Capítulo 13
Que o medo de cair mais uma vez não te impeça de viver mais uma linda história de amor.
Della fitava os números no painel do elevador e, inconscientemente, apertou a mão de Alessandro.
Numa atitude protetora, ele a puxou para sua frente, colocando-se entre ela e as demais pessoas. Della continuava olhando para diante, lutando contra a vontade de virar-se para ele e aquecer-se em seu abraço. Tinha as pernas moles e o coração batia com tanta força que parecia querer pular do peito.
O elevador parou e Alessandro a segurou pelo braço, deixando outras duas pessoas descerem na frente. Saíram, então, no corredor e Della o acompanhou em silêncio até a porta do apartamento.
Tudo parecia estar acontecendo tão depressa que ela mal tinha tempo de raciocinar.
Assim que entraram no quarto, Alessandro fechou a porta e tomou-a nos braços. Della não pôde abafar um gemido quando, finalmente, após a longa agonia de espera, seu corpo uniu-se ao dele.
Nenhum dos dois disse nada. Apenas ficaram abraçados, desfrutando o alívio daquele contato.
— Eu não sei o que teria feito se você não pegasse aquela chave. — Alessandro murmurou, enfiando os dedos entre os cabelos dela.
— Alessandro...
— Não diga nada. — Ele a beijou no pescoço e apertou-a com mais força. Della fechou os olhos, enquanto sentia a mão de Alessandro lhe acariciando lentamente as costas.
Por fim, com evidente relutância, ele a soltou. — Há um robe no banheiro. Esperarei por você aqui.
— Alessandro...
— Não, Della, por favor. Faça como eu digo.
Ela o fitou por um instante, incerta. Então, virou-se e entrou no banheiro. Suas mãos tremiam tanto que teve dificuldade para se despir e colocar o robe. Desejava-o mais do que tudo na vida, mas não sabia se teria coragem de sair e enfrentá-lo. Sentia-se apavorada, com receio de decepcioná-lo, mas, ao mesmo tempo, precisava tanto dele que a necessidade tornou-se mais forte que a insegurança. Della abriu a bolsa e tirou o pacote da farmácia. Não havia mais volta.
O quarto encontrava-se na penumbra e Della entrou em silêncio, com o coração disparado.
Viu Alessandro deitado de bruços sobre a cama, com o rosto virado para o outro lado. A luz tênue iluminava seus cabelos escuros e as costas nuas; a tensão era visível nos músculos rígidos dos ombros.
Ele só se moveu quando Della sentou-se na cama e soltou o cinto do robe. Alessandro a puxou para junto de si e Della não opôs resistência. O prazer que sentia era tão intenso que quase se transformava em dor.
— Parece que esperei por isto a vida inteira. Espero que tenha gostado da camisola e do robe que lhe comprei. — Ele sussurrou, enquanto sua mão percorria as costas dela numa longa e ardente carícia. Depois, procurou-lhe os lábios para um beijo úmido e quente que dissipou todas as dúvidas que ainda pudessem existir na mente de Della.
Ela gemeu, sentindo o corpo todo reagir ao contato íntimo com a pele nua de Alessandro.
— Ah, Alessandro, eu preciso de você. Agora.
Della moveu-se de forma e se colocar sob ele. Deslizou a mão entre seus corpos, seguindo o impulso de explorá-lo por inteiro, e surpreendeu-se ao perceber que ele tomara precauções para ter certeza de que ela não correria riscos, ele mesmo havia colocado o preservativo. O fato de saber que Alessandro se preocupava com ela a tal ponto a emocionou de forma inesperada e inflamou-lhe ainda mais o desejo. Sem poder esperar mais, ela o guiou para dentro de si.
Com um gemido, Alessandro segurou-a pelos quadris e impôs um ritmo cadenciado ao movimento dos corpos. O calor foi envolvendo a ambos numa espiral de tensão e prazer até que, abraçados, uniram suas vozes em um grito uníssono de satisfação. Alessandro a apertou, convulso, enquanto violentos tremores lhe agitavam o corpo. Depois, já sem forças, caiu sobre ela sem deixar de abraçá-la, como se não pudesse soltá-la nunca mais.
Vários minutos se passaram antes que ele rolasse para o lado de Della e lhe apoiasse a cabeça sobre o ombro. Virou-se para ela e procurou-lhe os lábios para um beijo suave e morno.
— Della Giacinti, você superou até mesmo minhas expectativas mais loucas. Seja fazendo sexo ou fazendo amor, você é espetacular.
— Isso é bom ou mau? — Ela indagou ansiosa.
— É bom, claro. É muito bom.
— Aceito qualquer nota acima de satisfatório. — Della murmurou, acariciando-lhe o pescoço.
— Minha nossa, eu acho que nunca fiquei tão satisfeito em minha vida. — Ele manteve-se alguns minutos em silêncio, fitando o teto. Então, encarou-a com uma expressão séria.
