CAPÍTULO 09.
Já tinha passado um tempo desde que Theo tinha começado a namorar com a Samantha. Eu tinha que admitir, eles ficavam fofos demais juntos, ainda estavam naquela fase de lua de mel, sempre que podiam almoçavam juntos, às vezes ela estava esperando ele na porta do jornal, às vezes ele ia encontrar com ela na faculdade, nos finais de semana eles estavam sempre juntos, e eu desejava com todo meu coração que eles dessem certo e que ela fizesse ele feliz, como ele já estava sendo.
Hoje teríamos um happy hour às 21 horas, num barzinho quase em frente ao jornal, era apenas para os funcionários do jornal, o intuito era que pudéssemos nos conhecer mais, mesmo não sendo obrigatório, era bom para formarmos alianças e nos conhecermos mais.
Eu já tinha falado com o Austin e ele não tinha gostado muito, mas eu também não podia deixar de ir por causa dele, era algo importante para minha carreira e para meu bem estar na empresa, algumas vezes a conversa que tive com Math ficava ecoando na minha mente, eu não podia deixar Austin me privar de conviver com meus colegas de trabalho, todos me respeitavam, e além de tudo o Theo estaria lá, ele nunca deixaria ninguém faltar com respeito comigo.
Já estava em casa terminando de me arrumar, quando Austin chegou, usei o secador para deixar os fios totalmente alinhados, tinha escolhido um terninho vermelho sangue e por baixo uma blusa preta de alça com decote em "v" toda rendada e um peep toe preto de salto fino de 8 centímetros, coloquei um cordão que o pingente em forma de gota ia no vão dos meus seios, e coloquei duas argolas douradas na orelha, estava fazendo uma maquiagem mais marcantes no olhar, um delineado nos olhos e um batom cor cereja escuro, e para finalizar eu estava com uma bolsa carteira onde só iria meus documentos, cartões, dinheiro, chaves de casa, do carro e meu celular, após um longo tempo estava me sentindo bem e bonita, ao sair do quarto dei de cara com Austin e sorri meio sem graça para ele.
— Você vai assim para o encontro do jornal? — Eu ergui o olhar para ele, não entendendo o tom de desdém que ele usou ao falar comigo — Agora entendi o porquê de você fazer tanta questão de ir, no mínimo vai ficar com todos os caras que estiverem lá, aliás nem precisa ser todos né?! — ele deu uma risada fraca — Se for só o Parker você já fica feliz, não é Hase? — Ouvi ele falar o apelido que ele me deu como se fosse xingamento.
— Olha, pense o que você quiser, eu sei que não estou fazendo nada de errado, é apenas um momento com meus colegas de trabalho — Despejei tudo nele com uma coragem que me subiu naquele momento. — Sabe sweetie, você fala tanto no Theo, que às vezes até acho que você está apaixonado por ele, mas sinto te informar que o Theo é um cara comprometido agora — Dei um sorriso meio cínico e arqueei minha sobrancelha direita e cruzei meus braços na altura do peito. Austin segurou minha bochecha a ponto de me machucar, não me deixou marcas , mas deixou minha bochecha dolorida.
— Olha lá, como você fala comigo Olivia, não sou seus amiguinhos. — Ele disse ríspido.
— Eu sei muito bem quem é você — Eu disse após dar um tapa na mão dele onde apertava minhas bochechas — Mas acho melhor você olhar bem como me trata, seus pais não vão gostar de saber o que o filho deles tem feito, então se você não quiser perder a empresa, me trate melhor.— Apontei meu dedo no rosto dele.
— Acha que eu tenho medo de você? — Disse como se eu não significasse nada — Mas vai lá, fala pra quem você quiser, vamos ver em quem eles acreditam, em mim ou em uma vagabunda como você. — Ao ele me xingar, as palavras entraram no meu peito como lâminas afiadas, ele realmente sabia como me magoar, mas eu não ia recuar agora.
