Capítulo 34 - Último
Que o medo de cair mais uma vez não te impeça de viver mais uma linda história de amor.
Della sentou-se à máquina de costura, pregando com cuidado a gola de um vestido.
Tentava com todas as suas forças concentrar-se no que fazia para não pensar na noite anterior, mas apenas conseguia constatar que isso era impossível. Depois de permanecer acordada durante quase toda a madrugada, oscilando entre esperança e desolação, perdera toda a perspectiva. Não sabia o que esperar e essa incerteza a deixava maluca.
A ansiedade a forçara a se levantar da cama bem cedo e ela passara as últimas duas horas costurando, esperando que o trabalho tomasse toda a sua atenção.
Porém a tentativa mostrou-se frustrante.
Terminou a costura, cortou os fios e colocou o vestido na tábua de passar. Levantou-se e esticou o corpo para aliviar a tensão nos ombros e pescoço, depois decidiu que era hora de fazer um café. Apagou a luz do galpão e dirigiu-se à cozinha.
Acabara de pôr a água no fogo quando alguém bateu na porta dos fundos. Della foi atender, certa de que, àquela hora da manhã, só poderia ser Domingas. Porém levou um susto ao abrir a porta.
Quem estava lá era Alessandro e parecia óbvio que viera para uma visita pouco amigável.
Ele tinha o rosto sério e os músculos tensos. Seus olhos pareciam cortá-la com seu brilho gelado e havia algo ameaçador na maneira como ele apertava os lábios. Della teve a sensação de que, se não houvesse atendido logo, ele derrubaria a porta. Tentando ignorar as batidas aceleradas de seu próprio coração, ela recuou e fez-lhe um sinal para que entrasse. Deu um sorriso para disfarçar a apreensão e o encarou.
— Chegou na hora certa. Eu estava preparando um café.
Ele entrou e bateu a porta com mais força do que seria necessário.
— Não vim tomar café. — Alessandro tirou o casaco, jogou-o sobre uma cadeira e colocou as mãos nos quadris. — Você desapareceu bem depressa ontem à noite. Pensei que havíamos concordado em conversar. Não gostei de ser usado e descartado dessa maneira.
— Eu não podia ficar... — Ela explicou. — Não achei que seria certo deixar Generosa sozinha com as crianças.
Ele continuou a observá-la em silêncio, com uma expressão glacial.
— Será que eles não foram apenas uma desculpa conveniente? — Indagou, por fim.
Della percebeu alguma coisa parecida com incerteza no rosto dele e experimentou uma súbita esperança. Desejando romper a tensão e a distância, aproximou-se dele e sorriu.
— Ter três crianças e uma babá esperando em casa não é bem uma situação conveniente, Alessandro. E eu não o usei e jamais o descartaria. Eu o amei e desejei cada toque de ontem.
Alessandro a fitou por um segundo e, então, sua expressão alterou-se e ele a puxou para seus braços.
— Desculpe Della. É que eu acordei, vi que você tinha ido embora e fiquei nervoso. Me senti estranho e...
— Sinto muito... — Ela murmurou. — Eu não queria sair de lá, mas não havia outro jeito. Sabia que, se acordasse você, seria ainda mais difícil.
— Está bem, mas não faça mais isso de novo. Detesto fazer amor com você e acordar sozinho. Além disso, você sabia que eu queria falar com você. — Ele murmurou, abraçando-a com mais força.
— Eu achei que você iria entender...
Alessandro a calou com um beijo longo e ardente. Depois, aninhou a cabeça dela junto ao peito e afagou-lhe ternamente os cabelos.
— Della, por que você nunca me telefonou durante todo esse tempo?
— Eu tentei. Mas ficava sempre com medo e desligava antes mesmo de acabar de discar. Eu não sabia o que dizer ou o que fazer. Reconhecia que você estava certo a meu respeito, mas não sabia como mudar o meu jeito.
Ele a fitou com os olhos cheios de emoção e acariciou-lhe o rosto.
— Eu não quero que você mude. Nunca quis isso, Della. Eu só queria que você precisasse de mim e aceitasse a minha ajuda. — Enxugou as lágrimas que se juntavam nos olhos dela e a puxou mais para perto. — Você parecia tão indecisa que tive medo de que não levasse nosso relacionamento tão a sério quanto eu. Só quando tive tempo de raciocinar com calma percebi como havia pressionado você. Aí, tive de voltar.
