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04. Apelidos carinhosos tão bregas quanto Jeon Jungkook.

Já é quase segunda-feira à tarde quando resolvo colocar meus pés para fora do dormitório pela primeira vez desde que o boato sobre Jungkook e eu havia sido disseminado pelas frestas da universidade como um rotavírus de estação que se propaga no ar. Os títulos banais de namorada, ficante ou sei-lá-o-que seguiam associados ao meu nome, surgindo sorrateiramente em conversas paralelas pelo corredor e comentários de minhas colegas de porta, acompanhado de olhares curiosos para dentro do espaço sempre que Christine ousava abrir a porta.

Relutar não parecia a atitude mais sensata quando uma ideia pré-concebida já tinha sido implantada por um rumor vago e seguia dando frutos.

Havia perdido todas as aulas da manhã por pura indisciplina e falta de coragem de enfrentar um campus inteiro curioso sobre o caso. Tinha convencido Trine de que nada no mundo poderia me tirar daquele quarto, nem mesmo se Taehyung, em um gesto altruísta, pusesse os pés no dormitório feminino para me buscar.

Podia sentir aquela sensação percorrendo minha espinha dorsal, deslizando pelas pontas dos dedos como uma corrente elétrica, o medo e todos os efeitos colaterais de um boato monstruoso percorrendo o campus no meio da semana mais agitada do ano letivo. Não era como se aquilo viesse apenas como uma fofoca qualquer, agora, eu estava permanentemente marcada por uma fofoca meia boca.

Poderia continuar no meu quarto fingindo que não existia e acreditando que no fim, tudo estaria bem outra vez se deixasse todos me esquecerem, mas não poderia adiar aquele compromisso chamado punição severa com direito à pena curricular para depois. Por mais que estivesse disposta a beijar aquela boca bonita que Kim Taehyung tinha; abrir mão de um diploma universitário estava fora de cogitação.

Droga!

Ainda teria que auxiliar no refeitório nos horários de almoço durante as próximas semanas, sendo relembrada por cada aluno que fui pega no quarto do dorm masculino com o imbecil do Jeon Jungkook, deixando todo mundo deduzir o que bem queria: no caso, que estávamos trepando quando Junmyeon chegou. E Jungkook, é claro, havia me deixado falando sozinha no último sábado, após minha ligação desesperada implorando para que aceitasse minha oferta, como se a minha vida já não estivesse complicada o bastante.

Ok, não foi o melhor momento para um pedido inconveniente, ainda mais no calor do momento de uma quase suspensão e uma punição injusta demais, depois de eu ter apontado o dedo em seu rosto, gritando todos os palavrões que conhecia e ele seguir me lembrando que eu era a culpada por aquilo. Hobi estava lá como um mero espectador. Uma testemunha ocular de toda a situação.

Falando nele, Hoseok não havia dados as caras durante o fim de semana todo, provavelmente também estava chateado comigo por ter me comportado de uma forma tão impulsiva ao invadir o quarto de Jungkook quando ele me disse para não fazer, havia mandado algumas mensagens que não foram sequer visualizadas, levando em consideração a quantidade cretina de merdas feitas no primeiro fim de semana do campeonato de baseball, isso sequer deveria me assustar, aquele era o modo Eleanor ativado. E outubro estava só no começo.

Assim que cruzo o corredor seguindo até o elevador do dormitório, quase agradecendo por estar sozinha pelo menos ali, um grupo de garotas conseguem alcançá-lo antes que as portas se fechem. Puta merda. Elas cochicham e me olham de soslaio, sei bem sobre o que estão pensando e falando, mas ignoro que sou o motivo da fofoca e pego meu celular outra vez, encaixo os fones, embora isso não as impeça de me perguntar o que querem.

— Ei, você é a garota que foi pega no quarto com o Jeon Jungkook de Artes Visuais, não é? —Uma delas pergunta. Yerim, a menor do grupo. A conhecia pelas duas únicas disciplinas que cursamos juntas nas terça-feiras. Comunicação Política e Fundamentos das Ciências Sociais. Sim, é ela sim, eu vi as fotos no Peek-a-Boo ontem.  Outra garota comenta, buscando o celular no bolso. Puta merda! Peek-a-boo era uma fossa universitária que servia para os imbecis do curso de Engenharia agirem como se eles não fossem totalmente inúteis no mundo, espalhando boatos sobre todo e qualquer ser vivo no espaço de 1km dentro do campus. Chamar aquilo de fórum era um eufemismo barato.