— Vagabunda por quê? Por que eu quero sair com meus amigos de trabalho? Você sai todos os dias cedo e volta a hora que você bem entende, sempre fedendo a álcool, e a vagabunda sou eu? — Nesse momento eu já não controlava o tom de voz, tinha certeza que eu estava gritando e fazendo um show pros vizinhos — Eu não fui feita para ser esposa troféu, onde você decide o que vai fazer, com quem vai falar e onde vai, você me conheceu assim e não vai ser você nem ninguém que vai me mudar, Austin. — Enquanto falava, fui andando em direção a porta, ao já estar com a mão na maçaneta, disse ainda de costas para ele — O quanto antes você entender isso melhor será, para você e para mim — Ao terminar de falar simplesmente sai, sem dar tempo dele me responder ou nada, ao entrar no elevador, ouvi barulho de vidro quebrando, mas estranhamente eu tinha um sorriso de canto no meu rosto, quando me dei conta de que esse foi o meu primeiro grito de liberdade.
Ao chegar no estacionamento, eu sentia meu coração bater na garganta e minha respiração estava acelerada, não por ter corrido mas por achar que ele iria vir atrás de mim e me obrigar a voltar para casa, minhas mãos estavam geladas e molhadas, mas quando me dei conta que ele não estava lá, dei mais um pequeno sorriso, eu realmente tinha conseguido.
Dirigi até o barzinho que tínhamos marcado nosso happy hour. Ao entrar já avistei onde meus colegas de trabalho estavam e fui caminhando até a mesa onde eles estavam sentados conversando e rindo entre si.
— Olha quem apareceu — Disse Jane, eu não sabia de onde essa mulher tinha surgido, chamando a atenção de todos que estavam na mesa e ela me abraçou de lado — Que bom que conseguiu vir, querida — Ela deu um sorriso sincero, que retribui da mesma maneira. — Sente-se aqui conosco — Me sentei ao lado de Jane, cumprimentando todos.
Logo vi Theo passar pela porta, vi que ele estava com uma calça escura e uma blusa de gola clara e uma jaqueta preta de couro por cima, contrastando com a calça, o cabelo dele estava uma pequena confusão. Ao se aproximar, já chegou cheio de sorrisos falando com todos e abriu um sorriso enorme ao me ver, parecia que ele tinha me reencontrado naquele momento após anos sem me ver.
— Meu Deus, eu voltei para 2013 e não sabia? — Theo falou me fazendo revirar os olhos — Você está linda, que saudades que eu estava dessa Olivia— Ele me abraçou e sussurrou essa última parte para que apenas eu o ouvisse.
— Eu estou normal, só me arrumei um pouquinho a mais — Dei de ombros, e ele sentou onde Jane estava antes, já que a mesma sumiu.
— Você recuperou seu brilho, você estava bem apagadinha, é essa Olivia que eu conheço e amo, e era de quem eu sentia falta— Ele deu um sorrisinho, que me fez revirar os olhos ao ouvi-lo.
— O que acha de ser bonzinho e buscar bebidas para nós dois? ! Estou morrendo de sede — Disse com a voz extremamente doce, dei meu melhor sorriso para ele e pisquei meus olhos para ele excessivamente.
— Só vou buscar porque estou com sede também — Ele se levantou enquanto falava comigo e se encaminhou até o bar, chamando atenção por onde passava, ele parecia não ter noção em quanta atenção ele estava chamando.
— Então Olivia — Ouvi uma das meninas que trabalhavam conosco falando comigo, sendo que eu não me lembrava do nome dela — Você e Theo estão juntos há quanto tempo? — Eu a encarei como se tivesse nascido um terceiro olho nela.
— Acho que não entendi sua pergunta — Disse torcendo para que eu tivesse entendido completamente errado.
— Você ouviu, há quanto tempo você e o Theo estão juntos? — Ela deu um sorriso com um ar um pouco sarcástico.
— Então... Qual é o seu nome mesmo? — Vi o sorriso dela morrer e me mantive sem demonstrar qualquer tipo de emoção.
— Amanda — deu um sorriso e logo ele morreu.
— Então Amanda, eu não tenho nada com o Theo, eu e ele somos amigos, e cada um tem seu próprio relacionamento. — dei de ombros como se falasse algo banal.
— Fala sério, todo mundo sabe que vocês transam — Eu realmente fiquei assustada dessa vez — por mais que vocês tentem disfarçar— Ela deu um sorrisinho presunçoso ao fim da frase.
