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Capítulo 8


I walked across an empty land

I knew the pathway like the back of my hand

I felt the earth beneath my feet

Sat by the river and it made me complete

Somewhere Only We Know - Lily Allen



— Oi, gatinha. — Richard abre um sorriso enorme quando me vê parada diante da sua porta. — A que devo à honra da sua visita a uma hora dessa?

Não sabia responder de forma mentirosa. Só me vinha à cabeça o fato de querer, por um momento, dissipar tudo que estava entalado na garganta, fosse com quem fosse.

Queria esquecer o fato de estar sendo imprudente por não publicar o vídeo de hoje no Youtube sem dar explicação nas redes sociais. Queria poder me sentir menos solitária, nem que fosse me enganando.

Sem pensar mais, agarro o pescoço de Richard, puxando-o para baixo, colando sua boca à minha.

Richard me ergue e aceita a investida sem falar nada, para a minha alegria. Ele fecha a porta atrás da gente e me carrega direto para a sua cama, deitando-se sobre mim.

Suas mãos passeiam delicadamente pelo meu corpo, assim como ele sempre fazia, e, hoje, me sinto irritada por isso. Puxo seu corpo contra o meu com mais força e encravo minhas unhas em suas costas até que ele geme um pouco.

Eu sabia que ele tinha cuidado e sempre ia com calma no sexo. Seu corpo era o dobro do meu e ele tinha medo de me machucar.

Ele para um pouco, percebendo minha atitude impulsiva e me encara assustado.

— Letícia...

Ponho a mão em sua boca para interrompê-lo e o beijo mais intensamente.

— Não diz nada. Apenas me puna por não te ligar esses dias. Por não querer dormir contigo e pelas grosserias – sussurro em sua boca, e imediatamente sinto seu corpo reagir.

Ele fica com a boca entreaberta e seu cabelo comprido cai sobre o meu rosto quando, de forma animalesca, ele volta a me beijar.

Ele aprofunda tanto o beijo que quase perco o ar. Arranca minhas roupas com brutalidade. Suas mãos já não me acariciavam, elas agiam de forma selvagem.

Arranco sua blusa e passo a língua pelo seu tórax definido.

Sem nenhuma cautela e ou prudência, Richard se ergue, pega a camisinha na mesinha de cabeceira, a coloca e ajeita os cabelos para trás. De olhos fechados, ele se deita sobre mim e me penetra de uma só vez, me fazendo arquear com a dor e o prazer.

Ele sempre ia com calma, deixando que eu me acostumasse com a penetração aos poucos. Eu estava satisfeita por ele ter entendido o que eu queria dessa vez.

Porque dessa vez eu queria dor, queria me sentir injuriada. Queria indelicadeza. A autopunição não estava sendo o bastante.

Ele mordia meu ombro e meus lábios. Eu fazia o mesmo. Tentava a todo custo esvaziar todos os problemas da cabeça e me concentrar no sexo, mas é em vão.

Richard faz sua parte sem nenhum esforço. Não podia deixar de perceber que essa forma combinava mais com ele. Másculo e animalesco.

Eu estava diante de um homem enorme, viril, me penetrando com força. Ele estava empenhado em me deixar satisfeita. Em uma dança quase perfeita de quadris, mordiscadas no rosto, pescoço e seios, deixo-me levar pelas sensações de excitação e assim que me entrego ao êxtase, sinto Richard gemer alto, libertando todo o seu prazer.

Ficamos imóveis por alguns minutos, acalmando nossos corações. O corpo dele imóvel sobre o meu.

— Uau! Isso foi... — Richard cai para o outro lado da cama. — Incrível.

Respiro rapidamente, recuperando o fôlego.

— Foi.

Ele se vira para mim.

— Melhor transa, certeza.

Fico deitada, tentando absorver tudo. Talvez eu quisesse que ele perguntasse o porquê de eu agir assim, mas isso não acontece. Richard não é assim.

Sento-me na cama.

— Ah! Fique comigo. Durma aqui.

Solto o ar pela boca, cansada.

— Sabe que não gosto.

— Só hoje.

Resoluta, pego meu vestido no chão.

— Não vai dar.

