24
A porta do avião foi aberta, exatamente, as cinco e quarenta e três da tarde, no horário local de Wakanda. O sol se punha no horizonte, dourado, por entre as longíquas árvores e o prédios mais próximos, refletindo no Palácio de Cristal e Vibranium de Tchalla, fazendo com que todos que ainda não tinham tido uma oportunidade de ver aquela beleza, olhassem, admirados para o jogo de cores naturais.
Outra coisa em Wakanda que eles puderam perceber era que o ar era bastante diferente. Era tão puro e livre de poluição que, por alguns segundos, eles ficaram levemente tontos. No entanto, a figura de um homem e uma mulher parados bem na frente da rampa que posicionaram para o grupo sair do avião, chamou a atenção deles e Steve e Natasha acharam melhor irem na frente, sendo seguido a seguir por Bucky e Wanda, enquanto Sam foi mais atrás, encarregado de explicar para Stacy, Rebecca, John, Lemar e Sharon o máximo possível sobre o local.
-Majestade! Como vai? - Steve sorriu e perguntou, ao apertar a mão de Tchalla. - Olá, Princesa!
-Olá! - Tchalla retribuiu o sorriso e puxou Steve para um abraço. - Confesso que estou curioso…
-Caramba! - A voz de Shuri interrompeu a explicação de Tchalla, fazendo ele olhar feio para a irmã, enquanto Shuri apontava para Stacy, sem nem disfarçar. - Ela é a Stacy?!
Ficando um pouco vermelha, a mulher pôs o cabelo atrás da orelha e assentiu.
-Ham… Sou, Alteza…
-Não precisa me chamar de Alteza, Stacy! E você deve ser a Rebecca! - Vendo que a morena assentiu, Shuri parou entre as duas e sorriu, olhando para Bucky. - Bem que ele tinha dito mesmo que você era linda, Stacy!
Bucky arregalou os olhos enquanto Tchalla e Sam seguravam o riso.
-Ele disse?!
-Eu disse?!
-Disse!
-Sou o Tchalla.
A voz do homem interrompeu a possível fofoca que Shuri iria fazer e as duas mulheres e o resto do grupo olharam para ele, enquanto Tchalla sorria de leve.
-O Steve me ligou de manhã e informou que temos um problema que já se culminou em três sequestros. Achei que um lugar para ficarem seguros por alguns dias poderia ser o ideial. Fiquem à vontade e o tempo que precisarem! Meus empregados vão mostrar os quartos e vocês são livres para transitar por todos os lugares, comer e beber o que quiserem. Sintam-se em casa! Agora… Preciso falar com a senhorita.
Stacy percebeu que ele apontou para ela e largou o braço de Rebecca, chegando perto dele. Tchalla esticou a mão a ela e depositou um beijo educado e gentil, dizendo:
-Podemos ajudar a Senhorita, Senhorita…?
-Endersen!
-Certo. E eu sei que é desagradável, mas minha irmã precisará revirar um pouco a sua cabeça. No entanto, acho que o Bucky é a melhor pessoa para explicar como funciona o processo e aí, você é livre para decidir se quer ou não seguir em frente. Temos recursos e são avançados. Então…
Stacy assentiu, olhando de lado para Bucky, que tinha acabado de fazer uma careta de tédio em sua direção e erguido uma sombrancelha em desafio ao perceber que Stacy olhava para ele.
Ela esperou o Rei dar as costas e deu o dedo do meio para Bucky, fazendo ele rolar os olhos e murmurar um "Mimadinha!".
-Infantil! - Stacy retrucou, seguindo o grupo quando Tchalla começou a se apresentar para o restante do pessoal.
-Falou a madura!
-Cala a boca!
-Vem calar, Boneca!
-Me chama de Boneca de novo, para ver quem é a Boneca!
-Boneca!
Bucky arregalou os olhos e recuou uns quatro passos, usando Steve de escudo quando Stacy tentou acertar a sapatilha que calçava na cabeça dele, passando a centímetros da orelha de Natasha e fazendo Shuri e Tchalla arregalarem os olhos para os dois, antes de caírem na risada, juntos.
