17
-Você e a Stacy…?
-O que?!
As vozes de Sam e de Steve ecoaram pelo apartamento onde Bucky e o loiro moravam. Os três estavam sentados em volta da mesa redonda da cozinha, com cervejas por cima da mesa e a gata de Stacy embolada no colo do Soldado Invernal.
O homem desviou o olhar pela janela, fazendo uma careta, pensando no quanto foi esperto de só abrir a boca depois que Stacy e Rebecca resolveram fazer compras naquela tarde para esfriar a cabeça e relaxar.
Bem, Bucky sabia que elas tinham dinheiro demais oriundo da época em que eram mercenárias, então, nem mesmo se preocupava em mandar a irmã maneirar nos gastos.
Respirando fundo, Bucky voltou a olhar para Steve, que o encarava claramente incrédulo, e para Sam, que tinha o tornozelo torcido em cima da mesa, com uma garrafa de cerveja na mão e parecendo decidir se ele era maluco ou não.
-Eu e a Stacy tivemos um caso na Hydra. - Bucky repetiu, inclinando o corpo para frente enquanto ajeitava a gata branca no colo. - Literalmente, nós… Transamos. E parece que o pessoal da Hydra sabia. Ou ao menos, esse… Qual o nome dele mesmo?
-Eduardo Falthron.
-Isso. Ao menos, esse Falthron sabia.
-E por que diabos você nunca disse nada?! - Steve perguntou, parecendo bem surpreso.
Bucky fez uma careta e bufou, cruzando os braços.
-Porque, realmente, ia ser muito normal eu chegar em você e falar "Oi, Stee! Então, tô tendo sonhos eróticos com a Stacy, okay?". Qual é, gente?! Qual a parte de "Achei que fosse delírio" vocês não entenderam?!
Steve e Sam trocaram um olhar longo e com sorrisinhos presos em seus rostos. Bucky bufou, mais uma vez, acariciando a barriga da gata que começou a morder seus dedos de forma carinhosa, enquanto ronronava.
-Bem, eu sabia que você tinha sonhos eróticos com ela. - Steve declarou, de repente, fazendo Bucky se engasgar com o ar. - Mas não sabia que eram lembranças, né?
Sam soltou uma risada alta, que fez a gata pular de susto, se agarrando no peito de Bucky, enquanto ele exclamava:
-É o que?!
-Bem… Eu durmo no mesmo quarto que você. - Steve riu, vermelho, enquanto coçava a nuca. - E às vezes, é constrangedor!
-Oh, Stacy! - Sam gemeu, numa tentativa falha de imitar Bucky. - Isso! Que delícia!
-Vão a merda os dois! - Bucky exclamou, sentindo o rosto pegar fogo, enquanto observava Sam e Steve gargalhando. - Dois idiotas! Puta que pariu! Que castigo, cara!
Desviando o olhar para a gatinha deitada sobre suas pernas de novo, Bucky fez um carinho sobre o nariz dela e, juntou a testa com o focinho, fazendo ela fazer uma carinha de "má". Depois, ele puxou as bochechas dela, fazendo ela sorrir e sorriu junto, enquanto a gata tentava morder seus dedos de novo, irritada.
-Tá, beleza! - Steve exclamou, ainda rindo, enquanto limpava as lágrimas acumuladas em seus olhos. - Mas agora é sério… Para de rir, Sam!
O homem tentou mas encarou Bucky, que apenas ergueu a sombrancelha, desafiando-o a se manifestar. A gargalhada escapou da boca de Sam e precisou de dois tapas, um de cada homem, para Sam parar de rir.
-Mas voltando… Agora que você sabe disso, vai fazer o que?
-Como assim?!
Bucky arregalou os olhos e tirou a gata de cima do pescoço, a pondo no chão.
-Vai contar a ela? - Sam perguntou, com um sorrisinho. - Ou pedir para ela realizar o seu "sonho"...?
-Não mesmo!
-Por que?!
Sam e Steve perguntaram juntos, vendo Bucky negar veemente. Se ajeitando na cadeira, Bucky encarou as próprias mãos, suspirando.
-A Stacy me odeia…
-Não odeia, não!
