02
O sol forte e anormal para aquela época do ano na Europa fazia com que Bucky ficasse incomodado com o suor que descia da sua nuca e escorria pela suas costas, grudando cada vez mais a blusa em seu corpo.
Fazia uma hora e meia que ele tinha se separado de Steve e de Sam para que cada um deles procurasse por Zemo em uma área de Paris. A última vez que o Sistema de Rastreio Facial Internacional desenvolvido pela InterPol localizou o homem, ele estava no centro, próximo à Torre Eifel. Isso fazia umas seis horas, mas se desde o dia anterior Zemo estava em Paris, nenhum deles achava que, em seis horas, ele mudaria de país.
Cansado, Bucky parou em uma cafeteria e entrou no local, desistindo, momentaneamente, de continuar procurando pelo homem. O Sol do meio dia fazia sua cabeça pegar fogo e ele ficou alguns segundos parado embaixo do jato do ar condicionado, sentindo o alívio do colar invadir seu corpo.
Então, quando ele refrescou o couro cabeludo e parou de suar, Bucky entrou na loja. Logicamente, ele sabia que chamava um pouco de atenção por onde passava, mas de repente, se deu conta que todas as seis mulheres espalhadas pela cafeteria olhavam para ele. Mesmo assim, seguiu em frente e, em francês, pediu:
-Boa tarde! Vou querer uma água gelada e um pacote de Mini Croassnts.
A caixa, que era uma garota nova, ficou instantaneamente vermelha e começou a bater o pedido no computador, deixando Bucky confuso. Ele nem tinha feito nada…
Ignorando isso, Bucky tirou um cartão de crédito do bolso e pagou a despesa, indo até uma cadeira vazia para comer. De frente para a rua, ele começou a pensar sobre o ocorrido.
Quem diabos poderia querer que o Zemo saísse da cadeia e para qual finalidade? Bem, se era alguém que precisou usar de manipulação mental para conseguir, então, muito provavelmente, não queria o homem para nada que fosse bom. Talvez, alguém que quisesse desmantelar os Vingadores de novo?
Não fazia tanto sentido…
Mas nada naquela fuga fazia. Quer dizer, como e por quê Zemo tinha chegado em Paris? Bucky queria muito saber se tinha sido uma escolha aleatória ou se havia algo por alí, naquelas ruas, que justificavam a fuga dele.
Enquanto limpava as migalhas dos croissants da boca, Bucky bebericou um pouco de água gelada e pegou o próprio celular, um modelo comum, para ligar para Steve. Ele não atendeu, mas Sam atendeu no segundo toque, informando que eles estavam juntos nos bairros mais periféricos de Paris.
Informando que já iria para lá, Bucky teve aquela mesma sensação de estar sendo observado, que teve no dia anterior, durante a visita no cemitério. Tudo bem, ainda tinham uma ou duas garotas o encarando e dando risinhos, sem nem mesmo disfarçar. Mas não era isso.
Então, ele ergueu o olhar na direção do lado de fora, depois da porta de vidro. Seus olhos pegaram o momento em que uma mulher virou de costas e começou a andar, apressada, para longe.
Estreitando os olhos, ele levantou da cadeira, deixando a garrafa de água pela metade para trás. Quando chegou ao local onde ela estava, sentiu o mesmo cheiro de perfume forte do dia anterior.
Erguendo os olhos de novo, viu quando ela atravessou a rua, na esquina, entre os carros. E saiu correndo atrás dela, enquanto ligava para Sam de novo.
-O que foi agora, Barnes? Achou o Zemo?
-Tô sendo seguido. - Bucky informou, sério. - É uma mulher loira… Fica de olho na minha localização! Ah, merda!
Bucky encerrou a ligação assim que ela pegou uma lambreta, empurrando a dona do veículo para fora, dando partida. Bucky também pegou uma lambreta de um homem, ignorando os gritos dele e acelerando, entre os carros.
Ela tinha cabelos longos e platinados, o que fazia ser fácil monitorar ela. Estava alguns metros na sua frente, provavelmente, andando no limite de velocidade da lambreta, assim como ele, mas os cabelos se destacavam entre os veículos. Na verdade, Bucky nem mesmo sabia para onde estava indo, já que não se importava em ler as placas informativas.
Ele só sabia que ela estava saindo do centro e tentando despistar ele enquanto cortava os carros ou entrava em ruas que eram contramão. Por duas vezes, por causa disso, Bucky quase a perdeu de vista quando quase atropelou duas pessoas, mas a achou logo a seguir, de novo, por causa dos cabelos.