 Fotos? Que fotos?  Outra vez aquela sensação estranha percorre minha nuca, sequer sabia da existência de fotos ou qualquer coisa do tipo que serviria como prova no futuro.

A garota mais alta me estende o celular e lá estavam elas: as imagens mostram apenas Jungkook e eu na sala de espera da reitoria, no breve momento que não estávamos nos matando, o título do post nos anunciava como um novo casal, a quantidade assustadora de compartilhamentos, curtidas e comentários fez meu estômago revirar. Aquilo era, definitivamente, maior do que eu esperava. Muito, muito maior. E não consigo esconder a minha cara de desespero, porque dali em diante, gostando ou não, estaria ligada a Jeon Jungkook para sempre.

Uma grande piada.

 Eu não sabia que o Jungkook estava se relacionando com alguém depois da Jieun, com todo aquele drama que rolou Uma delas comenta para mim. Quem diabos era Jieun?

— É, depois que toda aquela merda aconteceu entre ele e o Kim, eu pensei que...— Antes que ela finalize o que está dizendo, as portas do elevador se abrem.

— Você pensou o quê?— digo, me aproximando das portas enquanto elas caminham para fora.

Você sabe, que todos os rumores sobre o Jungkook eram verdade! — Yerim diz, antes de puxar a garota mais alta pelo braço e sair do elevador.

Talvez ela estivesse se referindo ao que Hoseok tinha comentado. Jungkook costumava ser um cara autocentrado e reservado, pelo menos, era o que todos sabiam. Mas não sabia sobre a existência de Jieun. Aquelas eram informações demais para lidar em um curto período de tempo, definitivamente. E ainda por cima, pela metade.

O elevador exibe que estamos no térreo quando as portas se abrem e caminho para fora, aquele é o horário de maior movimentação dentro da universidade: hora do almoço.

A maldita hora do almoço.

Sinto algumas dezenas de pares de olhos me acompanhando enquanto caminho até o refeitório onde Junmyeon já me aguarda, com seu estúpido bracelete amarelo de monitor, provavelmente seu único orgulho na vida.

— Está dois minutos atrasada, Greene-ssi! Coloque seu avental e mãos à obra.

Se eu chutasse a bunda de Junmyeon certamente seria expulsa, mas nada me impede de imaginar aquele momento, satisfatoriamente, na minha cabeça. Em looping.

Quando cruzo as portas amarelas da cozinha, Jungkook já está trabalhando: usando um avental que parece muito menor do que deveria e uma touca protetora nos cabelos, particularmente ridícula. Seus olhos se viram em minha direção e ele automaticamente desvia. Qual é, Jungkook?

— Essa touca combina bem com você, sabia? Valoriza seu rosto.  digo, e ele revira os olhos, contrariado. Prendo o riso por alguns segundos.

— Então, eu queria mesmo conversar com você, eu acho que 

— Bem, eu não tenho nada pra falar com você, então, tchau.

— Só me escuta — começo, caminhando até onde ele está — Quero saber se você pensou na minha proposta...  Jungkook cruza a cozinha carregando a panela com legumes cozidos com luvas anti-calor, se ele ao menos imaginasse como fica engraçado naquele cenário.

—Bom, deixa eu ver se você entende melhor se eu disser mais de perto: A resposta é não! Seja lá o que for: Não! Não! Não!  Ele despeja os legumes cozidos nos recipientes vazios enquanto ainda estou de pé, de braços cruzados, esperando seu momento acabar.

— Jungkook, você sabe que o boato já se espalhou, não é? Você não iria sair perdendo nada com isso, pelo contrário..— Ele para por um segundo e me olha incrédulo.

— Ok, você acha que estamos numa comédia romântica da Netflix ou quê? Namoro falso, sério? Sabe que isso não iria funcionar em nenhum contexto.