-Meu Deus, Nat! Me perdoa!
-Me diz que você recuperou a memória e por isso que tá batendo nele e eu te desculpo!
Stacy deu de ombros, pulando num pé só e explicando:
-Na verdade, ele estava me irritando!
-Isso não é novidade… - Steve respondeu.
-Acontece que eu não fiz nada!
- Você ficou me encarando com cara de imbecil!
-Meu Deus, mulher! Não pode nem mais olhar para você?!
Sam cutucou Stacy e comentou:
-Cara de imbecil ele sempre teve!
-Cala a boca, Sam!
-Eles são sempre assim? - Tchalla perguntou, parecendo achar a discussão que se seguiu divertida.
No entanto, ele só recebeu um aceno cansado de Natasha, Steve e Rebecca e o grupo continuou a caminhada, sem pressa, aproveitando os últimos raios solares antes que o brilho cobalto da noite em Wakanda desse o ar da graça.
O grupo entrou em um saguão enorme e eles se dividiram logo a seguir: Stacy, Bucky, Shuri e Tchalla seguiram pela direita enquanto o resto passou a seguir a guarda real para a esquerda, mesmo que alguns parecessem ter ficados levemente decepcionados.
O caminho foi um pouco incômodo e desconfortável para Bucky e Stacy, afinal, ele ainda estava envergonhado pela forma que tratou a mulher no banheiro do avião e ela, por ter lembranças de cunho sexual em sua mente, mal conseguia o encarar por mais de três segundos.
A tensão entre eles era sentida, era claro, pelo casal de irmãos na frente e, inclusive, no meio de uma explicação ou duas sobre os lugares que eles passavam, Tchalla e Shuri trocavam alguns olhares cheios de significado, percebendo que tinha algo de estranho.
A competição entre eles, com certeza seria, para ver quem arrancaria a verdade do lobo branco mais rápido.
Então, finalmente, a "clínica" do Palácio apareceu na frente deles e Stacy deixou o queixo cair: Era imaculadamente branca e Limpa, cheia de aparelhos, salas e funcionários.
-Bem… - Tchalla parou na entrada e se virou para dois, alternando o olhar entre eles. - Vocês já conversaram sobre como vai ser o procedimento?
Bucky acenou que sim, embora Stacy tenha hesitado e, rodando uma mecha do cabelo quase branco na mão, ela perguntou, com o tom de voz bastante apreensivo:
-Não tem outra maneira?
-Para eu mexer na sua cabeça com segurança? - Shuri perguntou, negando. - Infelizmente, não, Stacy.
Stacy encarou os próprios pés e suspirou, pondo a mesma mecha para trás da orelha em um sinal claro de nervosismo.
-E se demorar?
-Não vai demorar. - Shuri garantiu, sorrindo para ela. - Eu não conhecia absolutamente nada e não sabia o que estava fazendo quando o Bucky chegou, por isso, levei quase um ano e meio. Mas você?
Shuri andou pelo local, entrando em uma sala enquanto falava e ia direto a uma protótipo de um cerébro colorido.
-Você, eu já sei exatamente em qual área mexer! Além disso… Parece que não foram muitas seções…
-Eu arriscaria duas. - Bucky analisou, apoiando as costas na parede e assumindo um ar sério. - No máximo do máximo? Três! E já corria o risco do cérebro dela derreter!
Stacy franziu a testa e Tchalla estremeceu, fazendo uma careta. Não parecia uma perspectiva nada agradável.
Stacy, então, se virou para Bucky e, erguendo o queixo, perguntou:
-Isso dói?!
-Não. - Bucky também ergueu o queixo em sua direção. - Não me diz que tá com medinho?
-Claro que não! - Stacy se defendeu, rolando os olhos. - Só achei que como você passou pela experiência, gostaria de dar seu testemunho! Mas talvez, você seja obtuso demais para isso!