No entanto, depois de quase uma hora de perseguição e ir parar em um bairro menos afortunado, Bucky, finalmente, a perdeu de vista por causa de um caminhão que cruzou seu caminho, fazendo ele ter que frear de última hora.
A lambreta estava jogada de qualquer forma em cima de uma calçada, próximo a algumas crianças que brincavam na rua com pedrinhas. Ele saltou da própria lambreta e se aproximou do grupo de crianças, que pararam a brincadeira e ficaram olhando, um pouco assustadas para ele.
Bucky forçou um sorriso, tentando parecer mais simpático quando focou o olhar em um garotinho que devia ter uns seis anos.
-Hey, Menino! Tudo bem?
Ele balançou a cabeça, afirmando, meio desconfiado. Então, Bucky apontou para a lambreta caída no chão.
-Eu me perdi da minha namorada… Você viu para onde ela foi? Ela é loira, tem o cabelo bem comprido…
O menino apontou para o final da rua, que tinha uma subida considerável.
-Ela entrou na Fábrica de biscoitos!
-Aquele prédio?
Bucky observou a construção. Era bem grande e parecia abandonado. Um ótimo lugar para se esconder, pensou ele, com ironia.
-Sim!
-Ela escalou a grade, igual a mulher gato! - Uma menina, que devia ter a idade do garoto, exclamou, segurando a boneca dela contra o peito. - Foi legal!
-Entendi… Vou lá falar com ela, então! Obrigada, Crianças! E cuidado com a rua! Tá muito perto do meio fio!
As crianças acenaram positivamente e chegaram mais para o lado de dentro da calçada, voltando a brincar.
Bucky focou o olhar na construção. Era um prédio quadrado, com quatro ou cinco andares, de pedra. Uma construção antiga e que claramente, ninguém tinha tido o interesse de restaurar ainda. Então, ele percebeu um movimento na altura do segundo andar e se encaminhou para lá, amaldiçoando o Sol europeu.
Não foi difícil para ele escalar aquela grade, na verdade. Em questão de segundos, ele estava dentro da propriedade. Então, sacou uma das armas na mochila e empunhando ela, se encaminhou para a entrada do prédio. O ar tinha cheiro de mofo e de umidade e ele podia ver inúmeras partículas de poeira flutuando nos feixes de Sol que entravam pelas janelas quebradas.
O som de passos no andar de cima chamou a atenção de Bucky e ele se encaminhou para lá, o mais silenciosamente possível. O som vinha de uma sala que tinha a porta levemente fechada, mas claramente, a loira estava acompanhada. Então, de uma vez, ele abriu a porta e apontou a arma, mas precisou abaixar no mesmo instante, atirando no chão com o susto de ter um escudo colorido voando em sua direção.
-Puta que pariu!
-Mas que porra, Bucky?!
-Você tentou me matar?! - Bucky arregalou os olhos, encarando o escudo de Steve, preso na parede.
- Você apareceu do nada! - Steve reclamou, olhando para o tiro no chão, de onde ainda saía fumaça. - Você ia me dar um tiro!
-Eu tô falando que ele é perturbado! - Sam se meteu, erguendo as sombrancelhas, enquanto mantinha uma certa distância de Bucky.
-Cala a boca! E eu achei que era aquela garota loira, porra!
Steve e Sam se entreolharam e depois, olharam para Bucky.
-Que garota?
-A do vídeo?
-Não sei. - Bucky admitiu, guardando a arma depois de entregar o escudo na mão do amigo. - Ela ta me seguindo desde ontem, certeza! É o mesmo perfume…
Sam revirou os olhos e encostou na parede atrás de si, murmurando um "parece um cachorro, credo!". De fato, Bucky percebeu o quanto isso soou ridículo, mas ninguém pôde falar mais nada, afinal, Bucky, que estava no limiar da porta e do corredor, sentiu o peso de um pé no meio das suas costas e caiu para frente, batendo com a testa no chão.
A porta se fechou com um baque e Sam e Steve saíram correndo de dentro da sala, arrancando a porta com as dobradiças e tudo.
Erguendo o corpo do chão e ignorando a fisgada na testa, Bucky se juntou ao dois, puxando a arma de dentro do coldre de novo. Ele atirou, pendurado no parapeito do corredor, mas ela se escondeu atrás de uma pilastra e atirou na direção dele de novo.
