Após muitos anos de observação, os superiores da Cia. de Operações Secretas perceberam uma movimentação curiosa no entorno da central nuclear de Angra dos Reis. Os carros pararam na rua diante da guarita e um segurança foi até o carro verificar quem era.

— Queremos falar com o Sérgio.

Os conselheiros de Andrômeda chegaram e se reuniram no grande salão da central nuclear. O Alto Escalão da Cia. estava de pé quando eles entraram pela porta que dava vista para as estrelas.

— Vamos nos sentar. — um membro do conselho convidou, eles e a Cia. sentaram-se cada um de um lado da longa mesa e começaram a conversar.

Os membros da Cia. notaram a arma em chamas pendurada na parede e lançaram olhares vez ou outra mutuamente, demonstrando potencial interesse.

— Você pode fazer todas as perguntas que têm anotadas aí no seu roteiro. Caso eu assinta com a cabeça, significa que pode passar para a próxima pergunta para que eu lhe responda. — Informou um representante da coligação. Ele possuía um olho verde e outro azul, seu cabelo era longo.

Iohan perguntou qual era o propósito deles na Terra.

— Nós vínhamos tentando parar o controle mental. O blecaute que fez as pessoas perderem momentaneamente a memória e irem para as ruas foi provocado por uma tentativa malsucedida de toda a Coligação de Andrômeda de desativar os reatores. — dizia um membro da Coligação.

"Toda a Coligação percebeu em comum acordo que seria arriscado tentar forçar o sistema de reatores, que isso teria consequências terríveis, mas serviu como uma ameaça à Abin para que eles soubessem que suas tecnologias não estão invictas."

Eles estavam agindo na encolha para pôr fim ao controle mental.

— Mas no final achamos bom que Drak foi preso, nos poupou um grande trabalho que nos colocaria em risco se resolvêssemos fazer com nossas próprias mãos — continuou o representante de Andrômeda.

Iohan convencia a coligação de que eles eram muitos, por isso deviam lutar contra Draknazar.

— Eles tem algo que não podemos usar, uma arma poderosíssima.

Iohan ficou receoso.

— Eles tem alguém que pode conjurar o cetro Dimfloat. — disse outro membro da Coligação.

— Nós também podemos. Eu mesmo posso conjurar. — Iohan disse.

— Nós acreditamos que Draknazar pode se render se acreditar que Andrômeda está contra ele, e que ele não será bem recebido ao voltar para lá.

— Vocês o conhecem melhor que nós. — disse Iohan.

— Vocês conhecem Jonas Forth melhor que nós. Acreditam que ele estará ao nosso lado quando precisarmos dele?

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Iohan solicitou entrada na sede da Abin em Brasília. Teresa autorizou e o recebeu. Ele a colocou contra a parede, a questionando se ela não sabia que Drak não é o verdadeiro líder. Disse que Jonas estava entre eles. Teresa ficou plenamente surpresa. Explicou que nunca imaginaria.

— Se eu tivesse essa informação, eu mesma teria contactado o próprio Jonas, e não Maxílyan.

Teresa levou Iohan até uma sala reservada, ela entrou primeiro, seguida por ele. Fechou a porta preocupando-se em não fazer barulho, trancou com a chave. Solicitou uma reunião com a Companhia de Operações Secretas.

Estavam presentes onze membros do Alto Escalão, Iohan e Teresa.

— Mostrem-me fotos dessa tal Coligação Andrômeda. — Teresa requereu.

Iohan abriu no projetor uma foto com alguns membros reunidos.

— Todos esses são da coligação? — Teresa indagou.

Alguns funcionários da Companhia responderam positivamente.

— Alguns deles parecem ser mais velhos que Lino, como isso é possível? Eles vieram antes de Draknazar? — Teresa perguntou em um nível de estresse que beirava a indignação.

— A Coligação Andrômeda não se instaurou habitando fetos prestes a nascer. Você está certa, alguns deles são mais velhos que Draknazar, mas eles também não possuíram pessoas com vida. Eles não tiveram como prever a invasão que Drak planejava fazer. — Iohan explicava com cautela o que sabia ser um assunto delicado. — Eles possuíram corpos de pessoas que vieram a morrer. Algumas delas doaram seus corpos para uma empresa com fins científicos, sem saber, obviamente, que eles seriam usados como hospedeiro para seres de outra galáxia restaurarem a ordem na Terra.

