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01. Pijamas nem tão fofinhos assim e Jeon Jungkook.


Era outono.

Hoseok, meu melhor amigo, estava esparramado na cama de minha colega de quarto, rindo de algum viral idiota que havia recebido em seu celular, e aquela era pelo menos a terceira ou quarta vez que ele abria o maldito vídeo em menos de trinta minutos. Ponderei minha possibilidade de socá-lo forte — 1. por não prestar atenção em nada que falei na última hora e 2. por não ser nada silencioso e correr o risco de ser pego aqui dentro, já que a presença de garotos no dormitório feminino da universidade era terminantemente proibida.

Hoseok não era (nada) discreto. Se fossemos pegos aqui, seríamos, no mínimo, suspensos por algumas semanas, e não era como se Joohyun fizesse vista grossa para nossas reuniões privadas no dormitório como outras monitoras por aí.

Este era oficialmente meu último ano nesse lugar, e ao invés da vida agitada que se espera de uma universitária no fim de seu ciclo acadêmico com festas, bebidas e tudo mais que esteja incluso, estou sofrendo pelo amor não-correspondido da personificação de Adônis, a epítome da beleza oriental, Kim Taehyung.

Como começar a falar desse garoto?

Taehyung não era só o cara mais popular, bonito, gentil (já disse bonito?) e inteligente de toda a faculdade, para completar o pacote ordinário da lista mais clichê possível, ele era também o capitão do time de baseball, inalcançável, inacessível e inatingível, pelo menos, pela minha perspectiva.

Hoseok volta e meia comentava durante as aulas sobre todas as garotas que avistava deixando o dormitório pela manhã, enquanto Taehyung distraía Jung-su, o monitor do dormitório masculino. Tenho certeza que 65% das garotas do Campus tinham conhecido não só o quarto de Kim, como também sua fama de bom rapaz. Infelizmente não estava incluída nesse número simbólico de conhecedoras a longo prazo, embora ponderasse que, de alguma forma, tudo se tratava de uma questão de tempo.

Por alguma razão, Taehyung foi o único garoto por quem me interessei nos últimos anos.

A quantidade estipulada em uma porcentagem gigantesca de imbecis que ocupavam o campus chegava a ser quase chocante. Não que Taehyung não estivesse incluído nesse grupo seleto em que a maioria dos garotos da KYU está, mas ao menos, reparava nas pequenas e sutis coisas que o separava do restante deles, na grande maioria das vezes.

Antes de Hoseok abrir o maldito vídeo e se distrair, alguma ideia idiota tinha me surgido à mente sobre como me aproximar de Kim Taehyung até o fim daquele semestre, e eu sei, que por mais que o pensamento parecesse um tanto fútil, estar apaixonada há quatro anos seguidos sem a mínima chance de retribuição não era lá uma das melhores situações, principalmente quando se tratava de uma chance que nunca sequer estive perto de conseguir.

Taehyung sempre esteve envolvido nos grupos de debate, política e esportes na Kyung Hee University. Sempre à frente de algo, liderando o que quer que fosse: grupos de debate, presidência do clube de esportes e sentia como se sempre estivéssemos a uma distância segura e limitada um do outro, em realidades que se encontravam e de alguma forma, seguiam separadas. Ao menos naquele último ano tentaria fazer as coisas de maneira diferente e muito mais corajosas por mim mesma; isso incluía não apenas Kim Taehyung, como uma série de tentativas destemidas que tinham me impulsionada nos últimos semestres letivos, entre elas: a minha paixão irremediável por música.

Estava tentando aquilo há pelo menos seis anos, desde a época do ensino médio e aquele tinha sido o grande motivador para escolher o curso de Jornalismo: escrever resenhas musicais e de viver disso. Não concordava com a ideia de que jornalistas musicais são músicos frustrados ou nenhuma dessas análises banais sobre o assunto, apenas que de alguma forma, a música como um todo era digna de ser avaliada em seu aspecto geral.