 Eu só preciso disso por um mês... Um mês. Não precisamos fazer nada como abraçar ou beijar. Não precisamos nem dar as mãos se você não quiser. — Seu rosto se volta para mim. — E eu continuaria pagando o mesmo valor pelas aulas, você só precisa... confirmar os boatos.  digo, e pela primeira vez ele para o que está fazendo e volta sua atenção para mim.

— Você acha que sou um garoto de programa ou quê? — Jungkook estava nervoso, mas extremamente engraçado com aquele avental pequeno.

— Não, não penso isso, eu só quero sua ajuda em algo importante pra mim.  digo e ele retorna a sua tarefa de carregar os legumes cozidos para os recipientes.

— Ninguém acreditaria nisso. — começou outra vez — Me diga uma única coisa que temos em comum.

Não precisava ir tão longe para saber exatamente do que se tratava.

— Você não gosta de mim e eu não suporto você. Viu só? Muito em comum. Podemos pegar toda essa energia e transformar em algo incrível.

—Tipo um namoro falso?! Uau! — Ele gira os olhos, voltando a sua tarefa de servir salada. Gritando "próximo" assim que se curva para perto do balcão.

Desisto de convencê-lo, momentaneamente, caminhando para perto das mesas, pronta para servir as outras porções do cardápio aos alunos que aguardam na fila. Os rostos se iluminam com sorriso sacanas quando me veem, o tipo de rotina que já estava esperando àquela altura.

Tudo que aconteceu naquela tarde, graças a Junmyeon, repercutiu da pior maneira possível. Dando margem para infinitas possibilidades.

Minha linha de raciocínio só desvia da rota de ódio que ainda me mantinha alerta quando vejo Taehyung na fila, logo atrás de Jimin, perto das portas do hall de entrada. Estou ridícula naquele avental vermelho e azul, mas me mantenho focada no que estou fazendo; existiam grandes chances de que eu acabasse fazendo sem querer, — de novo. Contudo, não posso desviar minha atenção dele com seus óculos típicos das segundas-feiras pós-fim-de-semana agitado. Bonito além de minhas capacidades cognitivas assimilarem prontamente. Puta merda! Se continuar animada assim, vou acabar fazendo xixi nas calças.

Fica tranquila, garota.

É a vez de Jimin. Que, infelizmente, é o primeiro na ordem.

 E aí, Lêlê, tudo bem?  ele diz, enquanto me dá aquele sorriso que provavelmente acha que ainda funciona comigo.

Faltaram algumas sílabas aí, não acha? Pra você é Eleanor— respondo e ele sorri outra vez.

Seu humor continua ácido desde o ensino médio, não mudou nada... — ele começa Mas fiquei sabendo sobre você e o Jeon, uh. Seus gostos já foram melhores.  Ele sorri de um jeito sacana, um riso frouxo e estúpido, como se aquilo aos menos soasse engraçado.

— Pelo visto sim, mas e a sua namorada? Já aprendeu a nadar na sua piscina de saliva?  pergunto, olhando por cima do ombro e vejo o sorriso orgulhoso que estava sustentando, desaparecer.

Bingo!

 Hahaha!

Jimin avança depois de tomar de volta sua bandeja, sem dizer sequer uma palavra, e finalmente é a vez de Taehyung.

Apenas respiro fundo e tento não tremer tanto despejando um pouco de molho teriyaki em sua salada.

 Ei, você é a garota que ficou presa do lado de fora do dormitório, não é? Aquela do pijama fofo?—Mal consigo sentir as pernas. Sorrio como uma estúpida com a pergunta e concordo.

Sim, sou eu mesma.  Ótimo, mantenha o equilíbrio.

 Você é a...? — Ele estende a mão em minha direção e fico sem saber direito o que fazer: tirar as luvas ou não.

Eleanor. Eleanor Greene.

 Eleanor. É um nome bem bonito, sabia?  Ah, Taehyung, ficaria ainda mais lindo com o seu sobrenome nele. — É por conta da escritora?

Poderia dizer que sim e evitar a história real sobre o meu nome, mas continuo sorrindo tentando disfarçar minha falta de tato em conversas casuais. Não sabia interagir com o sexo oposto.