— Alessandro, eu não sei o que teria feito se você não tivesse voltado. Preciso tanto de você...
Ele a segurou pela nuca e a beijou com paixão. Della apoiou-se nele, sentindo o desejo amolecer seu corpo. Por fim, Alessandro afastou os lábios dos dela e a fitou. Sua boca curvou-se num sorriso ao ver-lhe o rosto vermelho por causa do roçar da barba por fazer.
— Olhe só o que fiz em você. — Murmurou, tocando-lhe a pele delicada.
— Não faz mal. Eu já sobrevivi a coisas piores.
— É; eu sei... — Ele declarou com seriedade. — Eu agi muito mal com você. Me desculpe, é que as vezes eu fico inseguro e acabo agindo sem pensar direito.
— É verdade, mas eu também faço isso. — Della concordou, sorrindo, numa tentativa de não deixar a atmosfera ficar tensa. Seu esforço foi recompensado ao ver o rosto de Alessandro assumir uma expressão mais relaxada. — Mas eu nunca fui do tipo de guardar ressentimentos.
Ele riu e a apertou contra si.
— Não sabe como eu fico feliz por ouvir isso. — Havia um calor intoxicante em seus olhos ao fitá-la. — Será que você poderia passar algumas horas comigo hoje?
— Até o dia inteiro, se você quiser.
— Eu quero.
Um intenso magnetismo uniu seus olhares e Della não desejava mais nada além de perder-se no conforto dos braços dele e deixar a natureza seguir seu curso. Porém, com Generosa dormindo na sala, seu desejo tornava-se impossível e ambos sabiam disso. Ela respirou fundo para controlar as emoções.
— Você arrancou os botões da minha blusa ontem. — Ela comentou, fingindo um tom acusador.
— Eu estava com pressa. E você deixou marcas por toda as minhas costas, então estamos quites.
— Eu percebi. Sorriu ela preparando o café.
— Só que não vou ter pressa nenhuma hoje! — Ele garantiu, dando-lhe um beijo carinhoso.
— Isso é uma promessa?
Dirigindo-lhe um sorriso irresistível, Alessandro segurou-lhe o rosto e tornou a beijá-la, dessa vez com mais devagar.
— É, é uma promessa sim!... — Murmurou de encontro aos lábios dela.
Della fechou os olhos, deliciando-se com o calor que lhe percorria o corpo. Devagar, Alessandro levantou a cabeça e pareceu hesitar. Por fim, acariciou-lhe o rosto e sua voz soou vacilante, mas cheia de sinceridade.
— Eu te amo, Graciella. Amo-te tanto que tenho até medo.
Della ficou tão emocionada que não pôde responder. Esperava que seus olhos conseguissem transmitir toda a alegria que aquela confissão lhe causava.
Sem deixar de encará-la, Alessandro segurou-lhe a mão e levou-a aos lábios.
— Se a pedisse em casamento, você aceitaria?
Por um instante, Della não acreditou no que acabava de ouvir. Então, sentiu uma felicidade tão intensa que parecia não caber dentro de si.
— Sim.
— Quando?
— Amanhã.
Ele riu e a envolveu com braços protetores.
— Impossível.
— Por quê?
— Porque eu não quero uma cerimônia rápida no cartório. — Ele murmurou. — Quero algo mais significativo. Um casamento na igreja, na presença de nossa família e amigos.
— Ah, mas vai demorar tanto tempo para organizarmos tudo isso... — Ela comentou relutante.
— Acha que dá para aguentar dois a três meses? Isso nos dará tempo suficiente para cuidar dos preparativos e para você arrumar um vestido e outras coisas necessárias. Sei que preferiria não esperar, mas fará isso por mim?
— Contanto que você não fique muito longe nesse meio tempo. Preciso de você junto de mim, Alessandro.
— Eu vou grudar em você como cola... — Ele prometeu, sorrindo.
Della fechou os olhos, com a realidade nublando parcialmente sua alegria.
— Espero que isso não mude nunca. Você terá que assumir certas responsabilidades, se quiser mesmo ficar comigo.