Cresci cercada por música e pelo amor transmitido por ela, graças a tia Summer, que em alguma época remota dos anos 80 teve uma banda de sucesso, consumi todo tipo de coletâneas musicais possíveis como uma herança consanguínea. Meus avós deitaram na grama verde do Woodstock, acompanharam Hendrix, Joplin, The Who ao vivo e cresci sendo alimentada por um pouco de tudo que não vivi e de um sonho hippie que só conheci por slides programados em festas familiares. Vovó costumava dizer que eu tinha uma espécie de jukebox mental, como um tipo de dom que me permitia ter uma canção específica para cada situação, uma trilha sonora para os meus próprios momentos, uma dádiva dos herdeiros Greene.

Falar, escrever e explicar música parecia infinitamente melhor. Sabia que o mercado jornalística em que revistas como Rolling Stone e Billboard estavam atoladas de homens presunçosos escrevendo as mesmas críticas e resenhas sem nexo baseadas em um crivo ridículo, não colocando a música no patamar de importância que ela merecia, mas apenas como um peso para uma avaliação vazia entre o que era bom e o que era descartável. A subjetividade que se dane.

Achava engraçado como a música sempre se encaixava em tudo, poderia se equiparar a uma leitura astral dos nossos sentimentos, projetadas em forma de acordes, notas e letras bonitas. Algo externo que causava um efeito poderoso físico e emocional. Aspectos quase mágicos.

Que outro sentimento, além do amor, causaria a mesma euforia nas nossas sintonias internas como a música?

— Nonô, você precisa mesmo ver esse vídeo, é tão... Hoseok mal termina a frase e cai na gargalhada de novo, tapando a boca com os dedos como se fizesse aquele som parecer mais discreto, me tirando completamente de uma linha de raciocínio.

Vou te socar se não começar a rir mais baixo, se a Joohyun te pega aqui de novo, serei suspensa. — Seu rosto se contorce inteiro, contendo o sorriso e finalmente ele larga o aparelho em algum lugar por cima da mesa de cabeceira de Trine, focando sua atenção na nossa conversa.

— Onde paramos? Oh, Kim Taehyung! — ele diz, forçando a voz. — Eu só acho que você está esquecendo de um detalhe importante nessa ideia de namorar o Kim, um certo ruivinho problemático — continuou, deitando-se outra vez na cama.

Droga!

Como eu havia esquecido do garoto-saliva? Jimin era meu ex-namorado e amigo de Taehyung, ambos jogavam no time de baseball. Park Jimin era a prova de que os erros cometidos no passado te perseguem para sempre, e entre eles, estavam os ex-namorados adquiridos de maneiras erradas. Namoramos por cerca de um ano e meio no ensino fundamental, quando ele não era nem de longe o cara popular e musculoso que é agora, embora apenas Hoseok e Trine soubessem daquele fato, eu evitava comentar para qualquer pessoa que havia sido sua primeira namorada e também seu primeiro beijo e muito provavelmente a primeira garota com quem ele transou alguns anos depois, por motivos mais sérios do que um orgulho idiota.

Eu adorava o Jimin do passado, seu par de óculos tortos e seu dentinho frontal quebrado, mas odiava beijá-lo pela sensação desconfortável de "estar me afogando numa piscina de saliva". Ok, aquele também não era um comentário ideal para se fazer a um garoto inseguro como Jimin, mas em minha defesa, éramos apenas crianças.

— Talvez Jimin tenha te perdoado por essa transgressão naquela noite que você me contou, não foi ele que escalou sua janela e vocês.... Antes que ele conclua aquela frase provavelmente invocada das profundezas do inferno, interrompo-o. — Hobi! A questão não é essa, a questão é o Jimin ter contado por aí que já fui ex-namorada dele! — Ou talvez não. Talvez tenha se poupado de um constrangimento já que nunca fiz parte do grupo seleto do KYU Club.