— Della?
— O quê?
— O que você estava pensando no restaurante um pouco antes de eu sair da mesa?
Ela focou a atenção nos movimentos da própria mão enquanto a deslizava pelo ombro de Alessandro. Por fim, desviou os olhos e o fitou.
— Acho que não estava pensando em nada. Desejava tanto você que nem conseguia pensar.
— Esperei que fosse isso. Você parecia perturbada.
— Perturbada é pouco.
— Você estava com um pouco de medo também, não estava?
— Sim.
— Por quê?
— Porque eu me sentia insegura e inexperiente. Sei que fizemos sexo aquela noite várias vezes, mas eu me sentia estranha. Não sei explicar por que... — Ela confessou, evitando encará-lo.
— Eu não lhe pedi uma longa lista de referências.
— Mas eu... Eu me achava tão incompetente sexualmente.
— Não tem motivo nenhum para isso. Você possui um ardor, uma vitalidade que agradaria a qualquer homem. Della, você me deixou louco de desejo e não sei o que eu faria se você não quisesse ficar comigo esta noite.
— Você não corria esse risco. — Ela murmurou, sorrindo.
— É disso que eu gosto. Uma mulher disposta a satisfazer meus pequenos caprichos.
— Não abuse da sorte. — Della ficou séria de repente e fez uma pausa antes de tornar a falar, com evidente timidez. — Alessandro?
— Sim?
— Obrigado por... Por ser cauteloso esta noite. Isso é muito importante para mim. Ele a encarou sorrindo e beijou-a de leve.
— Não precisa me agradecer. Eu seria um idiota se não fizesse isso.
— Bem, obrigada da mesma forma.
Alessandro começou a afagar os cabelos de Della e ela fechou os olhos, saboreando a sensação hipnotizante. Estava quase adormecendo quando ele tornou a falar, com um tom de raiva na voz.
— O que ele fez a você para que se sentisse tão insegura?
Pega de surpresa, Della abriu os olhos e não encontrou resposta de imediato. Por fim, levantou o corpo e apoiou-se sobre o cotovelo. Tinha o rosto pálido e uma expressão de súplica no olhar.
— Não quero pensar nessa parte de minha vida, Alessandro. Pelo menos, não nesta noite.
— Della, meu anjo... — Fitando-a com ternura, ele a beijou de leve e acariciou-lhe o pescoço. — Eu percebo muito do que acontece com você. Vejo desespero, amargura, e isto me preocupa. Mas o que de fato me impressionou esta noite foi perceber o quanto estava apavorada. Você não tem nada a temer, Della. É uma mulher maravilhosa e eu vou fazê-la acreditar nisso. Vou fazer você perceber o quanto é uma mulher sexy e poderosa.
Havia tanta sinceridade nas palavras de Alessandro que Della se comoveu. Fazendo força para conter as lágrimas que de repente surgiram em seus olhos, ela sorriu e tocou-lhe o rosto com a mão trêmula.
— Tudo o que importa é que você acredite nisso, Alessandro.
Ele a beijou com ardor, querendo transmitir-lhe toda sua emoção. Sussurrando-lhe o nome, puxou-a para junto de si e foram lançados em outra dimensão quando a chama da paixão voltou a consumi-los.
Della despertou ainda sonolenta, mas percebeu de imediato a ausência do calor e da segurança dos braços de Alessandro em torno de si. Espreguiçou e abriu os olhos devagar.
As cortinas pesadas não haviam sido abertas, mas Alessandro encontrava-se de pé junto à janela, fitando o exterior através de uma fresta do tecido, com uma das mãos apoiada no quadril. Havia vestido a calça e tinha uma toalha no pescoço; os cabelos estavam úmidos do banho recente. O seu rosto, de perfil, revelava uma expressão tensa e rígida.
Era evidente que se encontrava zangado.
Della sentiu um aperto no peito, sem saber o que havia acontecido para deixá-lo daquele jeito.
Enrolou o lençol no corpo nu e levantou-se da cama. Ao perceber o movimento, Alessandro virou-se e a encarou.
— O que foi Alessandro? — Ela indagou hesitante.
— Nada.
— Como não? Posso ver no seu rosto que há algo errado. — Della aproximou-se dele, cheia de receio.
— É um problema meu. Parece que não estou conseguindo lidar muito bem com ele.
O tom frio da voz de Alessandro intensificou o medo de Della e ela empalideceu.
— Por favor, conte-me o que houve.
— É uma bobagem minha Della.
— Pode ser, mas talvez se sentisse melhor se me contasse.
Ele enfiou as mãos nos bolsos e baixou os olhos para o chão, hesitante. Os músculos do pescoço estavam rígidos e tensos. Por fim, após um longo silêncio, ele a encarou.