— Bom, eu sou o Kim Taehyung, mas todo mundo por aqui me chama de Kim. — ele diz. —Prazer!

Kim, prazer.  Merda.  Digo, prazer, Kim.

— A gente se vê por aí, pijama fofinho?!

— Claro.

Tento não surtar quando ele me dá um tchauzinho e avança até a mesa onde Jimin está sentado, com o semblante emburrado que servia como meu sinal de vitória.

Hoje seria meu dia de sorte.

Estava sentindo.

JUNG

KOOK

Quando finalizamos a limpeza de todas as malditas bandejas, talheres e pratos, o pau no cu do Junmyeon nos libera. Estava vinte minutos atrasado para o meu primeiro dia como editor no clube audiovisual e já estava me preparando para o impacto daquela merda. Ainda estava pensando em como tinha conseguido ferrar minha vida acadêmica inteira em uma única semana, e pelo visto, a profissional estava trilhando o mesmo caminho.

Tive que passar por uma série de testes preliminares para conseguir uma vaga no Tigers A.V, incluindo a entrega de edições de alta qualidade em tempo recorde. O que me fodeu em algumas matérias no semestre passado. Além do limite natural de vagas, o clube tinha uma certa relevância dentro da universidade se tratando dos méritos acadêmicos. Por isso, conseguimos a chance de participar de competições importantes ao longo dos anos. E para entrar, era uma verdadeira batalha.

Assim que cruzo o pátio, correndo em direção ao laboratório de edição, vejo Seokjin de pé, pelas portas de vidro, explicando para o restante do grupo — do qual eu deveria fazer parte —, como a dinâmica funcionaria a partir daquele momento. Sabia o mínimo; teríamos a chance de produzir um vídeo para o concurso de melhores curta-metragens à nível nacional e isso nos daria a chance de conhecer o diretor Park Chan-Wook no Japão, com direito à uma bolsa de estágio, se aquele boato dos infernos não tivesse me tirado a vaga, juntamente com aquele atraso filho da puta. Tava lutando muito por aquela bolsa. Fugir dessa merda de lugar era minha única meta.

— Sunbaenim, me perdoe pelo atraso!

— Busan! Olha só se não é a estrela do campus! — ele caminha até a porta, abrindo-a e me puxando para dentro.

Estou fodido! Estou sentindo isso. Fodidinho.

O braço de Seokjin cerca meu ombro de maneira tão amigável que não sei se devo temer uma segunda humilhação pública ou apenas esperar o veredito final de uma expulsão iminente.

— Nós estamos muito orgulhosos de você, Busan! — Seokjin sorri e os outros garotos gesticulam para mim, o que caralhos tava acontecendo?

— Sente-se. Queremos saber tudo, não sabíamos que estava namorando! Você é popular com as garotas, Busan! — Mais batidinhas orgulhosas no meu ombro.

OI?

Então tudo isso era por conta do maldito boato?

— Hmmm... é, foi... hum, bem rápido.  Respiro tão fundo que tenho a sensação que posso romper minha caixa torácica se continuar nesse ritmo.

— E ela é estrangeira, não é?  ele comenta, se aproximando.  E é tão bonita. Vimos as fotos no fórum.

A palavra fórum é um gatilho que me mantém em alerta. Não fazia ideia do que estava falando, mas a mera menção do quer que envolva o Peek-a-Boo me assusta.

Estou forçando um sorriso ao ponto de minhas bochechas doerem, era um péssimo mentiroso e não acreditava que Leanor havia me obrigado, implicitamente, a mentir. Não acreditava que Seokjin me adorava por conta de um boato.

Puta merda.

— Mas vamos continuar com a explicação agora, ok? Depois queremos todos os detalhes, não é, rapazes?! — Seokjin comenta e o resto do clube sorri.

Estava fodido. Muito fodido. Duplamente fodido.

O universo inteiro botando no meu cu.

Se negasse, provavelmente voltaríamos à estaca zero com um acréscimo de vergonha alheia por não ter passado de um boato, provavelmente Seokjin me chutaria do clube para manter a reputação longe de qualquer suspeita, não tiraria a credibilidade em nome de um membro recém chegado, se descobrissem a verdade sobre isso também, teriam a confirmação de que éramos um grupo de idiotas.