— Seria tão humilhante assim? Porque ele é bem popular, então isso não parece tão ruim... — Hoseok comenta, se curvando um pouco mais para perto. E talvez estivesse certo, dentro dos padrões do campus e das regras impostas por níveis hierárquicos panacas de popularidade, ser ex-namorada de alguém como ele me faria importante por associação. Mas ainda assim, seria a ex de alguém relativamente próximo de Taehyung.

— Mas e a regra de nunca namorar ex-namoradas de amigos ainda funciona entre vocês? — Por fim, questiono.

— Não me importo tanto com isso — Hoseok começa — Mas eu nunca namorei ninguém.


🔱


É tarde da noite, Hoseok foi embora há pelo menos meia hora e Trine, minha colega de quarto, entra fazendo seu típico barulho com as botas no piso a medida que tenta tirá-las sem ao menos desfazer os laços de seus cadarços. — Hobi estava aqui, né?! ela pergunta antes mesmo de me dar boa noite, ao reparar na maneira em que seu travesseiro está disposto sobre a cama, dobrado de uma maneira tosca e mal feita que Hoseok dizia ser ideal para as costas.

O que acha? respondo, apontando para as embalagens vazias de snacks de banana, os favoritos de Hobi, na lixeira ao lado da mesa de estudos, voltando os olhos para o livro de teorias jornalísticas cujo resumo precisava ser entregue naquela semana, sem falta. Trine balança a cabeça, tirando a jaqueta bonita que está vestida, o cheiro forte e masculino impregnado no tecido de suas roupas invade minhas narinas a medida que ela se movimenta, é uma confirmação de que ela estava com Yoongi, seu namorado desde o momento em que colocou os seus pés abençoados pela deusa Vênus nessa Universidade.

Yoongi era colega de quarto de Hoseok, Trine e ele basicamente se apaixonaram instantaneamente. Achava enigmático e engraçado como tudo havia acontecido. Considerava um encontro de almas ou uma dessas coisas hippies demais que mamãe costumava dizer sobre as lendas do fio-vermelho presos ao mindinho da sua alma gêmea. Conversa fiada! Amarria meu fio-vermelho no mindinho do cara que tivesse vontade.

Quando estava vindo para cá, encontrei aquela carinha, como é mesmo o nome dele? Kim algumacoisa...

Taehyung. Kim Taehyung. corrijo. Trine adorava fazer aquele tipo de jogo, principalmente quando se tratava de mim, e obviamente, o cara que passei os últimos quatro anos falando a respeito não teria um nome assim tão fácil assim de esquecer, nem um rosto. Mas ela apenas sorri. — Ele estava nas escadas com o pessoal do time, estavam bebendo. — Era domingo à noite, é normal que isso aconteça por aqui, assim como é natural que existam provas no fim dos semestres. Mas aquele era um evento particularmente raro quando se tratava de Taehyung, geralmente ele desaparecia nos fins de semana e só era visto nas segundas-feiras, com seu par de óculos de sol azuis e aquela bandana bonita que o fazia parecer que havia fugido de um clipe do Red Hot Chili Peppers.

— Estava com mais alguém? — Espero ansiosamente a resposta de Trine se formar em seus lábios pintados de vermelho. —Só com o time baseball! — Estou vestida num pijama horrível com estampas de patinhos, e pondero minhas opções que exigem de minhas sinapses respostas imediatas: ir ou ficar. Mas salto da cama e calço os chinelos, abrindo a porta em direção ao corredor como se meu corpo tivesse mais pulsão que meus senso crítico e observo Trine logo atrás de mim, arrastando os pés no seus chinelos escuros que fazem sua pele parecer muito mais clara do que é, destacando a cor vibrante do seu esmalte. — Me espera! — ela diz, fechando a porta do dorm e tentando me alcançar. Eu precisava ver com meus próprios olhos, precisava ver com exatidão Kim Taehyung naquele Campus no fim de semana, aquilo poderia significar um milhão de coisas, todas muito fáceis e viáveis de acontecer.

