Capítulo 40.II
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O bombeiro de plantão na sala de monitoramento observou as imagens em tempo real após o alarme ser acionado por Rita. Poucos segundos bastaram para ele perceber que não se tratava de uma emergência comum.
Tentando identificar o que era o vulto preto dentro daquela sala no hospital, chegou a cogitar que se tratava de uma piada por parte de seus colegas. Levantou-se para observar a tela mais de perto.
— Não vou cair nessa. — Wallace falava sozinho. Sentou-se na cadeira, esperou a brincadeira acabar e seus colegas entrarem rindo do susto que ele tomou.
A porta da sala se abriu.
— Por um segundo em me tremi todo, foi muito boa! — Wallace ria.
O companheiro recém-chegado olhou espantado para o monitor.
— Mas que porra é essa? — Leonardo aproximou-se do monitor e apertou os olhos incrédulo do que estava vendo. Decidiu contatar a superintendência da Abin no Rio de Janeiro.
Wallace percebeu que não se tratava de uma brincadeira.
— Alô. — O agente Sávio atendeu a chamada.
— Aqui é do corpo de bombeiros, temos um problema na maternidade Alexander Fleming. — Leo falava afobado.
— Não entendi, vocês não podem enviar uma equipe? — Sávio falava com desprezo.
— Eu acho melhor vocês mesmos checarem as câmeras de segurança.
— Ok, é só isso? — Sávio retrucava.
— Sim, obrigado. — Leo sentia que tinha feito a coisa certa.
Sávio desligou a ligação.
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Após o estrondo provocado pela queda da peça metálica no último andar do hospital, moradores da região saíram de suas casas assustados procurando a origem do barulho.
Curiosos amontoavam-se na calçada em frente ao edifício. Carros executivos pretos com emblema da Abin estacionaram enfileirados ao redor da maternidade. Agentes de terno preto desembarcaram e seguiram examinando o entorno. Eram cerca de vinte agentes, todos usavam óculos escuros. O último a desembarcar foi o líder da operação, Bernardo.
Quatro agentes isolaram a entrada e o perímetro do hospital. Os demais seguiram com suas armas apontadas para o chão e entraram um a um. Bernardo seguiu por último.
Dentro do edifício, os agentes reuniram-se formando pares um atrás do outro preenchendo toda a extensão da rampa. Médicos e pacientes que desciam dos andares superiores passavam assustados. Os homens de preto abriam passagem e auxiliavam na evacuação.
Após o fluxo de pessoas cessar, restaram apenas os homens que formavam uma barricada, impedindo qualquer coisa de passar pela rampa. Eles eram os únicos no andar.
A parede ao lado da rampa era a última antes da área externa do hospital, ela possuía aberturas circulares que permitiam a passagem da luz e do ar, mas não permitiam que quem estava na calçada enxergasse o que ocorria no interior.
Três agentes avançaram para a sala onde os eventos aconteciam, dois deles seguravam escudos resistentes que protegiam também o companheiro sem escudo.
Eles chegaram à frente da porta e posicionaram os escudos formando uma barricada na frente dela. O agente sem escudo posicionado atrás dos outros dois, ergueu sua arma segurando-a com os dois braços.
— Atenção. — o terceiro homem anunciou.
— Pode abrir. — ele ordenou.
Um dos agentes movimentou poucos centímetros seu escudo para o lado, de forma que pudesse alcançar a maçaneta.
Cada movimento era feito minuciosamente.
O agente responsável por abrir a porta esticou o braço. Ele estava a poucos centímetros de tocar a maçaneta.
O terceiro agente preparou-se para atirar assim que a porta abrisse.
O braço esticado, ele tocou a maçaneta e a girou.
Um ronco ensurdecedor irrompeu de dentro da sala. Os agentes que formavam a barricada na rampa abaixaram-se de susto.
Ouviu-se um tiro executado pelo terceiro agente em meio ao estrondo. Uma nuvem mortífera arrancou a porta e lançou os agentes com brutalidade como resposta.
Do lado de fora do prédio, os três agentes destruíram com seus corpos a parede que separava a rampa e a rua. Voaram do alto do segundo andar para caírem no asfalto duro com braços e pernas retorcidos.
Sangue saía pelas bocas.
Os olhos já sem vida.
O estrondo estourou a vidraça de todas as janelas do hospital, os cacos voaram atingindo até as pessoas mais afastadas do outro lado da rua.
A nuvem mortífera pairava dentro do segundo andar diante dos agentes na rampa. Bernardo estava protegido atrás deles.
A escuridão impedia os agentes de ver o que acontecia atrás da nuvem, viam apenas o rombo na parede onde antes existia a porta da sala. A nébula emitia um ronco assustador e os raios saiam de dentro dela. Os raios, ao tocarem o chão, emitiam estalos.
A nuvem então andava em direção aos agentes e possuía potencial para executar todos de uma só vez.
Os agentes permaneciam imóveis em um ato de bravura, mesmo após terem visto o que a coisa foi capaz de fazer com seus companheiros.
A nuvem antes preta tornou-se cinza. Uma figura emergia de dentro dela. O sobretudo preto, vestes internas vermelhas.
A nébula dissipou-se e Drak Nazar tornou-se evidente.
Bernardo caminhou entre os agentes e seguiu para a linha de frente. Ele sabia que não tinham a menor chance de lutar.
— Abaixem as armas. — ele ordenou, pronto para ser executado.
Bernardo estudou Drak Nazar por alguns instantes. Ouviu uma movimentação atrás de si. Não olhou para trás, pois não queria cessar o contato visual com Drak nem dar as costas para ele.
— Atirar! — Edson, recém-chegado, gritou em meio aos agentes.
Hamilton chegou seguindo Edson e ficou mais atrás.
— Não! — gritou Bernardo.
Os agentes seguiram a ordem de Edson, seu superior.
As balas voaram. Quando estavam a meio caminho, asas negras surgiram das costas de Drak Nazar e curvaram-se à frente dele protegendo-o dos inúmeros projéteis que o metralharam.
As balas caíam se amontoando no chão diante de Drak.
Os disparos se cessaram já que eram ineficazes. As asas de Drak se abriram e dissolveram-se no ar como fumaça.
Bernardo estava encolhido ao chão. Edson, incapaz, não tinha mais o que fazer.
"Venha diante a mim." Edson e Hamilton, mais afastados, ouviram em suas mentes a voz de Drak Nazar.
Os dois caminharam até a dianteira prevendo a morte.
Bernardo, na linha de frente, levantou-se em pânico.
Drak Nazar esticou sua mão direita para trás como se quisesse alcançar um objeto que só ele enxergava.
(Continua.)
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