-Eu odeio ela…
-Vou fingir que acredito nisso, Bucky.
-Eu também!
Bucky respirou fundo e encarou os dois amigos.
-E não era eu! Além disso… Não sei, eu acho que a Stacy sabe porque ela me perguntou da mordida uma vez e…
Sam franziu a testa quando Bucky engoliu em seco e ergueu os olhos, demonstrando uma certa agonia.
-Além disso… E se fui eu que…?
-Que…? - Steve franziu a testa.
-Ouvi ela falando com a Rebecca esses dias sobre quando foi… Bem, quando ela foi estuprada.
A mesa ficou em silêncio. Não era uma surpresa, afinal, eles sabiam que todas que passavam pela KGB, passavam por algo assim de uma forma mais crua e fria como foi com a Stacy, ou uma forma mais "manipulada", como foi com Rebecca e Natasha, obrigando elas a seduzirem homens que, claramente, elas não queriam, sem opções de negar.
-E se foi você o que, Bucky? - Steve perguntou, sério.
-E se eu… Se foi o Soldado Invernal que… Bem, que abusou dela…?
-Você pode ir parando aí agora mesmo! - Sam exclamou, assustando Bucky. - Você tem a lembrança do sexo na sua cabeça, não tem?
-Tenho, mas…
-Pensa sobre ela, Bucky. Em algum momento, aí dentro da sua cachola, tem alguma parte onde parece que a Stacy não queria?!
Bucky engoliu em seco, abaixando o olhar.
-Tem, Bucky? - Steve perguntou, também sério.
-Não. - Bucky admitiu, fechando os olhos, lembrando do sorriso dela pós-clímax. - Na verdade, não.
-Então, pronto, porra! - Sam exclamou, batendo a mão na mesa. - Você não estuprou ninguém, Bucky! Para de tentar botar mais peso em cima de você! Já não basta os que você tem?! Além disso, só um cego não percebe a tensão sexual entre vocês! Ou melhor… Até um cego percebe, menos vocês dois!
-E isso, desde quando vocês eram novos! - Steve pontuou. - Ou vai me dizer que, realmente, nunca achou a Stacy atraente?
Bucky franziu os lábios e deu de ombros, querendo desviar do assunto.
-Bem, gente…
-BUCKY!
-Tá! Okay! - Bucky pulou de susto e bufou, cruzando os braços. - Eu acho ela atraente. Pronto.
-Só atraente?!
Bucky soltou o ar e encarou as próprias unhas, balançando a cabeça.
-Se eu contar uma coisa, prometem não contar nem para a Rebecca?
Os dois homens concordaram e Bucky respirou fundo, reunindo toda a coragem que tinha. Então, revelou:
-Eu era afim da Stacy quando a gente era mais novo e… O único motivo pelo qual comecei a implicar com ela…
-Era porque ela não te dava moral e você até pegou a irmã dela para chamar a atenção e fazer ela perceber que você existia? - Steve arriscou, vendo Bucky perder o pouco sorriso que tinha. - É, eu sei. Todo mundo sabia, inclusive, a Becca. E aquela sua ex-namorada também, a Dotty… O Padeiro da rua debaixo, a sua vizinha fofoqueira e…
-Tá, Steve. Chega! - Bucky reclamou, irritado, observando Sam se dobrar de rir. - Para de rir, seu grande Animal!
-Me obriga, Velhote!
-Velhote?! Eu vou te mostrar o velhote, seu filhote de pinguim depenado!
-Pinguim não tem penas, seu burro!
Steve levantou ao mesmo tempo que Bucky e Sam, sendo que o último começou a usar ele de escudo quando Bucky tentou acertar uma garrafa de cerveja na cabeça dele.
-Deixa ele, Steve! - Bucky reclamou, tentando achar um ângulo.
-Deixa, não! Continua na minha frente, anda!
-Se vocês dois não pararem, eu juro que vou socar a cara de vocês até virar carne moída!
-Nossa! Mas que grupo animado!