Não era possível que eu seria obrigado a mentir sobre ter uma namorada a essa altura da vida.

Caralho, Jungkook! Isso que eu chamo de atingir o fundo do poço.

Precisava urgentemente falar com ela, ainda hoje, o mais rápido possível.

[3:44pm] eu: ei

[3:44pm] eu: quer jantar comigo hoje?

precisamos falar sobre negócios.

[3:45pm] Leanor Aluna: tá bêbado?

[3:45pm] eu: não. pode ser na conveniência

perto do campus?

[3:48pm] Leanor Aluna: Ok. Se isso for algum tipo de brincadeira idiota,

vou te deitar no soco.

[3:49pm] eu: hoje, esteja lá às 18h.

É melhor você aparecer, Leanor. Pelo nosso bem.

ELEANOR

Chego mais cedo do que o necessário à conveniência, e felizmente encontro as mesas vazias, principalmente aquelas ao lado das imensas janelas de vidro com vista para a rua, que Hoseok e eu sempre disputamos para sentar.

O Sr. Lee está no caixa e dá um "oi" de longe para mim, enquanto organiza os produtos na prateleira atrás do balcão, frequentava tanto aquele lugar que já me sentia parte dos produtos empilhados perto dos lámens apimentados no corredor lateral.

Estou torcendo para que Jungkook realmente apareça, aquele convite misterioso para jantar apenas tinha me feito pensar que ele contaria tudo para o time de baseball, reataria a amizade com Taehyung e ambos iriam rir da minha cara durante as próximas férias de verão. Chacota.

Minha paranoia me levava ao limite, principalmente quando estava fazendo algo completamente fora de minha zona de conforto, o que incluía pagar um completo estranho para ser meu namorado, jogando pela janela todas as regras de bom senso que aprendi em casa.

Mas já tinha afundado naquilo até o pescoço.

Checo meu celular pelo menos duas vezes em menos de vinte minutos só para confirmar se Hoseok não me enviou alguma mensagem, mas não tinha sequer visualizado. Filho da mãe!

Se ele estivesse com raiva de mim seria obrigada a invadir aquele dorm de novo, mas ele iria ouvir poucas e boas. Será que ele estava esquecido daquela tarde no estacionamento do campus, no ano passado, quando ele e a Danbi-franjinha estavam aos beijos ou seja-lá-o-que-era-aquilo nos vestiários do prédio abandonado, que eu, como boa amiga, acabei dando cobertura?

Ah, Jung Hoseok, se você parar de falar comigo, eu vou apelar até para a sua mãe!

Estou a ponto de digitar uma mensagem desaforada para ele quando avisto Jungkook do outro lado da rua, usando uma daquelas camisetas largas monocromáticas que devem lotar o seu armário, seu jeans folgado de sempre e aquele par de tênis esportivos monstruosos que ele adora. É, talvez Jungkook fosse bonito. Alguns fatos apenas são difíceis de aceitar, entre eles, a junção daquele rostinho lindo e daquela personalidade intragável que provavelmente minava qualquer possível chance do seu pacote ordinário de qualidades ser atraente.

Escuto o sino da loja tocar quando ele abre a porta de vidro e seu cheiro me alcança primeiro. Seu perfume frutado se desprendendo da pele e noto — quase automaticamente —, seu cabelo ainda úmido de banho recém-tomado. Engraçado como só encontrava Jungkook naquelas ocasiões "pós-banho", não que eu estivesse pensando sobre a possibilidade de vê-lo no chuveiro, deixando a água escorrer por aquele peitoral bonito, as gotas fazendo uma rota pelas costas, as mãos deslizando pelos cabelos.

Não era sobre isso, não mesmo.

— Ei, você chegou cedo. — ele diz, sentando-se na cadeira vazia ao meu lado.

— Estava livre então resolvi vir logo para cá...  Pra sei lá, ficar pensando em como você fica adorável no banho. Mas só no banho, pelo jeito.