— Podemos não dormir e ficar repetindo isso, então.

A ideia não era tão ruim assim, mas eu já me sentia culpada demais.

Coloco o vestido e chego perto dele, beijando sua bochecha.

— Obrigada.


***



Já passa das 3h da manhã. Tomo um banho demorado em casa, tentando acalmar meu coração, pedindo a Deus alguma luz. Em seguida, deito-me no sofá, na esperança de conseguir dormir. Eu não queria remédio. Não hoje. Mas, no fundo, sabia que não dormiria.

O vazio ainda estava aqui. Eu conseguia senti-lo.

Pego meu celular na mesa e me espanto ao ver uma chamada perdida. No visor, um nome: Conrado.

Aperto alguns botões e vejo que a ligação é de 20 minutos atrás. Eu estava no banho.

Sempre sinto uma sensação ruim quando as ligações de pacientes ocorriam de madrugada.

Não havia combinado mais nada com ele desde o nosso almoço. Queria que ele corresse atrás e que fizesse acontecer tudo que indiquei.

Aflita, retorno a ligação.

Ao primeiro toque sou atendida.

— Oi. — Sua voz não está sonolenta. Ele não está dormindo também.

— Oi, Conrado.

— Desculpe ligar a essa hora, Letícia.

— Não se preocupe, eu não estava dormindo. Aconteceu alguma coisa?

— Hum. Não, é que... — Sua voz não tinha um tom desesperado e isso me deixa menos nervosa.

Ele fica em silêncio.

— Conrado? Está aí?

— Sim.

Ouço sua respiração pesada.

— O que queria me dizer?

— Que pensei muito no que você disse.

— Sobre o quê especificadamente?

— Sobre voltar a fazer algo que me dava prazer.

— Isso é muito bom, Conrado. Muito mesmo.

Fico instantaneamente aliviada em perceber que a ligação não era por causa de uma crise, mas o contrário: que ele estava refletindo sobre as coisas que eu disse e estava progredindo.

— Mas já estava arrependido de ter te ligado, e torcia para que você só visse a minha ligação amanhã de manhã.

Não dou-lhe chances para desistir e insisto no ponto positivo.

— O que você pensou em fazer?

— Caminhar, correr, sei lá. Meio irresponsável uma hora dessas, sei disso. Cheguei a pôr o tênis e parei na porta.

Era preciso ir com cuidado agora.

— Ia caminhar agora? De madrugada?

— Gosto das madrugadas.

— É. Confesso que eu tenho certa intimidade com ela também — brinco. A insônia que o diga. — Quer companhia?

Minha pergunta sai sem freio. Eu sabia que não conseguiria dormir e, em parte por causa do tratamento que eu estava fazendo com Conrado, sobre como as coisas que eu apresentava a ele estava me deixando desnorteada.

Trabalho.

Trabalho.

Responsabilidade.

Foco.

Horário.

Sorrisos.

Trabalho.

Conselhos.

Sorrisos.

Compromisso.

Acordar cedo. Preciso acordar cedo. Eu tenho que ter responsabilidade!

Trabalho.

Chega!

Chega! Céus, eu preciso parar! No fundo, acho que eu queria era esquecer tudo isso.

Ele se mantinha quieto.

— Conrado?

— Oi.

— Não tem problema se não...

— 5 minutos e estarei aí — diz ele, sua voz ganhando um tom mais animado.

— Ok.

— Ok.

Desligo o celular e olho ao meu redor. As paredes cor gelo pareciam ainda mais fria e o rack pequeno da televisão parecia se impor na sala. A estante de livros permanece no mesmo lugar, com os mesmos livros a preenchendo.

Não. Eu não dormi e não estou divagando no mundo dos sonhos. Conrado ligou de verdade e vamos juntos caminhar às 4 da manhã.

Levanto-me do sofá, visto a calça legging preta e a camiseta furadinha que eu havia comprado com a intensão de começar a malhar. Calço o tênis e desço rápido para a portaria do prédio.

Conrado já me esperava. Seu sorriso tímido se destacava diante da camiseta branca de algodão e o short largo de tacktel.

— Oi — diz ele, desviando o olhar para os tênis de marca.

