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Capítulo 2

Que o medo de cair mais uma vez não te impeça de viver mais uma linda história de amor.

Durante os dois dias seguintes, Della trabalhou desde as primeiras horas da manhã até o entardecer para limpar o pó e o mofo acumulados há meses sobre o excesso de mobília envelhecida e encontrou até uma família de ratos instalada no galpão. Entre gritos de susto e risadas histéricas conseguiu ir limpando tudo.

Cada vez que mexia nas coisas descobria uma nova preciosidade: uma caixa com velhas fotografias de família; um porta-jóias forrado de veludo e cheio de peças antigas; alguns móveis belíssimos e valiosos para colecionadores; um relógio de pêndulo feito à mão.

Porém, o tesouro mais inacreditável foi o armário na pequena sala de jantar. Lá, encontrou um aparelho de jantar completo de porcelana antiga, algumas lindas peças de cristal, um aparelho de chá de prata e, na última gaveta, escondidas sob uma toalha de linho, todas as cartas que ela escrevera para a avó. Della sentou-se no chão com a pilha de envelopes sobre o colo, enquanto as lágrimas deslizavam-lhe pela face. Daria qualquer coisa para ter tido a oportunidade de, ao menos uma vez antes que a avó morresse, dizer frente a frente o quanto a amava. Agora, só lhe restava acreditar que Doralice sabia disso, mesmo sem o auxílio das palavras.

Apesar do cansaço e dor nas costas causadas pela arrumação da casa, o que mais preocupava Della era o rápido consumo de sua reserva de dinheiro. A Sra. Valverde a contratara para trabalhar duas vezes por semana e ela conseguira inscrever-se para serviços ocasionais no hotel, mas o que ganharia não seria suficiente nem para as compras na pequena mercearia da esquina. Precisava de outro emprego. Todas as vezes que pensava nisso, o que ocorria com uma frequência desesperadora, experimentava uma sensação de pânico.

Della sentia-se mais pressionada do que nunca no dia em que foi conversar com o advogado.

Precisava arranjar uma babá para as crianças, tendo ou não condições financeiras para isso, pois não achava justo continuar dependendo da boa vontade de Domingas por muito tempo. Mas como faria para pagar? Outra grande soma de dinheiro fora gasta há pouco para instalar um telefone e suas economias iam acabando depressa. Após comprar mantimentos e outros produtos de que necessitava para a casa, ficara com pouco menos de dois e oitocentos reais no bolso. Se controlasse com cuidado cada centavo gasto, poderia manter a família por mais umas seis semanas, caso não houvesse nenhum imprevisto.

— Sra. Giacinti, o Sr. Almonte vai recebê-la agora. — Avisou a secretária.

Tensa, Della pegou a bolsa e dirigiu-se ao escritório que a secretária lhe indicava. O homem magro que se encontrava parado junto à escrivaninha abarrotada de papéis levantou-se ao vê-la entrar e estendeu-lhe a mão com um sorriso amistoso.

— Sou José Luis Almonte. Seja bem-vinda à nossa cidade. Fico feliz por ver que o desejo de sua avó acabou se tornando realidade. Doralice sempre quis que você viesse morar aqui; vivia dizendo que este era o melhor lugar para você criar sua família.

— Acho que vovó tinha razão. Acredito que iremos ser muito felizes aqui. — Se não morrermos de fome antes, ela acrescentou para si própria.

— Ótimo. Faço votos para que tudo dê certo. — Ele soltou a mão de Della, indicou-lhe uma cadeira e sentou-se também. Depois afrouxou a gravata e abriu uma pasta que se encontrava à sua frente. — Vou colocá-la a par dos fatos. Você é a única herdeira dos bens de Doralice Ramos, de acordo com o testamento que ela deixou. A escritura da casa foi passada para seu nome e isto é tudo. — Ele franziu a testa ao examinar um documento manuscrito de duas páginas que retirara de uma das pilhas de papéis. — Você era filha única?

— Era a única neta de minha avó. Ela teve duas filhas gêmeas, mas uma morreu logo após o nascimento. Mamãe faleceu quando eu era muito pequena e papai casou-se novamente dezesseis anos atrás. Tenho dois meio irmãos.