Bucky a encarou de cima a baixo e lambeu os lábios, chegando tão perto da mulher que Stacy recuou até bater em uma maca e Shuri segurar a respiração. Então, sorrindo, ele murmurou:
-Medrosinha!
Stacy quase atingiu um soco em Bucky, mas parou no meio do caminho, enquanto ele recuava rapidamente, quando percebeu que tinha plateia.
No entanto, Shuri apenas riu e Tchalla observou os dois discutindo pelo tempo que sua irmã levou para terminar de escrever o que quer que fosse que estivesse escrevendo naquele caderno.
Quando ela ergueu a cabeça, chamou por Stacy e, enfiando um tapa na nuca de Bucky, ela foi até a cadeira, em frente a mesa, e sentou, se sentindo tão agitada e nervosa que quase derrubou uma pilha de papéis e um porta canetas.
-Desculpa!
-Tudo bem! - Shuri piscou para ela e sorriu. - Se cair, eu tenho quem pegue para mim!
Stacy soltou uma risada e tentou se manter neutra. Ou ao menos, o mais neutra possível.
-Então… Você já sabe o procedimento, certo? Vamos colocar você para dormir por um tempinho e ver onde os choques te afetaram e tratar isso assim que você acordar. Certo?
Stacy encarou Bucky, que forçou um sorriso e assentiu para ela, como se estivesse assegurando que ela ficaria bem. Então, ela se virou novamente para Shuri e assentiu. No entanto, a mulher olhava para Bucky, com um sorrisinho no rosto, o deixando vermelho, e por isso, Stacy pigarreou, atraindo a atenção da mulher para si.
-Ah, perdão! Me distraí com as minhas teorias… - Shuri comentou, ajeitando as longas tranças para o lado.
-Nossas teorias, na verdade. - Tchalla corrigiu, sorrindo para Bucky, que estava ao seu lado.
Bucky ignorou os dois e apenas focou em responder quando era questionado sobre qualquer coisa.
Depois de uns quinze minutos de entrevista e mais uns vinte de Stacy contando sobre o que se lembrava (omitindo, claro, a parte do sexo com o Soldado Invernal), Shuri pediu para eles a acompanharem e Stacy tirar o casaco e ficar o mais confortável possível.
Stacy obedeceu e deu a vestimenta, que era uma jaqueta jeans, para Bucky segurar. Porém, ao mesmo tempo, ela engoliu em seco ao ver a câmara de criogênia, assim cp Bucky.
Os dois podiam sentir aquele frio que começava na pele e penetrava sem suas células, até seus ossos. Era desconfortável e muito diferente de passar frio. Era invasivo e se pudesse ter outra escolha, Stacy escolheria não passar por isso de novo.
Mas não era covarde e queria se lembrar. Aquela nuvem acinzentada que cobria praticamente todas as suas lembranças, com exceção de algumas muito especificas, a incomodava e Stacy sabia que ela podia evaporar, mas até lá, ficaria agoniada e se sentindo perdida, fora de si.
Por mais assustador que a câmara fosse, a perspectiva de continuar sem lembrar de nada era mil vezes pior e, quando ouviu que estava tudo pronto, só faltava ela, Stacy hesitou antes de andar e encarou Bucky.
Ele estava sério de novo, quase tenso. A ruga no meio da sua testa indicava o quão preocupado ele estava, mas assim que percebeu que ela o olhava, Bucky suavizou a expressão e ergueu as duas mãos, perguntando:
-Trégua?
-Pode ser…
-Certo! - Bucky soltou o casaco dela e parou na frente de Stacy,
Ele pegou a mão dela com a de verdade e, a seguir, com a de Vibranium, ficando de mãos dadas com Stacy, que parecia incapaz de olhar para ele. Afinal, ela sentia um arrepio gostoso subir por seus braços e se instaurar, quentinho, bem no meio do seu peito.
-Olha para mim, sua chata!