As escadas são distantes das portas frontais do dormitório, e é necessário ir até a rampa de saída, logo após as catracas para que eu o vejo logo mais a frente.

Ele está tão bonito em seu uniforme, o número 95 em destaque bem em suas costas, cravado como um ano e número de sorte, anunciado aos quatro cantos, que a melhor coisa já criada naquela universidade, definitivamente, foi o uniforme do time de baseball, mesmo que existam contradições sobre o motivo daquelas calças patéticas. A respiração trancada e o barulho da risadinha suave de Trine logo atrás de mim, infestada do perfume de Yoongi, como um sonho maluco e inexplicável, daqueles que pessoas trocam de corpos e rostos se tornam borrões. O som das portas frontais travando me dão uma sensação estranha no peito, talvez seja apenas o excesso de êxtase, o efeito predominante de um Taehyung rondando o Campus no fim de semana livre, mas então percebo que não peguei o meu cartão de entrada quando saí desesperada do quarto, e torço para que Trine tenha o feito. É, ela deve ter pego!

Embora meu sexto sentido apurado para merdas ocasionadas frequentemente, aquela era a menos esperada quando se tratava da lentidão anormal de Christine Harris.

Ei, você está com o cartão aí? a voz de Trine acompanhada de uma lufada de ar quente que escapa de seus lábios me deixa desesperada. Estamos presas do lado de fora do dormitório, com Kim Taehyung e metade do time de baseball nas escadarias logo abaixo. E eu vestida naquele pijama tosco.

Isso poderia piorar?

Ei, algum de vocês está com o cartão de entrada? — Trine fala em alto e bom som para os garotos do time sentado logo à frente, ela deve estar brincando, deve ser brincadeira.

Eu poderia correr e chutá-la agora. Chutá-la tão forte que ela nem mesmo saberia de onde veio o impacto que a mandaria direto para a puta que pariu. Meu organismo inteiro parece não reagir àquele momento crucial em que Taehyung sobe os degraus com seu cartão de entrada entre os dedos, girando como um disco, e quero simplesmente ter o poder de desaparecer.

Ele olha para mim pela segunda vez em quatro anos, a primeira deve ter sido exatamente quando também o vi, estava usando uma camisa do David Bowie e um jeans azul que parecia feito sob medida para ele, lembro de pensar que estava provavelmente delirando, porque garotos assim, milimetricamente desenhados por anjos não podiam se equiparar a uma realidade como aquela, tão viva e real, como tinta-fresca. Foi instantâneo, imediato e todos os outros sinônimos para um curto período de tempo. Como invadir um sonho e, de fato, nunca acordar.

Mas agora estou vestida num pijama infantil, com furinhos na lateral, usando chinelos de dedo e meias que nem são do mesmo par, esperando que uma cratera se abra diante dos meus pés e me devore. Isso é algum castigo do meu discernimento cármico? Devo ter sido uma grande escrota em minha vida passada.

Taehyung caminha ao lado de Trine, parando ao meu lado e deslizando o cartão de entrada em um dos leitores das portas frontais — Você salvou a gente, sabia? Obrigada! — Trine agradece e ele sorri, olhando novamente para mim. — Ei, belo pijama.

A frase ecoa por mim.

"Belo pijama."

Um sentimento estranho toma o meu peito, provavelmente minhas bochechas estão da mesma cor encarnada dos lábios de Trine, minhas orelhas estão literalmente tão quentes que qualquer um notaria a quilômetros de distância o quanto estou nervosa, ao mesmo tempo que não sinto uma gota de sangue correndo entre minhas veias. Paralisando por um efeito catalisador e imediato.