— Como disse anteriormente — Suspirei e continuei com a maior paciência do mundo, talvez não tinha sido clara, anteriormente — nós somos apenas amigos, eu o conheço desde que eu tinha 5 anos — Eu declaro com uma ponta de indignação quando vejo a menina rolar os olhos— Talvez vocês não tenham uma amizade assim, mas ele sempre fez parte da minha vida e não é porque sou amiga de um homem que eu tenha que estar fodendo com ele, as vezes vocês tem um pensamento muito errado das coisas. — Assim que termino de falar Theo se aproxima com as nossas bebidas e se senta ao meu lado. — Obrigada. — Vejo que Amanda não tira os olhos de nós dois, mesmo se afastando e aquilo me incomoda a ponto de eu não conseguir ignorar e o Theo perceber.
— O que houve? — ouvi ele me interrogar — você mudou de humor do nada — Ele disse levando o copo dele à boca e dando um pequeno gole.
— Acredita que as pessoas acham que a gente anda fodendo por aí? — Eu disse desacreditada e ainda indignada por saber daquilo.
— Conte-me algo novo Liv... — Ele continuou bebendo como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.
— Você sabia e não me disse nada Parker? — Disse entre os dentes para ele, e se olhar matasse eu teria o matado ali mesmo.
— Eu não sabia, mas não é como se fosse novidade, todo mundo sempre achou isso de nós dois, e se você for deixar boatos acabarem com a sua noite, era melhor nem ter vindo — ele deu de ombros, como se estivesse falando de comer batata frita na janta — Nós já passamos por isso antes Liv, e você nunca deixou isso acabar com a sua noite.
— Mas você namora e eu também Theo, e isso pode terminar com o seu relacionamento, isso não te preocupa? — O questionei meio confusa, ele meio que deu de ombros e eu o analisava enquanto levava o copo para a minha boca e bebi uma pequena dose do meu drink.
— Não, se ela está comigo, ela devia confiar em mim, certo? — Ele me olha questionador — A base de um relacionamento é a confiança, se ela não confiar em mim e se eu não confiar nela, não tem o porquê estarmos juntos — Ele deu de ombros e levou o copo à boca.
O Theo tinha amadurecido, e amadureceu muito, enquanto eu estava preocupada com o que a Samantha pudesse achar das fofocas, ele me deu uma aula de relacionamento, e eu acabei ficando bem orgulhosa dele e talvez, um pouco, envergonhada.
— Ela não liga de você estar aqui? — Enquanto falo olho para ele de rabo de olho.
— Não, inclusive ela está com as amigas dela hoje, até me mandou uma foto, antes de sair. — Ele pega o celular e me mostra a foto da Samantha, e caramba como ela está linda, vejo o Theo com um sorrisinho bobo no rosto.
— Você gosta dela, né? — Digo com um sorriso de canto de boca para ele.
— Gosto sim, ela é uma menina muito bacana, vocês até seriam amigas — Ele deu mais um gole da bebida dele.
— E por quê não podemos ser? — O interroguei um pouco confusa, afinal eu não tinha nada contra ela.
— Porque você está sempre ocupada, Liv — Ele respirou fundo — A Sam já me pediu várias vezes para marcarmos de sairmos juntos, mas a sua vida é muito complicada — Eu olhei pro Theo um pouco triste, queria poder conviver com ele por mais tempo, ver o relacionamento dele e da Sam evoluindo.
— Me desculpa, eu queria ser mais presente — Eu me sentia muito mal por isso.
— Liv, eu entendo o seu lado — ele acariciou minha mão — eu não quero que se sinta mal, mas essa tem sido a realidade— Ele deu um sorriso triste.
— Mas e você e o Math? Vi que estão saindo juntos. — encarei ele ao terminar de falar.
— Sim, saimos algumas vezes juntos, geralmente ou estou com a Sam ou com o Math — Ao ouvir meu coração ficou quentinho e todo feliz ao saber que Theo estava criando o ciclo de amizades dele — o Math é engraçado, ele sempre foi assim?
— Sempre, era um dos caras mais engraçados na faculdade, nos divertimos muito — Sorri meio nostálgica, e antes que Theo me perguntasse algo já adiantei — mas digamos que minha amizade com ele não era muito saudável, por isso demos uma afastada — Após dizer isso apenas respirei fundo, e não conseguia olhar pro Theo, sabia que ele não ia me julgar, mas mesmo assim eu não queria olhar pra ele.
