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— Pensei que o alecrim dourado não ia aparecer— Peter debocha assim que eu desço do carro com Lindsey. Enfio as mãos nos bolsos do meu casaco grosso e abro um sorrisinho, piscando como se o ato fosse fazer com que minha visão se adaptasse à pouca luz mais rápido.
— Eu menti— zombei. Minha amiga veio para o meu lado e jogou o braço por cima do meu ombro, sorrindo— Sabe como aprecio o tempo que passamos juntos.
O ruivo levantou a sobrancelha e olhou para a loira à minha esquerda.
— E ela tá puta com a mãe dela— ela justifica e eu reviro os olhos com a exposição. Sacudo as mãos para nos livrarmos desse assunto. É verdade que tem dias mais difíceis do que outros para lidar com a senhora Choi, mas detesto falar a respeito.
— Esqueçam isso— empurro Lindsey e ela ri— Vamos, vocês já começaram?
— Sim, e ainda bem que eu não confiei as bebidas na sua conta, porque se não isso aqui estaria o maior tédio— pelo seu leve cambalear, ele já tomou umas. Sobra mais para mim, então.
— Ah— faço bico— então o que é que nós vamos fazer com essas belezinhas?— abro a porta de trás e a luz do teto do carro de Lindsey se acende, mostrando as sacolas com variados tipos de whisky e vodca. Peter agarrou meu rosto e deu um beijo na minha testa, me arrancando uma risadinha.
— Eu te amo, garota!
— Ei, ela não pagou por isso sozinha, não!— minha amiga reclamou e nós começamos a pegar as sacolas, duas para cada, deu certinho.
Havia um amontoado de carros na orla da floresta, ao longe, se eu prestasse atenção, certamente conseguiria ouvir a baderna.
— Nos atrasamos porque fomos à Port Angeles visitar aquele velho tarado que tem uma queda fatal pelos peitos da Lindsey.
— Ah, o pedófilo?
— Ele mesmo!
— Tenho vontade de quebrar umas vinte garrafas na cabeça dele sempre que vamos lá— Lindsey reclama e nós serpeamos por entre as árvores, identificando uma luz vários metros a frente.
— Faça isso quando tivermos idade para comprar bebidas ou assim que encontrarmos outro vendedor que não peça nossas identidades— Peter diz, sua voz insinua que está sorrindo— Juro que vou te ajudar a esconder o corpo.
Para não correr o risco de tropeçar em galhos caídos no meio da escuridão, levanto meus pés mais alto antes de cada próximo passo e posso estar parecendo uma idiota caminhando desse jeito, mas uma idiota precavida.
Uma pena que todo esse cuidado vá sumir quando eu encher a cara como estou precisando.
A clareira era um dos poucos pontos de encontro disponíveis para os jovens, fora o cemitério e os fundos do colégio que, adivinhem só, se trata de mais floresta. Não temos um shopping em Forks, e se quisermos ter alguma coisa divertida para fazer, temos que dirigir por pelo menos uma hora até Port Angeles. Esse lugar só é o paraíso para gente velha e acomodada com o silêncio. Nós, mais novos, queremos ter algo a que explorar, coisas para ver.
Às vezes não dá e às vezes, a gente se contenta com o pouco.
Todos nossos amigos estavam presentes fora outros personagens irrelevantes para a narrativa. Quando saímos das sombras, fomos recebidos com uma salva de palmas e erguemos as bebidas no ar. Ao redor da fogueira alta e larga, encontravam-se mais do que cinquenta adolescentes, sendo que uns quinze estavam se divertindo com drogas que eu nem quero chegar perto. O fedor da maconha penetrava minhas narinas sem que houvesse escapatória e eu me segurei para não vomitar, detesto esse cheiro. Peter nos apontou a sua mesinha montada e tiramos as bebidas das sacolas, enfiando todas as vazias dentro de uma só porque é claro que vamos recolher nosso lixo antes de ir embora.
Pelo menos, é a intenção já que nós sabemos que não vamos lembrar.
Fui abraçada por Frank, Candice e Georgia e não demorei nada a começar a beber. Não tínhamos nenhuma caixa de som, então se ninguém estivesse conversando ou rindo alto, o silêncio aqui seria devastador. Costumávamos ter música em nossas resenhas, mas uns meses atrás, um dos colegas do xerife Swan, pai do Franklyn, nos pegou no pulo no meio da festinha muito agitada. Eu fui uma das pessoas que conseguiu correr por não estar bêbada o suficiente, mas Peter e Candice passaram a noite na cadeia, uma lição que supostamente deveriam aprender e que não serviu de nada além de os deixar com ressaca em um lugar desconfortável.
Quem sabe, eu devesse ter me deixado ser pega. A decepção dos meus pais, que eu tinha a intenção tào bondosa de evitar, veio de qualquer forma, por que a peste do meu irmão mais novo, Aaron, gritou assim que eu cheguei em casa pela janela, como um galo anuncia o amanhecer.
Eu sei que não deveria estar aqui, mas as semanas estão parecendo durar uma eternidade e minha mente precisa de um tempo dopada.
— Seu namoradinho não vai vir?— perguntou-me Candice, colocando uma garrafa nas minhas mãos. Estou com tantos problemas em casa que quase esqueço o papel que estou atuando fora dela. O papel em que eu fico mostrando que a única coisa que falta na minha vida perfeita é um namorado perfeito.
E o namorado perfeito tem que ser o Edward Cullen. Mais uma semana se passou sem que trocássemos uma palavra e eu não preciso fingir que queria que isso acontecesse.