— Della, se está se referindo a seus filhos, eles não é problema. É claro que eu terei de me adaptar, mas eles também. Sei que tudo sairá bem. Não se preocupe, eu não vou tentar substituir o pai deles. Mas eu quero fazer parte da vida dos três e ensinar o que o meu pai me ensinou.
Percebendo como Alessandro se sentia em relação a Estevão, Della sabia que fazer aquela promessa não era fácil para ele. Sabia também que chegaria o momento em que ela teria que correr um risco.
E aquele momento chegara. Precisava confiar nele.
— Alessandro?
— Sim?
— Eu gostaria que você tentasse.
— O quê?
— Gostaria que você tentasse substituir o pai deles.
— Como assim? — Ele indagou, em suspense.
— Quero que você sinta que tem direitos paternos, quero que me ajude a criá-los. Eu desejo que eles cresçam como você, e não como o pai deles.
— Tem certeza? — A expressão de Alessandro era de cautela.
— Absoluta. Meus filhos desejam isso também, eles querem apagar todas as lembranças ruins que o pai deixou neles.
— O que acha da idéia de me deixar adotá-los então? Quero que os três tenham o meu sobrenome e sejam os meus herdeiros. E caso, tenhamos outros filhos, que eles se sintam iguais.
— Na hora que você quiser.
— Eu os quero agora, Della... — Ele afirmou emocionado, seus olhos brilhavam com as lágrimas.
— Então eles são seus!... — Della respondeu, com um sorriso trêmulo.
Alessandro a fitava como se não acreditasse no que ela estava lhe dizendo.
— Está mesmo falando sério?
— Claro que sim. Assim como eu também sou completamente sua!...
Ele a analisou por mais um instante e então começou a rir enquanto a abraçava com tanta força que mal a deixava respirar.
— Della, você não sabe quanto me faz feliz!
— Espero que ainda se sinta assim daqui a seis meses, depois que vir as contas do supermercado.
Ele sorriu e a fitou com carinho.
— Pare de se preocupar. Eu darei um jeito daqui pra frente.
Della tocou-lhe a boca e sacudiu a cabeça.
— Não, Alessandro. Nós daremos um jeito. Não vou jogar tudo nas suas costas.
— Você não precisa trabalhar. Se não quiser, pode voltar a estudar ou se aprimorar em algo.
— Mas eu quero. Sinto-me bem trabalhando. Quando termino um vestido e vejo que o resultado de meu esforço foi compensatório, fico mais segura em relação a minhas potencialidades. Mas, talvez faça um curso de especialização em moda.
— Bem, se é assim que você quer... — Ele cedeu. — Quanto à adoção, acho que devíamos conversar sobre isso com as crianças. Preciso ter certeza de que é isso que eles desejam.
— Aposto com você que não vai nem ter chance de iniciar o assunto... — Ela comentou, sorrindo.
— Como assim?
— A primeira coisa que vão querer saber é se você será o pai deles. Depois vão atormentá-lo para lhes dar dois cachorros e um gato.
— Ah, ótimo! Mas onde vamos colocar três crianças e dois cachorros, mas um gato?
— Alessandro, nós podemos ficar no chalé? Eu acho aquele lugar tão aconchegante... —
Ela pediu, beijando-lhe o nariz.
— Por que não? Posso até dividir meu armário com você. Mas podemos expandir a minha casa. Vou usar os teremos que adquiri a frente.
— Isso é tudo o que eu vou ganhar? Uma parte de seu armário? Espera os lotes em frente a sua casa, são seus?
— E o lado que você escolher da cama também... — Ele respondeu, com um olhar sedutor. — Vamos construir uma casa bem maior, expandir o nosso jardim. Talvez fazer um pomar para os nossos filhos, uma casa na árvore ou quem sabe um mini parque para eles e...
— Amor, qualquer coisa que você fizer para eles vão os deixá-los felizes.
Della fechou os olhos, sentindo novamente a excitação apoderar-se de seu corpo.
Alessandro murmurou seu nome e baixou a cabeça para tocá-la com a boca quente e úmida, enquanto a puxava para mais perto de si. Della entreabriu os lábios, respondendo ao beijo com paixão.
— Opa! Bem, bom dia para vocês. Estou a caminho do banheiro e garanto que sou totalmente cega antes de tomar meu banho matinal, e sou completamente surda antes do café da manhã.