"Belo pijama"

Ele estava debochando de mim, certo? Não, talvez ele realmente gostasse de pijamas furados e com estampas cafonas de patinhos, talvez fosse isso. Tinha que ser isso. Só poderia ser isso. Assisto Taehyung descer as escadas com o mesmo sorriso de antes e definitivamente, ele não estava falando sério.

Merda!

🔱


Encontro Hoseok nas catracas logo cedo, a primeira aula do dia é de Ética Jornalística, e considerando o conteúdo, é a aula que Hobi usa para "colocar o sono em dia".

Acabo sendo sua agenda eletrônica, já que perto do período de provas, sou praticamente obrigada a ensiná-lo todo o assunto do semestre. Enquanto caminhamos até a sala, conto sobre todo o incidente da noite passada e sobre minha vontade de socar Trine embora tenha — meio que — gostado do comentário de Taehyung sobre meu pijama. — Talvez ele estivesse prestando atenção no que tinha por baixo do pijama Hoseok diz, rindo sem nenhuma discrição e levando um tapa no ombro como uma resposta significativa, não era como se não fosse aquilo que eu realmente quisesse, mas Taehyung era um cara inteligente e sensível, do tipo que ama fotografia, arte, cinema e música, e tinha o bônus de ser um atleta, era a junção perfeita de tudo que eu queria num cara, ou havia se tornado por causa dele. O que dava no mesmo agora, nesse ponto em que me encontro.

Escuto o som das botas de Trine nas escadas e logo em seguida sua voz chamando por nós. — Ei, ei, esperem aí, vocês iam pra aula sem mim? — Quando nos alcança, toma um tempo para recuperar o fôlego, com as mãos no joelho. — Sei de alguém que pode te ajudar com o Kim... ela respira fundo — ...Taehyung!

Noite passada, depois de minha súbita vontade de socá-la forte, contei sobre a ideia louca que havia tido a respeito de Taehyung e Trine prometeu que me ajudaria para compensar a vergonha daquela noite.

— Yoongi conhece o melhor amigo do Taehyung, quer dizer, ex-melhor amigo, sei lá. Não tô por dentro do drama masculino — ela comenta, enquanto Hoseok parece tentar pensar sobre quem estamos falando.

— Pera, tá falando do Jungkook? Jeon Jungkook? O esquisito do 903? — Hoseok diz, chamando minha atenção. Eu sequer sabia que Kim tinha algum outro amigo íntimo sem ser a trupe de puxa-sacos do time de baseball, mas vindo de um garoto popular como ele, é natural que estivesse cercado de pessoas que o adoravam. — Jeon Jungkook é o carinha de Artes Visuais, certo? Hoseok pergunta e Trine confirma. — Cara, eu quase não o vejo falando com ninguém. A expressão de Hobi me faz pensar sobre o que ele está falando, em todos esses anos nunca sequer tinha ouvido nada a respeito desse garoto, até agora.

— Ele é meio que amigo do Yoongi, posso conseguir o número dele, talvez você possa pedir ajuda para saber um pouco mais sobre o Kim. — A ideia não é tão ruim, mas na minha cabeça não fazia nenhum sentido o ex-melhor amigo de um cara popular, ajudar uma desconhecida a conquistá-lo. Parecia enredo de filme clichê, aqueles de DVD's de banca que papai costumava comprar para mim.

— Trine, eu não sei não, por que esse cara iria me ajudar a troco de nada? E seja lá o que ele possa pedir em retorno, não estou disposta a oferecer. — Pondero as opções que tive nos últimos anos, como um encontro às cegas com um amigo de Hoseok, que definitivamente curtia Voyeurismo ou aquele garoto bizarro do Halloween que não gosto sequer de lembrar.

— Ao menos tenta, ok? Se não der certo, optamos por um plano b, que eu ainda não tenho em mente, mas vou ter em breve. — Ela me segura pelos ombros e Hobi faz aquela cara típica de que sabe que aquilo não vai acabar bem, e é óbvio que não vai, mas para o meu nível de desespero, sou capaz de aceitar qualquer coisa.

