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Capítulo 42


Momentos após o acidente.

Teresa checava os exames dos gêmeos ao lado de um médico da base militar.

— Podemos ver que Arthur apresenta um quadro debilitado — o médico falava —, não sei dizer se por uma deficiência patológica. Mas o outro gêmeo, Lino, sofreu uma amputação desse dedo da mão esquerda. Demos alguns pontos, ele ficará bem.

O médico aproximou-se de uma bancada onde havia um monitor.

— Já nos exames de ressonância não há nada anormal. — ele disse para Teresa.

Hamilton aproximou-se para olhar os exames, não viu nada que chamasse sua atenção.

— Eu acho que deveríamos fazer alguns... testes. Por garantia. — Hamilton sugeriu, pegando um bisturi no carro de curativos. — A não ser que você tenha alguma objeção. — ele falou para Teresa.

Hamilton aproximou-se do cesto onde estava Lino. O médico olhou apreensivo.

— Você não deve machucar a criança. — ele falou preocupado, sem sair do lugar.

— Prossiga. — ela respondeu.

Hamilton pressionou o bisturi contra a coxa do bebê, abrindo um corte. O sangue escorreu e a criança chorou. Teresa se aproximou.

— Podemos feri-lo. — ele falou de modo que somente ela podia o ouvir. — É realmente uma pena não podermos matá-lo.

— Faça um curativo antes dele voltar para a maternidade. — Teresa ordenou ao médico.

Os dois deixaram a sala e seguiram para a superintendência da Abin do Rio de Janeiro. Quando entraram na sala de reuniões, Bernardo os aguardava junto ao chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

— A que devo a honra dessa visita? — Teresa falou dando a volta na mesa em direção à extremidade onde estava sentado o capitão Rodrigo.

Havia uma cadeira vaga entre Bernardo e Rodrigo, onde Hamilton se sentou. Teresa sentou-se em frente à Hamilton.

— Fui informado dos deslocamentos para o local do incidente, você veio de Brasília curiosamente rápido. Então vim para estar por dentro de porque seu deslocamento foi necessário. — Rodrigo falou à Teresa, compenetrado.

— Minha vinda ao Rio já estava programada antes dos eventos desta manhã. Fui à maternidade verificar a gravidade do ocorrido. Acabei por descobrir que não havia necessidade da minha presença lá. — Teresa falou, segura.

— Eu sinto que lamentavelmente existem alguns anteparos entre nós.

— Não seja por isso, posso pedir para que Hamilton e Bernardo se retirem. — Teresa se prontificou, dissimulada.

— Não — Rodrigo soltou uma risada —, a presença dos dois é bem-vinda. Quero dizer que enquanto você estava no local, eu fiquei sabendo do ocorrido pelo relatório da AEB que foi enviado antecipadamente a mim.

— E o que exatamente diz o relatório?

— Bem, eles não fizeram afirmações contundentes, mas afirmaram que seria necessária uma força externa para desprender a placa que foi solta. Sabe, a blindagem de urânio sugerida por vocês, além de encarecer os custos da cúpula, se mostra agora ineficaz. — Rodrigo concluiu.

— Garanto que a blindagem é necessária, não foi ideia minha, foi uma decisão de engenheiros de vários países criar essa liga de urânio para a carenagem.

— Pelo que me lembro, foi um aprimoramento ao projeto original. — Hamilton comentou.

— De fato, foi. — Teresa confirmou.

— Pois é, curioso esse elemento, o urânio. Mas curiosas são também as características do planeta Urano, um colega próximo me elucidou de que ele gira como um pião, precessão, como disse ele, que é estudioso. Mas ele faz isso deitado — Rodrigo soltou uma risada alta, batendo em seguida na mesa —, quem diria que eu, com meus sessenta anos, estaria aprendendo algo sobre astronomia.

Bernardo, Hamilton e Teresa se olharam desconfortáveis. Teresa percebeu claramente que a observação de Rodrigo era uma ameaça, de que pessoas de fora da Abin estavam a par de informações internas sobre o propósito do uso de urânio.

Rodrigo levantou-se.

— Então, vou me retirando, já que você não tem nada para mim.

Os três se despediram e esperaram a porta se fechar.

— Estamos recebendo chamados de alguns órgãos de inteligência. O que diremos a eles? — Hamilton perguntou.

— Diremos exatamente o que aconteceu. — Teresa falou tranquilamente. — Que a placa se desprendeu por algum motivo que não identificamos. É claro... vamos ocultar o nascimento de Drak e dizer que houve apenas a peça caída sobre a maternidade. Que houve avarias, mas nenhuma vítima fatal.

"Não sabemos se os poderes de Drak Nazar foram neutralizados permanentemente, nem se sua memória foi apagada. Vamos ter que mantê-lo sob vigilância constante."

— Se o cetro não pôs fim aos poderes dele, não é de todo ruim. — Hamilton falou.

Teresa tombou a cabeça e o olhou julgando-o pelo que disse.

— Quem sabe não podemos trazê-lo para o nosso lado. Se ele teve a memória apagada, podemos planejar a vida do hospedeiro para que ele deseje se unir a nós. — Hamilton continuou. — Talvez Jonas tenha cedido espaço para Drak agir conosco enquanto ele opera do Comando Superior. — ele sugeriu.

— Ele não parecia ser do tipo que se pode manipular facilmente. — Bernardo contrapôs.

Bernardo acreditava que havia uma chance, mesmo que mínima, de Drak Nazar retomar seus poderes, e caso isso acontecesse, algo precisava ser feito, ou Hamilton faria de tudo para tê-lo como aliado e pôr seus planos em prática.

"Teresa?" Ela ouviu na própria mente.

"Diga" Teresa respondeu.

"A enfermeira Rita, ela não respondeu aos medicamentos, então já demos um jeito." O agente falou.

"Certo. Mande registrarem um infarto, ou seja o que for, mas de qualquer forma, para os repórteres, não há mortos." Teresa disse.

"Certo, não há mortos." Ele mentiu.

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