 Entendi — ele tamborila os dedos na mesa, os olhos fixos nos guardanapos de papel por cima dela. Estou ansiosa demais para saber o motivo daquele convite para jantar, embora comer fosse a última coisa na qual estivesse pensando no momento.

— Mas então, vamos direto ao ponto, o que você queria me dizer? — pergunto, sem rodeios. Precisava urgentemente saber do que se tratava antes que começasse a pirar de curiosidade.

— Então, depois de muito avaliar, — ele começa. — eu decidi aceitar a proposta de ser seu namorado por um mês, mas... com algumas condições, claro.

Depois de muito avaliar?

Estou encarando Jungkook nesse momento, contendo um sorriso ansioso. Não acredito que ele aceitou minha proposta, eu realmente não acredito.

 Calma, como você mudou de ideia tão rápido? Até algumas horas atrás você tava me condenando por isso. — Ele desliza a mão pela nuca, olhando ao redor.

— Digamos que a ideia não é tão ruim assim.

Como eu não pensei nisso antes. Os boatos provavelmente chegaram ao círculo social de Jungkook também.

100% de chance daquilo ter acontecido.

— Ok, quem está acreditando nos boatos? — pergunto e ele respira fundo.

— Todos do clube audiovisual. — ele começa — Seria estranho se eu meio que desmentisse agora...

— Claro, claro. — sorrio. — Todo mundo precisa de um gás social, Jungkook. Não tem como escapar.

Pisco o olho para ele.

— É, talvez seja isso aí, mas você pode primeiro ouvir minhas condições?! Quero deixar tudo bem claro.

— Manda ver.

Ele puxa o assento para mais perto do meu.

— Não vamos ter nenhum tipo de envolvimento físico ou emocional. Nada que envolva abraços ou beijos. Nenhum tipo de vínculo afetivo mais profundo.

— Essa é fácil, você não me atrai — começo — Não vou tentar beijá-lo à força, se é isto que está pensando. — digo e Jungkook engole em seco.

— Então não teremos problema algum.

— Acho melhor escrevermos essas regras no papel, só para garantir. Quero me certificar de algumas coisas também.

Abro um guardanapo disposto na mesa e peço ao Sr. Lee uma caneta para anotar o que tínhamos em mente.

1. Em hipótese alguma envolver sentimentos.

Ele começa.

—Tenho uma também. — digo.

2. Não interferir nas regras ou nas escolhas do outro.

— Quer ter liberdade para fazer merda sem culpa? — ele pergunta, rindo.

— Lógico.

3. Nada de beijos, amassos ou sexo.

Uau, Jungkook. Que autoestima.

Pego a caneta de sua mão e escrevo um tópico realmente relevante. Queria garantir que não envolveríamos pessoas além do necessário. Tudo já seria estranho o suficiente para lidar a partir dali, envolver qualquer membro de minha família ou da dele, acabaria nos colocando em uma posição muito mais injusta.

4.Nada de envolver familiares ou pessoas emocionalmente importantes para ambas as partes.

Seus olhos acompanham as regras anotadas.

— Acho que para fechar, deveríamos jurar aqui que não falaremos sobre isso com ninguém.

— Ótimo.

5. Nunca comentar sobre o acordo com ninguém, mesmo após o fim da data acordada.

— Quer acrescentar mais algo?

— Acho que essas regras são suficientes.

Releio uma por uma e assino meu nome logo abaixo. Jungkook faz o mesmo.

— Calma, tenho só mais uma condição...

— Fala...

— Nós, em hipótese alguma, podemos nos apaixonar. — Eu estava tentando me conter, mas no momento em que Jungkook conclui a frase, estou gargalhando alto dentro da conveniência. Meu estômago chega a doer.

Ah, por favor!

 Essa é a condição mais ridícula que já ouvi, primeiro que existe o total de zero possibilidades de sentir qualquer coisa por você fora tédio, é claro. Segundo que só estamos aqui... — Olho ao redor, diminuindo ainda mais meu tom de voz. —Por conta de você-sabe-quem.

Do Voldemort? — ele pergunta, sarcástico.

Há. Há. Há. Que humor de quinto ano, Jeon Jungkook! E você ainda pondera as chances de eu simplesmente cair de amores por você, uau.