— Se der errado, juro que te soco bem forte!

— Combinado!

Após a aula, no refeitório, Trine surge de algum lugar entre as mesas com o número do garoto em mãos, anotado num pedaço de papel arrancado às pressas.

— Olha, o Yoongi disse que ele talvez não seja muito amigável, meio fechadão, então... — ela faz uma pausa, uma daquelas que está acostumada a fazer, arregalando os olhos e mordendo os lábios um pouco, dramática, como se estivesse esperando que algo fantástico aconteça no momento que meus dedos tocassem no pedaço de papel. — Então devo ser cautelosa, certo? — pergunto, trocando o olhar entre ela e Hobi, que está na outra ponta da mesa, prestando atenção na garota bonita chamada Seulgi, que sorri para as pessoas da mesa ao lado.

Você quer um lenço? Tem um pouco de baba escorrendo aqui — Trine comenta, como sempre, de maneira sarcástica, mas Hobi está acostumado demais com a acidez de Christine para ao menos desviar o olhar de Seulgi.

— Esse garoto, o Jungkook, ele oferece aulas particulares de design, já o vi na biblioteca com alguns dos calouros do curso dele. — Hoseok comenta, mordendo o sanduíche e voltando a falar. —Você poderia fingir que precisa de aulas e se aproximar dele.

Na verdade aquela era uma ideia boa, um pouco ridícula, me sentia como uma adolescente solitária caçando oportunidades, e ainda assim precisaria pagá-lo, o que na minha situação atual não parecia algo assim tão simples. Ajusto meus óculos de leitura no rosto e olho uma última vez para Trine, que abre um sorriso bonito como uma maneira fofa de me incentivar silenciosamente — Ligue para ele e pergunte quanto custa um pacote de aulas, o mais barato, podemos ajudar, não é Hobi?! — ela fala, chamando a atenção de Hoseok com um tapa barulhento no ombro — Outch! Sua mão é pesada pra caralho! É. é!

— Apenas ligue, ok?

Aproveito o horário de almoço e digito seu número com uma precisão incrível, me afastando da mesa e de todo barulho e conversas do lugar, caminhando até uma das portas e apoiando-me no corrimão da saída. O celular chama uma, duas, três vezes e então a voz suave do outro lado atende.

— Alô?

— Oi! Você é Jeon Jungkook, de Artes Visuais?

— Talvez. Quem é?

Ok.

— Um amigo me passou o seu contato, você é professor particular de design, não é?

Que amigo? A voz do outro lado soa ríspida, escuto o som da risada de uma outra pessoa ao longe, um "puta que pariu" ecoando em uma distância curta e um pedido imediato de silêncio, então uma porta se fecha e o silêncio engole a chamada.

Pigarreio.

— Min Yoongi! Ele disse que você era o melhor...nisso, nessa coisa de design, sabe? E eu queria saber quanto cust — Sou subitamente interrompida por ele.

Podemos negociar pessoalmente? Me encontre na biblioteca central em vinte minutos. É um lugar seguro. A ligação é encerrada repentinamente, sem um adeus, e permaneço me perguntando como ele planeja me encontrar na biblioteca se nem ao menos me perguntou onde ficaria.

É, Yoongi estava certo sobre o "pouco amigável", deveria acrescentar o pouco educado, pouco atencioso e pouco paciente e alguns muitos que não devem ser citados.

Ao menos havia escolhido um lugar frequentado por todo mundo, assim poderia pedir ajuda.

Caminho de volta para dentro do refeitório, buscando minha mochila e sou recebida pelos olhos esperançosos de Trine

—E aí? — ela questiona.

— Acho que Yoongi estava certo sobre o cara, mas vou encontrá-lo agora para negociar o curso, jantar às 18h20? — pergunto, enquanto ela e Hoseok concordam.