— Math me disse que vocês eram inseparáveis, me conta tudo, temos tempo e quero entender essa história... — Theo apenas disse bebendo o liquido todo do copo e antes que eu começasse a falar ele foi buscar mais bebida, depois de uns minutos voltou, se sentou ao lado, com um líquido com uma tonalidade meio alaranjada em mãos, eu fiquei olhando meio em dúvida, ele apenas riu e disse — é apenas um drink com um pouco de álcool, acho que vai precisar.
— Certo — bebi o liquido todo de uma vez, enquanto ele descia senti um calor habitual do próprio líquido — Bem, conheci Math na faculdade, fazíamos a maioria das aulas juntos, éramos os melhores da turma com toda a certeza, nossa amizade começou por causa de um seminário, que fizemos juntos e ficamos com uma das melhores notas.— Sorri nostálgica ao me lembrar daquela época— Ele era um cara legal, me fazia rir e amenizava a saudade que eu sentia de você, antes que você tente se desculpar, eu já sei, mas esse é o meu lado da história — Olhei pra ele e sorri meio fraco — Falando assim parece que ele foi só a peneira para tampar o sol, mas não era isso — Olhei para o meu copo sorrindo meio nostálgica — ele realmente se tornou meu amigo, me ajudava a arrumar alguém para sair, me ajudava estudando, me ajudava quando brigava com meus pais, principalmente com a minha mãe, você sabe o quanto dona Rebeca é difícil e cabeça dura.
— Ela é maravilhosa Liv — Ele deu um sorrisinho meio de lado.
— Ela é a mulher mais magnífica do mundo, mas é muito difícil também — dei de ombro — enfim teve uma vez que eu briguei feio com a minha mãe, eu não queria ficar sozinha naquele dia, eu liguei para Alice e ela me dispensou, disse que estava muito ocupada e estava cansada das minhas brigas com a minha mãe — Theo ouviu aquilo e ficou surpreso eu dei uma risada triste — Difícil de acreditar né? Pois é, mas depois descobri que ela estava com um cara que fornecia drogas para ela, ela estava muito chapada naquele dia, e bem eu não tinha a quem recorrer, só o Math. Chamei ele para comer besteiras e ver filme, ele apareceu com a comida e bebida e ainda levou sorvete de baunilha.
— Mas você nunca gostou de baunilha, você sempre disse "é muito sem graça, Theo" — ele disse fazendo aspas com o dedo.
— Eu estava na merda Parker, me julgue — dei uma risada e continuei — Foi a nossa primeira noite de besteiras e filmes e daí virou meio que uma tradição minha e do Math, uma vez ao mês nós fazíamos isso, eu e Math vivíamos nossa vida normal, ficávamos com pessoas, mas fizemos uma promessa que um seria o mais importante pro outro... — falei com a voz meio distante.
— Mas tudo mudou... — Theo afirmou, eu sabia que ele não estava perguntando, então apenas assenti.
— Austin reapareceu, ele aparecia e sumia o tempo todo, eu dei uns vacilos com o Math, por causa dele e no dia que eu não quis vê-lo, ele conseguiu a chave do meu apartamento, entrou lá e me viu na cama com o Math. — Theo arregalou os olhos.
— Você transou com o Matthew, Olivia? — Me perguntou entre assustado e indignado o que me fez dar uma risada.
— Não seja besta Parker, é lógico que não — Respirei fundo — Eu não dormi com o Math nesse sentido, nós conversamos e dormimos na minha cama, como já várias vezes aconteceu com nós dois— Apontei para mim e para ele— Austin viu isso e me acusou de estar fodendo com o Math, fiquei indignada, ele me conhece a vida toda, eu nunca faria isso, ainda mais estando com ele. Nessa confusão Math acordou, mas eu já tinha o expulsado da minha casa, ele tinha invadido meu espaço e me acusado de foder com meu amigo.
— Eu entendo sua indignação, mas Olivia vamos ser racionais okay? Se fosse você vendo essa cena, você teria quebrado um abajur na cabeça dele, arrisco dizer que teria quebrado a casa toda — Ele disse me olhando— Qualquer um acharia isso Liv, pense por esse lado.
— Isso já passou Theo, tem uns 2 anos que isso aconteceu, posso prosseguir? — Respirei fundo e ele concordou — Bem, eu e Math fomos pro Central Park passear, e voltamos para minha casa, iriamos pedir almoço, quando chegamos lá, estava Alice, Austin e Mary, a menina que o Math estava na época. O circo estava armado, dei um esporro na Alice, no Austin e Mary foi conversar com o Math, sendo que ela me acusou de estar fodendo com o Math, eu dei um tapão no meio da cara dela.
