Epílogo
— Não dava pra mudar o lugar? — perguntou Teresa.
— Não tinha necessidade.
— Nada garantia que um dos disparadores não partiria a construção no meio. — queixou-se Maxílyan.
— Mesmo quando está em modo manual, alguns lugares não poderiam ser atingidos pelos jatos.
— Vossa Onipotência — a superintendente responsável por receber o pedido de ajuda do Brasil estava no salão de embarque — O Alto Escalão lhe solicita mais uma vez que informe a listagem que diz em qual dos dois aviões cada um dos passageiros será alocado.
— Diga aos membros da diretoria e da presidência que caso perguntem novamente eu colocarei toda a Companhia de Operações Secretas na segunda aeronave. — Iohan respondeu de forma sádica.
— Ah, iremos em aviões. Imagino que vá ser agradável a experiência, poderemos ver o legado de caos e destruição deixados por Draknazar por todos os lugares pelos quais formos passando e olhando lá de cima. — pontuou Teresa.
— Não veremos nada. — Iohan afirmou. — Todas as janelas estarão seladas.
— Com tanto mistério, será que nem os próprios pilotos sabem a rota pela qual seguiremos? — Thompson brincou olhando para Teresa.
Ela deu um sorriso e virou encarando Iohan.
— Eu serei o piloto. — Iohan respondeu para Thompson quase se gabando, mas com humor na voz. Em seguida sorriu mostrando os dentes.
A frieza perante o cenário pós-apocalíptico, com crateras criadas pelos lasers da cúpula, que deixou cidades parcialmente destruídas, contrastava-se com o clima de melancolia dos poucos que tiveram que abandonar suas casas e, sob a ameaça de serem largados nesse lugar, tiveram que levar consigo orientações sigilosíssimas.
O plano que transcorria havia sido elaborado pela Companhia de Operações Secretas. Durante anos, decidiu-se que em uma situação apocalíptica seletos humanos seriam enviados ao planeta berçário.
— Vossa Onipotência Iohan, o presidente Viktor disse que ficou sabendo da operação quando esteve no velório de Youssef. Ele sabe que o papa embarcará. Ainda não o respondemos. — disse Agatha ao retornar seguindo ordens do Alto Escalão.
— Ele já sabe que aqui é o local da reunião?
— Ele está ciente.
— Diga a ele para que se teleporte até aqui e que adoraremos ter a presença dele em nosso segundo avião. — Iohan falou sorrindo.
A superintendente sorriu e retirou-se.
Alguns momentos depois, os passageiros ficaram espaçados uns dos outros em pequenos grupos sem muita conversa. O que mais interagia parecia ser Iohan, responsável pela operação. Teresa, Thompson e Bernardo estavam se esforçando para deixarem as inimizades para trás, embora vez ou outra surgisse um assunto sensível que deixava o clima ruim e fazia a conversa cessar.
Widsom foi convidado por Bernardo. Teresa não se desculpou por demiti-lo, mas sentia que deveria recompensá-lo por todos os anos em que esteve trabalhando dignamente na AEB, fornecendo dados preciosos à Abin.
Os quatro estavam sentados em poltronas, próximos uns dos outros. Bernardo estava ao lado de Iohan. Thompson de frente para Teresa. Maxílyan estava próximo com sua família.
"Bernardo?" ele ouviu em sua mente.
"?" ele mentalizou.
"Lembre-se de enviar periodicamente um sinal contínuo para que sua atividade cerebral seja rastreada."
Iohan se aproximava.
"– – –" Bernardo respondeu, enviando o sinal periódico ao receptor.
Iohan cochichou para Bernardo que tudo indicava que o gelo entre Teresa e Thompson estava sendo quebrado, eu arriscaria dizer que eles vão desembarcar de mãos dadas.
Bernardo levou a mão à boca para abafar a risada.
— Isso se o segurança dela autorizar. — Bernardo sussurrou para Iohan.
Entendeu que ele falava de Maxílyan, que vez ou outra se posicionava atrás de Teresa e perceptivelmente fuzilava Thompson com o olhar.
— Vossa Onipotência Iohan, o presidente da sua organização, solicitou que eu viesse pessoalmente e lhe perguntasse em qual avião eu embarcarei — perguntou gentilmente Michel —, eu ficarei no mesmo avião que Rebeca? — Michel estava de braços dados com ela.