Era uma única mulher, mas estava dando trabalho aos três quando, sozinha, conseguiu derrubar Sam, Bucky e Steve das escadas, jogando uma espécie de botijão em cima deles.
-Caralho, minha costela! - Sam reclamou, deitado embaixo de Bucky.
-Para de xingar, caramba! - Steve pediu, usando o joelho em um local bem sensível para se apoiar. - Ai, meu Deus! Desculpa, Bucky!
-Pede desculpa, não! - Sam fez uma careta, sentando no chão e segurando o lado do corpo. - Ele quebrou minha costela!
Bucky, que ainda tentava recuperar o fôlego e engolir a vontade de gritar de dor, apenas encarou Sam, pensando seriamente em quebrar a cabeça dele naquele momento.
No entanto, um movimento chamou a atenção dos três homens e eles observaram, em silêncio, a mulher descendo as escadas com uma arma prata em mãos. Ela tinha um corpo baixo, mas desenhado embaixo do uniforme. Os cabelos caíam, pesados e grossos, como uma cascata ao redor do seu rosto, tampado por uma máscara preta de plástico.
-Onde está o Zemo?
Bucky franziu a testa, erguendo o olhar para ela, com a sensação de familiaridade, enquanto Steve tentava pegar o escudo, na sua esquerda. Com um movimento rápido, ela chutou o objeto para longe e apontou a arma para Steve, falando mais firme.
-Eu só vou perguntar mais uma vez: Onde está o Zemo?!
-Calma aí, gatinha! - Sam ergueu as duas mãos quando ela apontou a arma para ele. - O que te faz pensar que vamos entregar o Zemo a você?
-Não vão. - Ela respondeu. - É por isso que vou dar a opção de, ou entregam o Zemo, ou morrem. Eu não vou ficar com o menor remorso…
-Não sabemos onde ele está. - Steve explicou, tentando manter a calma.
Uma rápida olhada para o lado fez ele perceber que, se Bucky fosse rápido o bastante, ele só precisava esticar a mão e pegar o escudo. Mas Bucky não prestava atenção nele. Na verdade, ele parecia hipnotizado pela mulher de cabelos platinados, como se ela fosse a única coisa capaz de ser vista naquela sala.
-Vocês vão vir com essa para cima de mim? Ótimo!
Ela engatilhou a arma e apontou. Bucky reagiu instantaneamente, segurando a boca da arma e pulando em cima da mulher. O tiro disparou contra a mão dele, sem efeito nenhum. Então, enquanto Sam pegava uma arma caída no chão, provavelmente, de Bucky, Steve se jogava em cima do escudo.
Rodando uma faca na mão, Bucky cravou no ombro da mulher, ao mesmo tempo que ela enfiava uma outra faca em seu braço. Os dois berraram de dor e recuaram, surpresos por terem sido pegos desprevenidos.
No entanto, quando recuou, a mulher deixou a máscara cair e Bucky focou o olhar no rosto dela.
Os olhos escuros, as sardas espalhadas pela pele e a fúria assassina com a qual o olhava fez Bucky cair no chão, surpreso. Seu queixo caiu e, em choque, ele não teve reação nenhuma a não ser, ficar olhando enquanto ela se levantava e tentava avançar nele.
Steve precisou se jogar entre os dois enquanto Sam segurava a mulher pelos cabelos para que Bucky não morresse naquele segundo. No entanto, quando Sam conseguiu imobilizar ela, Bucky começou a pensar, seriamente, que só podia ter enlouquecido.
-Nastya?!
-Meu Deus! - A voz irritada dela soou alta, enquanto ela se soltava de Sam que, surpreso, encarou Bucky. - Oitenta anos e você ainda não esqueceu essa merda de apelido! Você não me provoca ou eu vou matar você!
Steve, que havia acabado de reconhecer a melhor amiga de Rebecca, deixou o corpo cair no chão, observando o sangue que saía da ferida provocada pela faca de Bucky.
-Vocês… Se conhecem?! - Sam perguntou, incerto, se deveria voltar a segurar a mulher ou não.
-Infelizmente!
Stacy Endersen e Bucky falaram juntos, o que fez os dois e encararem, em desafio. Foi Steve quem quebrou o clima tenso, pigarreando.
-Mas… O que diabos…?!
-É uma longa história. E uma que eu não tô nem um pouco afim de contar. - Stacy respondeu, tentando puxar a faca do ombro, mas fazendo uma careta de dor. - Porra!
