Capítulo 38
Momentos antes do acidente.
A longa rampa de acesso era um local frequente no cotidiano dos que ali trabalhavam. Feixes de luz passavam pela parede repleta de lacunas que iluminavam a passagem para a sala de espera dos pacientes, que eram em grande parte gestantes.
O fluxo de médicos e enfermeiros era escasso, todos possuíam seus setores designados de trabalho, o que mantinha o ambiente organizado. Exceto em trocas de turno ou horários típicos de saída para almoço, o local era tranquilo e agradável de se estar.
Após chegar no fim da subida, Abner se deu conta de que estava com uma das mãos no corrimão, sua costumeira mania por higiene logo fez com que fosse a um dos recipientes de álcool gel limpar suas mãos antes de dirigir-se à sala onde iniciaria seu primeiro parto do dia.
Os assentos enfileirados ficavam ao final da rampa, estavam ocupados por cerca de quinze mulheres, ainda havia alguns lugares vagos. Passando pelas cadeiras, viu um bebê que brincava alegremente com um balão.
Ao entrar na sala onde realizaria o parto, a gestante encontrava-se sentada já na maca com os dois pés descalços no chão, usava uma roupa azul e a devida touca cirúrgica.
— Olá, querida. Como estamos aqui?
— As contrações estão aumentando, mas até que tenho me mantido calma, na medida do possível.
A fisionomia de Brenda expressava tranquilidade. Todavia, o médico com sua experiência já imaginava o que se pensava nessa hora, os sentimentos como a ansiedade, e os momentos de dor que inevitavelmente estariam por vir.
— Estão durando quanto tempo? — Abner se dirigia à Rita.
— De quarenta segundos a um minuto, desde que comecei a marcar faz cerca de duas horas. — Rita respondia tranquila.
— Certo, vamos te colocar em posição e fazer os últimos preparativos.
Marcos afastou-se de Brenda preocupado em não atrapalhar. Ele estava preparado para filmar assim que iniciassem o procedimento.
O médico juntou-se às enfermeiras para receber as informações técnicas e organizar o que era necessário para se iniciar o parto. A sala possuía armários suspensos no topo das paredes e preenchiam duas delas por completo. Alguns utensílios eram retirados de dentro deles e o ambiente ao redor da maca era preparado. Seringas, dilatadores, panos brancos umedecidos e diversos outros materiais se acumulavam próximos aos dois suportes que agora prendiam as pernas de Brenda abertas.
Ali ela ficou por cerca de uma hora, rodeada pela equipe que era formada por duas enfermeiras e o próprio obstetra. Marcos permanecia imóvel, retribuindo os olhares de Brenda e buscando dar apoio.
O clima ia ficando mais tenso à medida que o período de contrações se encurtava, mas todos os procedimentos eram decorados por Abner e não havia até então nada fora do normal. A dilatação chegava a oito centímetros, era hora de iniciar o procedimento.
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