— É claro, diga a ele que vocês dois ficarão no meu avião. — Iohan falou levantando-se.
Michel agradeceu com serenidade.
"Iohan, obrigada por lembrar de nós." Rebeca falou na mente dele.
"Rebeca, ouça: lamento que seus desejos e ideais tenham sido subvertidos. Seus anseios são nobres. Peço que haja conosco, seja uma aliada de Michel e garanta que ele estará verdadeiramente ao nosso lado."
"Eu garantirei. Em troca, peço que proteja Elizabeth, pois sei que ela ainda está viva. Eu sinto." disse depositando nele sua esperança.
Iohan deu alguns passos e a abraçou. Rebeca retribuiu. Ela sentia como se suas forças tivessem se esvaído há algum tempo.
Os familiares dos membros da Cia. foram os primeiros a embarcar. Em seguida, ordenadamente, entrou a Equipe, Coordenação e o grupamento Comando Superior. O Alto Escalão, grupamento que continha a diretoria e presidência da Cia. de Operações Secretas, reuniu-se em frente ao corredor de embarque.
— Eu poderia dizer muitas palavras bonitas — dizia Iohan —, mas prefiro que nos apressemos para não perdermos o único voo.
Houve um estranhamento inicial, até que todos entenderam o motivo de tantas inimizades, ditadores e inclusive mafiosos bilionários, que ficaram sabendo da operação de retirada, terem suas participações consentidas.
O primeiro avião acelerou com Iohan pilotando, havia um copiloto que era um agente da Companhia. Eles estavam no lugar construído como centro de testes de aerodinâmica, após ser erguido um hangar acima de toda a pista do aeroporto Santos Dumont, no Rio.
A construção era completamente fechada, como um túnel em forma de um comprido paralelepípedo. O avião seguia em direção a parede de concreto, acelerando no sentido do Pão de Açúcar. O segundo avião era pilotado por um homem que garantiu ter horas de voo suficientes com aviões comerciais daquele porte. Ele surgiu do subterrâneo no final da pista de decolagem no interior do hangar.
Haviam poucos parâmetros a serem monitorados, Iohan deu potência máxima e esperou o momento em que ganharam sustentação para decolar. O avião com a Cia. de Operações Secretas desgrudou do chão e foi imediatamente captado pelo dispositivo teletransportador.
O segundo avião acelerou com todos os penetras, que ficaram sabendo da operação de forma ilícita e, para não negar a eles a entrada, colocaram-nos naquele segundo avião que também decolou a toda velocidade. Porém, ao chegar no final da pista, o dispositivo teleportador não foi acionado. A aeronave colidiu com a parede de concreto ao final da pista. Uma grande explosão fez trepidar as proximidades da Marina da Glória. Os destroços atravessaram a parede e caíram no mar.
Eles foram enviados pelo sistema instalado no aeroporto, captados e redirecionados por um dos disparadores da cúpula para a viagem sideral. A luz viajava após ter sido enviada por um dos disparadores da cúpula. Ela seguia em direção ao planeta berçário. Aquele feixe continha a energia que armazenava o avião e todos os seres vivos dentro dele. A aeronave foi programada para retornar ao estado de matéria quando se aproximasse da atmosfera do novo planeta. E tudo aconteceu conforme o planejado.
Após um piscar de olhos, uma fração de segundo desprezível havia transcorrido para os passageiros.
Todas as janelas foram desobstruídas. Iohan rapidamente identificou estarem na altitude correta de aproximação. Ele estava com a sustentação máxima do instante em que o avião decolou. Além disso, estava com o tanque cheio. Poderia reconhecer a superfície do planeta, abundante em água e vegetação, enquanto escolhia o local mais adequado para se estabelecerem.
"– – –" mentalizou Bernardo, no interior da aeronave.
Iohan diminuía a altitude quando ouviu gritos de horror vindos da cabine de passageiros: Draknazar sobrevoava ao redor junto do avião em altíssima velocidade. Suas vestes pretas e vermelhas, assim como seu cabelo longo preto, tremulavam com veemência.
Ele passou raspando pela cabine e Iohan pode vê-lo conjurar a clava negra. Draknazar apontou para ele o objeto místico cravejado com diamantes, repleto de runas na cor vermelha. O avião foi capturado com todas as pessoas apavoradas em seu interior. Os gritos foram silenciados repentinamente, e tudo se apagou.
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