Alessandro começou a rir e virou-se para Generosa, que atravessava a cozinha em direção ao banheiro.
— Bom dia, Generosa.
— É um pouco cedo para uma visita, não acha? — A adolescente comentou provocativa.
— E é um pouco cedo também para ouvir insolências de adolescentes rebeldes. — Alessandro revidou, fazendo uma careta bem-humorada.
— Será que isso significa que eu vou ter de ajudar a fazer algumas modificações na sua casa daqui a alguns dias?
— Certamente.
— Então talvez seja uma boa hora para eu reivindicar um quarto; só meu. Sabe eu quero um contrato vitalício, assim vocês dois já garantem os meus serviços para os seus futuros filhos. E que tal um aumento de salário?
Alessandro apertou os olhos, fingindo estar considerando a idéia.
— Bem, já que você é a primeira a fazer tal pedido, acho que é possível negociarmos.
— Ótimo. Não quero passar o resto de minha vida dormindo no meio de uma sala de estar. De lá a gente ouve os menores ruídos, até mesmo respirações ofegantes. Recomendo colocarem isolamento acústico no quarto.
Com o rosto enrubescido, Della lançou um olhar de repreensão à garota. Alessandro, porém, dirigiu-lhe um sorriso.
— Nós estávamos com respiração ofegante? — Ele indagou, rindo quando Della escondeu o rosto em sua camisa.
Generosa parou à porta do banheiro e fitou-o com uma expressão marota.
— Não fui contratada para fazer esse tipo de observações. Mas Alessandro, você não tem um irmão ou um primo para me apresentar, não?...
— Sinto informar que sou o caçula da minha família e os meus primos estão todos casados.
— Droga eu nunca dou sorte mesmo!... — Ela voltou a sorrir e entrou no banheiro.
Alessandro baixou os olhos para Della e acariciou-lhe as costas.
— Vou ter de largá-la agora, mesmo contra minha vontade. Estou ouvindo a voz dos meninos. — Ele lhe deu um último beijo e afastou-se com alguma relutância. — Talvez seja melhor eu ir para casa fazer a barba e dar um jeito nos meus cabelos.
— Fique, Alessandro. Se um dia você conseguir tirar Generosa do banheiro, há lâminas de barbear no armário e, se quiser, pode tomar um banho.
— Quente?
— Sim, meu amor, um banho quente.
Demétrio foi o primeiro a aparecer na cozinha e parou com um largo sorriso no rosto ao ver Alessandro.
— Ei, Régis! Alessandro está aqui!
Régis veio correndo, com o pijama meio vestido e o cabelo em total desalinho.
Arregalou os olhos e fitou o irmão, o qual lhe respondeu com um rápido levantar de ombros.
— Por que você veio aqui? — Ele perguntou a Alessandro. — Veio tomar café conosco? Ou voltou a namorar a nossa mãe?
Alessandro recostou-se a pia e colocou o braço nos ombros de Della, puxando-a para junto de si.
— Eu vim falar com sua mãe e vou ficar para o café. E também voltamos a namorar sim! Os dois não vão exigir que eu peça a mão de sua mãe em namoro?
— Somos crianças e nossa opinião não vai mudar o que a minha mãe sente por você. Disse Demétrio pensativo. — Nós dois só queremos que você a faça feliz e cuide de nossa irmã.
— E vocês, eu posso cuidar também?
Demétrio os examinou com um olhar desconfiado e passou a mão pelo cabelo.
— Você vai se casar com a mamãe?
— Vou, Demétrio.
— Você vai ser nosso pai? — Régis indagou, com os olhos brilhando de entusiasmo.
Alessandro deu uma risada para Della e voltou sua atenção aos meninos.
— Vou tentar. Pois eu também preciso aprender a ser um pai, por isso, conto com a ajuda dos dois.
— Grande! E podemos ter dois cachorros?
— Sim, vocês podem ter dois cachorros!... — Alessandro respondeu, abraçando Della com mais força.
— Oba! Dois cachorros! Que nome vamos dar para eles, Demétrio? — Régis nem deu tempo para o irmão responder e já tinha outra pergunta engatilhada. — Você vai nos ensinar a dirigir caminhão?
— Talvez. Mas isso só quando tiver idade.
Régis deu um pulo de alegria e saiu correndo para a sala. Demétrio continuou fitando Alessandro com uma intensidade que não condizia com sua pouca idade.