— Oi, Conrado. — Minha voz contém animação suficiente para estimular a nós dois a continuar com aquele plano doido.

— Vamos?

Faço que sim, ajeitando o cabelo.

— Podemos ir pela praia? — pergunta ele.

Rio, ainda mexendo no cabelo, tentando disfarçar o fato de que estou novamente nervosa perto dele.

— Eu me convidei, então, você decide.

— Então vamos pela praia.

Caminhamos lado a lado em passos largos sem falar nada.

A noite está quente e o céu estrelado, sem nenhuma nuvem. As ruas estão vazias e, após cruzar algumas vias, chegamos à praia.

O cheiro da maresia é reconfortante.

Paramos na pista de corrida e ele meche no relógio de pulso.

Enquanto está de cabeça baixa, aproveito para olhar Conrado como um todo. Cabelos pretos, forte. A camisa um pouco grudada no corpo dá uma previsão boa do que tem por baixo. Pernas razoavelmente grossas. Braços definidos.

Assim que me olha, viro o rosto.

— Preparada?

— Vamos correr?

— Não quer? — Ele parece confuso.

— Posso tentar. Não pratico exercícios há algum tempo.

— Sabe aquela coisa de pegar e fazer, sem pensar demais? — diz, e me recordo que foi a mesma frase que eu disse a ele no restaurante.

Sorrimos novamente e faço um breve alongamento, esticando a coluna para a esquerda e para a direita, tentando ganhar tempo.

— Estou pronta.

Começamos devagar, pegando ritmo, lado a lado.

Até que Conrado aumenta a velocidade e eu o acompanho, seguindo a linha da orla de Copacabana.

Até que chegamos no posto 6.

Paro de correr, esbaforida, e Conrado ri, também ofegante.

— O que foi?

— Está morrendo?

Faço que não e ajeito minha postura, fingindo uma disposição que não tenho.

— Está tudo bem? — Sua pergunta me faz arregalar os olhos. Ele perguntou como eu estava? Logo ele? — Respira devagar, Letícia.

Sua mão vai até o alto das minhas costas e, sem querer, eu sobressalto.

Imediatamente ele retira a mão.

— Desculpe, eu...

Mas não lhe dou tempo de continuar por aí, já que a culpa não tinha sido dele.

— Não... pratico... exercícios... há 2 anos — falo, pausadamente, puxando ar. — Estou morrendo.

Ele ri, descontraído.

— Não está.

— Eu tinha esquecido como injeção de endorfina é bom.

Aos poucos meu fôlego volta ao normal.

— E por quê não fazia isso?

— Tempo.

Ele arqueja a sobrancelha.

— Preciso sentar.

Ele olha para o lado e aponta.

— Ali — diz, e vai na direção do parapeito. Sigo-o de perto.

Sentamo-nos e nos minutos seguintes eu me concentro em controlar a respiração.

— O que eu imaginava estava certo — fala ele, virando-se para mim.

O quê?

— Do que está falando?

— Do trabalho. Acho que trabalha demais.

— Ah não. Não, por favor, Conrado. Eu ouvi isso o dia todo. Eu sei que trabalho demais. Meus pais sabem, meus amigos sabem, você, a Xuxa, o Papa Francisco e até o Tenzin Gyatso.

— Hum.

— Hum o quê? Quer apontar o dedo? Fazer uma crítica? – Meu humor havia mudado e começava a me arrepender de ter vindo.

— Não. Só não sei quem é Tenzin Gyatso.

Eu explodo numa risada gostosa e sonora, que o contagia.

— É o Dalai Lama — explico e ele enruga a testa. — Tive uma vibe de budismo tibetano, está bem? Todo mundo tem!

— Todo mundo tem? — Ele ri novamente.

Se fosse ele, jamais deixaria aquela cara carrancuda aparecer. Ele tinha o sorriso mais lindo que eu já havia tido a chance de apreciar na vida.

— Olha a crítica aí.

— Não estou criticando, estou apenas achando engraçado.

— É. Preciso rir mesmo para não chorar. Talvez se tivesse continuado nessa linha, eu seria mais zen. Sonhando que um dia eu poderia morar em um castelo como uma princesa.