— Meu Deus, esqueceu toda a etiqueta, Olivia?— Nesse momento Theo não se controlou, ele riu até perder o ar.
— Cala a boca, Parker — ralhei com ele — depois disso eu não queria ver o Austin e simplesmente o ignorei, não saia com ele sozinha, até que fomos pra uma balada, ai as coisas ficaram estranhas, vou resumir em 3 acontecimentos, dança sensual com Math, briga com a Alice, pedido de namoro negado.
— Você não fez isso... — Ele estava chocado.
— Ah eu fiz, dancei bem colada no Math por estar com raiva, e eu estava com um vestido que tinha um decote traseiro bem generoso, eu estava um arraso — Sorri meio travessa — E no outro dia Austin viajou, segundo ele para Washington, eu queria comprar um animal de estimação, estava me sentindo meio sozinha, e Henry foi comigo e aí achamos uma gatinha — dei um sorriso fraco.
— A Lira, aquela gatinha que conheci na casa dos seus pais — ele sorriu tão bonitinho, eu assenti com a cabeça.
— Henry foi comigo, me ajudou a comprar as coisas da Lira e foi comigo até em casa, quis instalar algumas coisas, enfim nesse meio tempo eu beijei ele, mas o beijo só ficou no beijo porque Math chegou lá em casa, eu fiquei bem estressada por ele ter atrapalhado, mas hoje vejo que foi o melhor — Respiro fundo com as lembranças daquela época — Ele me fez contar para o Austin, e para a Alice, até porque ela e Henry estavam juntos. Quando contei a ela, foi tranquilo, e o Austin disse que estava tudo bem, mas não estava, e após eu ter contado, Math foi embora.
— Só chegou pra trazer desavença no casal — E ele deu uma risada, e me fez rir também.
— Tipo isso, mas no fim ele estava certo, não era justo com eles — dei de ombros — mas enfim, depois eu tive uma conversa com o Henry que me deixou indignada, e no outro dia fui pra Boston, pensar um pouco, respirar novos ares.
— E foi quando nos reencontramos? — Ele sorriu
— Isso, mas antes disso, meus pais conversaram comigo sobre isso, o papai sempre foi o mais sensato, você sabe disso né? — Ele assentiu — Então ele disse que minha amizade com Math estava um pouquinho demais, e isso estava atrapalhando nossos relacionamentos. — Eu mantinha meus olhos no copo, que agora estava vazio, enquanto minha mente era nocauteada pelas lembranças — Eu fiquei em Boston por uns dias, e para minha surpresa quando cheguei no clube com a mamãe, onde ela ia encontrar as amigas dela, a senhora Gilbert estava lá e me disse que o Austin também estava, eu fiquei muito puta e fui igual um foguete até ele. Quando cheguei lá, Austin estava sentado com, ninguém mais e ninguém menos do que, Louise Parker sentada no colo dele — Quando disse o nome da irmã dele senti um amargor na minha boca.
— A minha irmã estava sentada no colo do seu namorado? — Perguntou desacreditado, como se ele quisesse testar aquilo para ver se era real.
— Exatamente, eu e Austin fomos conversar e decidimos nos resolver quando voltássemos pra NY, mas dona Rebeca não dá ponto sem nó, chamou os Gilbert e os Lancaster para jantar lá em casa, no dia posterior, que foi o dia da festa, quando chega a noite além de quem eu já esperava, chegou Math, Alice e Henry para jantar também. Após o jantar conversei com eles, e nos resolvemos. Quando chegamos na festa, você foi a primeira pessoa que vi e aquilo me deixou apreensiva — Eu já não conseguia olhar pra Theo, uma enxurrada de lembranças vieram na minha cabeça, eu não conseguia controlar— Bom já sabemos o que aconteceu na festa, mas eu comecei a namorar o Austin ali, por causa da sua irmã.
— Louise achava que ele estava te traindo— Ele disse com a voz um pouco distante.