-Você não vai conseguir tirar sozinha. - Bucky informou, estreitando os olhos para ela. - Cravei, exatamente, na junção do…!
-Cala a boca!
Bucky sorriu, sem conseguir evitar, o que fez Stacy ter mais vontade ainda de socar a cara dele.
-Okay… O que diabos está acontecendo aqui?! - Sam perguntou, alternando o olhar entre Steve e Bucky. - Quem diabos é essa garota?!
-Isso não é uma garota. - Bucky reclamou, também tentando tirar a faca do braço. - Isso é o próprio capeta encarnado!
-Bucky!
-Ah, Jammie… - Stacy revirou os olhos, se sentando no chão. - Está se olhando no espelho?
-Cala a sua boca!
-Vem calar!
-Para!
Steve se meteu entre os dois, de novo, mas antes que alguém pudesse perguntar mais alguma coisa, Bucky encarou Stacy e perguntou:
-Cadê ela?!
-Ela quem?
-Minha irmã, Stacy! Cadê a minha irmã?!
Steve encarou Bucky, com uma careta confusa no rosto. Era claro que ele ainda não tinha entendido. Bucky não demorou a somar dois mais dois, então, quando Stacy deu de ombros e Steve o chamou, ele explicou:
-A Stacy morreu de câncer um ano depois da Becca! Se ela está viva, então a Becca também está!
Steve sentiu o corpo gelar e encarou Stacy, que suspirou e soltou o ar, encarando os dois homens, claramente, cansada.
-Eu não sei onde ela está!
-Mentirosa!
-Eu não sei mesmo, Porra! - Stacy se levantou, com lágrimas nos olhos, chegando perto de Bucky, ameaçadoramente, apesar de Steve continuar no meio deles. - Por que caralhos você acha que eu quero o Zemo?! Por que diabos acha que eu tô te seguindo?! Eu achei que a Becca ia estar com você!
-Que tal nos acalmarmos agora e vermos esse braço, hm? - Steve perguntou, segurando Stacy pelos ombros e se abaixando até estar da altura dela. - Ai, você pode nos contar o que está acontecendo e como você e a Rebecca sobreviveram…
Stacy concordou, enxugando uma lágrima solitária que caiu pelo seu rosto. Com raiva, Bucky passou por ela, esbarrando de propósito no ombro de Stacy, que deixou mais uma lágrima de dor cair. Naquele momento, ele estava com tanta raiva que não se importava se Stacy era mulher, ele só queria socar ela e machucar porque ele tinha certeza, se algo tivesse acontecido a irmã dele, era culpa dela.
O caminho até o Hotel onde estavam hospedados foi silencioso. E só não foi mais ainda, porque Sam falava ao telefone com Torres, sendo informado que Zemo estava de volta na cadeia e ninguém sabia como ele tinha ido parar lá.
Primeiro, Steve fez questão de fazer os primeiros socorros com o braço de Stacy, se surpreendendo ao descobrir que, assim como eles, ela também tinha um fator de cura mais acelerado do que o de uma pessoa comum.
Bucky passou aquele tempo todo calado e quieto, apenas fuzilando Stacy com os olhos de tempos em tempos. E ela sabia que ele estava fazendo de propósito: Provocando até ela se irritar e os dois iniciarem uma discussão. Ela conseguia sentir que ele queria apenas uma desculpa para brigar com ela. Tinha sido assim a vida inteira.
Mas naquele momento, enquanto Steve terminava de costurar o ombro dela, desajeitadamente, Stacy fechou os olhos e deixou o corpo relaxar. Ela sabia: Era a primeira vez, em anos, que estava cem por cento segura, apesar da presença de Bucky no quarto.
Oiie, Pessoal! 🥰
Pois é, não me segurei de novo e aqui estamos nós com mais um capítulo e que, sinceramente, eu sou apaixonada por ele KKKKKK
O BUCKY E A STACY ENFIANDO UMA FACA UM NO OUTRO 🗣🗣🗣 isso sim é um enemies to lovers de respeito KKKKKKK
Bem, espero que vocês tenham curtido esse capítulo e, só para esclarecer o que pode ter ficado confuso:
Não foi nem a Stacy, nem a Becca que soltaram o Zemo
Hehehehe Foi uma outra pessoa e vocês nem vão acreditar quem hehehe
Mas eu ainda não vou revelar tão cedo 🤭
Até o próximo, pessoal!
Beijos! 💋💋
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