— Ah, sim. Agora eu me recordo. Parece-me que Doralice não se entendia bem com sua madrasta, não é?

— Essa é uma maneira muito branda de se colocar a situação. Carlota sabia ser bastante... Fria e egoísta. — Della respondeu, concluindo que ela também amenizara a realidade. Carlota era uma verdadeira bruxa má.

— Você tem algum contato com ela?

— Não a vejo há cinco anos, desde o enterro de meu pai. Nós nunca nos demos muito bem. — Della baixou os olhos, sabendo que continuava abrandando a situação.

Provavelmente Carlota havia sido o fator mais importante em sua decisão de casar-se tão cedo, mais até do que a gravidez inesperada. Fora uma maneira de fugir do ambiente pesado de sua casa, das intermináveis brigas entre seu pai e a madrasta. O casamento deles fora um pesadelo, do início ao fim.

José Luis recostou-se na cadeira e cruzou os braços, fitando Della com ar especulativo.

— E seus meio irmãos? Você tem notícia deles?

— Não. Nem sei por onde andam.

— Ótimo. — Ele sorriu; visivelmente satisfeito com as respostas que obtivera. — Sua avó tinha algumas preocupações em relação a eles e a sua madrasta. Segundo palavras de Doralice, eles não passavam de sanguessugas e ela queria ter certeza de que não se aproveitariam de você ou de sua situação aqui. — Ele tornou a juntar os papéis e fechou a pasta. — Bem, isto era tudo que eu tinha a lhe dizer. Tem alguma dúvida quanto ao testamento?

— Não, suas cartas foram muito claras. — Della baixou os olhos, com um súbito aperto na garganta. — Quero lhe agradecer pelo que fez por minha avó. O fato de saber que o senhor estava por perto para cuidar de tudo deu a ela muita paz de espírito no fim da vida.

— Foi um prazer. Doralice Ramos era uma mulher extraordinária. — Ele ficou pensativo por alguns instantes, como que perdido em alguma lembrança vaga ou incompleta, então bateu as mãos sobre a escrivaninha e levantou-se. — Se tiver mais alguma pergunta ou se eu puder ser-lhe útil de alguma forma, telefone. Esmeralda tem alguns documentos para você assinar e... Ah, sim, há a questão do dinheiro que sua avó tinha no banco. Esmeralda cuidará disso também; ela está com a lista de todas as despesas do inventário. Pelo que me recordo, não sobrou muita coisa. Creio que cerca de quase dois mil reais.

Quase dois mil reais! Para Della, aquele dinheiro era muito importante e ela esforçou-se para não deixar transparecer a sensação de alívio. Juntando com os outros dois mil reais e oitocentos que lhe restavam, teria reservas para aproximadamente dois meses se apertasse um pouco as coisas. Nesse meio tempo poderia encontrar algum emprego. Com isso, adiava um pouco mais o momento de enfrentar um futuro que lhe parecia assustador.

— Ah, mais uma coisa! — Disse o advogado no momento em que ela abria a porta para sair. — Todas as contas pendentes foram pagas, mas os impostos sobre a casa vencem no próximo mês. Você poderá verificar a situação com a Sra. Amélia Tebet, no escritório imobiliário.

Della sentiu o estômago revirar. Nem mesmo pensara em taxas.

— O senhor sabe qual a quantia aproximada?

— Não sei ao certo. Por volta de dois mil e quinhentos ou três mil e pouco reais. Não deve ser mais do que isso.

Dois mil e quinhentos reias ou três mil reais! Como iria dispor de todo esse dinheiro? Chocada, ela forçou uma expressão impassível e procurou sorrir.

— Obrigada novamente, Sr. Almonte.

— Às suas ordens. Fale com Esmeralda antes de sair e assine os papéis.

Della saiu da sala com dificuldade para respirar. Onde conseguiria tanto dinheiro assim? Ela não poderia usar o dinheiro que seria para alimentação de seus filhos.