— Até que não, antes da festa ele era livre para fazer o quisesse. — Dei de ombros — depois de todo aquele drama em Boston, eu voltei para NY, conversei com Austin e ele pediu que eu desse um pouco mais de atenção para nosso namoro e deixasse todos de lado — Quando o olhei vi ele me julgar com o olhar — Não me olha assim, eu não aceitei, eu não sou tão sem coração assim, mas devo dizer que o que ele me disse me deixou meio balançada, mas não aceitei, então tive que dividir meu tempo entre faculdade, Austin, Alice, Lira e Math. E Math acabou fazendo a merda de volta para a ex dele que veio para cá atrás dele, eu sabia que ele ainda gostava dela e ela acabou largando tudo para vir. Então além da ex doida, o Math também tinha que trabalhar para sustentar ela, e ela acabou tendo raiva de mim, nos afastamos mais, isso durou um tempinho. Eu via o Math na faculdade e ele estava insatisfeito, mas não queria terminar com ela, mesmo ela sendo tóxica, ele amava ela. — dei um sorrisinho de lado — Era bonitinho ver o quanto os olhos dele brilhavam ao falar dela, mas ela fazia mais mal do que bem, e bem acabou que ela traiu ele na cama deles, e ele pegou — dei uma pausa ao lembrar como foi o desenrolar disso.
— Que barra hein?
— Sim, ele passou a querer beber sempre, então ele meio que ficou sob os meus cuidados, ele não ficou no meu apartamento, mas eu fiquei responsável por levá-lo para faculdade e fazer ele comer, lembrar que tinha que tomar banho, coisas assim— disse como se não fosse nada demais —Por isso que hoje em dia ele não namora, depois disso, ele meio que decidiu que não namoraria mais, mas eu namorava né? Não podia o acompanhar nas festas, assim nos afastamos mais ainda, e quando eu me formei meus pais me deram um apartamento, que é onde moro agora, e Austin veio morar comigo, o que acabou nos afastando mais — Respirei fundo ao lembrar de tudo — E essa é a história toda da minha amizade com o Math. — dei uma risada fraca.
— Math e você são ótimos em escolher pessoas para namorar hein?! — Ele debochou como se quisesse falar algo a mais.
— Não entendi, tem algo que eu deva saber? — Interroguei a Theo e ele apenas negou com a cabeça.
Logo depois da nossa pequena conversa o pessoal começou a se aproximar mais de nós para conversar, o que acabou chamando a minha atenção, e eu não pude voltar a perguntar a Theo o que ele quis dizer.
A noite estava tão divertida que não vi a hora passar, estava entretida com a conversa que estávamos tendo sobre os melhores filmes e músicas na última década, até o Theo que nunca foi de discutir por filme, entrou na conversa defendendo os filmes preferidos dele.
Em um certo momento da noite vi Theo olhar o relógio de pulso assustado, ao vê-lo assustado fui olhar o horário também, e sabia que estava ferrada quando chegasse em casa, ainda teria uma briga enorme para enfrentar, se eu pudesse sumia, igual fiz há 2 anos atrás, mas eu tinha decidido que eu ia enfrentar todos os meus problemas de frente, sem fugir.
Eu por fim, decidi pagar o que tinha consumido e ir embora e vi que Theo tinha tomado a mesma decisão que a minha, já que ele também estava pagando a conta dele.
— Tem como ir para casa ou quer carona?— Perguntei sorrindo para ele meio de lado.
— Eu vou embora de uber, não dirijo quando bebo, você também não devia — Ele me olhou como se estivesse me julgando.
— Eu meio que não tive escolha em vir de outra forma sem ser com meu próprio carro — dei de ombros, ele me olhou meio que questionando, mas não disse mais nada, nem eu também.
Após pagar a minha conta, me despedi de todos e fui onde tinha estacionado meu carro, mas o que eu não esperava era ter Austin me aguardando ao lado do carro, fechei os olhos e respirei fundo, rezando para todos os santos e o que quer que me ouvisse que não deixasse Theo sair agora, mas lógico que meu pedido não foi atendido.
Eu senti o cheiro do perfume dele vir até o meu nariz, mas eu o ouvia falando com alguém no telefone, provavelmente era a Samantha, então ele provavelmente não viria até onde eu estava, mas eu precisava checar, e dei uma olhada por cima do meu ombro, vi o mesmo de lado, com o telefone no ouvido e sorrindo, segui meu caminho até onde Austin estava e sabia que tinha uma briga enorme esperando por mim.
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