Volto meu rosto na direção do mar, sentindo as gotículas da maresia beijar minha pele.

— Não podemos mudar o passado, não é? Você mesmo diz isso em um dos seus livros. Mas podemos mudar o futuro.

Fecho os olhos e sorrio, respirando fundo o cheiro do mar.

— É verdade.

Porém, consigo sentir os seus olhos em mim.

— Que horas são? — pergunto.

— 5 e 40 da manhã.

Faço que sim com a cabeça.

— Tudo bem se quiser ir, Conrado. Eu quero ficar e ver o nascer do sol.

— E você acha que eu perderia isso? – Ele me empurra de leve com o ombro. Abro os olhos e me viro para ele. — Aliás, obrigado.

— Pelo quê?

— Por ter vindo hoje.

— Eu que me convidei.

Ele arqueja as sobrancelhas e dá um sorriso de lado.

— Talvez esse tenha sido o objetivo da ligação – provoca, malandramente.

— É bom que tenha confiança em mim, mas... hoje eu confesso que estava precisando dessa loucura. Perder o ar.

Ele coloca os braços para trás, apoiando-se no chão do calçadão atrás da mureta.

— Consegui perceber.

— Como?

Eu não era tão fácil assim de ser lida.

— Você quase não falou. Você fala demais.

Abro minha boca.

— Ah é?

— Isso é bom, já que eu evito o máximo.

— Consegui perceber.

— É claro que conseguiu.

Minha voz é condescendente agora. Pela primeira vez nós conversamos sem a possibilidade de um confronto iminente.

— Eu preciso desacelerar. Preciso de algo que me lembre diariamente disso.

— Isso não é tão difícil.

— Você quem pensa. Vai lá olhar a minha agenda.

— Quando a Joana morreu eu fiquei muito perdido — conta, sem que eu tivesse instigado isso. E era exatamente o que eu queria. — E não trabalhei mais. Acho que foi esse o meu erro.

— Somos o oposto, então.

— Não. É que eu queria me culpar. — Ele nega com a cabeça. — Queria me martirizar. Ainda faço isso.

— Por isso não trabalha ainda?

— Graças à você, percebi que preciso recomeçar.

Sorrio para ele.

— Você não sabe como isso me deixa feliz, Conrado.

Ele agradece com o olhar.

Minutos depois o céu começa a clarear e, no horizonte à direita, o sol brota devagar até se expor por completo.

Deixo os raios penetrarem em minha pele, como se eles fossem a energia que eu precisava para mudar.

Depois que o espetáculo termina, nos levantamos e caminhamos devagar até o meu apartamento. A cidade ainda estava acordando, os primeiros carros surgiam nas ruas mais movimentadas e alguns trabalhadores já começavam a despontar aqui e ali nas calçadas.

Mais rápido do que eu desejava, chegamos ao meu prédio.

Conrado coloca as mãos no bolso, buscando as palavras.

— Obrigado mesmo. Eu não teria ido sozinho se você não tivesse me acompanhado.

Sorrio, pois sei que está sendo sincero.

— Eu que agradeço, Conrado.

— Se quiser, amanhã...

— Acho que vou precisar dormir, mesmo que contra a vontade do meu corpo.

— Todos nós. Podemos fazer isso mais cedo.

— Conrado... eu...

— Tudo bem se não quiser.

Sinto o desânimo evidente em sua voz e sei que preciso emendar alguma coisa. Ele havia entendido errado.

— Não é isso. Eu sou sua psicóloga.

— Poderia ser então na hora da minha sessão.

Sorrio e abaixo a cabeça.

Fazia tempo que eu não me sentia tão bem e, se fizermos isso com o intuito da recuperação dele, então acho que seria muito válido. Tanto para ele quanto para mim.

Apenas faço que sim.

Sem que eu percebesse, Conrado se aproxima, segura a minha mão e me dá um beijo demorado no rosto.

Fecho meus olhos e sinto sua essência.

Mas o momento dura pouco. Muito pouco.

Ele aperta dos lábios e, com um tchau, sai caminhando para longe de mim.

E meu coração volta a acelerar como se eu estivesse correndo novamente.


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