Os três homens pararam na posição em que estavam, provocando crise de risos em Natasha: Sam e Bucky, cada um de um lado de Steve, com o loiro preso entre os dois, esmigalhado por Bucky, que tinha acabado de pegar o pescoço de Sam, e por Sam, que ainda tentava usar Steve de escudo, em vão.
Se soltando, os três voltaram a se sentar, mas foi Bucky quem perguntou:
-Quem deixou você entrar no apartamento?
-Ninguém! - Natasha puxou uma cadeira e se sentou entre Sam e Steve. - O Stee me deu a chave.
Steve abaixou os olhos para as mãos quando percebeu que Sam e Bucky olharam para ele, franzindo a testa, confusos, claramente.
-Eu atrapalho?
-Nem um pouco, Nat! - Steve sorriu de lado, vendo a ruiva sorrir em resposta para ele. - Espero que sua visita não seja um "Tô com problemas e preciso de ajuda…"
Empurrando ele com o ombro, ela negou e deu de ombros, murmurando:
-Era mais do tipo "Tô com saudade e precisava relaxar". Serve?
-Serve!
Sam encarou Bucky, que finalmente, percebeu a ficha caindo: A amiga que ele era afim nunca tinha sido Stacy. Sempre foi Natasha, mas…
Quer dizer, parecia impossível. Eles eram amigos e Bucky nunca tinha reparado nada. Mas claro, eram outros tempos e a prioridade naquela época era sobreviver. Bucky quem nunca tinha presenciado um momento mais descontraído e íntimo como aquele, onde Steve e Natasha flertavam descaradamente.
-Oh, Bucky… - Sam ergueu o corpo em um pulo, assustando levemente Steve. - Vamos lá no seu quarto?
-Meu quarto?
-É…
-Fazer o que?
Sam respirou fundo e forçou um sorriso, o fuzilando com os olhos.
-Me mostrar seu pinto! O que você acha, seu Zé Mané? Vamos! - Sam pegou Bucky pela gola da blusa e o arrastou pela cozinha. - Com licença, pessoal! A gente já volta!
Steve e Natasha assentiram e a ruiva apenas sorriu, enigmática, enquanto os dois saíam da cozinha e entravam no quarto.
-Mas que caralhos, Samuel! Me larg…!
-Não percebeu o clima rolando lá, não?! - Sam perguntou, revirando os olhos enquanto sentava sobre a cama de Steve. - Eles estão assim, na verdade, desde que você estava em Wakanda. Mais especificamente, desde que a Nat foi encontrar com a gente.
-Uns dois anos, então?
-Isso. - Sam revirou os olhos w apontou para a porta, com um sorriso discreto no rosto. - Esse tempo todo e nada mais que uns flertes, acredita? Mas nas últimas semanas… Tem sido mais descarados. Tipo o de agora: Foi, literalmente, na nossa frente!
Bucky assentiu e quando estava prestes a fazer mais uma pergunta, o barulho da porta do apartamento abrindo e batendo e, logo a seguir, o barulho da porta do quarto das meninas abrindo e batendo, chamou a atenção dos dois.
Foi o tempo de abrir a porta e chegar na sala, Steve e Natasha também chegaram, olhando para eles, confusos, enquanto Rebecca abria a porta do apartamento, carregando algumas sacolas de compras.
-O que foi isso?!
-A Stacy… - Rebecca largou tudo no chão mesmo e sorriu ao ver Sam, indo em sua direção e arrancando um beijinho dela. - Oi, Sam!
-O que houve com ela? - Steve perguntou, preocupado.
-Ela foi lá, não foi?
Todos encararam Natasha e depois, Rebecca, que confirmou.
-Ela inventou que ia encontrar com alguém para dar uns beijos e eu acreditei, né? Só que aí, a Wanda me ligou avisando o que ela fez e que ela não estava bem…
-O que ela fez?!
Os três homens perguntaram, juntos. Foi Natasha quem começou a falar.
-O Eduardo Falthron, ele… Há dias atrás, pediu para falar com a Stacy. Disse que só falaria algo de concreto para ela.
-Só que… Ela não conseguiu, eu acho…
Bucky suspirou e, sem dizer nada, apenas andou até a porta do quarto delas, ciente que os amigos estavam olhando para ele, talvez, se perguntando se ele era louco.