Descobriu mais tarde que a quantia exata era três mil e trezentos e trinta quatro reais, a serem pagos até o dia primeiro do mês seguinte, isto é, dali a dezessete dias. O rosto de Della estava sem cor ao deixar o escritório imobiliário. A Sra. Tebet deixara bem claro que deveria pagar a quantia total; não aceitariam parcelamento algum. Queriam tudo, dentro de dezessete dias. O choque foi cedendo aos poucos e, ao chegar ao caminhão, Della sentia-se à beira das lágrimas. Abriu a porta, esforçando-se para controlar o desespero. Como iria arrumar todo aquele dinheiro?

— Ei, moça, sabe que está com um pneu furado?

Della virou-se na direção da voz. Três homens vestidos em roupas de trabalho haviam acabado de sair do café e estavam parados na calçada. Um deles indicava o pneu traseiro da direita.

Um quarto homem saiu do prédio e juntou-se aos demais. Mesmo sem fitá-lo, Della podia sentir seus olhos sobre ela. Sentindo-se constrangida, desceu do caminhão e deu a volta no veículo para verificar o estrago.

— Se tiver um macaco, posso trocar o pneu para você. Não vai demorar nem cinco minutos. — Ofereceu o homem mais velho, que a alertara para o problema.

Della virou-se para responder, mas sem querer seu olhar se prendeu ao do homem que se juntara ao grupo por último e ela sentiu-se ainda mais tímida e embaraçada. Ele aparentava trinta e poucos anos; era alto, vigoroso, com um rosto forte e másculo. Mas Della mal reparou no físico dele. O que a impressionou de fato foi à intensidade magnética daquele olhar. Nunca experimentara algo parecido com a sensação atordoante de fitar aqueles olhos claros. Ela estremeceu com o estranho arrepio que lhe percorreu a espinha.

Sua momentânea paralisia foi abalada quando o rapaz mais jovem do grupo, que devia ter uns vinte anos, disse algo em voz baixa que levou dois de seus companheiros a rirem. Ele estava olhando para Della e ela logo soube, pela maneira como o rapaz a observava, que havia feito algum comentário malicioso. Ruborizada, Della sentiu-se numa espécie de flashback: reviu os colegas de rodeio de Estevão aparecendo em sua casa uma madrugada, dirigindo-lhe comentários grosseiros e sugestões obscenas, enquanto Estevão permanecia deitado no sofá, o chapéu sobre os olhos, excitando-se com as investidas dos vaqueiros bêbados sobre sua esposa. Isso acontecera duas semanas antes de ele morrer e Della nunca se esqueceria de como se sentira envergonhada.

De repente, experimentava de novo a mesma terrível sensação. Com tantos problemas na cabeça, aquilo era mais do que podia suportar. Procurando conter as lágrimas de humilhação, apertou os lábios e abriu o capô do caminhão.

— Posso cuidar disto sozinha, obrigada. — Ela disse, friamente.

— Isso não é trabalho para uma mulher bonita como você.

Ela virou-se para o homem mais velho, trêmula de indignação.

— O problema é meu e posso muito bem trocar este pneu, sozinha.

O homem dos magnéticos olhos azuis a encarou com uma expressão tão dura que fez Della estremecer. Era evidente que ficara muito zangado com a atitude dela.

— No caso de você não ter notado, a oferta de Ezequiel foi um ato de cortesia. Ele não teve qualquer intenção de ofendê-la. Mas se você está preocupada em defender ideias feministas, então se vire! — Ele ajeitou o boné na cabeça e voltou-se para os companheiros. — Vamos embora.

Enquanto os homens se afastavam, Della mirava fixamente um ponto de ferrugem na lataria do caminhão, os olhos nublados de lágrimas. Sabia que havia agido como uma tola. Interpretara a situação de forma totalmente errada e acabara recebendo o troco.

Tinha vontade de apoiar a cabeça nas mãos e chorar. Não aguentava mais tanta pressão.

Queria desistir de tudo, parar de angustiar-se a cada dia com a incerteza de não saber como sustentar os filhos. Sentia-se arrasada e tinha ímpetos de abandonar aquela luta desesperada pela sobrevivência, mas sabia que não podia fazer isso.

Apertando os lábios com força, enxugou lentamente as lágrimas. Depois, arregaçou as mangas da blusa e pegou o macaco dentro de seu automóvel.