Admito, eu queria ter mais o que pensar sobre ele, mas o garoto é tão distante e quieto que é quase impossível ficar obcecada por ele. Ele não faz nada! Não se exibe nas aulas, não tenta interagir com os outros alunos, não fala com seus irmãos adotivos nada que outras pessoas possam ouvir. É como se toda aquela família estivesse recheada de segredos, como se eles não quisessem ser notados.
Depois de um mês, os ânimos se acalmaram desde a sua chegada. Eles nunca foram grosseiros com ninguém, mas o número de pessoas dispostas a ir conversar com eles diminuiu drasticamente ao perceberem que eles não são os mais receptivos à novas amizades. Essa ideia me irrita tanto quanto me consola. Quer dizer, eu não sou a única fracassada! É bom, né?
Tomei dois goles grandes de vodca pura e a bebida desceu queimando. Só quero ficar bêbada logo, só quero esquecer o inalcançável Edward Cullen e a briga que meus pais tiveram por minha causa ontem à noite.
— Tá ocupado se preparando para se declarar para mim na frente de todos segunda feira!— zombei, porque é melhor rir do que chorar. E eu dou muita risada com minhas amigas.
Os grupinhos se separam e as fofocas começam a encher o ar como uma colmeia de zangões agitados. Nós olhávamos uns para os outros e ríamos de como eles pareciam, estranhamos com quem estavam e ficamos surpresos quando certos casais improváveis começaram a se pegar.
A lua minguante ia subindo pelo céu, fazendo pouca presença, como se fosse uma mera e discreta telespectadora da ruína destes jovens.
A noite está fria, mas o clima gostoso entre os amigos a deixa acolhedora, a floresta não fica medonha e não dá vontade de ir embora.
Tiro o meu casaco quando o álcool puro começa a fazer efeito e o deixo pendurado em um galho junto à bolsinha de Georgia.
— Ai, eu estou doida pra dar uns pegas no Franklyn, Aly!— Lindsey choraminga para mim, pendurando-se no meu pescoço. Eu dou risada e a abraço fortemente.
— Você devia falar isso pra ele, não pra mim— minha fala sai tão embolada quanto a dela e nós duas cambaleamos, rindo feito duas hienas.
— Quando você falar para o Edward Cullen que quer dar uns amassos nele, eu também tomo coragem.
— Ah— faço um bico, aborrecida— Cê sabe que eu sempre espero os rapazes tomarem a atitude.
— Por isso mesmo! Vocês nunca se pegam, eu e o Frank nunca nos pegamos, ficamos quites!— ela diz.
— Quites o seu rabo!— meus olhos vão a procura do filho do xerife, no entanto, assim que os ergo, tenho certeza de que estou vendo uma miragem. Edward, Alice, Emmett e Rosalie saem do meio das árvores lentamente, trajados como se estivessem prontos para uma social. Eles estão muito atrasados, mas se quiseram fazer uma entrada triunfal, deu certo.
Lindsey estava totalmente pendurada em mim, então quando minhas mãos se abriram pelo susto que era ver Edward fora do colégio, a loira caiu de costas no chão e meus olhos se encontraram com os do moreno que vem atormentando meus pensamentos. Eu fico vermelha e me abaixo rapidamente, cobrindo o rosto com os cabelos.
— Au— ela geme. Sem me importar em ajudá-la a se sentar, sacudo seu braço.
— Ele tá aqui— falo baixinho e ofegante.
Lindsey se senta e esfrega a parte de trás da cabeça.
— Quem?— ela me olha com a cara inchada. Não sei ser discreta quando estou bêbada. Agarro o seu queixo e o viro para que ela veja aquele quarteto inesperado. Minha amiga me escala para ficar de pé e começa a se ajeitar. Levanto em um pulo, mas fico tonta e acabou caindo sentada de novo. Quase pensei que tinha desmaiado, só que minha visão só ficou preta por uns segundos mesmo— Uh, caralho!
— Meu Deus, me mata agora!— sibilo entre dentes para a minha melhor amiga quando nós duas conseguimos ficar de pé, apoiadas uma na outra. Frank se aproximou de nós com um sorriso largo no rosto.
— Vocês viram?— ele apontou o queixo por cima do ombro— Eu até tinha perdido as esperanças umas horas atrás, mas aqui estão eles!
— Por que está falando como se fosse mérito seu, seu boboca?— Lindsey questiona. Sim, ela usa "boboca" como xingamento. Não, não fui eu que ensinei.
— Porque é— ele dá de ombros— Todo mundo se ocupou de chamar o Edward, mas eu, como o ser genial que sou, chamei a Alice. Era bem óbvio que ela seria a mais propensa à aceitar socializar, ela não é uma fofa? Só tive que esperar o namorado meio psicopata dela sair de cena e bum!
— Ai, cara, por que você tá usando palavras tão difíceis?— reclamo e seguro minha cabeça com as duas mãos— Meu cérebro bêbado não consegue carregar elas.
— Então a gente vai ter um problema, porque eu não faço ideia do que falar com eles e falei que tinha sido ideia sua, Alysson.
— O que!?— quase gritei. Frank deu um passo para o lado e Alice acenou para mim, sorrindo. Retribuí o aceno, rezando muito para que a terra me engolisse de uma vez só. Aí fez sentido ela ter me cumprimentado praticamente a semana toda— Eu odeio você— falei para Frank, metendo um sorriso forçado no rosto. Ele colocou as mãos nos meus ombros e me empurrou na direção dos Cullen.
— Vamos, Aly, você tem que ir falar com seus convidados.
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