— Eu acordei com um ciúme terrível esta manhã.
— Ciúme? Por quê? De quem? Eu não compreendo.
— Daquele canalha do seu marido. Comecei a imaginar você na cama com ele, fazendo amor como nós fizemos... — Ele jogou a toalha sobre uma cadeira e desviou o olhar. — Eu lhe disse que era bobagem. Nem eu estou me entendendo agora.
Della estendeu a mão e acariciou-lhe o braço com movimentos suaves e lentos.
— Você não tem motivo para pensar assim, Alessandro. Nunca foi desta maneira com Estevão. O que aconteceu esta noite foi tão novo para mim, tão especial que eu me senti quase como se estivesse renascendo como mulher. — Segurou o rosto de Alessandro, desejando que ele a fitasse. — Estevão nem queria sexo comigo. Ele nunca fez amor também. Esta noite, pela primeira vez em minha vida, alguém fez amor comigo, e foi maravilhoso. Fizemos sexo e foi tão prazeroso que eu perdi completamente a minha cabeça, você foi o único a me fazer ter vários orgasmo.
— Ah, Della... — Alessandro a puxou para seus braços e enterrou o rosto nos cabelos castanhos. — Eu não sei por que acordei com isso na cabeça. Sabia que estava sendo irracional, mas não consegui me controlar.
— Não pense mais nisso. Não tem importância.
— Claro que tem importância. Tudo o que se refere a você tem importância. Nunca senti tanta necessidade de alguém como de você ontem à noite. Isso me assustou, Della. Aí eu acordei esta manhã com você deitada a meu lado e tudo parecia estar muito certo, como se você devesse ter estado assim, junto de mim, durante toda minha vida. Eu pensei nos anos que você desperdiçou com ele e... Ah, Della, tive vontade de quebrar tudo. O meu maior desejo, era que até o seus filhos fossem meus!
— Não faça isso, Alessandro... — Ela murmurou, contendo com dificuldade a emoção.
Nunca tivera alguém que se preocupasse com ela daquela maneira. Sentia uma necessidade imensa de confortá-lo, de transmitir-lhe uma segurança que, ironicamente, ela nunca tivera. — Conviver com Estevão foi uma luta contínua. Você me deu mais prazer em uma noite do que eu tive em minha vida inteira.
— Eu compreendo... — Ele assentiu, abraçando-a com mais força. — Mas é difícil não pensar nisso. Como eu gostaria de ter lhe encontrado antes, talvez assim nenhum de nós dois houvêssemos sofrido tanto.
— Ajudaria se eu lhe contasse sobre meu casamento?
— Sim.
Della soltou-se do abraço e beijou-o com ternura.
— Então vamos conversar.
Foi uma conversa difícil para ambos. Era como arrancar um espinho de uma ferida dolorida mas, uma vez que Della se decidira falar, não haveria como detê-la. Com uma expressão impassível, ela lhe contou como era sua vida antes de mudarem para a fazenda a poucos quilômetros da cidade de Alfenas, quando não tinham dinheiro e viviam pelas estradas, viajando de um rodeio para outro. Contou-lhe sobre a fazenda, as horas intermináveis de trabalho, a culpa por não poder dar boas condições de vida às crianças. Contou-lhe sobre às vezes em que Estevão a ridicularizara publicamente por sua falta de habilidade sexual e sobre sua humilhação ao descobrir que o marido tinha um caso com Madame La Rive. Contou-lhe tudo. Até mesmo porque reagira de maneira tão desconfiada na primeira vez em que o vira. Foi uma história longa e dolorosa. Quando terminou, Della sentia-se completamente vazia.
Um silêncio pesado tomou conta do quarto. Alessandro encontrava-se deitado na cama, com as mãos sob a cabeça. Quando Della se aproximou, ele a fez apoiar a cabeça em seu ombro.
— Por que não o deixou? Por que não começou uma vida nova sozinha com as crianças?
— Não sei se um dia conseguirei responder a essa questão. É fácil opinar sobre o que uma pessoa deveria ou não ter feito, mas quando é a gente que está na situação, nada é tão simples assim.
— Você pensou alguma vez em deixá-lo?
— Eu pensava sempre, mas não possuía nenhum lugar para ir, nem dinheiro ou experiência de trabalho. Na fazenda, pelo menos, eu contava com uma casa para morar e um pequeno salário.
— Nunca pensou em recorrer a sua avó?
— Eu não podia. Ela recebia uma pensão muito pequena e sofria problemas de saúde. Além disso, a casa não tinha espaço para alojar todos nós. Ela não teria como nos acolher. Não naquela época. Além disso, eu era muito ingênua no início e acreditava que Estevão poderia mudar pelos filhos.
— Mas ela se preocupava com você.
— Eu não imaginava que ela soubesse que minha situação era tão ruim.
— Ela sabia.