Della parou junto à porta, com uma xícara de café na mão, recebendo no rosto os primeiros raios de sol da manhã que mal começara. A cidade ainda estava silenciosa e ela permaneceu vários minutos observando o céu escuro clarearem num azul-pálido, enquanto as nuvens no horizonte tingiam-se de vários tons, do laranja à púrpura. Era tão lindo o alvorecer!

Ela suspirou e levou a xícara até os lábios. Passara metade da noite fazendo contas, tentando achar uma solução para o problema do imposto, mas a situação não lhe oferecia muita esperança.

Qualquer possibilidade que examinasse, desde vender algumas das coisas da avó até cortar despesas, á levava a um fato que era evidente: não podia mais manter o caminhão. O seguro venceria em dois meses, os gastos com combustível não cabiam em seu orçamento atual e os freios necessitavam de regulagem. Vender o veículo seria uma atitude sensata e necessária. Não gostava da ideia, mas não tinha outra escolha.

Ela afastou o cabelo do rosto e apoiou a cabeça na madeira fria da porta, com uma expressão desolada no olhar. Precisava estar sempre lembrando a si mesma os aspectos positivos de sua situação: a casa estava paga, as crianças tinham saúde e ela era capaz de trabalhar duro. Poderia ser pior.

Admirou o nascer do sol por mais alguns momentos e, então, seu olhar desviou-se para a rua tranquila. A casa de sua avó era muito bem localizada. A rua em frente à propriedade já fizera parte de uma auto-estrada, e, desde que a nova rodovia fora construída havia alguns anos, tornara-se a principal via de acesso à cidade. Não havia muitos sinais de desenvolvimento na região, dali à estrada de ferro sendo construída: uma oficina reformada que exibia uma grande placa com os dizeres Alto Peças Veículos, um posto de gasolina, a estação ferroviária e um grande prédio que pertencia a um comerciante de implementos agrícolas. Mais para adiante, do outro lado dos trilhos, erguiam-se quatro enormes elevadores para grãos, que abasteciam os trens a caminho dos mercados consumidores. a cidade vivia mais da produção de soja atualmente.

Della começava a se identificar com Alexandria, uma típica cidade do sudoeste brasileiro, com a maior parte de sua economia baseada nas prósperas comunidades agrícolas que a cercavam. Era um lugar pequeno, com uma população gentil e hospitaleira, e contava ainda com a vantagem de ser próxima a uma cidade grande: Alfenas ficava a apenas uma hora de viagem de carro, na direção sul de Minas Gerais.

As montanhas localizavam-se a pouca distância, e a paisagem da região era inacreditavelmente bela.

Uma vantagem extra era o fato de a casa ficar nos limites da cidade, com apenas duas outras residências ao norte dela. Nos fundos da propriedade havia uma depressão no terreno que formava uma divisão natural entre a cidade e os vários hectares de terra desabitada. Diversas árvores cresciam ao longo da borda daquele descampado e, no fundo dela, entre moitas de vegetação rasteira, típico do serrado, corria um fio de água, serpenteando sobre um leito rochoso. Algumas cavernas e cachoeiras...

Uma trilha estreita levava à propriedade do outro lado, e fora durante uma caminhada no primeiro dia em Alexandria que Della descobrira uma pequena casa de madeira meio escondida entre as árvores. Quando percebera que o local era habitado, decidira não avançar mais, embora se sentisse tentada. Era um lugar retirado e pitoresco, onde as plantas cresciam sem serem molestadas e flores silvestres espalhavam-se exuberantes. Havia também um pequeno lago, com suas águas cintilando ao sol quando a brisa suave lhe agitava a superfície. Della ia com frequência à aquele descampado com os filhos e, enquanto as três criança brincavam, ela ficava sentada durante longos e silenciosos minutos sob uma enorme árvore, desfrutando a paz e a tranquilidade que encontrara ali.

Gostava de ir para lá principalmente ao alvorecer, quando o sol começava a surgir no céu e o lago ensombreado refletia as plantas molhadas de orvalho. Para ela, aquele ambiente era pura mágica. Seus filhos amam observar os patos e seus filhotes sobre a água.

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