Jungkook arqueia as sobrancelhas, os braços estão cruzados à frente do corpo.

— Mas então, você aceita minha condição?

— Considere aceita.

Não existe nenhuma possibilidade de me apaixonar por um mané como você.

— Antes de você ficar por aí bancando o irresistível, deveríamos pensar em como faremos isso funcionar, pra começar, casais geralmente se chamam por apelidos bonitinhos, poderíamos pensar em alguns... — digo. — O que acha?

— Eu acho brega, mas podemos tentar.

Insuportável.

— Tenho um para você...

Jungkook se aproxima um pouco mais para ouvir o que tenho a dizer.

— Eu acho que filho de Satã combina muito com sua personalidade.

Ele ri. Apenas ri. Como se aquilo nem de longe o incomodasse.

— Uau, isso foi o melhor que pensou?  Precisava de toda paciência do mundo para lidar com Jungkook, minha única vontade era tacar um daqueles pacotes de lámen nele.

Ele conseguia me tirar do sério com tão pouco, sequer lembrava a última vez que havia ficado tão irritada daquele jeito, todas as últimas lembranças que envolviam aquela emoção tinham o nome dele no meio desde a última semana.

— Você que deveria pensar em um apelido legal para me chamar, no mínimo, eu tô te pagando para isso. — digo, encarando-o novamente.

Ele passa as mãos pelos cabelos bonitos, pela primeira vez noto que sua orelha agora tem o dobro de piercings que possuía antes, um deles balança quando Jungkook move levemente a cabeça para o lado oposto. Eles ficam bem nele. Assim como tudo sobre Jeon parecia, milimetricamente, impecável.

Seus olhos castanho-escuros afiados ainda eram um mistério e pareciam se ajustar, como os de um felino, tentando absorver o máximo de luminosidade possível de um ambiente. Um tópico curioso que havia percebido desde a última vez que nos encontramos.

Agora, mais de perto, percebo que Jungkook faz o tipo cuidadoso; o cheiro de sua roupa limpa parece ainda mais forte, uma mistura de amaciante silvestre e colônia frutada presa ao tecido da camisa. E me sinto idiota por perceber detalhes nele no meio de uma situação atípica como aquela. Ótimo.

 Ok, tenho um em mente.  ele diz, puxando um dos guardanapos disponíveis na mesa e dobrando as pontas em formato de barquinho: — Que tal gatinha?

 Gatinha? Isso parece um diálogo de pornô ruim.

 E desde quando tem diálogos num pornô?

Reviro os olhos antes que ele termine a frase.

 O que quero dizer, Jungkook... — Seu nome sai pausadamente, quase em ênfase. — É que isso aqui que estamos fazendo precisa parecer real, o mais real possível, entendeu? As pessoas precisam acreditar que estamos muito apaixonados.

Em um desvio rápido, seus olhos miram em direção às janelas de vidro.

— Ai meu santo caralho.  Está atento a alguma coisa lá fora, um grupo de garotos que atravessa a rua em direção à conveniência, e quase automaticamente, me puxa para mais perto dele, colocando o braço ao redor do meu ombro.

— Por favor, não faça movimentos bruscos. — ele sussurra contra minha orelha e evito me mover muito.

Alguns rostos me parecem familiares, provavelmente os conhecia do campus, mas nunca me dei conta de saber seus nomes.

— Busan! — O mais alto entre eles grita. — Que coincidência encontrar você aqui...

O garoto caminha em direção a nossa mesa e todo o restante o acompanha. Agora, mais de perto, me recordava exatamente de quem se tratava: Kim Seokjin, o líder do laboratório audiovisual, ele apareceu durante algumas semanas nas aulas para divulgar a vaga disponível no clube.

Jungkook se curva educadamente.

Sunbae, como vai?

— Bem, e pelo visto você também, não é? — Seokjin está rindo sozinho. Nunca tinha notado o quanto ele era bonito, provavelmente, estava tão cega de amores que me limitei a enxergar apenas Taehyung em seu patamar de beleza inalcançável dentro do campus, nos últimos quatro anos.

— Sunbaenim, essa é a Leanor, minha namorada.

