Capítulo 15
04/2071 – Dez meses após o acidente.
Theo ia na frente com as crianças pelo saguão do aeroporto, Bernardo caminhava atrás. Eles haviam acabado de desembarcar na França e se dirigiam para sua nova casa.
Um outro agente fora alocado para exercer as tarefas que Bernardo era inicialmente responsável na casa da Coreia do Norte. Com o tempo, por estar indo às reuniões com a Ordem, suas funções antigas foram substituídas por novas tarefas.
Teresa percebia na influência que Bernardo exercia sobre os outros agentes um meio de fazer com que, através dele, seus objetivos fossem disseminados de forma positiva. A comunidade interna trabalharia determinada se acreditasse nos benefícios que os projetos em execução nas últimas décadas visavam o bem-estar da sociedade.
Apesar disso, seu braço direito nos últimos anos foi Edson, mas sem dúvidas, Hamilton também disputava esse posto, já que ele possuía amizades no meio militar e dialogava com membros estratégicos da AEB.
Bernardo estava alocado na cidade de Marselha, aguardava em uma rua sem saída, deserta, atrás de um hotel. Widsom dobrou a rua caminhando, aproximou-se de Bernardo e o cumprimentou.
— Tem certeza de que aqui é seguro? — Widsom perguntou.
— Sim, o problema está debaixo da minha casa.
Widsom esticou o canto da boca expressando seu lamento.
— Eu não analisei os exames. Então eles estão fora de ordem. — Widsom informou.
— Tudo bem, eu te repasso os que devem ser instruídos.
— Você está abalado porque a viagem foi cansativa ou pela proximidade com o espião? — Widsom notou.
— Os dois. — Bernardo disse. — Antes da viagem, um amigo me citou o exemplo da tal gaiola de Faraday, disse que poderia bloquear os sinais eletromagnéticos, mas não me vejo usando uma grade em volta da cabeça.
— Não acho que seja esse o problema, eles não vão escutar todos os seus pensamentos durante os sete dias da semana. A questão, a meu ver, é mais para te alertar de que se você usar os meios deles e se comunicar através dos reatores para reunir forças contra eles, da Ordem, você corre o risco de estar cavando a sua própria cova. — Widsom falou.
— Nossa maior chance de mudar isso são esses novatos terem vocês como guias. Eles são o futuro da verdade. — Bernardo disse.
Widsom sentia que sabia mais que Bernardo sobre os problemas que poderiam enfrentar. Para ele, além dos problemas terrenos, que estavam sob o controle da Ordem no Brasil, eles enfrentariam as questões que envolviam o Comando Superior, e como os membros conscientes da AEB o difundiriam.
— Temos alguns dos nossos que demonizam o Comando Superior, isso também é um problema. Seria bom que eles não estivessem em contato com esses novatos. Sabe, não é um bom ensinamento a se passar. — Widsom disse.
— Eu acredito que os seres do Comando sejam os responsáveis pelo nosso início e pelo nosso fim. Todas as respostas que não conseguimos dar estão neles. Eles nos dão o caminho pelo qual devemos seguir. Seria incrível que todos pudessem enxergar dessa forma, não apenas os novatos, mas toda essa geração. — Bernardo disse.
— Você tem que ter cuidado quando defende isso. No cenário atual, pode ser uma alegação que contribua para a negação que nos está sendo imposta. Precisamos do equilíbrio entre o material e o superior. — Widsom alertou.
— Para mim essa distinção é bem clara. A mensagem do Comando foi deturpada, além de ter sido apropriada e transformada nessa fonte de lucro e manipulação. Por isso o Comando agora deposita a esperança apenas em nós, da inteligência. O problema é que entre os nossos existem os que não querem ceder ao Comando Superior. — Bernardo disse.
— Sendo assim, eu posso concordar. Mas não digo que eles são o início de todas as coisas. Nisso discordo de você. Talvez seja meu lado materialista falando mais alto.
— Talvez não precisemos defender isso tão cedo. Podemos deixar para mais tarde, quando tivermos mais pessoas conscientes. Claro, depois que a resposta sobre a criação, da vida e do universo, for confirmada pelo próprio Comando Superior.
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