Capítulo 45
02/2072 – Um ano e oito meses após o acidente.
Bernardo estava de noite na cozinha de sua casa. Preocupado por não ter recebido o chamado de Drak Nazar, ele supunha que Hamilton estivesse recebendo essas ordens, temia que o líder de Andrômeda tivesse percebido que ele não seria plenamente leal, depositando seus planos em Hamilton.
Ele bebeu o uísque restante no copo e permaneceu com ele em sua mão. Olhou para o copo, tão vazio quanto suas esperanças de que Drak Nazar o contactaria. Bateu com toda a força o copo na parede, despedaçando-o.
Theo acordou com o barulho.
— O que foi isso?
Bernardo continuou em silêncio olhando para a mão ferida.
— Você... Você está bebendo? Onde estava escondendo isso? — ele falou aproximando-se.
— Não faz muito tempo. Pensei em usar coisas piores, essa foi uma das saídas mais aceitáveis.
A mão de Bernardo sangrava.
— Pode ir se deitar, eu estou bem.
Theo pegou o braço de Bernardo e percebeu o ferimento.
— Não foi nada. — disse Bernardo.
— É melhor fazer um curativo.
— Não se preocupe comigo. — Bernardo disse atropelando as palavras.
— Eu vou levar isso aqui. — Theo falou, pegando a garrafa quase vazia.
Mais tarde, naquela madrugada, Bernardo estava largado no sofá com as roupas que havia usado durante o dia, quando a voz que ele desejava ter escutado meses atrás o convocou.
"Pergunto se nesta noite auspiciosa, estaria sua lealdade tendendo a mim?"
"Reconheço a voz, mas acredito que nunca tenha a escutado em minha mente." Bernardo respondeu.
"De fato, temo que em nosso primeiro encontro eu tenha dado atenção a outras demandas, não me importando com esse detalhe. Sou aquele com o qual você possui uma dívida, e venho saber se você, esta noite, escolherá pagá-la com a vida ou com sua eterna lealdade."
"Pagarei com lealdade." Bernardo disse.
"Então venha até mim."
"Para onde devo ir?" Bernardo perguntou.
"Siga sua intuição."
Bernardo, com a mão enrolada em um pano, entrou na base de teleporte e, no instante seguinte, estava na superintendência da Abin no Rio de Janeiro. Ele desceu pelo elevador até o estacionamento, onde pegou o carro e seguiu para onde sua intuição o guiava.
Após cerca de uma hora, ele dirigia por uma estrada deserta em meio à uma mata fechada. Vez ou outra o efeito da bebida fazia com que ele invadisse a pista contrária. Bernardo deixou o carro na estrada e seguiu a pé por um caminho de terra e lama entre árvores.
Era incrível como ele sentia estar sendo guiado exatamente para onde deveria ir. Chegou ao topo de uma colina de onde podia ter uma vista de um extenso campo verde. Deu alguns passos a frente sobre a grama. O dia amanhecia.
"Estou aqui." Ele mentalizou.
O chão ao seu redor cedeu e um círculo delineou-se no gramado. De repente, o chão em que ele pisava começou a descer, o gramado ao redor subia e ele descia por uma espécie de elevador.Após descer por um túnel escuro, a temperatura caía. Algo iluminou seus pés. Conforme ele descia, conseguia ver o que estava ao seu redor. Bancadas com monitores e computadores, um ambiente tecnológico.
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