É Eleanor.

E-L-E-A-N-O-R.

Sorrio forçadamente.

— Então você existe mesmo! Alguns garotos do clube de audiovisual estavam apostando que era mentira.

É tão impossível assim que o Jungkook namore alguém?

— Pois, é. Eu existo. E sou a namorada desse lindinho aqui. — Seguro seu rosto contra o meu, bochecha com bochecha e Seokjin ri.

— É, essa aqui é a minha gatinha.  — Jungkook diz em alto e bom tom. O suficiente para que um silêncio desconfortável domine o ambiente.

O constrangimento pairando no ar.

— Certo, então, foi um prazer conhecê-la!  Seokjin diz. — Nos vemos na reunião de amanhã, Busan! — ele diz, antes de desaparecer entre as prateleiras de molhos especiais e respiro aliviada por aquilo ter durado só alguns torturantes minutos. Agora tudo fazia sentido, o motivo de Jungkook ter aceito a proposta estava claro, e isso implicaria em muito mais coisas do que apenas negar.

— Minha gatinha, Jungkook? Sério?

— Eu fiquei nervoso!




Perto do horário do toque de recolher dos dormitórios, Jungkook se oferece para me acompanhar até o prédio Sameuiwon. As luzes do campus já estão acesas, perto das escadarias e abaixo da fonte ornamental no centro do gramado.

Ao longe, avisto algumas pessoas na biblioteca central, outras na cafeteria na parte leste e alguns casais passeando de mãos dados enquanto, silenciosamente, atravessamos o jardim frontal de acesso dormitório.

 Mãos dadas sim ou não? — Eu pergunto, quebrando a barreira de silêncio entre nós, apontando com o queixo para o casal parado ali ao lado, em um clima enjoativo de romance, dividindo uma bebida quente. Jungkook olha ao redor e sem pensar duas vezes, encaixa sua mão na minha, apertando os dedos firmemente contra a minha pele.

 Pronto.

Uma sensação estranha percorre o meu corpo, se concentrando ali entre minha boca e garganta. Pensei que me sentiria estranha naquela situação com Jeon, no contato pele com pele outra vez, mas por alguma razão que meu cérebro também não é capaz de entender, me sinto confortável.

Estranhamente confortável.

Me pego pensando novamente o quão longe estava indo naquela situação por Taehyung, estava determinada a fazer aquilo, tão determinada ao ponto de forjar um namoro com um garoto que mal conhecia e que sem dúvida, detestava.

Não sabia dizer se aquilo tudo, no fim das contas, valeria a pena.

Mas porquê ali, naquele momento, pareceu uma possibilidade tão errada?

— Tá tudo bem?  Jungkook perguntou, me tirando abruptamente dos meus pensamentos quando alcançamos os degraus para o prédio do dormitório. — Você ficou quieta de repente. O lance das mãos dadas te deixou desconfortável?

 Tá, tá tudo bem, só estava pensando no que precisava estudar amanhã, nada importante  desvio do assunto.

 Mas enfim, temos um acordo, não temos?

Jungkook enfia a mão no bolso lateral da calça cargo, exibindo o guardanapo dobrado com todas as regras escritas nele.

— Sim, um mês e nenhum dia a mais.

 Um mês e nenhum dia a mais. — Nossas mãos se soltam de maneira desordenada, e evito olhá-lo nos olhos outra vez.

 Então, vou indo nessa, tá ficando tarde. — Jungkook diz, as mãos enfiadas no bolso, o vento balançando um pouco seu cabelo, fazendo-o parecer um pouco mais inofensivo e naquela distância, seguramente menos irritante — Amanhã teremos algumas bandejas pra lavar.  Sorri.

— Você que vai lavar todas. Eu lavei tudo hoje.

— Nem com o cacete!

Ele caminha de costas para a porta, os olhos ainda fixos em mim.

 Jungkook.... grito, antes que ele desapareça nas portas do elevador.

— Obrigada por me ajudar!

Ele sorri. Batendo uma continência engraçadinha.

As portas do elevador se fecham e só então respiro fundo outra vez.

Aquela decisão não tinha mais volta.

Estava certa disto.

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