Inclusive, foi basicamente isso que Rebecca exclamou quando perguntou:
-Cara… Você quer morrer?!
-Por quê?
-Ela não quer falar com ninguém, Bucky!
-Ela vai falar comigo. - Bucky afirmou, torcendo para isso, se não, acabaria de ganhar o selo de qualidade de trouxa do ano.
Batendo de leve na porta, Bucky ouviu Stacy murmurar um "Saí fora!". O silêncio no apartamento enquanto eles aguardavam era quase incômodo, ainda mais por Bucky estar arriscando seu ego para tentar falar com ela.
-Stacy…
-Eu disse para cair fora, James!
-A Alpine quer entrar no quarto. Ela está preocupada com você…
Silêncio. Realmente, Alpine esperava do lado de fora, sentada no corredor, com os olhos azuis cravados na porta. De supetão, a mesma abriu um pouquinho e a gata pulou para trás, assustada, mas Bucky apenas enfiou a mão na porta, discretamente, enfiando meia cabeça para dentro do quarto.
-Stacy?
-Eu não quero conversar. - Stacy exclamou, séria e firme, apesar de estar chorando.
-Não precisamos conversar. - Bucky deu de ombros, apontando para a cama da irmã. - Posso só te fazer companhia?
Desconfiada, ela o encarou pelo que parecia uma eternidade incansável, mas que não passou de dois segundos a mais que o normal. Por fim, ela suspirou e assentiu, dando espaço para ele passar. A gata veio junto, se embolando em seus tornozelos, e ele não olhou para trás para ver as possíveis expressões surpresas em seus rostos.
O quarto estava escuro porque ela tinha usado o black-out para impedir a entrada do Sol e não tinha ligado a luz. O ar também estava frio e Stacy voltou para a cama, se jogando nela e se enrolando em um lençol, enquanto, claramente, continuava a chorar.
Bucky não fazia idéia do que fazer e na verdade, percebeu que agiu mais por impulso, por saber que Falthron sabia demais sobre eles. Então, ele se sentou na cama da irmã e ficou quieto, por vários minutos, ouvindo apenas os soluços dela.
Era estranho, para falar a verdade, ver Stacy chorando. Talvez, em sua cabeça, isso não acontecesse porque ela sempre parecia ser forte e bem resolvida… Ele nem mesmo queria imaginar o que tinha deixado ela assim. Ou melhor: Ele fazia uma ligeira idéia, mas preferia ignorar.
-Bucky? - Stacy tirou o rosto de dentro do lençol e o encarou, com os olhos inchados.
-Oi, Praga. - Bucky brincou, vendo ela forçar um sorriso. - Fala…
- Você… Você se importa se eu… Bem, se eu contar a você…?
-Pode falar!
Bucky engoliu em seco, levantando da cama e indo para o lado dela, implorando para ela estar chorando até mesmo por ter atropelado um gatinho filhote, e não pelo que ele achava que era. Se não, teria que matar Eduardo Falthron com as próprias mãos.
Stacy se sentou e enrolou o lençol contra o corpo. Não por frio. Se fosse honesta, podia admitir que era por vergonha. Então, quando se sentiu um pouco mais segura, ela ergueu o olhar para Bucky e percebeu que ele já a observava, atento e sério, prestando total atenção nela.
Isso fez Stacy corar e perder o raciocínio. Então, respirando fundo e sentindo o coração disparar no peito, sem motivo, ela apenas comentou:
-Isso não quer dizer que somos amigos! Eu ainda te odeio!
-Tudo bem. - Bucky também deu de ombros, distraído em seus próprios pensamentos. - Não é seu amigo que eu quero ser…
Se Stacy entendeu o que ele quis dizer, não demonstrou, porque ela apenas continuou a falar:
-E eu não quero mais fazer a Becca lembrar desse assunto, sabe? Então…
-Pode falar, Nastya.
Stacy suspirou, irritada pelo apelido, mas grata por ele estar disposto a ouvi-la. Quer dizer, eles não era amigos e Bucky não tinha a menor obrigação, mas lá estava ele, prestando atenção em cada movimento dela, aguardando pacientemente que Stacy criasse coragem e começasse a falar.
