bailes como este. — Davies investigou, tentando aplacar as incertezas que rugiam dentro dele.

— Não tenho certeza disso, milorde. Nosso acordo logo findará. Mas talvez possamos nos encontrar em outras ocasiões. — murmurou, quase pegando no sono.

Albert sentiu o coração se afundar. A moça estava realmente decidida a partir.

Tomado pela tristeza, o conde decidiu permanecer em silêncio e Joan, por sua vez, foi abatida pelo cansaço e caiu em um sono profundo.

_____ 🗽 ____

Quando a carruagem parou em frente a mansão do conde, ele rapidamente se empertigou de modo a auxiliar Joan a descer do transporte.

— Taylor! — chamou baixinho, tocando os ombros dela. — Acorde, nós já chegamos.

Ainda sonolenta, Joan abriu os olhos e se espreguiçou.

— Espere um momento, apenas calçarei meus sapatos. — Enfiou os pés no calçado, não se importando em amarrá-los.

Ao sair da carruagem, o conde estendeu as mão para ela, de modo a conduzi-la com segurança para dentro da casa.

— Precisa que eu acorde alguém para lhe ajudar a retirar as suas vestes? — Davies perguntou, assim que ambos começaram a subir a escada.

— Não será necessário, milorde. Eu me viro.

Em silêncio, ambos seguiram pelo corredor, e com o coração apertado, Albert a deixou em frente a porta do quarto dela.

— Boa noite, senhorita Taylor. — Aproximou-se da moça e plantou um beijo prolongado em sua testa.

— Boa noite, senhor Davies. — ela sussurrou em meio a um sorriso, ao sentir os lábios quentes do conde sobre a sua pele.

Então Joan adentrou no quarto, deixando o conde muito melancólico para trás.

_____ 🗽 ____

Naquela noite, Albert Davies, apesar do cansaço, não conseguiu dormir. Ele não parava de pensar em Joan, tentando encontrar uma forma de revelar seus sentimentos a ela, desejando que a moça não o abandonasse. Por horas, o conde ficou trancado no escritório, andando de um lado para o outro, à medida em que degustava do uísque. Depois de um longo tempo refletindo, o cansaço finalmente o atingiu e ele decidiu ir para o quarto.

Tão logo o conde chegou ao início do corredor, ouviu o som irreconhecível de gritos vindo do quarto de Joan. Tomado pelo desespero, ele correu ao socorro dela, podem se deteve com a mão na maçaneta ao se recordar que prometeu não invadir o espaço dela sem a devida autorização.

— TAYLOR! PELO AMOR DE DEUS, DEIXE-ME ENTRAR! — pediu, desesperado.

Contudo, a mulher pareceu não o ouvir e continuou a gritar e chorar, sozinha naquele quarto.

— TAYLOR! — Espalmou as mãos na porta. — EU PRECISO QUE ME AUTORIZE A ENTRAR. — suplicou novamente.

Todavia, ele continuou sendo ignorado.

Quando Joan gritou, mais uma vez, muito desesperada. O conde ignorou qualquer promessa e invadiu os aposentos de forma abrupta, encontrando Joan se debatendo sobre a cama, gritando aos prantos, completamente imersa em um terrível pesadelo.

— Calma, Taylor! Eu estou aqui! Vai passar. — Albert a tomou nos braços, embalando-a tentando confortá-la.

Joan, ao sentir que braços firmes a amparava, começou a relaxar, sessando os gritos. Ela agarrou a camisa do conde e apenas chorou nos braços dele, desabando em um pânico que vez ou outra lhe abatia.

— Eu estou com você, Taylor. Não vou a lugar algum. — Beijou o topo da cabeça dela e apenas a abraçou até que se acalmasse.

Aos poucos, Joan foi retornando a realidade e ficou ciente de que estava na segurança do quarto, sendo amparada por Albert Davies, que estranhamente sempre vinha ao socorro dela, nos momentos em que mais precisava.

— Desculpa por tê-lo assustado com meus gritos. — Os olhos novamente marejaram em lágrimas. — Depois que meu pai faleceu, vez ou outra sou acometida por tal pânico que me domina e aterroriza de uma forma que eu não consigo controlar. Acho que é fruto do luto que eu ainda levo dentro de mim.

Albert a segurou com mais firmeza.

— Algumas dores nunca vão embora, Taylor. Apenas ficam adormecidas dentro de nós. Há sentimentos e angústias que simplesmente não conseguimos controlar.

— Meu pai morreu em meus braços, Albert. Eu vi exatamente o momento em que a vida deixou o corpo dele e a luz apagou de seus olhos. Foi o momento mais triste e assustador de toda a minha vida. E em algumas noites, essa lembrança ressurge para me assombrar.