O refeitório fica a poucos metros da biblioteca e chego lá sem grandes esforços já que fica praticamente vazia durante aquele horário, sento-me em uma das mesas perto da porta para utilizar os meus dons de telecinese e tentar adivinhar quem, entre todos os garotos que entram e saem daquele lugar, poderia ser Jeon Jungkook. Mal posso acreditar que estou me prestando aquele tipo de papel apenas por Kim Taehyung, de alguma forma talvez não valesse à pena no fim das contas, mas antes de chegar ao resultado final, precisaria experimentar e designar através do meu campo empírico, na prática, mas o celular vibra em meu bolso e interrompe minhas teorias, me traz de volta para a realidade onde aquilo é apenas uma hipótese e uma mensagem de um número não salvo brilha na tela.


[12:23] (511) 3453-6451: estou chegando,

você já está na biblioteca?


[12:24] eu: sim, estou na segunda

mesa perto das portas de vidro.


[12:25] (511) 3453-6451: 👍


Mantenho os olhos na porta, e em poucos minutos vejo-a ser puxada para fora, e então o garoto terrivelmente alto, usando um moletom escuro, cruza a mesa e caminha em minha direção. Os cabelos longos escondidos por baixo de um capuz e a mochila pendurada em um dos ombros foi largada por cima da mesa.

— Você é a garota que me ligou para saber sobre o curso, certo?

Puta merda!

— Sim! — Jeon Jungkook era um cara bonito, e quando digo bonito, uso todo o significado da palavra. E grande. Em tamanho físico e proporções musculares dignas dos caras da TV. Diferente da imagem que havia criado em minha cabeça do garoto franzino e tímido do curso de Artes Visuais.

Os olhos castanhos brilhantes, pareciam encaixar-se perfeitamente no conjunto de seu rosto de lábios bem desenhados e maxilar marcado. Os brincos de argola que usa parecem adornar os detalhes; seu aspecto não coincide em nada com as descrições maldosas que ouvi por aí. Estava longe de parecer uma criaturinha inofensiva de humor mordaz. Nem o estilo, muito menos as roupas esportivas largas pareciam entregar qualquer um desses lados, seu ar despojado era de quem não dava a mínima para o falatório a seu respeito. Muito pelo contrário. Jungkook era, por si só, motivo o suficiente para ser comentado.

E, por Deus, como ele poderia ser tão bronzeado assim?

Estávamos no meio do Outono.

— Então, você está interessada em que tipo de pacote de aulas? — Sou trazida de volta à realidade de forma abrupta pela voz suave dele, e nos últimos minutos nem havia me dado conta de que ele já havia ligado o notebook e que provavelmente estava falando algo importante.

— Ah, desculpe, é que tava tentando entender o que você tava explicando, não sou muito boa com o lance tecnológico. — justifico meu olhar fixado no movimento de sua boca, embora não fizesse a mínima ideia do que ele estava falando. — E a propósito, eu sou a Eleanor. — eu respondo, antes que ele possa dizer mais alguma coisa, esticando a mão, que ele segura com um aperto fraco.

— Hum, prazer. Jungkook.

Mas me diz, como funciona o curso? — pergunto e ele vira o notebook em minha direção, exibindo um plano de aulas.

— O pacote básico são de dez aulas, e posso ensinar o essencial do adobe, custa só 65.000 wons. Finjo parecer interessada, mesmo que esteja horrorizada com os valores exorbitantes que não terei como pagar.

— E tem também o pacote completo, que custa 130.000 wons, com direito a vinte aulas e um certificado. — Um certificado? O que faria com um certificado de design? É melhor que eu saia desse curso pintando igual ao Norman Rockwell pelo preço que esse panaca vai me fazer pagar.

Esse garoto deve estar maluco.