E não que ela não quisesse falar! Ela queria e muito já que não aguentava mais guardar aquilo para si, mas a verdade era que Stacy se sentia fraca, exposta e vulnerável. E pior ainda, estava prestes a expor seus sentimentos para uma das pessoas que mais odiava…
No entanto, se fosse racional…
Os dois já tinham admitido um para o outro que se importavam. Não estavam mais brigando no mesmo nível de antes. Ele se preocupava em ajudar ela com os lances das algemas. E por Deus, eles já tinham até dormido juntos!
Então, suspirando uma última vez, Stacy desviou o olhar, anunciando:
-Fui na Shield hoje. Quer dizer… Eu não devia ter ido, eu acho. Mas achei que já… Sabe? Estava forte o suficiente e que o Falthron não ia me abalar…
- Você ficou bastante abalada quando viu ele naquele dia, no México. Por que?
Stacy engoliu em seco e adiou a resposta quando murmurou um "Você já vai saber".
-Voltando… Disseram que ele queria falar comigo e como não tivemos nenhuma resposta até agora… Bem, achei que… Eu ia conseguir algo.
Bucky hesitou e se ajeitou na cama, desconfortável.
-E conseguiu?
Stacy negou, encarando o chão de forma física.
-Pelos cinco primeiros minutos, eu juro que não me importei com merda nenhuma que saiu da boca dele, mas… Ele entrou na minha cabeça. E me fez reviver meus piores momentos. E eu tentei continuar lá, mas tive um ataque de pânico e não conseguia nem mais respirar!
Bucky cerrou o maxilar, tenso. Coçando a nuca, ele perguntou:
-E… O que ele te disse?
Stacy hesitou mais uma vez. E isso fez Bucky procurar a mão dela dentro do lençol para segurar.
-Stacy, lembra que eu disse que me importava com você?
-Lembro…
-Eu sei o que você passou. Eu sei o que todas aquelas mulheres, incluindo a Nat e a minha irmã, passaram. Mas as vezes, falar sobre o que está te atormentando, faz bem. Experiência própria! Eu juro!
Stacy assentiu e, ainda de mãos dadas com ele, fechou os olhos e disse:
-Eu fui estuprada. E eu sei que todas as Viúvas foram. Quer dizer; Não tínhamos opção de escolher ou não ter relações e muito menos com quem… Tanto que tiraram nosso útero por isso, sabe? Porque nem o direito a ter preservativo nós tinhamos…
Bucky assentiu. Essa parte da história, Natasha já tinha contado a ele.
-Mas… Acreditávamos estar fazendo nosso trabalho, então… Não sei? Parecia que diminuia o impacto ou… Não sabíamos, exatamente, que era um tipo de estupro e abuso…
-Certo.
-Só que… Eu fui estuprada além disso. No pior sentido da palavra e… Por muito tempo, eu quis morrer por causa disso.
Bucky mordeu canto da bochecha, internamente, enquanto tentava não pensar sobre. Enquanto tentava não ligar para a tristeza na voz dela.
-E, na verdade, eu achei que tinha superado isso. Tinha tantos anos… Mas quando eu transei com o Steve.. Quer dizer, foi maravilhoso e ele me tratou igual uma princesa e…
Bucky respirou fundo e se controlou para não revirar os olhos nas órbitas, porque sabia que se fizesse isso, ela ia perder aquele pouco elo de confiança que eles estavam construindo.
-E depois, eu tive uma crise de pânico porque achei que estava sendo uma vagabunda. E acho que foi por isso que, naquele dia, eu obriguei você a dizer se, por acaso, se importava comigo. Porque absolutamente tudo em mim começou a me incomodar e eu precisava saber se era mesmo tão… Descartável e desprezível quanto você fazia eu parecer…
Bucky abaixou a cabeça, murmurando um "desculpa!", mas Stacy descartou com as mãos e deu de ombros.