— Nós vamos ser seus filhos agora?
Alessandro tirou o braço dos ombros de Della, caminhou até o menino e abaixou-se em frente a ele.
— É o que mais desejo sim, Demétrio. Quero que sejamos uma família de verdade, isto é, se vocês também quiserem assim. Você me aceita como o seu pai?
Esforçando-se para se comportar como adulto, Demétrio continuou encarando Alessandro com firmeza.
— Vocês vão ter mais filhos e...
— Se Deus nos abençoar, sim, teremos e iremos amá-los tanto eu os amo agora. Todos seremos uma família e você vai me ajudar a cuidar de todos. Pois você será meu primogênito, meu herdeiro. Demétrio, você aceita usar o meu nome? Aceita ser um Montserrat?
— Sim, é assim que eu quero. — De repente, Demétrio deixou escapar um soluço e abraçou Alessandro. — Eu quero isso mais do que tudo.
Emocionado, Alessandro fechou os olhos e apertou o menino de encontro a si.
— Eu também, Demétrio.
Régis reapareceu na porta trazendo uma Nádia sonolenta pela mão.
— Olhe Nádia! Eu não lhe disse? Alessandro está aqui e vai ser nosso pai. Nós vamos morar todos juntos e ele vai nos dar dois cachorros.
Nádia olhou para Alessandro com uma expressão de incredulidade. Mas, quando ele lhe estendeu a mão, seu rosto se iluminou e ela correu para o abraço. Della nunca esperara presenciar tal demonstração de confiança por parte da filha e mal podia disfarçar o alívio.
Alessandro jamais rejeitaria o amor e o carinho de Nádia.
— É verdade, Alessandro? — Nádia perguntou.
— É, sim, querida.
Com um grito de entusiasmo, Régis juntou-se aos irmãos no abraço de Alessandro. Della tinha os olhos tão cheios de lágrimas que já não conseguia enxergar.
Alessandro virou-se para trás e estendeu-lhe a mão.
— Venha, Della.
Ele a acolheu junto a si e envolveu toda aquela família, que agora também era dele, num abraço afetuoso e protetor. Della sentiu que, naquele instante, os pedaços de sua vida juntavam-se numa unidade perfeita.
O café da manhã foi barulhento e animado. Combinaram um jantar de comemoração naquela noite que incluiria a família Mendonça e Generosa. As crianças estavam tão excitadas que foi difícil tirá-las de casa, mas por fim Della conseguiu mandar os meninos para a escola.
Nádia foi passar a manhã com Domingas.
Assim que fechou a porta, Della virou-se para Alessandro com um sorriso.
— Espero que você esteja preparado para ver as novidades espalhadas pela cidade até á hora do almoço.
— Quer dizer que ainda temos tempo para uma comemoração íntima?
— Se Domingas Mendonça não chegar aqui antes...
— Então é melhor decidirmos rápido em que quarto; vamos comemorar ou prefere na sala mesmo. — Ele sugeriu, com um olhar provocante e sensual.
— No seu.
— Certo, vamos embora. — Ele pegou o casaco e a chamou em direção à porta.
— Alessandro! — Della levou a mão à boca, como se de repente houvesse lembrado algo importante.
— O que foi?
— Esqueci de tomar precauções ontem.
— E quais eram as probabilidades de você engravidar? — Ele indagou, fitando-a
com seriedade.
Della o encarou com uma expressão impotente, desejando poder dar uma resposta mais satisfatória.
— Muitas.
Ele ficou pensativo por um instante e, então, sorriu e afagou-lhe os cabelos.
— Bem, se eu resolvi dar o mergulho, que seja até o fundo então...
— Tem certeza, Alessandro?
— Tenho. — Ele a abraçou com força de encontro ao peito. — Tudo isso há assusta um pouco?
— Não, agora não. Eu sei que você vai estar sempre á meu lado. Alessandro, agora eu sei o que é confiar em alguém.
Ele segurou o queixo de Della e beijou-a com carinho.
— Isso era tudo o que eu queria ouvir de você.
Della fechou os olhos, desfrutando o calor do abraço de Alessandro. Ao fundo, as badaladas melodiosas do relógio de sua avó no silêncio, como que abençoando o amor.
Fim
3298 Palavras
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