Stacy ergueu o olhar e ficou perdida na intensidade com a qual aqueles olhos azuis intensos a encaravam. Eram lindos, profundos e, mesmo sabendo que quando recuperasse a memória iria acabar se arrependendo desse pensamento, Stacy não conseguiu evitar pensar que tudo que queria era mergulhar de cabeça naquele oceano e se entregar para aquela paixão que sentia.
Quer dizer, uma parte dela sabia que ele não correspondia seus sentimentos e, por isso, estava a afastando desde manhã. Talvez, em algum ponto da sua vida, até tivesse se declarado e ele tivesse a rejeitado, mas por pena, não se mantinha afastado. Era uma possibilidade, não era?
Mas aí…
Aquela lembrança específica de uma noite de sexo… Bem, não era ele. Dava para perceber. E ela achava que também não era ela. Mas por mais que tenha sido carnal, ela sabia que tinha algo dele alí.
Era enlouquecedor e era por isso que ela iria entrar naquela máquina: Porque desde que viu Bucky Barnes entrar no quarto daquela mulher, seu sentimentos estavam confusos e contraditórios, seu coração dizia sim e sua cabeça dizia não. Naquele momento, ela queria esticar as mãos, tocar os lábios e os cabelos dele, o beijar até ficar com a boca dormente…
Mas sabia que ele não ia corresponder e por isso, nem mesmo tentou algo quando Bucky engoliu em seco e, observando suas mãos dadas, constatou:
-Você está gelada.
-É o que normalmente acontece quando estamos nervosos. - Stacy retrucou, no tom de voz mais duro que conseguiu.
-Eu sei. - Bucky rolou os olhos e se afastou um passo quando percebeu que estava perto demais para o seu autocontrole. - Mas juro que vai ser muito rápido!
-Okay.
-E eu, a Becca e o resto do grupo vamos estar aqui quando você acordar, viu? Não se preocupa!
Stacy sorriu e foi como se o peito de Bucky tivesse virado lava quente e derretida enquanto Stacy erguia o queixo e, orgulhosamente, comentava:
-E quem disse que quero ver essa sua cara feia?!
-Vai ser a primeira que você vai ver! - Bucky riu e puxou a mão dela, hesitando apenas um segundo, antes de dar um beijo. - Toma, isso é para você.
Claramente, os dois tinham esquecido da presença do Rei, da Princesa e dos outros quatro cientistas na sala, afinal, estavam presos em sua própria bolha e ninguém tinha coragem de interromper, apesar de Shuri apertar o braço do irmão, o sacudindo com certa força, em expectativa.
Mas ao invés de um beijo, Bucky levou às mãos ao cordão em seu pescoço e tirou a dogtag, passando a corrente pela cabeça de Stacy. Ela o segurou, sorrindo, enquanto Bucky se afastava mais um passo e comentava:
-Me devolve quando acordar.
-Okay. - Stacy também recuou mais um passo e, aos poucos, a bolha de silêncio que tinha se formado ao redor deles. Então, ela olhou uma última vez para Bucky e moveu, devagar, o pescoço em direção a Shuri. - Estou pronta!
Shuri soltou o braço do irmão, claramente decepcionada, trocando um olhar com ele, que também parecia levemente decepcionado, e foi ajudar Stacy a entrar na câmara.
A última visão dela antes de Stacy fechar os olhos e sentir o gelo tomando conta de cada célula do seu corpo foram os olhos azuis de Bucky, a fitando com uma atenção quase total. O casaco dela ainda estava pendurado em seu ombro e, embora aquele não fosse o perfume dela, de alguma forma, também exalava aquele cheiro que ele tanto gostava.
Então, enquanto Shuri ajeitava as coisas e começava a trabalhar, Tchalla apareceu ao lado de Bucky, com as mãos cruzadas nas costas. Sorrindo, ele convidou:
-Quer dar uma volta pelo Jardim, Lobo Branco?
Bucky olhou uma última vez para Stacy e a seguir, assentiu, começando a seguir o Rei para fora da sala.
O caminho até o Jardim da Rainha, cultivado especialmente para a mãe de Tchalla por Tchaka, foi quase silencioso, com pouquíssimas palavras trocadas entre os dois e com assuntos superficiais sendo tocados.
