Capítulo 3: Não pare de correr.

Seu corpo congelou novamente. A mesma pessoa que vira no jardim, estava sentada no banco do motorista. Olhando diretamente na direção de Xie Lian, enquanto apontava uma arma para seu rosto.

Quando menos esperava ''Bang'' um tiro foi disparado, o som ensurdecedor se espalhando pelo estacionamento.

Por sorte, Xie Lian foi rápido o bastante e desviou, se jogando no chão e ralando a palma de sua mão.

Mas o que? Como? Como isso é possível?

Não, isso não era hora.

Xie Lian rapidamente se levantou do chão. O som da porta do carro batendo veio logo em seguida, ele sabia, Xie Lian sabia que agora aquela pessoa o estava perseguindo.

Xie Lian corria, enquanto a pessoa mascarada andava logo atrás, sem ter pressa.

Bang.

Outro tiro foi disparado. Dessa vez, acertando o ombro de Xie Lian.

—Agk — Xie Lian segurou a vontade que teve de gritar e continuou a correr.

Por que? Por que não havia pessoas na rua? Ele estava correndo sem parar, sentindo como se seu coração fosse sair pela boca, querendo gritar por ajuda, mas não havia ninguém.

Não havia ninguém.

Eu não posso lutar. Eu não posso lutar. Eu não posso.

Em certo ponto Xie Lian não sabia mais pra onde correr. Ele tinha que se esconder, ele precisava fazer isso, mas onde?

Ele sentiu que iria surtar, porém, um som de sinos ecoou por sua mente. E quando olhou para frente, a pequena borboleta que encontrou antes estava ali.

Como se quisesse que ele a seguisse de novo, e foi o que ele fez. Virando com ela em um beco sem saída.

Por um momento ele pensou que estava tudo acabado, porém entendeu de certa forma o que ela queria lhe dizer.

Nesse beco havia cerca de três caçambas de lixo. Xie Lian não pensou duas vezes antes de se esconder dentro de uma delas.

Ele abraçou seu corpo ali dentro, tremendo e sentindo como se ele fosse desmaiar por conta da tontura.

Tudo estava quieto, um silêncio ensurdecedor que durou cerca de 10 segundos.

De repente, passos foram ouvidos. Ele estava ali.

Xie Lian tapou a boca para abafar o som de sua respiração. Torcendo para que o outro não o encontrasse.

Que droga!

Ele não deveria estar...

Não, não é ele.

Eu tenho certeza. Não pode ser, de novo não.

Bang.

Outro som de tiro ecoou. Aparentemente o mascarado havia atirado em uma das caçambas, esperando alguma reação. Sem resultado ele caminhou até outra caçamba e fez o mesmo.

Sem resultado.

Por fim, ele parou na frente da caçamba em que Xie Lian estava.

Mas diferente das outras. Não ouve barulho.

O coração de Xie Lian batia tão rápido e forte. Ele torcia para que a audição dessa pessoa não fosse boa o bastante para escutar isso. Por que ele sentia que o som era alto o bastante para ecoar dentro da caçamba.

Fique parado.

Ele repetia em sua mente.

E com o som estridente, o último tiro foi disparado.

Xie Lian queria gritar.

O tiro atingiu sua perna. Se ele não estivesse acostumado com a dor, ele com certeza teria gritado ali. Mas não ocorreu.

Sem resposta.

O som dos passos da pessoa foram se afastando com o tempo. Mas Xie Lian não iria sair dali tão cedo.

Ele não sabia quanto tempo haviam se passado. Mas podia julgar que ficou dentro da caçamba por mais ou menos uma hora. Ele havia conseguido estancar o sangue de sua perna e de seu ombro com o tecido que ele arrancou de seu casaco.

Mas, o pavor que ele tinha daquela figura mascarada, era o suficiente para o manter dentro daquele lugar.

De repente, os passos puderam ser ouvidos de novo. Xie Lian tapou os ouvidos na tentativa de não os escutar, mas o som de algo familiar o fez se perguntar se isso realmente estava acontecendo.

— Gege! Onde você está?

É ele!

Xie Lian tentou chamar por ele.

— San Lang! — mas sua voz estava rouca, ele não sabia se o outro o iria escutar.

Mas no mesmo momento, os passos de Hua Cheng aceleraram e a porta da caçamba em que Xie Lian estavam foi aberta.

Foi como uma luz em meio a escuridão que Xie Lian estava sentindo. Mas ao mesmo tempo, foi como se um balde de água fria tivesse sido jogado sobre sua cabeça, Xie Lian sentiu que não podia mais suportar.

Hua Cheng ficou em choque no momento em que o outro começou a derramar lágrimas sem parar. Se sentindo culpado por não saber o que fazer, e o que havia acontecido.

Hua Cheng se aproximou devagar de Xie Lian, e o abraçou. Fraco o bastante para não o machucar, e caloroso o bastante para que Xie Lian se sentisse confortável em seus braços.

O mesmo sentiu sua visão escurecer, e logo em seguida, desmaiou ali mesmo.

Normalmente ele se seguraria o bastante para que ninguém o visse dessa forma. Mas estranhamente, na frente de Hua Cheng, ele se sentia como uma criança incapaz de esconder suas fraquezas. Livre e confortável o bastante, para demonstrar o seu lado vulnerável na frente dele.

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Quando acordou, Xie Lian se viu deitado em uma cama de hospital.

— Papai! — uma voz chorosa foi escutada.

Xie Lian olhou para o lado e viu sua pequenina, com os olhos cheios de lágrimas enquanto olhava para ele. Ela subiu na cama e o abraçou,encostando seu pequeno rostinho na curvatura do ombro do pai, enquanto deixava as lágrimas derramarem.

— Eu achei que papai ia me deixar, que nem a mamãe.

— Eu nunca vou fazer isso — ele disse, depositando um beijo na testa da filha.

A porta do quarto foi rapidamente aberta. Mu Qing, Feng Xin e Hua Cheng entraram logo em seguida.

— Ele acordou! — gritou Mu Qing, correndo na direção da cama.

— Desculpa, eu preocupei vocês.

— Mas é claro! Você nos aparece com dois tiros, e com o fato de que foi encontrado em uma caçamba de lixo. Como não íamos ficar preocupados?

— Calma Mu Qing, ele acabou de acordar — Disse Feng Xin, apoiando sua mão no ombro do namorado.

— Eu sei...

Feng Xin olhou para Xie Lian, de forma dolorosa, como se memórias antigas viessem à sua mente. Hua Cheng estava ao lado, seu rosto sério.

— O que aconteceu? — perguntou Feng Xin.

— Ele voltou...

— Ele quem?

Xie Lian sentiu sua voz falhar.

— Bai Wuxiang.