Sorrio para disfarçar a indignação com os valores, e acabo optando pelo pacote mais barato que nem sei como farei para encaixar no meu orçamento.

— Então, tenho apenas às quartas, sextas e domingos disponíveis, qual o melhor dia para você?

— Domingo tá ótimo! — Jungkook vasculha na sua mochila, puxando um papel com as pontas amassadas e marcas de caneta em lugares aleatórios.

— Essas são as regras. Você precisa ter pelo menos um computador disponível para o seu próprio estudo. Costumo enviar exercícios que devem ser entregues no prazo. E já aviso: sem reembolso e sem reposição de aulas. — comenta, balançando um pouco a cabeça e então noto que seus cabelos ainda estão úmidos, o cheiro frutado que sinto à medida que ele se movimenta provavelmente vem de seu shampoo.

— Mas, e se eu tiver uma emergência e não puder comparecer? — questiono e ele dá de ombros.

Esse domingo será a nossa primeira aula, aqui mesmo na biblioteca, às 18:00h. Dou a tolerância de dez minutos e se não aparecer, terá uma aula a menos. — Que grande idiota.— Trarei o contrato para você assinar no domingo, certo? Contrato? Ele acha que vou dar um calote nele ou o quê?

— Acho que não será necessário um contrato, eu poss -

— É a forma como trabalho, posso indicar outro professor se quiser.

— Não, tá tudo certo. — Além de tudo era um grande mal educado. Ótimo.

Não tenho tempo de questionar muitas coisas, porque Jungkook já está de pé, arrumando novamente a mochila.

— Agora preciso ir, até mais Leanor. — ele diz, guardando seu notebook e pendurando a alça da mochila no ombro.

É Eleanor, com E! — digo, mas ele já está cruzando as portas e duvido muito que tenha me escutado.

Babaca! — cochicho, guardando o papel amassado e sujo com suas regras estúpidas dentro de minha mochila, não acredito que estou fazendo isso por um cara, eu realmente não acredito que estou me prestando a este papel conscientemente, mas mentalizo o sorriso de Taehyung como um sonho agora não tão distante de mim e tudo parece automaticamente menos pior do que realmente é.

— É, Eleanor, sacrifícios serão necessários.

Poderia muito bem não me submeter a essa humilhação de fingir precisar dos serviços acadêmicos de um completo e mal-educado estranho. Se eu fosse um pouco mais corajosa, iria até lá com minhas próprias pernas e convidaria Taehyung para sair, o que ele poderia dizer, afinal? — Um não, no máximo. Talvez contasse para os amigos do time sobre a garota esquisita com segundas intenções, ou nem me desse a escolha de baixar a guarda a ponto de me deixar explicar o que tenho sentido por todo esse tempo, silenciosamente. A estratégia era ridícula e sabia que iria acabar me enfiando em uma espiral de mentiras; com o garoto novo, com Taehyung e com quem mais aparecesse.

Meu nível de desespero chegava a ser patético.

E isso tudo, eu sabia, seria mais complexo do que eu pensava.



N/A: Olá, sejam bem-vindes. 

Antes de mais nada, gostaria de agradecer por estar acompanhando CCEG e também explicar algumas coisas. 

Sempre vejo comentários tipo "Nossa, lembra tal fanfic!", "Parece tal livro", e geralmente são similaridades encontradas em histórias que carregam os mesmos "tropos narrativos",  que no caso de CCEG é: namoro por contrato e enemies to lovers,  tipos muito comuns. Algumas cenas são essenciais e fazem parte da própria base de construção desse tropo, o famoso clichê, então, sim, elas serão parecidas em alguns aspectos, se encontrarão em algum ponto. Faz parte do processo do tropo, e não há nada de errado sobre.

Esclarecido isto, espero que aproveitem a leitura e gostem de conhecer esses personagens cujo afeto que sinto é infindável. 

 É um prazer ter vocês por aqui, boa leitura! 


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