Eles escolheram um banco de pedra para se sentar e, enquanto Bucky deixou o corpo repousar contra o encosto, cruzando braços e pernas, Tchalla perdeu a "pose" de rei e praticamente deitou no banco, abrindo braços e pernas. Os dois observaram uns passarinhos se banhando na fonte na frente deles e sentiram o vento beijando suas faces, enquanto o céu noturno ganhava estrelas brilhantes.
Foi Tchalla quem rompeu o silêncio primeiro, atraindo a atenção de Bucky, ao falar:
-Ela é bonita! Sua irmã também, na verdade.
-Dizem que eu e a Rebecca somos parecidos.
-De fato. - Tchalla sorriu, cruzando os braços sobre o peito. - Mas ela ainda consegue ser mais bonita que você!
Bucky sorriu, de leve, concordando. No entanto, precisou avisar:
-Ela namora, Majestade.
-Ah… - Tchalla riu e esfregou o rosto a seguir, olhando para o amigo por sobre os dedos. - As bonitas sempre namoram! Impressionante…
Bucky concordou, sabendo que não ia ter como fugir do assunto assim que Tchalla se voltou para ele de novo e ergueu uma sombrancelha, interrogando:
-A Stacy…?
Bucky franziu os lábios e se ajeitou, inclinando o corpo para frente. Ele apoiou os cotovelos sobre os joelhos e cruzou as mãos, antes de dar de ombros.
-É complicado.
-Imaginei que fosse. - Tchalla sorriu e deu um soquinho em seu ombro. - Para sua sorte, eu tenho uma agenda livre até amanhã!
-Fofoqueiro!
Tchalla e Bucky começaram a rir e, por fim, o moreno desistiu, suspirando e recostando no banco de novo. Seus olhos azuis fixaram em uma parede de rosas vermelhas e ele comentou:
-Não sei o que deveria estar sentindo…
-Para mim, está bem claro o que sente!
-Na verdade, eu sei o que sinto. - Bucky l encarou e negou. - Só não sei se deveria sentir.
Silêncio.
-E por quê não, Lobo Branco?
-Bem… Quando eu conheci a Stacy, ela tinha dezesseis e eu, vinte. E mesmo assim, isso meio que não impediu… Bem, você sabe, ela sempre foi linda! Só que… Eu tentei puxar assunto enquanto fazia sala para a Rebecca e ela nem mesmo me deu atenção e digamos que por causa disso, criamos um "Ódio gratuito e imutável". Sabe?
Tchalla assentiu, com um pequeno sorriso. Bucky soltou o ar, devagar. Quer dizer… Ele confiava em Tchalla e estaba a prestes a contar uma coisa que, mesmo que Steve soubesse, ele nunca tinha escutado diretamente da boca de Bucky. Mesmo assim, não era fácil se abrir dessa forma e tornar real tudo que, por quase oitenta anos, ele preferiu fingir que não existia.
-Bem, a partir daí, você sabe… Se existisse uma oportunidade de irritar, provocar ou fazer ela passar raiva, eu não perdia, porque… Bem, fazia ela reparar em mim, entende? E se eu não podia ter o amor dela, eu preferia ter a atenção dela mesmo que fosse por ódio. Eu só… Eu só não conseguia imaginar a minha vida sem ela depois de uns seis meses porque… Bem, eu me apaixonei por ela, de graça.
Tchalla sorriu amplamente, mas ainda não disse nada e isso fez Bucky continuar.
-Enfim… A Verdade é que eu amei essa maluca todos os dias da minha vida desde os meus vinte anos e… Eu achei que ela tinha morrido, sabe? Quando saí da Hydra…
-Você procurou ela?
-Procurei. - Bucky revelou, ficando vermelho. - Assim que me lembrei dela, eu fui atrás da Becca e dela, mas… A Stacy tinha morrido e… Eu perdi meu chão, sabe? Mas… Segui em frente e me convenci que nunca senti nada por ela. Só… Que aí, ela apareceu, Tchalla. E eu descubro que, além dela, minha irmã também esteve viva esse tempo todo e que nós dois…
Bucky respirou fundo e apenas bufou, devagar, percebendo a ansiedade de Tchalla em saber do resto.