— Oh, minha pequena Taylor! Não consigo imaginar o quanto isso foi difícil para você. — Afagou o ombro dela, tentando dissipar aquela dor. — O que eu posso fazer para te ajudar nessa noite?

— Em noites como essa, meu irmão apenas se deitava junto de mim, abraçava-me e conversa comigo até eu adormecer. Apenas fique comigo. Por favor, não me abandone. Ao menos não hoje. — suplicou aos sussurros.

— Jamais te abandonarei, Taylor. Jamais. — prometeu, abraçando-a com firmeza. — Sobre o que gostaria de conversar?

— Sobre cavalos. Isso sempre me acalma.

— Nesse caso, seu pedido é uma ordem, minha pequena teimosa...

Albert respirou fundo, pensou por um momento em como iniciar aquela conversa e por fim começou:

— Aprendi a montar muito cedo, acho que mal tinha cinco anos. Meu pai comprou um cavalo de pequeno porte e insistiu que eu deveria ser excelente na equitação. Ventania, foi o meu primeiro cavalo. Era um animal dócil e compreensível. Às vezes eu tinha a certeza de que ele era capaz de se comunicar comigo, seja por um olhar atento, uma leve relinchada, um trotar manhoso. Penso que ele foi meu primeiro amigo, era o único que me aceitava exatamente como eu era, e posso lhe assegurar que desde criança eu não era uma pessoa fácil de se lidar...

Joan aconchegou a cabeça no peito do conde, fechou os olhos e apenas o ouviu narrar as histórias sobre todos os cavalos que ele teve durante a vida. Aos poucos a respiração foi normalizando, assim como as batidas do coração se assentaram. Sentindo-se completamente segura, ela adormeceu nos braços do homem que ela amava.

_____ 🗽 ____

Na manhã seguinte, no outro lado do oceano, lady Anastácia Morrison, a atual duquesa de Hereford, desembarcou da carruagem e rumou obstinada ao parlamento, munida de uma carta que trazia informações valiosas sobre a vida de sua amiga e cunhada: lady Joan Morrison.

Assim que Any adentrou no imóvel repleto de lordes presunçosos, sentiu que muitos olhares a observaram. Mesmo que estivesse com a barriga avantajada de uma mulher gestante, ainda assim, os homens nutriam certa desconfiança da lady, pois a lembrança dela ter invadido o parlamento, armada, de modo a ameaçar lorde Matthew Morrison em um pedido de divórcio, ainda era muito presente naquele local.

Todavia, para paz de espírito de todos, os problemas tinham findados e ela se encontrava muito feliz ao lado de seu esposo que sempre foi seu melhor amigo. No entanto, apesar do período de tranquilidade que ambos viviam, Any estava de posse de uma carta que mexeria profundamente com os nervos do esposo. Ela sabiamente decidiu que deveria conceder aquela notícia pessoalmente. Caso contrário, tudo poderia se tornar muito pior.

— Matthew! — invadiu o escritório ofegante, após subir alguns lances de escada. — Eu preciso me sentar. — resmungou, franzindo o cenho.

— Any, meu amor! O que está fazendo aqui? — Rapidamente puxou a cadeira de modo a acomodar a esposa. — Não me diga que vais parir? — Arregalou os olhos azuis, baixando-os na barriga da mulher.

— Pelo amor de Deus, Matt! Não seja tolo! Não estou nem um pouco perto de dar à luz. — Revirou os olhos, impaciente.

— Então o que a trouxe aqui, minha linda?

Any, respirou fundo antes de revelar:

— Tenho notícias de Joan. Recebi, nessa manhã, uma acarta do investigador que contratei para vigiá-la.

— Minha irmã está bem? Como ela está? Precisa de ajuda? — inquiriu, ávido por qualquer informação.

Any não sabia ao certo como entregar as informações contidas na carta, pois tinha certeza de que Matthew ficaria ensandecido quando soubesse a verdade.

— Ela está bem, Matt. — tranquilizou-o. — Chegou bem em New York e está hospedada na residência de um lorde, em Staten Island. Segundo as informações, Joan está no ramo do trato de equinos, acompanhando a gestão de uma égua. Ela está sendo bem cuidada e tem um futuro promissor, o qual sempre almejou.

Matthew suspirou aliviado. Joan estava bem, era tudo que o importava, por ora.

Contudo, ao fitar a face da esposa, o duque soube que ela estava em posse de mais informações, e pela expressão cautelosa de seu olhar, ele notou que Any diria algo que ele não iria apreciar ouvir.

— O que está escondendo, Anastácia? Desembuche de uma vez! — Cruzou os braços, impaciente.

— A ironia do destino, meu caro Matt, reside no fato de que o lorde o qual gentilmente abrigou sua irmã, trata-se, infortunadamente, de ninguém menos que Albert Davies, o conde de Bastille.