-Tudo bem! Eu… Na verdade, já entendi que sexo casual não me faz uma vagabunda e nem me faz ser Descartável ou… Só um depósito de esperma, sabe? Mas por via das dúvidas, eu não transei de novo com mais ninguém e nem sei se quero.
Bucky assentiu, percebendo que ela ainda tinha mais para dizer.
-Mas aí… Veio o Falthron e ele… Bucky? Promete não contar para ninguém?
-É claro!
-Foi ele. Entende? Ele me estuprou pela terceira vez…
-Teve mais de uma vez?!
Bucky perguntou, surpreso demais para impedir sua boca de agir mais rápido que sua cabeça.
Stacy assentiu.
-Foram três.
O coração de Bucky parou, se perguntando se, por acaso, ela consideraria o Soldado Invernal como um estupro. E se fizesse, Bucky não sabia como ia ser… Talvez, ele até mesmo mudasse de cidade porque nunca, em hipótese alguma, se perdoaria por isso.
-As duas primeiras, foram na KGB, quando eu ainda me recusava a obedecer e seguir as ordens e as regras. A terceira… Foi com esse homem. E agora eu sei que foi na Hydra.
Bucky sentiu o alívio inundar seu peito e Stacy franziu a testa para ele, confusa.
-Bucky? Por quê essa cara? O que houve?
-Nada, eu só… É que o Soldado Invernal fez tanta coisa que, por um segundo, fiquei com medo de você dizer que foi ele…
Stacy corou violentamente e, instintivamente, levou a mão a mordida em seu pescoço, com o olhar perdido.
-Não… Ele não.
Bucky fechou os olhos e sentiu o corpo inundado de alívio, os membros dormentes voltando ao fluxo sanguíneo normal.
-Entendi…
-Não precisa carregar a culpa do mundo nas suas costas, Bucky. Acha que eu estaria aqui se o Soldado Invernal tivesse me estuprado?
-Mas você não se lembra de mim, certo? Na Hydra…
Aquele "sonho" estava lá, pairando entre eles. E de alguma forma, os dois sabiam que tinham a mesma lembrança. A diferença era que Stacy não entendia como e Bucky sabia que eles transaram.
-Nenhuma lavagem cerebral foi capaz de me fazer esquecer das minhas piores lembranças. - Stacy comentou, solene. - Acredite: Se você tivesse feito algo traumático para mim, eu me lembraria.
Os dois ficaram em silêncio por algum tempo e foi Bucky quem tomou a iniciativa de passar o braço ao redor do ombro da mulher quando ela voltou a chorar.
-Ta tudo bem, Bucky…
-Eu sei, Boneca. - Bucky sussurrou, dando um peteleco leve no nariz arrebitado dela quando Stacy fez menção de se afastar. - Não precisa ser tão orgulhosa! É só um abraço!
Stacy hesitou, mas as lágrimas continuavam caindo e, em um impulso, ela se jogou contra Bucky, encaixando o corpo no dele, sendo rodeada por suas pernas e seus braços, dando a ela, uma sensação de segurança e paz que Falthron havia tirado horas antes.
O cheiro dele tomou conta do olfato de Stacy e a presença do abraço a deixaram tonta. Ele era cheiroso e era gentil, ela tinha que admitir. Na verdade, se fosse honesta, Stacy poderia admitir para si mesma que, desde a noite em que dormiram juntos, ela vinha percebendo um lado dele - E dela quando estava com ele - Que nunca tinha visto antes.
E se fosse mais honesta ainda, poderia admitir que ansiava por outro abraço, por estar daquela forma, rendida e entregue em seus braços que, ironicamente, tinham uma sensação de lar e pertencimento indescritíveis.
-Você está segura, viu? - Bucky murmurou quando a crise de choro dela aumentou de novo, sem soltar nem um pouquinho dela, assim como Stacy, que não parecia querer soltar nada dele. - Se depender da gente… Isso nunca mais vai acontecer, tá?
Stacy sacudiu a cabeça, assentindo. Na verdade, metade daquele choro era causado por tristeza e lembranças. A outra metade, era emoção e confusão de sentimentos.
-Stacy…
-Hm?
-Você já pensou em fazer terapia? - Bucky perguntou com a boca encostada nos cabelos loiros com cheiro de morango.