-Fala logo, Homem!
-Nós dois ficamos um período juntos na Hydra, por descuido, talvez. E tivemos um caso e eu não sei se a Stacy se lembra disso, mas eu me lembro e eu sei que ela foi a primeira coisa que começou a me trazer de volta. Eu sei que foi por causa dela que fui congelado permanentemente por alguns anos depois de apagarem minha memória e eu tenho a prova disso. Olha!
Tchalla examinou a cicatriz quase nas costas de Bucky e começou a rir junto dele quando exclamou:
-Meu Deus?! Isso que é sexo selvagem!
Bucky limpou as lágrimas das risadas e deu de ombros, comentando:
-Eu acho que mordi ela também! Não sei porque, mas foi útil, já que provou que transamos mesmo!
-Sim! - Tchalla riu de novo e esfregou o rosto com as mãos. - Mas prossiga!
-Bem, eu segui em frente e achei que tinha superado ela, sabe? Até ver a Stacy na minha frente e… De repente, tudo que eu sentia quando era jovem voltou com mais intensidade e… E de uma forma que, infelizmente, não me restam dúvidas de que a amo. Cada dia mais. E quando os Ares sequestraram ela, eu achei que ia morrer Tchalla. E sinceramente? Isso é uma bosta e eu odeio esse sentimento, mas a Stacy tem esse poder sobre mim, sabe? Eu olho nos olhos dela e… Ela é a única pessoa que eu quero. Acredite, eu tentei com outras pessoas, mas… Eu só consigo pensar nela e no quanto eu podia fazer ela feliz se ela não me odiasse tanto!
Silêncio. Tchalla lambeu os lábios, olhando Bucky de cima a baixo.
- Você tem reprimido isso tudo desde quando?
-Há meses. - Bucky admitiu, sentindo os ombros mais leves.
-Você quer um conselho?
Bucky hesitou, mas assentiu. Era só um conselho, certo? Ele não precisava, necessariamente, segui-lo. Mas apreciava a maturidade e a experiência de Tchalla e principalmente, valorizava a opinião dele. E é claro, não tinha contado isso tudo com a intenção de apenas mudar de assunto e eles não conversarem sobre.
Então, Tchalla foi objetivo quando se inclinou para frente e disse:
-Conte a ela.
-O que?! Ficou maluco?! Ela cortaria minha cabeça fora assim que eu dissesse que amo ela!
-Isso que ouvi na sua voz foi medo?!
-Ela é maluca, Tchalla! - Bucky reclamou, rolando os olhos, ao ver o Rei de Wakanda caindo na risada. - Vai, ri mesmo! Mas saiba que ela me esfaqueou e já perdi a conta de quantas vezes socou a minha cara!
Tchalla ergueu as duas sombrancelhas e voltou a rir, acusando:
-E mesmo assim, você ainda ama ela.
-Bem…
-Não te julgo! É bastante satisfatório apanhar de mulher bonita!
Os dois homens voltaram a rir, perdendo a intensidade das risadas aos poucos, enquanto suas barrigas doíam. No entanto, o ar sério voltou ao rosto de Tchalla quando ele pronunciou:
-Você escondeu seus sentimentos, Bucky. Usou um ódio sem sentido para tampar qualquer coisa boa que pudesse vir a sentir, certo? E mesmo assim, esse amor cresceu aí dentro. Você já parou para pensar que o mesmo pode ter acontecido com ela?
Bucky abaixou a cabeça, assentindo.
-O Stee e a Becca dizem isso o tempo todo. Que ela é apaixonada por mim e não quer admitir.
Tchalla assentiu, calmo.