— Por que essas pessoas morreram tão saudáveis? — Teresa questionou temendo o que ia ouvir.

— Elas não morreram. — Iohan fez uma pausa. — Elas estavam inscritas em uma clínica clandestina de criogenia.

— Essa empresa matou essas pessoas?

— Eles não as mataram, a consciência delas está preservada. A qualquer momento elas podem ser devolvidas a um corpo. O acordo com eles diz que podemos trazê-las de volta à vida daqui a trezentos anos. Quando descobrimos as atividades dessa clínica, descobrimos também que eles não possuíam, de fato, a tecnologia para devolver a alma aos corpos quando chegasse a data. Então, houve uma intervenção e o procedimento passou a ser feito da forma adequada.

— Elas foram adeptas de uma causa nobre, afinal, sem a boa ação delas não poderíamos ter removido nosso líder da terrível condição que você o sentenciou, após ter apagado sua memória. — falou o recém-chegado, passando a todos os presentes a ideia de que a partir daquele momento poderiam depositar a esperança em Jonas Forth.

Todos olharam para o corredor que dava acesso à sala, por onde caminhava na direção deles o homem grisalho que havia removido o cetro das mãos de Teresa para impedir que ela exterminasse os três membros da coligação. O homem era Bernardo Théslert.

Bernardo foi resgatado do internato na colônia para onde Teresa havia o sentenciado três décadas atrás. Théo Théslert descobrira a existência da Cia. de Operações Secretas e entrara em contato com alguns membros informando as circunstâncias do desaparecimento, solicitou que ele fosse encontrado e sua memória devolvida.

Embora o procedimento de devolução de memória não tenha sido completamente eficaz, já que a Cia. de Operações Secretas não retinha as memórias dele, Bernardo tinha consciência de quem era, de que foi um agente da Abin, que esteve presente no nascimento de Draknazar.

Teresa e Bernardo se olharam por alguns instantes. Eles guardavam segredos um sobre o outro que poderiam pôr fim ao clima daquela reunião. Todos ali sabiam que ela apagou a memória dele e o sentenciou ao esquecimento. Teresa por sua vez, poderia colocar a Coligação contra Bernardo se perguntasse na frente de todos o que fez ele defender Lino quando a coligação tentou matá-lo.

A Coligação Andrômeda, após ser convencida, usou os reatores para enviar uma mensagem implantando um sinal em todos os meios de comunicação.

"Durante cada dia de suas vidas, cada momento triste ou feliz, todas as escolhas que você fez foram tomadas não por você, mas por uma máquina que tudo vigia e controla, com o objetivo de manter todos confinados em suas bolhas enquanto planos maiores de dominação eram postos em prática."

"A Coligação de Andrômeda decidiu tornar público que Draknazar é um perigo que exige ações de contenção urgentes para que ele não consiga o controle global por meio dos mecanismos criados pelos seus líderes. Nós nos infiltramos e viemos parar Draknazar antes que ele dominasse a Via Láctea, como fez com Andrômeda. Ele pode estar a um passo de dominar as duas galáxias."

"Este alerta é para saberem que existe alguém agindo para que a vida e a liberdade na Terra tenham continuidade. Draknazar é um mal irreparável. Seu verdadeiro Líder está entre nós, faremos tudo para devolver a ele o comando da galáxia."

Ocorria no entorno da antiga adidância da Abin no Rio uma movimentação de membros da Cia. de Operações Secretas junto à Coligação Andrômeda para a rendição de Draknazar.

Eles montaram um cerco ao redor do prédio.

Iohan falou no ponto de todos os membros da Cia.:

— Ninguém é imortal, mas ainda que um de nós morra, não terá morrido em vão. — Essa foi sua mensagem de motivação.

Rolderklás, no interior do edifício, alertou Draknazar para que ele não lutasse, sugerindo que ele tentasse reatar os laços com a Coligação.