— NÃO É POSSÍVEL! EU VOU MATÁ-LO! — Matthew socou a mesa, sentindo a raiva da situação o possuir.

— MATTHEW MORRISON, CONTROLE SEUS ÂNIMOS. — Any ordenou, em tom firme.

— Davies está fazendo isso para me provocar, Anastácia! Tenho certeza de que deve estar rindo de mim, por estar compactuando com a fuga de Joan! Embarcarei no próximo navio e a trarei de volta!

— Você não vais fazer isso! Eu o proíbo. — Any colocou-se em pé, de modo a enfrentá-lo.

— É MINHA IRMÃ, ANASTÁCIA! NÃO POSSO DEIXÁ-LA A MERCÊ DAQUELE CONDE! — exclamou indignado.

— Matthew... — Soltou um longo suspiro — Posso lhe assegurar que, ao menos dessa vez, Davies não está mantendo sua irmã por perto apenas para lhe provocar. Ele nem sabe que ela é sua irmã. Segundo o investigador, Joan embarcou no navio usando a identidade falsa sob o nome de Jolie Taylor, passando-se por uma mera empregada. Durante a viagem, ambos se aproximaram e tornaram-se amigos. Albert, preocupou-se com o destino dela e lhe ofertou um emprego. Nessa história, meu caro, Davies é o único inocente. O conde realmente acredita que ela é Jolie Taylor. Nem faz ideia da verdadeira identidade, sequer desconfia que na verdade, ela é Joan Morrison, sua irmã.

Matthew escancarou a boca, completamente espantado com aquelas informações.

— Joan está o enganando. — ele murmurou, ainda muito abismado. — Meu Deus, Any! O que Davies fará quando descobrir a verdade? Será um caos. — Sentou-se na cadeira, apoiando as mão na testa, sem saber o que fazer.

Any também voltou a ocupar o assento.

— Não devemos intervir, Matt. De alguma forma ambos se tornaram amigos. Talvez as coisas não sejam tão ruins quanto imaginamos.

— Davies e uma Morrison, amigos? Francamente, Any, isso é algo muito improvável. — Torceu os lábios contrariado.

— Parece que está equivocado, meu marido! — Anastácia pontuou arqueando a sobrancelha. — De qualquer forma, já está mais do que há tempo de vocês dois encerrarem essa rivalidade absurda. Pelo amor de Deus! São homens feitos e ainda insistem nessas briguinhas tolas.

— Eu ainda não me esqueci que ele tentou se casar contigo, Any! Quase a roubou de mim. — comentou Matt.

— Francamente, Matthew Morrison! Vossa Graça sabe que o conde nem chegou perto de me levar ao altar!

— Mas ele tentou e isso é imperdoável. — Cruzou os braços, feito um maldito teimoso, igualzinho a irmã.

Any rolou os olhos.

— Davies é meu amigo, e pelo visto também é da sua irmã. Sugiro, meu esposo, que engula seu orgulho e lide com a situação de forma adulta e inteligente, não feito uma criança birrenta e mimada. — Ela levantou-se da cadeira, apoiando as mãos na lombar. — E a propósito, o senhor não vai a lugar algum! Ficará bem quietinho em Londres, junto da sua família.

— Joan também é minha família, Anastácia. — pontuou, sorrindo.

— Joan não está grávida, Vossa Graça. Eu estou. Prioridades, Matt. Prioridades. Além disso, sua irmã sabe se cuidar.

Matt aproximou da esposa e depositou a mão na barriga dela.

— Se soubesse se cuidar, ela não teria se envolvido com Davies. — Naquele momento, o bebê se mexeu na barriga. — Tá vendo só! Até a criança sabe que eu tenho razão.

Any não se conteve e soltou um riso.

— Não seja tolo! O bebê está apenas dizendo que nós estamos com fome.

Matt depositou um beijo na testa da esposa e disse:

— Vamos, minha linda! Temos que alimentar esse dragão.

Anastácia enganchou o braço no do esposo e declarou:

— É uma sabia decisão.

Rindo, ambos deixaram o parlamento, bem como os problemas de Joan para trás.

_____ 🗽 ____

Olá, ladies!

O capítulo demorou, mas saiu hein! E foi dos grandes.

Confesso que pensei em dividi-lo, para adiantar as postagens da semana que vem, porém tenho um critério muito estranho para escrita: não gosto de dividir os capítulos, a não ser que seja estritamente necessário. Porque, na minha cabeça, cada capítulo é como se fosse um epsódio de uma série: precisa ter inicio, meio e um final com um gancho narrativo para o próximo. Pode ser loucura minha, mas para mim é essa estrutura da escrita que torna a história ctivante: você sempre quer saber o que acontecerá a seguir.

Hoje eu falei demais kkkkkkk

Espero que tenham gostado e até breve!


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