-Pois é. E sabe o que eu vi dentro daquela clínica, Barnes? O jeito que você olhava para ela. E eu vi também o jeito que ela olhava para você, que só se acalmava quando você garantia que estava tudo bem, o jeito que ela ficava procurando seu olhar… Eu não tenho duvida nenhuma que aquela mulher te ama. Por que você não quer contar a ela? Por orgulho?
Bucky hesitou, ainda olhando para baixo. Então, engoliu em seco e perguntou;
-E se estiverem errados, Tchalla? Ou melhor… E se ela sentir mesmo alguma coisa, mas não for isso tudo que vocês dizem? Eu daria meu coração para ela, mas… Pode ser que ela queira só o meu corpo. Entende?
Tchalla inclinou a cabeça e negou.
-Você passa tanto tempo tentando se proteger… E é compreensível… Mas acaba não vendo que ela só tem olhos para você! Acredite, eu reconheço um olhar de amor quando vejo um. Precisei de quinze minutos para reconhecer o seu amor por ela e mais meio minuto para reconhecer o dela por você. Vocês… - Tchalla hesitou e olhou ao redor, suspirando e levando a mão ao anel em seu dedo. - Se olham como meus pais se olhavam. E isso é muita coisa.
Bucky não respondeu nada por um longo tempo. Mas por fim, apenas negou com a cabeça.
-Não sei como falar para ela.
-Talvez, uma demonstração fale mais que qualquer palavra. - Tchalla sorriu de lado, largando finalmente o anel. - Quer dizer… Sua linguagem do amor não precisam ser palavras de afirmação, muito embora, depois do que ouvi aqui…
Bucky ficou vermelho instantaneamente e riu, sem graça.
-É que… Eu vou ficar nervoso e vou falar merda para ela. Tenho certeza.
-Bem, você tem uns dias para arranjar um jeito de demonstrar que ama ela. Mas não passa mais nenhum dia deixando ela achar que vocês nunca vão ser o que ela quer, Bucky, porque eu também reconheço o olhar de uma mulher cansada e se ela começar a aceitar o fato de que você nunca vai amar ela… Então, talvez, aquele cara loiro possa ter uma chance.
O maxilar de Bucky tensionou e ele se remexeu, desconfortável.
-Uma… Chance? Real?
- Não porque ela gosta. Mas por conformismo, sabe? Se ela não vai ficar com quem ela ama, então, ela vai ficar com quem supostamente ama ela.
Bucky assentiu, passando a ficar em silêncio a seguir por alguns minutos, até Tchalla murmurar que precisava ir conversar com Steve e Natasha para saber mais sobre Os Ares, deixando Bucky sozinho com seus pensamentos naquele momento.
O
iiie, Pessoal! ❤🤭
Voltei cedo demais, né? Maaaas foi para compensar o capítulo pequeno do sábado que quase fez vocês cometerem um crime de ódio contra o Bucky KKKKKK tadinho
Maaas, esse capítulo foi bem maior e melhor, não acham??
Primeiro tivemos Bucky e Stacy quase se matando, depois rolando um lovezinho antes da nossa bonequinha ir para a criogênia e por fim, tivemos uma conversa bastante esclarecedora entre o Tchalla e o Bucky
E eu não sei vocês, mas é exatamente assim que eu imagino a amizade dos dois KKKK
Bem, espero que tenham gostado!
Ah, aliás... To precisando de um help 👀
Hipoteticamente falando, se por acaso o Bucky e a Stacy ficarem juntos (e nota-se que eu NÃO estou dizendo que vão) e começarem a namorar... Que tipo de casal vocês querem que eles sejam e que tipo de ceninhas vocês querem ver? E vocês enjoariam se eu tirasse uns dez capítulos focando mais na relação deles?
Porque eu estava fazendo a conta aqui... Tô no capítulo 30 nos rascunhos e queria ir, pelo menos, até o 45/50, mas to TOTALMENTE sem ideias para a fanfic depois desse capítulo 30... Então, se quiserem ajudar uma autora desesperada, vou ler cada uma das sugestões e pensar em cada uma com bastante carinho, viu??
Até o próximo!
Beijos 💋💋
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