-Eu… Bem, eu faço. - Stacy admitiu, brincando com a dogtag no peito dele. - E eu melhorei bastante, mas…
-É dificil.
-É…
Stacy suspirou e apoiou a cabeça na curva do pescoço dele, com o ouvido encostado em seu tórax. Ele ainda estava sentado, apoiado na parede, com Stacy praticamente em seu colo. E quando ela fechou os olhos ardidos e pesados, Bucky começou a desembolar os fios grossos e loiros, por baixo, subindo aos poucos.
-Eu gosto do seu cabelo. Sabia? - Bucky murmurou, engolindo em seco por revelar isso. - Na verdade… Gosto da cor. É… Diferente.
-Minha mãe era albina. - Stacy respondeu, abafada. - Não sei se tem a ver, mas meu pai falava que meu cabelo era igual ao dela.
Bucky murmurou um "interessante" e continuou o processo de desembaraço, mas dessa vez, se esticando para pegar a escova ao lado da cama, em cima da mesinha.
A voz mole de Stacy soou em seus ouvidos quando ela suspirou e se aconchegou mais ainda nele.
-Você está tornando o meu objetivo de te odiar até a morte um pouco difícil. Sabia?
-Tô, é? - Bucky sorriu, penteando lentamente os cabelos dela.
-Uhum… - Stacy, que já estava grogue de sono apenas sorriu e concordou. - Muito, muito difícil continuar te odiando…
Bucky beijou a testa dela, vendo Stacy grunhir, fingindo chorar, em um gesto dramático.
-Ah, Bucky! Beijo na testa, não! Como eu vou fazer para te achar menor perfeito de novo? Seu idiota!
O coração de Bucky disparou e, mesmo não querendo, ele sorriu ainda mais. Por fim, ele apenas deu de ombros e voltou a abraçar ela, como se Stacy fosse feita de cristal e fosse se quebrar assim que ele a soltasse.
-Relaxa, Nastya…Amanhã eu arranjo um motivo para você voltar a me odiar, viu?
-Promete? - Stacy perguntou, embolado.
-Prometo.
-Então… Você pode fazer massagem em mim? Eu tô toda moída…
Bucky assentiu, deixando Stacy se acomodar na cama para, em seguida, se sentar ao lado dela e começar a massagear os ombros e as costas dela. Sabia como aquelas partes ficavam tensas após um ataque de pânico e por isso, nem mesmo se irritou com o pedido.
No entanto, aqueles gemidinhos de prazer estavam o tirando do sério e Bucky deu graças a Deus de perceber que Stacy dormiu cerca de dez minutos depois. E é claro, ele tinha a opção de sair do quarto e deixar ela lá, mas…
Ele não saiu. Bucky apenas se deitou ao lado dela e a abraçou, com cuidado, ouvindo ela suspirar contra o peito dele, o puxando para perto de si.
Encarando o teto branco, aos poucos, Bucky começou a cair no sono também. Seus olhos começaram a se fechar, mas antes que ele dormisse de verdade, Bucky encarou a mulher em seu peito e sorriu, a puxando mais para si.
-Te amo, sua bobona! - Sussurrando, ele beijou a testa dela e voltou a olhar para o teto do quarto, ainda sorrindo. - Sempre te amei… E com certeza, vou me arrepender dessa merda quando acordar!
E então, a seguir, Bucky caiu em um sono profundo e completamente relaxante, junto com Stacy.
Oiie, Pessoal! ❤
Cheguei com o capítulo que eu prometi que ia fazer vocês enlouquecerem e a pergunta é: Deu certo? KKKKKK
Ai, gente... Sério! Sem condições nenhuma para Bucky Boiolinha por Stacy! Esse capítulo é o meu preferido até agora e acho que não preciso nem dizer o porquê, né??
Eu espero que vocês tenham surtado muito, especialmente, no finalzinho! E que vocês compartilhem suas teorias comigo hehehehe
Aliás, se ainda resta alguma dúvida: Sim, O Bucky e a Stacy tiveram um caso na Hydra, tá? E é isso!
Até domingo!
Beijos 💋💋
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