— Ah, Alessandro, eu sinto tanto por não ter podido vir visitá-la! Não queria que ela tivesse sofrido por minha causa.
— Não é bem assim. Ela admirava sua coragem, sua tenacidade. Doralice tinha confiança na sua capacidade de contornar as dificuldades. Ela mesma me dissera um dia, que adoraria que eu a conhecesse pois tinha certeza que nós dois juntos poderíamos ser felizes. e quando eu perguntava por que ela afirmava aquilo com tanta certeza: Ela simplesmente me dizia que era intuição! Dora, era incrível, graças a ela aprendi a me perdoar também.
— Vovó era uma pessoa admirável
— Sabe Della, acho que a muito de Doralice em você. Isso me agrada bastante.
— É mesmo? — Ela murmurou, acariciando-lhe o pescoço.
— Está querendo me provocar?
— Talvez. — Devagar, ela escorregou a mão pelo peito nu de Alessandro.
Ele baixou a cabeça e roçou os lábios nos dela, fazendo-a estremecer. Lentamente, foi aprofundando o beijo até despertar em ambos uma nova onda de excitação. Apertou-a de encontro a si, enquanto suas mãos percorriam todas as curvas do corpo macio de Della. Ela fechou os olhos, abandonando-se às carícias. A magia mais uma vez retornava.
Mais tarde, Della e Alessandro desceram ao salão, para o café, e pararam junto à porta, esperando que lhes indicassem uma mesa. Della mirou-se no espelho do saguão, fez uma careta e levantou a mão para arrumar os cabelos.
— Pare de se preocupar com isso. — Alessandro segurou a mão dela e sorriu. — Você está magnífica.
— Sei que não estou. Não há penteado que pare no meu cabelo!
— Parece que você acabou de sair de uma cama depois de ter diversos orgasmos.
— Alessandro! — Ela sentiu o rosto corar e fez menção de ajeitar o cabelo, mas ele a deteve.
— Deixe assim. Você fica com uma aparência tentadora. Sinto volta de te jogar contra a parede e repetir a nossa primeira noite juntos. — Beijou-a no rosto, e então se virou para o maître que se aproximava para atendê-los. — Uma mesa, por favor.
O desjejum transcorreu num clima tranquilo e íntimo. Tudo estava tão perfeito que Della mal podia acreditar que não sonhava.
Depois de comerem, acertaram as contas na recepção e retornaram ao carro de Alessandro para a viagem de volta a Alexandria. Della surpreendeu-se quando ele lhe passou o volante do automóvel durante parte do trajeto e divertiu-se com a incrível sensação de liberdade que sentiu ao dirigir o potente carro esporte.
Sorrindo viu o quanto ela dirigia bem. Adorando ver a destreza dela ao ultrapassar os carros.
A única coisa que atrapalhou a viagem foi a rapidez com que fizeram o percurso.
Della estacionou em frente a sua casa e olhou para Alessandro, relutante em dar por encerrado aquele dia tão maravilhoso. Uma coisa, porém, a deixou aliviada: não havia ninguém à vista para testemunhar o fato de que ambos estavam chegando com as mesmas roupas com que haviam saído na noite anterior.
Com um suspiro, ela desligou o motor, tirou a chave da ignição e entregou-a a Alessandro. Ele a guardou no bolso sem nenhum comentário.
— Quer entrar? — Ela perguntou hesitante.
— Você quer que eu entre?
— Quero! — Della confirmou, sorrindo.
— Então eu aceito. Estava louco para ouvir esse convite.
Trocaram um beijo breve, com medo de serem observados, e saíram do automóvel.
Della abriu a porta, entrou na sala e jogou a bolsa sobre o sofá.
— Quer um café? — Ofereceu.
— Não, obrigado. O que acha de prepararmos uma cesta de piquenique e irmos até o parque?
— Você não tem de trabalhar hoje? — Della indagou surpresa. Sabia que os caminhões de transporte costumavam rodar bastante nos fins de semana e Alessandro não tinha o hábito de tirar folga em dias de movimento.
— Não neste fim de semana.
— Por quê? — Ela perguntou ansiosa. Pelo olhar de Alessandro, quase podia adivinhar a resposta.
— Porque eu quero ficar com você.
Por um breve momento, ela apenas o encarou, os olhos fixos nos dele. Depois, aproximou-se e se aninhou em seus braços.
— Ah, Alessandro. Que bom que você pode ficar.
Ele a beijou com paixão e as sensações despertadas pelo contato físico transformaram-se num profundo desejo em ambos. Alessandro baixou os lábios até o pescoço dela, enquanto suas mãos lhe acariciavam os seios. Depois levantou o rosto e sussurrou em seu ouvido!
— Parece que o piquenique está temporariamente suspenso.
— Que tal indefinidamente?
— Perfeito...
2963 Palavras
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro